domingo, 28 de novembro de 2010

CENTENÁRIO

Meu caro Ormuz,
O parabenizo pelo excelente texto em homenagem ao seu saudoso pai, Dr. Arnaldo Simonetti.
Abraço

Dison Lisboa
Natal/RN

CENTENÁRIO

Parabéns! Linda a história do seu pai, achei muito interessante
conhecê-la. Carreira brilhante... mas que pena, partiu muito jovem
ainda.

Abs,
Eliete Fagundes
Natal/RN

CENTENÁRIO

Você conseguiu fazer uma síntese que nos permitiu conhecer a trajetória profisssional e pessoal do seu pai . Entendo também a sua emoção ao relatar estes fatos, pois este ano também seria o centenário do meu pai o que reascendeu saudosas lembranças.

Fátima

CENTENÁRIO

Caro primo

Somente hoje abri seu e-mail.
Li -o com muita atenção pois tudo o que diz respeito à familia muito me interessa.
Quero parabeniza-lo por ter a sorte de ter como progenitor tão ilustre personagem.
Realmente o ramo Simonetti daqui, também tem essa herança cardiaca.
Não deixe de sempre estar dando suas noticias.
Um grande abraços para você e família

Therezinha Simonetti
Vitória/ES

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

CENTENÁRIO

Ormuz,

Linda a história de vovô. No final eu estava emocionada. Parabéns!

Valéria S. Marinho
Natal/RN

CENTENÁRIO

Caro Ormuz : Parabens pela passagem do centenario do seu inesquecível pai. Gostei muito do seu texto. Imagino aqui o que vc sentiu ao escreve-lo. Tomei conhecimento de parte da vida de um homem honesto e justo...coisas que nem imagninava ocorreram com ele...belo desprendimento das coisas materiais e grande lealdade para com os amigos dele, você nos mostrou.

abraços

felipe.
Natal/RN

CENTENÁRIO

Muito linda esta homenagem feita para tio Arnaldo. Lí com atenção, respeito e carinho, pois gostava muito dele, assim como também da minha querida tia Cirene.

Bjs de sua prima que lhe quer muito bem,

Aldinha.
Recife/PE

CENTENÁRIO

Caro Ormuz: Grato pelo excelente texto sobre o centenário de Dr. Arnaldo Barbalho Simonetti.

Abraço

Moacyr Gomes
Natal/RN

CENTENÁRIO

Bom dia Ormuz,

Foi uma prazerosa leitura.

Um grande abraço.

Daniel Simonetti
CURITIBA/PR

CENTENÁRIO

Caro Ormuz,

Não deixa de ser uma alegria, embora nos remeta a momentos de dor e saudade, quando podemos nos recordar dos bons momentos que tivemos junto aos nossos entes mais queridos, principalmente nossos pais, e nos lembramos de fatos e acontecimentos que marcaram nossas vidas. Li certa vez que a nossa mente é como conta bancária, ou seja, só retiramos de lá se tivermos colocado antes. por isso recomenda sempre registrar apenas bons momentos pois um dia nos recordaremos deles com muita emoção e contentamento. Parabéns pela brilhante caminhada do seu pai e os exemplos que ele deixou como marca registrada.

Abs/.

cabral/Marta

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Dr. ARNALDO BARBALHO SIMONETTI

CENTENÁRIO DO Dr. ARNALDO BARBALHO SIMONETTI

Caros amigos e parentes. Hoje comemoramos o centenário de nascimento do meu pai, Dr. Arnaldo Barbalho Simonetti. Ele veio ao mundo no ano de 1910, na cidade de Goianinha. Filho de Benjamin Constant Simonetti e sua prima legítima Emília Barbalho. Primogênito do casal teve mais três irmãos: Ormuz Barbalho Simonetti, que faleceu precocemente, aos 24 anