sábado, 21 de agosto de 2010

PERFIL - CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES

CARLOS GOMES - UM PEQUENO GRANDE HOMEM


“Quem acende uma luz é o primeiro a se beneficiar da claridade”. (G.K. Chesterton)

Ele me diz, com voz muito grave e pousada nas palavras (como o pássaro no fio do telégrafo), que está cansado e desanimado e que agora quer descansar. Escrever suas memórias, talvez, realizar, quem sabe, um velho projeto de gravar um disco com as músicas prediletas, coisas da juventude, recolhidas nos programas da Rádio Poti...
Mas a voz sugestivamente musical que se vale da pauta no imaginário fio, é sem propósito, cavilosa, um lamento, um instante de distração do viés alinhavado da idade. Porque, percebe-se o brilho nos olhos, a firmeza da voz, a severidade com que trata a si mesmo. Até quando pede arrego, esgrima com uma retórica que nada mais é que o repositório das muitas decepções e indignações recolhidas no seu longo caminho de aprendizagem existencial.

Ele está com os braços apoiados no birô do seu escritório e olha, distraidamente, como um cacoete ou uma fuga para divagação, o retrato do seu velho pai. Percebo que desvia o olhar, certamente, permito-me a ilação, para não encarar a expressão de censura, somente captada por sua imaginação, desse notável jurista e homem público que nunca transigiu em questões de princípio, nem fugiu da liça dos bons combates.
Como se dissesse: “Que é isso, meu filho?” Ou não dissesse absolutamente nada e o olhar de censura pesasse mais que as palavras. Sei do que estou dizendo, porque era a maneira como o meu próprio pai me punia – com um olhar de doce censura, tristonho, frustrado, magoado.

No retrato, o desembargador José Gomes confronta a máquina fotográfica com serenidade, com um destemor natural, sem afetações. Talvez quisesse registrar a própria personalidade de homem simples que se conduzia segundo a sua própria essência, não quisesse aparentar algo diferente, distante daquele moço de Taipu, criado para ser um “homem de bem” segundo a cartilha dos antigamentes , especialmente do velho João Gomes.

Seu filho, Carlos Roberto de Miranda Gomes, Carlos Gomes, (Carlinhos para meia dúzia de amigos mais chegados) segue-lhe as pisadas na areia movediça da contemporaneidade, em que os valores se subvertem e a filosofia moderna se alicerça no propósito de “ter” ao invés do “ser”. Mesmo assim, ou talvez por isso, acompanha os passos do pai, evitando justapor às dele, as marcas do seu caminhar, porque embora seguindo as pisadas, marcadas indelévelmente no solo imemorial da mesma cidade onde viveram, com o mesmo norte magnético esmo balizado por Themis, a deusa da justiça, o filho forjou o própria molde, usando a mesma têmpera do pai.
Carlos Gomes é um pequeno grande homem – vou brindá-lo com o mesmo epíteto com que designei o meu pai, porque ele não comporta outra qualificação. De altura modesta, é um transcendente no seu íntimo, fato que compensa a baixa estatura, ou talvez a estatura seja um artifício, um engodo, ou um ato de humildade para não fazê-lo vaidoso por ser quem é.

Não temos uma biografia conjunta de longas jornadas. De fato, demos um com o outro na velha faculdade da Ribeira, quando cursávamos direito. Quando ele ingressou, eu estava no segundo ano. Alguém o apontou e me disse tratar-se do filho do desembargador José Gomes, um dos nossos professores de Direito Civil. E que o novo colega era um rapaz muito estudioso e esforçado. O “esforçado” ficava por conta do encargo adicional de uma ocupação formal no mercado de trabalho e de uma vida planejada para compromissos mais duradouros e efetivos.
Sinceramente, deu-me a impressão de um tipo que chamávamos de “Caxias”, equivalente, hoje, guardadas as proporções de tempo, espaço e recursos tecnológicos, a CDF ou NERD. Talvez tenha sido uma avaliação apressada e algo antipática da minha parte, que, áquela época me ocupava com coisas tão diferentes entre si e tão fascinantes quanto a filosofia existencialista, a literatura, a prática de esportes e as atividades sociais. Como me levei muito a sério na infância e na adolescência, descobrindo quem era e o que pretendia ser, realizava então a minha temporada adolescente, na contramão do meu amigo, um engajado nos batalhões da responsabilidade precoce. Alguém enredado nas malhas do exercício da maturidade enquanto os iguais viviam sonhos infanto-juvenis

Cruzávamos um pelo outro e nos cumprimentávamos formalmente. Éramos diferentes, saídos de mundos diferentes emoldurados, entretanto, pelos mesmos valores morais e intelectuais. Derivávamos. Ele, de criação rígida, disciplinada, cartesiana e positivista. Eu, oscilando entre o autoritarismo compensatório de minha mãe e o liberalismo arroubado do meu pai. Sobretudo no tocante à liberdade de pensamento, no descompromisso com doutrinas e dogmas, não apenas permitido, mas sugerido pelo meu pai, que se admitia materialista e ateu.
Mas, confesso, fascinava-me a postura de uma rigidez sem sossego do meu futuro grande amigo Carlinhos. A sua austeridade, o modo como pontificava entre os seus colegas de turma, sempre senhor de uma opinião ponderada, honesta e clarividente. Ele era estimado e respeitado, embora não cultivasse qualquer estratégia para conquistar uma ou outra posição. Nele essas qualificações eram tão espontâneas como o ato de respirar.

Destacava-se, na sua aparência, uns olhos vivos que pareciam captar tudo numa perspectiva de grande angular; o aprumo formal das suas roupas e uns bigodes negros e bem aparados. Pisava firme e decidido. Notei que tinha o hábito de falar, perscrutando ao seu redor, embora concentrado no interlocutor, como quisesse estar certo das suas possibilidades de defesa contra o imponderável, ou buscasse no vácuo uma linha de raciocínio adequada à argumentação.
Soube que trabalhava no Tribunal Regional Eleitoral, era exímio datilógrafo e dono de uma memória prodigiosa, capaz, por exemplo, de referir qualquer lei, decreto, regulamento ou ato normativo, sem consulta a qualquer texto ou repositório. E também que era casado e pai de uma filha. Já assentado no mundo, embora começasse a planejar a sua carreira.
Depois, os anos de chumbo nos afastaram. Perdi-me na voragem do desencanto e do medo, tolhendo-me, por vontade própria, a ânsia de explorar horizontes e de voar livre por espaços inexplorados. Vi-me, em 1965, no Rio de Janeiro, na Fundação Getúlio Vargas , e, retornando, fui contratado pela Prefeitura Municipal de Natal, no governo de Agnelo Alves, como Técnico em Organização e Orçamento, mercê do curso que fizera na FGV.

Em 1967 graduei-me, abandonando a velha faculdade e a convivência à distância com o meu notável colega.
(Nesse meio tempo, entre o pós-golpe militar e a ida ao Rio de Janeiro, apaixonei-me por uma colega de turma de Carlinhos com quem quase me casei, e ela reforçava a versão corrente que dava conta da inteligência, da aplicação aos estudos jurídicos e da integridade do meu amigo.)

Faço uma pausa providencial e necessária, para confessar que o cansaço existencial que atribuo como cavilação necessária ao meu dinâmico e tenaz amigo, é de fato, meu, genuinamente meu. Talvez tenha havido uma transposição motivada por uma sub-reptícia inveja do denodo e da persistência de Carlos Gomes. Cansei-me, porque me dei conta que o ser humano claudica pelo hábito de perseguir as mesmas imperfeições, e de cometer os mesmos erros. Fataliza-se à danação por conta própria.
Eis que, às vezes falta-me alento para animar os meus filhos, como muitas vezes careci de argumentos convincentes para estimular os meus alunos. Nunca Rui de Haia foi tão citado e o desalento tão incorporado ao leguleio dos desesperançados. O crime e os igualmente importantes e temerários pecados veniais das transgressões são composições triviais, empobrecendo as leituras do jornais e as audiências dos rádios e televisões. As tragédias são banalizadas. Os humanos parecem alimentar-se, como os urubus e os vampiros, da carniça e do sangue. E parecem não se importar com a corrupção e o declínio da moral.

Por isso tive a urgência de publicar uma série de perfis de criaturas que reputo comumente extraordinárias, porque conseguem permanecer pessoas comuns, alçando-se sobre os seus pares por praticarem conduta regularmente exigida pela ética, mas desprezada pela maioria.
É necessário essa amostra de modelagem para asseptizar os monturos de lixo, tonificar as mentes em crescimento e formação com exemplos dos que valem a pena, daqueles que, mesmo em minoria, valem por uma multidão.
Carlos Roberto de Miranda Gomes é um desses, dos mais destacados. Íntegro, no sentido de ser um feixe de fibras morais de incrível resistência, capaz de repelir as agressões fisiológicas dos corruptos e corruptores. Correto, na justa medida em que é capaz de aplicar a dosagem certa para cada uma das patologias sociais enfermiças e o justo incentivo à sanidade cívica.

É leal. Os que o conhecem, sabem da sua natureza solidária, fraterna, e, sobremodo combativa, quando se ombreia a alguém na veemente defesa das injustas ofensas e agressões. Eis porque a sua mediação é sempre solicitada nos conflitos corporativos e porque as suas opiniões são respeitadas como editos de sapiente jurisconsulto.
Casado há quase cinqüenta anos com a sua vizinha de ascendência italiana, Therezinha Rosso, mantém com a sua consorte uma relação de amor e de amizade, de um companheirismo bem sucedido. Pai de Rosa Lígia (de quem tive a honra de ser professor na UFRN), Teresa Raquel, Carlinhos (que é colega e amigo do meu filho mais velho, Marcos Frederico) e Rocco – todos graduados em Direito - deles recebeu outros filhos, tornando-se pai duas vezes, feito de açúcar candy, com cobertura de caramelo: Raphael, Gabriela, Lucas e Carlos Víctor, Carlos Neto e Maria Clara, que são as suas alegrias.

Família numerosa e unida, coesa, como aquele feixe de varas que o patriarca mandou os filhos quebrarem, sem sucesso, para amostrar o valor da união. Assim também o fizeram o pai, José Gomes e a mãe, Dona Lígia. Seis irmãos solidários: Moacyr, Fernando (falecido), Leda e Elza (que foram colegas de minha mãe no TRE), Socorro e José Gomes Filho (Zézinho).
Que ampliaram o patrimônio familiar com dezoito sobrinhos: José Neto, Flávio, Eduardo, Maria da Graça, Lúcia Maria, Renato, Maria Lígia, Fernando Filho, Clemente José, Gracia Maria, Tereza Cristina, José Júnior, José Henrique, Patrícia, Isaac Bruno, Flávia Luciana, Greenfell Filho, Rodrigo e Daniel.
Quem poderia aspirar uma riqueza maior?

Mantém-se como uma espécie de patriarca da família, menos por tradição e mais pelo espírito de clã, solidário, disponível, bom ouvinte e conselheiro, é também aquele cujo socorro é solicitado antes do recurso médico-hospitalar. É o enfermeiro experiente, o curandeiro milagroso que às vezes com a simples presença é capaz de afastar as idiossincrasias da saúde e do infortúnio.

É um ser Intelectual que, aproveitando a carona, como eu, segue a orientação de Chesterton quando esse nos adverte que a idéia sem a expressão, é idéia ociosa e a expressão, sem a ação é uma expressão inócua. Somos, permitam-me aproveitar novamente essa circunstância, homens de ação, executivos, embora criadores, contemplativos, líricos – numa definição, operários intelectuais.
Foi assim quando fizemos parceria para a criação do IBTJ, realizando o primeiro curso de direito para os cidadãos leigos; quando promovemos a edição de livros didáticos com metodologia inovadora, para circulação nas nossas turmas de direito da UnP; e foi assim na campanha pelas eleições diretas na OAB, já referida nos perfis de Adilson Gurgel e Paulo Lopo Saraiva.

Filiei-me a ele, a Adilson, o seu maior parceiro, e a Jales Costa. Enriqueci-me com essa adesão. Fortaleci-me porque pude dar vazão às convicções que mantinha reservadas na minha própria individualidade e encontrei identidade e ressonância nos propósitos que perseguia.
Posso, com essa série de perfis, e com o revigorante exemplo de Carlinhos, vivificar o legado de esperanças no futuro da minha terra, esmaecido e débil pelo campear das nulidades e das indignidades impunes. Porque esses modelos são contemporâneos, graças a Deus não integram ainda o “Era uma vez...” para que um cético não se refira aos exemplos como coisa passadista, sem viabilidade para sobreviver no “front” do contemporâneo.

É tão assustadora a conjuntura político-sócio-fiosófica que alguém já me disse que de nada adiantaria o retorno de Cristo, pois ele seria desprezado como visionário e inútil porque não traria teres e haveres, mas apenas palavras...
O tempo embarcou numa espaçonave no então Cabo Canaveral e, vencendo a gravidade e as distâncias, nos pôs frente a frente no Campus da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, no final dos anos setenta, já amanhecendo os oitenta. Éramos, ambos, professores do curso de direito. Ele, vinculado ao Departamento de Direito Público e eu, ao de Direito Privado.
Até chegar ao magistério universitário, ele palmilhou muito chão de barro. O pai, juiz, fez a circunavegância no interior do estado - Angicos, Canguaretama e Macaíba - carregando na carroceria dos caminhões a mobília familiar, pois os magistrados de carreira, vocacionados para a função como o Dr. José Gomes da Costa, residiam nas suas comarcas para melhor atenderem aos jurisdicionados.

Por esta circunstância, atrasou-se nos estudos, embora os pais hajam feito fibras do coração, distribuindo-os entre casas de familiares para que pudessem estudar, já que a itinerância interiorana do pai tolhia tal iniciativa, já que cursavam o segundo grau e não existiam colégios desse nível nas cidades da judicatura paterna.
Fez o primário no Instituto Batista de Natal; o segundo grau no Ginásio Natal e o colegial no Atheneu. Graduou-se em Direito em 1968.
Teve um longo e proveitoso aprendizado no trabalho, realizado desde cedo, por decisão pessoal, consciente das dificuldades financeiras familiares, sem que tal empenho fosse solicitado pelo pai. Determinou-se a coadjuvá-lo na provisão de recursos, pela limitação financeira do ganho paterno – juiz daquela época ganhava pouco, e, se não aceitasse o subsídio dos governos municipais para manter-se independente, o salário acabava mal fosse recebido.
Tornou-se radialista, comerciário e comerciante e depois servidor do Tribunal Regional Eleitoral. De posse do título de graduação, foi Auditor do Tribunal de Contas e integrou o quadro de Procuradores do Ministério Público Especial junto ao mesmo órgão.

Foi o primeiro diretor da Escola de Contas Professor Severino Lopes de Oliveira e primeiro Controlador Geral do Estado do Rio Grande do Norte. Juiz do Tribunal Regional Eleitoral.
Por onde passou, deixou a marca do dinamismo, da correção e da eficiência. Por isso, foi tão requisitado para o provimento de outros cargos, não necessariamente remunerados, mas de suma importância para algum segmento do mister profissional a que se dedicava, a exemplo da Presidência do Núcleo de Estudos Jurídicos da UFRN (NEJUR) e do Instituto Brasileiro de Tecnologia Jurídica (IBTJ), além de integrante de diversas comissões e grupos de trabalho.
Foi Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil e membro do Instituto dos Advogados do Rio Grande do Norte. Integra o Instituto Histórico e Geográfico do RN, União Brasileira de Escritores do RN e a Academia de Letras Jurídicas do RN. Foi agraciado com inúmeras honrarias, dentre as quais destacam-se o título de Professor Emérito e Doutor Honoris Causa concedido pela UnP e a Medalha do Mérito Universitário, concedida pela UFRN.

No entanto, confidenciou-me que, a despeito da gratidão e da honra por haver sido agraciado por homenagens tão significativas e importantes, teria sido a exposição de motivos elaborada pelo então Procurador Geral do Ministério Público Especial, professor Múcio Ribeiro Dantas, encaminhada ao governador Geraldo Melo, para concessão da sua aposentadoria, a distinção que mais o sensibilizou.
Foi Professor do Curso de Direito de quase todas as instituições de ensino superior do nosso estado (UFRN, UnP, FARN, FAL, FACEX, ESA, FESMP e ESMARN). É pós-graduado em Direito Civil e Comercial e em Direito Constitucional.

É convidado como consultor e palestrante para assuntos relacionados com a Gestão Pública e se mantém como colaborador de jornais e revistas, além de coordenar um dos endereços eletrônicos mais acessados do nosso Estado, o “Blog do Miranda Gomes”.
É autor dos seguintes livros: Da remuneração dos vereadores, Oração de despedida, A proteção das minorias nas sociedades anônimas, Cadernos de Direito Tributário* (2 vols.), Lei Orgânica dos municípios do Estado do Rio Grande do Norte*, Licitação – teoria, prática e legislação, Curso de Direito tributário*, Cartilha ABC do consumidor, Da imunidade tributária dos aposentados e pensionistas, Manual de direito financeiro e finanças, Licitação – noções elementares, Testemunhos, Cartilha de gestão fiscal e Traços e Perfis da OAB/Rn.

Primeira inconfidência – Pouca gente sabe, mas Carlinhos é dono de uma voz belíssima, que o tempo não descurou. Desde criança era requisitado para se apresentar em festas e nas rádios natalenses. A primeira vez que cantou em público foi no próprio Instituto Batista de Natal e depois no “Domingo Alegre” de Genar Wanderley.

Em 1950 ganhou o concurso da mais bela voz infantil, conquistando o título de “Campeão Vic-Maltema” e com esse galardão, foi contratado pela Rádio Poti, nela permanecendo até 1954. Integrou o elenco de cantores da Sociedade Artística Estudantil e, gravou duas faixas num disco coletivo com os artistas da Rádio Poti e um disco solo na PRE-9, Rádio Clube do Ceará, onde em certa ocasião foi acompanhado por ninguém menos que Evaldo Gouveia.

Gravou também com o Trio Irakitan. Teve um programa semanal na mesma Rádio Poti, denominado “Almanaquinho Seta”, onde também se apresentavam Agnaldo e Selma Rayol. Prosseguiu com entusiasmo a sua trajetória artística até que o Desembargador José Gomes decidisse realinhá-lo para projetos mais concretos e duradouros, exatamente quando a jovem revelação musical se preparava para vôos mais ambiciosos: havia sido convidado para integrar, como profissional, o “cast” da Rádio Tamandaré de Recife, com a promessa de gravar um disco na indústria Rozemblit, dona do famoso selo “Mocambo”

Mas esta é outra estória, e tão fascinante, que não quero roubá-la do meu amigo, que fica nos devendo um livro cujo título sugiro tomar de empréstimo do cancioneiro Luiz Vieira: “O Menino Passarinho”.
Segunda inconfidência – É de índole pacífica. Conciliador e homem contido pela educação, é daqueles que conta até mil para não perder a paciência, porque antes de tudo respeita a dignidade e a compostura alheia. Mas, depois que excede a milésima contagem, que me perdoem o despropósito da referência, mas não resisto ao meu ímpeto nordestino: é igual a um siri numa lata.
Querem ver um homem valente e destemperado, que se pise no calo de estimação: a sua honra, a sua dignidade pessoal.

Terceira Inconfidência – Há uma passagem de muita singeleza da vida do meu amigo que ele recorda com muito orgulho. Foi quando serviu ao Exército (1959) no 16º R.I, na Companhia de Comando e Serviços - CCS. O comandante do Regimento era Dióscoro Gonçalves Vale, conterrâneo do Seridó, que depois chegou ao generalato; o comandante da Companhia era Milton Freire de Andrade que muitos anos depois comandou a Polícia Militar do nosso estado.
Disse-me Carlos Gomes que no serviço militar aprendeu muito civismo e a idéia de igualdade. R quer, com muita honra foi distinguido com a Medalha Marechal Hermes, de aplicação e estudo, exatamente no dia da inauguração de Brasília."

Sinto-me lisonjeado e honrado por ser seu amigo. A ligação pessoal me engrandece, é referência curricular e certamente afiançará os seus herdeiros que se valerão dos laços co-sanguíneos para atestar a pureza e a excelência da linhagem.

(*) Vic-Maltema era a marca de um achocolatado dos anos cinquenta que concorria com o Toddy e o Nescau.


PEDRO SIMÕES – Professor de Direito (Aposentado) Escritor e Advogado.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

MUSEU NILO PEREIRA - CEARÁ-MIRIM RN

DO BLOG DE FRANKLIN JORGE

Carlos de Miranda Gomes disse:

18 de agosto de 2010 às 6:21
Franklin,
A publicação do artigo de Ormuz é um serviço relevante à brava terra dos canaviais. É imperioso a cobrança de providências ao Poder Público. Onde estão os Vereadores de Ceará-Mirim? Precisam mostrar as suas responsabilidades. Eo Prefeito, um homem formado em Direito, ficoiu cego?
Não deixem o assunto morrer, vamos PROTESTAR E COBRAR UMA SOLUÇÃO.
Parabéns Franklin pelo engajamento nessa luta sagrada.

MUSEU NILO PEREIRA - CEARÁ-MIRIM RN

DO BLOG DE FRANKLIN JORGE

Sarina Vieira Mota disse:

17 de agosto de 2010 às 17:05
O sr. Ormuz merece nossos parabens pela clareza de firmar posição contra esse desmantelo generalizado.
FJ, seu site é excelente. A prova está na boa qualidade das matérias e da recepção junto aos internautas.

MUSEU NILO PEREIRA - CEARÁ-MIRIM RN

DO BLOG DE FRANKLIN JORGE

Evandro Salles disse:

17 de agosto de 2010 às 12:07
O sr. Ormuz Simonetti foi muito feliz escrevendo esse artigo e mostrando para todo o nosso povo a qualidade dos politicos que nos governam. Considero um verdadeiro escandalo esse descaso com um museu, num estado que carece de equipamentos dessa natureza. Ainda mais um museu instalado num solar histórico, na senhorial cidade do Ceará Mirim, a cidade dos barões, de tanta importancia economica na época do Império e até recentemente, antes da aparição na politica do RN de Geraldo Melo, de quem o povo acabou se livrando e expulsando da politica.
Fica aqui o meu voto de indignação.
Evandro Salles

MUSEU NILO PEREIRA - CEARÁ-MIRIM RN


DO BLOG DE FRANKLIN JORGE


Marliete Moura Lemos disse:

17 de agosto de 2010 às 11:56
Uma vergonha, um museu histórico chegar a esse estado de abandono por parte do governo do Rio G. do Norte! Estou indignada. Deus nos livre desses politicos falastrões e enganadores que de 4 em 4 anos batem às nossas portas mendigando votos.
São pessoas que merecem o nosso repúdio!
Quando vejo o que está acontecendo no Ceará Mirim, que fica nas “barbas” do governador, imagino o que não acontece em lugares mais distantes de Natal, onde o governo sõ vai quando está em jogo algum interesse eleitoreiro…
Meu Deus! Esses últimos anos foram de calamidade para o Brasil: aqui, gente como a ex-governadora e seu substituto e no plano nacional, Lula e o PT.
Ainda bem que temos um espaço como este para protestar e tomarmos conhecimento do que a imprensa comprometida com o poder escodne.

MUSEU NILO PEREIRA - CEARÁ-MIRIM RN

DO BLOG DE FRANKLIN JORGE

Magnólia Ribeiro disse:

17 de agosto de 2010 às 11:45
Nossos governantes só têm papo eleitoral. Não sáo capazes de fazer nada, aí está a educação do RN na UTI, a segurança na UTI, a saúde na UTI enquanto todos eles folgam e se divertem às nossas custas. Essa ex-governadora e seu substituto são o que tivemos de pior até este momento (sem contar Garibaldi Alves, que não fica atrás desses dois que esatão aí).
Graças a Deus ainda temos jornalistas que publicam os fatos e tem coragem de enfrentar esses estafermos.

MUSEU NILO PEREIRA - CEARÁ-MIRIM RN

DO BLOG DE FRANKLIN JORGEMaria

Emilia de Lavor disse:

17 de agosto de 2010 às 8:19
O presente artigo espelha a realidade dos fatos e a má qualidade dos nossos administradores.
O que surpreende é que nos ultimos anos os governantes sempre falaram muito em cultura, mas ninguem vê ação deles nessa área que juntamente com a saúde, a educação e a segurança continuam menosprezadas.
Não sei como ainda tem gente que vota em politicos tão corruptos e despreparados para o exercicio de funções que deviam ser ocupadas por gente qualificada.
Parabéns, sr. Ormuz pela coragem de se opor a esse estado de abandono criminoso contra o patrimônio cultural da nossa terra.
Maria Emilia de Lavor

MUSEU NILO PEREIRA - CEARÁ-MIRIM RN

Lucia Helena Pereira disse:

17 de agosto de 2010 às 8:15
FRANKLIN JORGE:

NILO PEREIRA LUTOU TANTO PELA RESTAURAÇÃO DO VELHO SOLAR! EU, FORÇA PEQUENINA, LUTEI MANDANDO CARTAS, LOGO APÓS A ADMINISTRAÇÃO DE TEREZINHA MELO (EXCELENTE PARA A CULTURA DO VALE).
GRATA PELO APOIO COMO BOM CEARAMIRINENSE.

AMO-TE!

LUCIA HELENA PEREIRA
TRI NETA DO SOLAR GUAPORE

MUSEU NILO PEREIRA - CEARÁ-MIRIM RN

(Mensagem reenviada)

Querida amiga Lúcia!

Fiquei muito chocada, mais uma vez, com o quadro de abandono e vandalismo, ao renomado Museu Nilo Pereira, sobretudo pelo grau de amizade que papai e mamãe mantinham, com o caro , ilustre e saudoso amigo Nilo Pereira.
O texto está muito bem escrito e deveria ocupar a imprensa municipal e estadual do Rio Grande do Norte.
Como é que pode amiga, assitirmos a decadência, para não dizer a morte, do nosso municípo, através dessa destruição cultural ( monumentos que são referências históricas de nossos antepassados)?
Que fato lastimável, cara amiga, para nós e todos os cearamirinenses que, embora à distãncia , também choram.
Onde estão os que hoje administram o município, e que estão apenas assistindo o desastre cultural, sem atitude?

Oh, my good!

Afetuoso abraço, Lú, também choro com você.

Neire de Sá Dantas (*)



(*) Filha de Herbert Washigton Dantas e Nilcéia (eram donos do Verde Nasce que agora pertence aos filhos)

MUSEU NILO PEREIRA - CEARÁ-MIRIM RN

Belo artigo Ormuz. Parabéns.

João Felipe

terça-feira, 17 de agosto de 2010

MUSEU NILO PEREIRA - CEARÁ-MIRIM RN

Prezado Ormuz

Visitei o Guaporé, há cerca de 20 anos, e, tão encantado fiquei, que, de passagem pelo Recife, fui conhecer o Nilo Pereira, na casa em que morava, se a memória não me trai, numa rua que levava o nome do pintor Lula Cardoso Aires. Tenho ainda comigo a plaquette do belo discurso que ele proferiu na reinauguração do engenho de seus maiores. É uma lastima o que você relata em sua crônica. Uma verdadeira tragédia para o patrimônio potiguar. Você fala dos vidros das janelas (e como eram belos!) e dos móveis. E os retratos de família ? E a lápide tumular que existia no fundo do parque, o que restará dela?

Fale com o Enélio e com o pessoal do IPHAN. Quem sabe, juntos, não conseguem que o governo do Estado faça algo.

Abs.

Victorino Chermont
Rio de Janeiro RN

MUSEU NILO PEREIRA - CEARÁ-MIRIM RN

Caro Osmuz:

Parabéns pela matéria em defesa do Museu Nilo Pereira. A sua advertência deve ser transformada em clamor geral pela restauração do patrimônio cultural esquecido.

Abraço,

Valério Mesquita

MUSEU NILO PEREIRA - CEARÁ-MIRIM RN

Brejo da Madre de Deus, 17 de agosto de 2010

Caro Ormuz,

Seu relato é algo em torno de estarrecedor. Ao falar da filmagens de jovens ensandecidos destruindo o nosso patrimônio quase não acreditei. Poderia me enviar estas imagens?

Peço sua autorização para enviar seu relato para algumas autoridades do IPHAN e acho que as imagens devem servir como prova de uma queixa que INRG e o Instituti Histórico do Rio grande do Norte tem a obrigação de prestar aos órgãos competentes como o Ministério Público, IPHAN etc.

Grande abraço,

ADELMO DE MEDEIROS

MUSEU NILO PEREIRA - CEARÁ-MIRIM RN

Meu Caro Ormuz (Cópia para Lúcia Pereira)

Li com toda atenção o seu texto sobreo o Museu Nilo Pereira - meu pai -, que me foi enviado pela minha prima Lúcia Pereira, a quem segue cópria deste e-mail. Notável a sua descrição, um relatório, verdadeiramente, da incúria do poder público, do desprezo da gestão, do relaxamento com a coisa pública. Eu não compreendi se o seu extraordinário documento foi publicado (talvez seja longo para jornal) ou se o será em órgão de circulação reconhecida no RGN. Isso, necessariamente, deveria acontecer.

De minha parte, meu caro Ormuz, já escrevi dois ou três artigos em um dos jornais de Natal - a República, se não me trai a memória -, já expedi carta ao Prefeito do Ceará-Mirim, da mesma forma ao Presidente da Fundação José Augusto e recentemente me dirigi ao Governo do Estado, através da Ouvidoria. Apenas desse último recebi a seca resposta de que a reclamação tinha sido encaminhada a quem de direito. Não sei bem quem será o figurante que pode responder pelo descaso que você tão bem descreve.

Mas, se você me autoriza, vou novamente escrever sobre a questão, chamando a atenção já no título para a ótima descrição que você faz dos morcegos e das mariposas, além do cururu como guardiões daquele santuário de minha família, onde pontificaram o meu bisavô Vicente Inácio Pereira, genro, como está no texto, do Barão. Hoje tenho em terras de Espanha um neto, Pablo de prenome e venho insistindo com minha filha para que ensine essas origens nobiliárquicas ao menino, pentaneto do Barão do Ceará- Mirim. Com igual descendência, por parte da avó, do Visconde de Goiana.

Mas, além de sua autorização para que tome o seu texto como base, citando-o naturalmente, gostaria que me indicasse - ou Lúcia fizesse isso - o jornal de maior circulação em Natal, para cuja redação hei de enviar o artigo.

Grato

Geraldo Pereira

MUSEU NILO PEREIRA - CEARÁ-MIRIM RN

Amigo Osmuz,

visitar o velho guaporé é uma tortura para aqueles que gostam de Ceará-Mirim. A situação do solar é muito pior do que podemos imaginar.

O Ministério Público já interferiu junto ao governo do Estado através de Agendamento de Conduta.
Em setembro de 2009 o presidente da Fundação José Augusto (responsável pelo predio) disse-me que tinha 300 mil para iniciar a restauração, só dependia da liberação pelo governo, porque o Ministério Publico tinha feito pressão.

Já fazem 11 meses dessa conversa e até agora não foi colocado uma telha no local.

A promotoria, parece, não poder "obrigar" esse pessoal executar a reforma.

De acordo com o Agendamento de Conduta, a Fundação deve entregar o Museu e os móveis )que ainda restarem) restaurados à municipalidade.

Todos em Ceará-Mirim (políticos e pseudos-defensores da cultura) falam muito para aparecerem, no entanto, nada fazem para mudar o quadro.

Agora que estamos em campanha eleitoral (nenhum desses caras) pedem um compromisso concreto para salvar aquele patrimônio.

São candidatos "copa do mundo" e arrastam milhares de votos de Ceará-Mirim. Por que nossos políticos não os fazem assinar uma carta de compromisso com relação a esse assunto?

Estamos sempre no final das prioridades de governo... tudo que poderia vir para nossa cidade, é desviado, para outros lugares.

É muito importante que todos de Ceará-Mirim leiam seu texto sobre o velho solar. Peço permissão para publicá-lo em meu blog e, também, no jormal o litoral do próximo mês.

abraços.
Gibsonm

MUSEU NILO PEREIRA - CEARÁ-MIRIM RN

Pois é caro Ormuz...assim caminha este Brasil velho! Os governantes nada querem fazer para manter um bem tão importante como este, simplesmente pelo fato de não conseguirem votos com a manutenção de museus. Incrivel não é? Os vandalos que vc viu e falou, é o espelho da educação do nosso povo...ninguem quer mais nada com nada...destruir algo para deleite próprio passou ha muito tempo ser prova de despreparo da familia, instituição inteiramente em decadência nos dias de hoje. É uma pena! Cheguei a conhecer o casarão, mas já em plena falta de conservação...no seu interior quase nada havia...Não dá realmente para entender o descaso de nossos governantes para com um bem de tão grande importância para a historia do RN e do município de C.Mirim, como este. Gostei do seu artigo... pena que estamos vivenciando um descaso total com bens que deveriam mostrar o passado aos nossos jovens...FAZER O QUE MEU? Infelizmente coisas assim acontecem em todo o Brasil, não é só por aqui.
meu abraço
felipe.

MUSEU NILO PEREIRA - CEARÁ-MIRIM RN

BELA E INDIGNADA CRÔNICA, CARO AMIGO.
POSSO PUBLICÁ-LA NO JORNAL DA CULTURA DE CEARÁ-MIRIM?
ABS
PEDRO SIMÕES

MUSEU NILO PEREIRA - CEARÁ-MIRIM RN

Parabéns, amigo:

Belíssimo e irretocável texto! Comovente e quase sarcástico, poético e quase patético. Mas, antes de tudo, competente em comunicar e contagiar sua indignação.

Um abraço comovido e solidário.

Bartola.

MUSEU NILO PEREIRA - CEARÁ-MIRIM RN

ORMUZ:

MANDEI PARA A FAMÍLIA ANTUNES, VARELLA E PEREIRA COM O NOME DO GENRO DO BARÃO (MEU TRISAVÔ) MANOEL ARELLA DO NASCIMENTO, DR. VICENTE IGNÁCIO PEREIRA - JÁ CORRIGIDO (NÃO EXISTIU ESSE VICENTE NELSON...)


ARTIGO MUITO BEM ESCRITO, TELÚRICO E ATÉ POÉTICO, NÃO FOSSE O AGRAVANTE DO ABANDONO DESSA VERGONHA. JÁ LASTIMEI POR ISSO, MUITAS VEZES, BEM ANTES DO FILME DO APEDREJAMENTO DOS VÂNDALOS DIVERTINDO-SE COM A NOBREZA DO VALE.

GRATA POR SUA VOZ DE LAMENTO POR UM SOLAR QUE JÁ FOI REFERÊNCIA HISTÓRICA NO VALE E PERTENCEU AOS QUE VIERAM ANTES DE MIM.

ASSINO CHORANDO.


LÚCIA HELENA PEREIRA
TRI-NETA DO SOLAR GUAPORÉ

GUARDIÕES DO MUSEU NILO PEREIRA

GUARDIÕES DO MUSEU NILO PEREIRA

MUSEU NILO PEREIRA - CEARÁ-MIRIM RN

MUSEU NILO PEREIRA - CEARÁ-MIRIM RN

MUSEU NILO PEREIRA - CEARÁ-MIRIM RN


ORMUZ BARBALHO SIMONETTI (Presidente do Instituto Norte-Rio-Grandense de Genealogia e membro do IHGRN e da UBE-RN)

VERGONHA

Foi com muita tristeza que, pela segunda vez, nesses últimos três meses, visitei as ruínas do que foi, há bem pouco tempo, o Museu Nilo Pereira em Ceará-Mirim RN. No último mês de maio, lá estive no finalzinho de tarde quando voltava de minha chácara, que fica no vizinho município de Maxaranguape. Naquela ocasião fui atraído pela beleza da lua cheia que surgia por trás do casarão do antigo Engenho Guaporé. Construído em meados do Século XIX, mais precisamente em 1850, em estilo neoclássico, o casarão foi residência do segundo vice-presidente da província do Rio Grande do Norte, Vicente Ignácio Pereira, genro do Barão de Ceará-Mirim.

Fazia algum tempo que não percorria aquela estradinha que lava ao casarão. Costumava visitá-lo nos anos 80 e 90, quando trabalhava no Banco do Brasil e fazia fiscalização nas propriedades rurais da região.

Aproveitei o ensejo para ver de perto, a situação em que o mesmo se encontrava, pois naquela semana havia me chegado, por e-mail, uma filmagem de vândalos atirando pedras nos vidros que adornavam portas e janelas. Era uma cena deplorável. Uns rapazes filmavam os outros, que naquela euforia bestial, se revezavam em atirar pedras, ao tempo que deliciavam-se com a destruição do patrimônio público e a memória da cidade. Fiquei horrorizado pela cena e lamentei que aquilo estivesse sendo praticado por jovens, que pareciam ser estudantes que para ali tinham se dirigido com esse propósito, já que o museu está localizado em uma área que não é passagem para lugar nenhum.

Infelizmente a situação em que se encontrava o Museu, era pior do que eu havia imaginado. A guarita que fica na entrada, estava em ruínas. Suas portas e janelas foram arrancadas, e parte o telhado já havia caído. A estrada, calçada com blocos de cimento, que dá acesso ao Solar, estava totalmente coberta pelo mato, assim como o estacionamento.

Aproximei-me da porta, mas não tive coragem de entrar, pois como disse, já estava escuro e as casas de marimbondos caboclos, pendiam das portas e janelas em posição ameaçadora. Eram eles, junto com morcegos os guardiões daquele patrimônio. Na entrada principal, impávido, lá estava um grande sapo cururu, bem postado na soleira, como se fosse o mordomo a espera do visitante. Esperava, talvez, alguma mariposa descuidada que por ali passasse em busca dos canaviais, que lhe complementaria sua refeição diária. Fiz algumas fotografias e prossegui viagem.

Hoje, como retornei da chácara mais cedo e estava acompanhado por alguns amigos, resolvi percorrer novamente aquele caminho coberto de mato, que leva ao Museu, com a intenção de mostrar aos amigos que me acompanhavam a situação de abandono que se encontrava aquele patrimônio de inestimável valor histórico. Novamente me senti desconfortável diante daquelas ruínas, principalmente por ele ser parte da história da cidade de Ceará-Mirim, cidade que aprendi a amar e respeitar desde que lá cheguei no início dos anos 80, para inaugurar a Agência do Banco do Brasil. Fiz e faço parte dessa cidade onde trabalhei durante 23 longos anos e conquistei grandes amigos.

Diante daquele quadro desolador, não pudemos deixar de nos perguntar: onde estão os Órgãos Públicos encarregados de manter e conservar aquele patrimônio? Porque deixaram a situação chegar até esse ponto? Que foi feito do mobiliário antigo que lá existia? Onde estão as várias peças, confeccionadas em jacarandá, e o belo piano de cauda que adornava a sala principal? É bem provável que hoje faça parte da mobília da casa de algum esperto, do tipo que considera o patrimônio público, como privado.

Adentramos ao casarão e pudemos constatar o que já imaginávamos quando chagamos próximos a entrada principal. Um verdadeiro espetáculo de destruição. Para todos os lados que olhávamos e por todos os cômodos que passávamos a visão era a mesma. Cheguei ao pé da bela escada de madeira que lava ao sótão e resolvi subir. Temeroso pela minha segurança, pois não sabia o estado que ela se encontrava, prossegui degrau por degrau até chegar lá em cima. A todo tempo me desviando de morcegos e marimbondos, consegui chegar são e salvo até a parte mais alta do velho casarão.

O sótão, composto por vários cubículos, é beneficiado por uma boa ventilação. Uns compartimentos com mais altura e outros, acompanhando o telhado, terminam em locais tão baixos que não permitem uma pessoa ficar em pé. No centro, onde fica a parte mais alta, uma janela para o nascente e outra para o poente, compõem sua arquitetura. Daquele local a visão é deslumbrante. Para o nascente se descortina o verde vale com seus canaviais ondulados ao sabor do vento. Para o poente vemos alguns coqueiros centenários e por trás deles o verde escuro da mata, que esconde aos pouco o crepúsculo que chega com o final da tarde, também constitui uma visão maravilhosa.

Ainda foi possível observar que a última seção do corrimão da escada, que também servia de parapeito, havia desaparecido. O piso ainda apresenta bom estado, em virtude de ter sido feito com madeira de lei. Entretanto, não pude deixar de notar que algumas tábuas estavam soltas, como se alguém as tivesse “preparado” para lavá-las em outra oportunidade. Talvez a mesma pessoa que se apropriou indevidamente do corrimão da escada.

Quando já me preparava para descer, fui surpreendido com uma visão inusitada. Num canto do corredor, que separa as duas extremidades da casa, quase despercebido, lá estava imóvel e bem acomodado, o velho cururu. Não sei como o batráquio conseguiu chegar até aquele local, pois para isso, teve que vencer três lances de uma escada íngreme e de degraus muito estreitos.

Mas, o importante é que ele conseguiu, pelo simples fato de ter tentado. E nós porque não tomamos o exemplo daquele velho morador do museu e também tentamos fazer algo para salvar aquele monumento enquanto as paredes ainda resistem ao abandono, ao descaso das autoridades e ao ataque dos vândalos?

Por que não tentamos conseguir um pouquinho do nosso suado dinheiro, que principalmente nessa época, é usado na compra de votos e consciências desse nosso povo sofrido e culturalmente ignorante, para recuperar uma parte da nossa memória? É justamente MEMÓRIA o que mais nos falta. Está literalmente em nossas mãos a oportunidade de mudar, escolhendo administradores comprometidos com a melhoria da Nação, principalmente no que se refere à educação. Um povo sem educação é presa fácil e sempre será refém de políticos espertalhões.


Natal, 13 de agosto de 2010.

domingo, 15 de agosto de 2010

HOMENAGEM A NEWTON NAVARRO

A GENIALIDADE DE NEWTON NAVARRO

Odúlio Botelho Medeiros-ex-presidente da OAB/RN



Tive o prazer e a felicidade de ter conhecido e convivido com o pintor e poeta Newton Navarro. Vivenciei, portanto, o seu lado boêmio e o seu valor cultural. Quando em estado de “graça”, apesar de não lhe fugir à genialidade, tornava-se irônico e, de uma certa forma, polêmico. Todavia, esse comportamento diferenciado é próprio dos poetas, que são rebeldes por natureza. E esse conviver esporádico com o grande artista deveu-se à amizade que ele manteve com meu irmão Emanoel Botelho (Maneco, que se foi para o Estado do Pará e nunca mais voltou) e com Nei Leandro de Castro, tudo nas décadas de 50/60, nos velhos tempos do Granada Bar, que funcionava na Avenida Rio Branco em Natal.

O Granada era, com toda certeza, o centro cultural da boêmia natalense. Nos seus corredores e nas suas mesas não era difícil àqueles da minha geração encontrar figuras como Câmara Cascudo, Luís Carlos Guimarães, Nei Leandro, Jurandyr Navarro, Berilo Wanderley, Diógenes da Cunha Lima, Nilson Patriota, Sanderson Negreiros, Moacir Cirne,Veríssimo de Melo, o próprio Newton Navarro, talvez o seu mais assíduo freqüentador, Luis Rabelo, que fez escola na literatura norte-riograndense, na opinião dos críticos da época.

A minha geração, essa geração do pós-guerra, foi muito rica em valores intelectuais e boêmios famosos, como Roldão Botelho, Luís Tavares, Alexandre Garcia, Valter Canuto, Nei Marinho, Antônio Elias França, e seu filho Glicério, Gil Barbosa, Luís Cordeiro, Castilho, Raimundo do Cartório, Albimar Marinho, a figura mais pitoresca da cidade. Ao encontrar o advogado João Medeiros Filho, indagava-lhe cheio de prosopopéia: “e então, Dr. João Medeiros, o direito continua líquido e certo?”. Isso era ótimo! Peço venia aos outros que aqui não foram mencionados. Eram tantos e tantos que os seus nomes não comportariam nesse pequeno espaço. Natal era uma festa!

Na verdade, o que me inspira mesmo a escrever essas reminiscências é a grandiosidade de Newton Navarro. Entendo que Natal esqueceu muito cedo o seu maior artista, ou melhor, possivelmente um dos mais completos intelectuais na modesta maneira de eu enxergar a cena urbana da cidade. Sendo um intelectual polivalente, Newton foi o mestre maior da pintura nordestina. Além disso, era excelente cronista, com as suas estórias curtas, ricas de beleza e criatividade. E que dizer de sua poesia? Lembro-me que foi ele quem desasnou o grande Nei Leandro para a vocação poética, ao dar-lhe régua e compasso para esse difícil campo das atividades humanas. Além das citadas qualidades, ainda escreveu peças teatrais, literatura infantil, perfilando no campo da oratória, a meu ver o mais completo orador de sua geração, com atuação em todos os campos do discurso: sacro, popular, em recinto fechado, em palanques públicos, em grandes eventos sociais e, principalmente, nos bares da vida. Nesses é que os homens revelam os seus melhores sentimentos e os seus dotes humanitários.

Destacou-se, também, como novelista...(De Como se Perdeu o Gajeiro Curió). Não se pode esquecer o Newton folclorista, cultor dos fandangos, cheganças, bumba-meu-boi, lapinhas, pastoris, cocos de roda, maxixes, xotes, e tantas outras manifestações populares atualmente esquecidas e em desuso.

Tudo isso, Djalma Maranhão incentivava na condição de Prefeito de Natal. Foi, inegavelmente, o mais lírico e popular prefeito desta cidade de xarias e canguleiros. A obra deixada pelo genial escritor é significativa, por ser variada e múltipla; Poesias: Subúrbio do Silêncio; ABC do Cantador Clarimundo. Crônicas: 30 Crônicas Não Selecionadas. Contos: O Solitário Vento do Verão; Os Mortos são Estrangeiros (o seu livro preferido); Do Outro Lado do Rio, Entre os Morros. Novela: De Como se Perdeu o Gajeiro Curió (o escritor Nilo Pereira afirmou que esta novela deveria ter sido filmada). Teatro: Um Jardim Chamado Getsemani; O Caminho da Cruz – uma Via Sacra encenada ao ar livre, em Natal, pioneira nesse ramo teatral; Hoje tem Poesia, encenada no TAM; O Muro, encenada no TAM. Além dessas, existem muitas outras peças inéditas que sua mulher Salete Navarro esperava que fossem publicadas, por quem de direito. Salete lutava ardentemente pela criação de uma fundação para que a obra do grande escritor não viesse a perecer.Morreu sem poder realizar o seu sonho!

Inesquecível Newton Navarro, falecido aos 63 anos de idade, receba esta crônica pelo menos como uma homenagem da minha geração. Ainda bem, que agora, o atual governo prestou-lhe merecida homenagem ao denominar Ponte Newton Navarro, essa grande obra de integração urbana e social. Somente assim Newton, essa cidade continuará sempre sua.

O BARÃO DE ARARUNA

Caro Ormuz. Falando do Barão de Araruna, fala da família Rocha, a minha. Espero que continue... Quanto ao José Ferreira da Rocha Camporra, é sim irmão do Barão. Camporra é pai de Justino Rocha, meu bisavô, também rico proprietário de terras em Bananeiras, mas q morreu cedo deixando filhos pequenos que tiveram como Tutor o Comendador Felinto Rocha, filho do Barão... E começou uma história nada "brilhante" para a biografia do Comendador. Eu até já escrevi sobre isso para você.

Grande abraço.

Gelza Rocha

O BARÃO DE ARARUNA

Amigo Ormuz -

Bom dia.

Excelente matéria.

Fiquei feliz por identificar a procedencia de meu neto mais velho Rafael Wildt Dantas, filho de Humberto e de Hertha, ela filha de Erica e João Alberico.

Estou passando para eles.

Edgar

O BARÃO DE ARARUNA

Nobre Ormuz,

O texto está ótimo. Parabens. Faltou apenas o registro de que, como seu convidado, ao ouvir os relatos acerca da familia "Wildt" (segundo a Senhora, pronuncia-se: Vilit), tornei-me testemunha, por ouvir dizer.
Quando descer a serra de Bananeiras, aqui bem pertinho e no caminho, tem uma cidade que precisa ter sua historia contada.

Abçs e recomende-me ao Rei Arhur, com saudade.

Arnilton Montenegro

O BARÃO DE ARARUNA

Ormuz, vamos pensar naquela idéia do "convívio genealógico"?
Podíamos marcar uma vez por mês, num dia fixo, em algum restaurante onde não houvesse música alta e a gente pudesse conversar, e cada um se responsabilizasse pela sua despesa...
No Rio e em SP o pessoal da genealogia faz isso.
Em São Paulo chama-se "QUA-QUA", porque é na 4a. quarta-feira do mês.
Pense na idéia. Vai quem quiser e quem puder.
O meu argumento é que precisamos forjar entre nós laços de amizade e companheirismo, porque isso fortifica o trabalho e os objetivos comuns.

Clotilde Tavares

O BARÃO DE ARARUNA

Ormuz, aguardo com interesse... Araruna é próxima à Areia, onde nasci, palco dos movimentos Revolucionários de 1817-1824 e onde se travou o último combate dos revoltosos da Revolução Praieira, envolvendo 1800 revoltosos e 2000 homens das forças governamentais, episódio descrito no livro BREJO DE AREIA, de Horácio de Almeida, que faz parte dos diplomados pela Faculdade de Recife, ao lado de ilustres norte riograndenses.
Abraço.

Antonio Gouveir

O BARÃO DE ARARUNA

É isso aí Ormuz. Vamos enriquecer Genealogia Norteriograndense.
Outra coisa a dizer: Aquele Brazão para o Instituto ficou bem
interessante.
Um abraço,
João Felipe

O BARÃO DE ARARUNA

Caríssimo amigo Ormuz :

Antes de mais nada, peço-lhe desculpas por não lhe ter dado os meus sentimentos pela perda de sua mãe. É uma grande perda, uma dor muito grande, pela qual, lamentavelmente, temos de passar. Aceite,embora com grande atrazo, meus sentimentos de tristeza.
Parabéns pelas suas crônicas, sobre a Praia da Pipa, em breve coligidas em livro.
Muito interessante e boa sua crônica sobre o Barão de Araruna.Ele era, de fato, irmão de meu trisavô, o Coronel José Ferreira da Rocha (conhecido como Coronel ou Comendador Camporra).
Como eu já lhe disse, a minha avó materna contava-me que, nas festas de Bananeiras , dançava muito com ele , que era o avô de meu avô João Francisco da Costa Cirne , filho de sus filha Maria Magdalena da Rocha Cirne , a Marica.O Bastos o arrola como filho do Barão , o que é erro flagrante.
O Barão era, sim, homem bom e generoso, tendo libertado vários escravos, antes de falecer.
Seu filho, o Comemdador Felinto Rocha, disse, uma vez: " Aqui, em Bananeiras, eu quero, posso e mando".
Todas as informações que eu tenho dele atestam que era homem bom, embora autoritário e " mandão ".
Certa vez, meu primo, filho do Comemdador, José Ferreira da Rocha, foi julgado e condenado à prisão, pelo meu avô paterno, o Juiz de Direito de Bananeiras Dr. Joquim Eloy Vasco de Toledo, que era, também, o pai de minha avó materna, casada com o sobrinho do Comendador.
Valendo-se dos laços de família, o Comemdador Felinto Rocha foi á casa de meu avô, o Juiz, para pedir a libertação do filho.
Meu avô disse,então, a ele: "Comendador,o senhor deveria ter castigado seu filho, emquanto ele era criança. Agora é tarde demais.O Senhor deve,agora,aguentar as conseqüências".
O Comemdador, então, saiu da casa do meu avô, muito bravo e enraivecido
.
Um grande abraço do amigo
Sérgio Cirne de Toledo

terça-feira, 10 de agosto de 2010

O DIA DO ADVOGADO

Dia do Advogado - OAB 2010
CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES – Membro Honorário Vitalício da OAB/RN


Lição de TRISTÃO DE ATHAYDE:

"O passado não é aquilo que passa, mas o que fica do que passou".

Com o passar dos anos e já ultrapassado o viço da juventude, teimo em evocar a criação dos cursos jurídicos em 11 de agosto de 1827, gesto que permitiu o surgimento de ideais corporativistas, à imagem da Ordre des Avocats da França, berço cultural dos bacharéis do Brasil.
A data de 11 de agosto, por conseguinte, foi escolhida para comemorar essa grande iniciativa, considerada como O Dia do Advogado, consagrando as forças do primitivo ideal do Parlamento do Império – alforriar, além da independência política que fora conquistada, também a liberdade intelectual, através dos Cursos de Direito de Olinda, Recife e São Paulo, como verdadeira Carta Magna, que nos ofereceram os sempre lembrados Bacharéis Teixeira de Freitas, José de Alencar, Castro Alves, Tobias Barreto, Ruy Barbosa, o Barão do Rio Branco, Joaquim Nabuco, Fagundes Varella, dentre tantos.
Sob a influência da Revolução de 1930 foi criada a Ordem dos Advogados do Brasil, que teve como primeiro presidente o advogado Levi Carneiro, o qual a comandou por muito tempo, tendo por instrumento primeiro o Decreto nº 19.408, de 18 de novembro de 1930, que assim proclamava:
Art. 17. Fica criada a Ordem dos Advogados Brasileiros, órgão de disciplina e seleção da classe dos advogados, que se regerá pelos estatutos que forem votados pelo Instituto da Ordem dos Advogados Brasileiros, com a colaboração dos Institutos dos Estados, e aprovados pelo Governo.
O Rio Grande do Norte foi um dos primeiros Estados a criar a sua Seccional, partindo da idéia do consagrado jurista Hemetério Fernandes Raposo de Mello, então Presidente do Instituto dos Advogados do RN, em reunião preparatória realizada no longínquo 05 de março de 1932, no prédio do Instituto Histórico e Geográfico, presentes os causídicos Francisco Ivo Cavalcanti, o Primeiro Presidente, Paulo Pinheiro de Viveiros, Manoel Varela de Albuquerque, Bruno Pereira e Manuel Xavier da Cunha Montenegro e oficialmente reconhecida em 22 de outubro do mesmo ano.
Hoje, tendo por comando o Estatuto da Advocacia e da OAB, aprovado pela Lei nº 8.906, de 04 de julho de 1994, vem mantendo altaneiros os princípios e propósitos dos fundadores, cujos fins estão assim marcados:

Art. 44. A Ordem dos Advogados do Brasil – OAB, serviço público, dotada de personalidade jurídica e forma federativa, tem por finalidade:
I – defender a Constituição, a ordem jurídica do Estado democrático de direito, os direitos humanos, a justiça social, e pugnar pela boa aplicação das leis, pela rápida administração da justiça e pelo aperfeiçoamento da cultura e das instituições jurídicas; II – promover, com exclusividade, a representação, a defesa, a seleção e a disciplina dos advogados em toda a República Federativa do Brasil.

A atual administração presta neste ano uma justa homenagem aos primeiros bacharéis da nossa Faculdade de Direito de Natal – Turma de 1959, em que foi paraninfo o grande Mestre EDGAR FERREIRA BARBOSA.
PARABÉNS COLEGAS ADVOGADOS.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

BRASÃO DO INSTITUTO NORTE RIO-GRANDENSE DE GENEALOGIA

PÔOOORRRA,
Levi inaugura a moderna heráldica botando pra f.........
O brasão só falta falar. Quer dizer fala e muito, diz tudo!!
Tá lindo, parabéns.
Olha que eu curto heráldica desde criancinha.

Um abraço José Augusto

BRASÃO DO INSTITUTO NORTE RIO-GRANDENSE DE GENEALOGIA

Cabedelo, 09 de agosto de 2010


Caro Ormuz,

Na minha modesta opinião o brasão que V.Sª nos apresenta é uma peça singela de rara beleza. O lema traduzido "Para perpétua memória da família" muito bem representa o que os genealogistas procuram durante suas pesquisas.

Desde a reunião que realizou-se em Caicó demonstrei meu interesse em tornár-me Sócio Fundador deste Instituto mas até a presente data não recebí nenhumha resposta. Porém, mesmo não sendo membro deste Instituto acompanho atentamente suas ações e me encho de conhecimento ao receber seus e-mail's.

Uma vez que o Instituto representa o estado do Rio grande do Norte como um todo, acharia oportuno que em seu brasão ou ao menos no memorial descritivo do mesmo constassem referências a uma das principais e mais tradicionais regiões do estado que é o Seridó e as cidades polarizadas por Caicó, Acarí e adjacencias.

Atenciosamente,



ADM. ADELMO DE MEDEIROS
Secretário de Cultura do Município de Brejo de Madre de Deus/PE
CRA / PB nº 2235

domingo, 8 de agosto de 2010

AINDA SOBRE A FAMÍLIA SIMONETTI

Ormuz,

obrigada pelos e-mails. Muito interessada em saber toda a história da
nossa descendencia italiana.Li seu artigo no Jornal hoje e espero saber
como aconteceu a ligação João B.C. Simonettei com Primênia e, como
Pietro Villa entra nessa historia. Um abraço da prima

Cléa Bezerra de Melo Centeno

BRASÃO DO INSTITUTO NORTE RIO-GRANDENSE DE GENEALOGIA

Caro Ormuz, quem sou em para fazer criticas a um belo trabalho desse. Para mim esta super bonito e abrange, como descrito no texto, tudo que o RN representa.
Parabens e abraços

Felipe

BRASÃO DO INSTITUTO NORTE RIO-GRANDENSE DE GENEALOGIA

Agradeço a atenção do nobre amigo; apreciado, avaliado e aprovado, ressalvando o "AD PERPETUAM FAMILIARE MEMORIAM" que também compõe o brasão, enaltece e perpetua a mais nobre e correta língua (idioma) já usado pela humanidade.
Parabéns caro amigo.

Frederico Calafange

BRASÃO DO INSTITUTO NORTE RIO-GRANDENSE DE GENEALOGIA

Muito bonito. Levi é realmente um artista.
Parabéns a todos.

Fred Rossiter

BRASÃO DO INSTITUTO NORTE RIO-GRANDENSE DE GENEALOGIA

Ormuz,

Está perfeito. Num espaço pequeno conseguiu reunir e representar todas as carcteríticas da nossa região.
Parabéns pela idéia.

Carlos Cabral

sábado, 7 de agosto de 2010

BRASÃO DO INSTITUTO NORTE RIO-GRANDENSE DE GENEALOGIA


























Aos amigos e leitores: Segue para apreciação e avaliação o BRASÃO DO INSTITUTO NORTE-RIO-GRANDENSE DE GENEALOGIA.

A criação é do artista plástico LEVI BULHÕES que, na sua composição contou com sugestões dos sócios do INRG, Ormuz Barbalho Simonetti e Carlos Roberto de Miranda Gomes.

COMPOSIÇÃO DO BRASÃO

No Brasão o sol simboliza nossa cidade conhecida internacionalmente como “Cidade do Sol”. O mar, as nossas belas praias e a jangada representam os nossos destemidos pescadores. As pirâmides de sal com o moinho de vento, a mais antiga fonte econômica de nosso Estado e ainda a manutenção do título de maior produtor de sal do mundo. Os coqueiros, a carnaúba, a cana-de-açucar, e a bela flor com os capulhos de algodão, são as nossas riquezas agrícolas. As cores utilizadas são da nossa bandeira. Tudo isso harmonicamente disposto dentro das linhas do Forte dos Reis Magos, o maior símbolo de nossa Cidade, tendo como complementos o monitor de um computador representando a modernidade e o teclado transformado em um livro, representando as principais fontes da pesquisa dos registros genealógicos. Ao final a complementação de uma faixa com o nosso lema: AD PERPETUAM FAMILIAE MEMORIAM

ARTIGOS GENEALÓGICOS

CARO ORMUZ - GOSTEI DO SEU ARTIGO. TENHO UM TIO QUE FOI CASADO COM UMA DAS FILHAS DO PROFESSOR CLEMENTINO CAMARA. REPASSEI O ARTIGO PARA ELE... QUEM SABE ELE CONHECEU ESSA PESSOA,OU SE INTERESSE EM REPASSAR PARA ALGUEM DA FAMILIA CAMARA. HOJE ELE ESTA COM APROXIMADAMENTE 83 ANOS...
ABRAÇOS

FELIPE

ARTIGOS GENEALÓGICOS

Caro Ormuz,

Cheio de emoçao, o texto está excelente.
Alegro-me por sentir um pouco responsável pelo seu trabalho que imaginara não ser possivel realizar.

Parabéns,

Arnilton MOntenegro

ARTIGOS GENEALÓGICOS

AMIGO ORMUZ BARBALHO SIMONETTI BOA NOITE,
PARABENS PELO MARAVILHOSO TRABALHO QUE TEM DESENVOLVIDO.
DESEJO A VOÇE MUITOS ANOS DE VIDA, COM MUITA SAÚDE, PARA QUE VOÇE
CONTINUE SEMPRE NESSA EXCELENTE LUTA REGISTRANDO AS NOSSAS DIGNAS FAMILIAS.
GRANDE ABRAÇO
JOSE THIAGO MELO GADELHA SIMAS - 9982.4030

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

ARTIGOS GENEALÓGICOS

MATÉRIA PUBLICANA EM "O JORNAL DE HOJE", EDIÇÃO DE 06.08.2010

AINDA SOBRE A FAMÍLIA SIMONETTI

Foram muitas as surpresas que tive durante o tempo que durou a pesquisa genealógica que resultou no livro “Genealogia dos Troncos Familiares de Goianinha-RN”, lançado em agosto de 2008. Uma delas, e talvez a que mais me emocionou, foi a descoberta de uma parte de minha família, pelo lado SIMONETTI, que residia em Santos/SP. Para eles a emoção foi ainda maior, pois imaginavam ser apenas um pequeno grupo familiar com raízes no distante nordeste do país.

Pois bem, certo dia chegou à caixa de e-mail de minha prima, Daniela Simonetti, uma mensagem de um internauta de nome Daniel Simonetti Campos, que residia naquela ocasião em Curitiba, solicitando informação sobre a família, pois soube através de seus pais que suas raízes tinham origem no Rio Grande do Norte.

Sabendo da pesquisa genealógica que eu desenvolvia em busca dos meus ancestrais, Daniela me encaminhou o e-mail. Imediatamente enviei uma mensagem para o possível primo, solicitando que me informasse algum fato ou história que pudesse ligar nossas famílias, já que no Estado de São Paulo existiam várias pessoas como o nosso sobrenome, mas sem ligação direta conosco. Muitos indivíduos como o sobrenome Simonetti haviam imigrado para o nosso país, procedentes da Itália, fugindo das duas grandes guerras, a primeira ocorrida entre 1914 e 1918 e a segunda entre 1939 e 1945 e também durante o pós-guerra. No nosso caso, o desembarque do primeiro Simonetti no Brasil, ocorreu por volta do ano de 1820, portanto, muito antes desses dois catastróficos eventos que envergonharam e ainda envergonham a humanidade.

Então ele me relatou que a sua avó, que se chamava Maria Simonetti, nascida em 1905, dizia ser filha de Benjamim Constant Simonetti (1885/1962) com Maria dos Anjos (1887/1927). Contou sua avó que durante a adolescência, quando morava em Natal, encontrava-se como seu pai, sem conhecimento da sua atual família, nesse tempo já casado com Emília Simonetti (minha avó), na estação ferroviária da Ribeira. Certo dia, em um desses encontros, Maria conversava com seu pai, quando um jovem passou no outro lado da rua sem os ver. Foi então que vovô disse a sua filha: “Aquele rapaz ali é meu filho. O nome dele é Arnaldo e estuda Direito em Recife. Se Deus quiser, quando ele se formar vai regularizar sua situação!”

Daniel relata ainda que anos após esse encontro, ela foi morar na casa do professor Clementino Câmara. Era uma espécie de governanta e gozava de toda a confiança e apreço do velho professor. Por ser uma família protestante, logo a jovem Maria Simonetti se tornou fiel discípula dos preceitos e doutrinas da nova religião.
Certa vez, o professor Clementino foi convidado para um congresso religioso que se realizaria na cidade de São Paulo. Impossibilitado de comparecer ao evento, enviou como sua representante Maria Simonetti, que na ocasião já gozava de boa formação religiosa e estava habilitada a bem representar o professor naquele congresso. Viajou a São Paulo e nunca mais retornou ao seu Estado. Em 15 de fevereiro de 1941, casou-se com Antônio Sebastião Pereira e tiveram três filhos: Azenati, nascida em 1941; Ezequiel, nascido em 1943 e Ezequias, em 1944.

Depois de ler várias vezes aquele impressionante relato, não tive mais dúvidas de que estava diante de um “elo perdido” de minha família. É esse tipo de emoção, o prêmio pelas noites solitárias e indormidas, dos que labutam na pesquisa genealógica.
Muito emocionado e sem nenhuma dúvida de que aquela era minha família, retornei a mensagem informando que o “Arnaldo” a que ele se referia, era o meu pai e que havia falecido em 1972, na cidade de São Paulo, após ter se submetido a uma cirurgia cardíaca. Informei que ele havia nascido em 1910, isto é, cinco anos após Maria Simonetti, sua irmã por parte de pai.

A princípio os e-mails frios e desconfiados, logo se transformaram em longos e emocionados telefonemas, até que, para minha surpresa, naquele mesmo ano recebemos a visita de um neto de Maria Simonetti, filho de Ezequiel, Luiz Fernando Simonetti Pereira e sua jovem esposa Daniela Bruschetta Simonetti, por coincidência, filha de italianos. Aqui chegaram com os olhos e a emoção dos antigos navegantes, que após meses enxergando apenas céu e mar, avistavam as primeiras árvores de uma terra distante e desconhecida.

Em agosto, chegaram a Natal seus pais e tios. Vieram para o lançamento do meu livro e por aqui ficaram uma semana. Foram dias inesquecíveis para todos nós. Conheceram Goianinha, cidade onde tudo começou e também Tibau do Sul, aonde Giovanni Baptista Simonetti chegou náufrago entre 1822 e 1824. Conheceram também a praia da Pipa e ficaram maravilhados com suas águas cálidas e transparentes, bem diferente das praias de Santos onde moram. Conheceram as antigas histórias da praia da Pipa e suas belezas naturais desenhadas pelas falésias e os recifes de coral que ponteiam toda aquela costa.

Aquela família que se imaginava tão pequena, de repente, descobriu extasiados, que não estão sozinhos como imaginavam. Muito pelo contrário, conheceram em um só dia, centenas de parentes que como eles, também aproveitavam aquele evento para se descobrirem e se reconhecerem como família. Comparecera naquela noite chuvosa do dia 8 de agosto de 2008, ao Boulevard Recepções, mais de 600 pessoas, na sua imensa maioria interligadas geneticamente. Como aquela família, muitas foram as que se descobriram e se conheceram naquela ocasião.

Com esse encontro muitas dúvidas foram esclarecidas. Questionada porque em todos esses anos não havia procurado a família no Rio Grande do Norte, Azenati informou que sua mãe pensava não existir mais ninguém da sua origem por esses lados. No final da década de 30, teve noticias, possivelmente através da família do professor Clementino, que o pai havia falecido em 1936. Naquela época, a precariedade dos meios de comunicação ajudaram a confundir e distorcer a notícia enviada. Na realidade, quem faleceu nessa data foi o filho de Benjamin, e seu irmão por parte de pai, Ormuz Barbalho Simonetti, do qual em sua homenagem, me puseram o mesmo nome. Vovô faleceu 26 anos depois, em 1962.

Em 2009 tivemos novamente o prazer da visita desses queridos parentes, que sempre nos proporciona muita alegria. Nesse ano estamos aguardando com ansiedade a chegada, lá em São Paulo capital, de mais um membro da família. Dessa vez apurando o sangue carcamano, nascerá ainda esse ano o varão, Enrico Bruschetta Simonetti. Que venha com muita saúde para o regozijo de todo o clã.

Natal, agosto/2010.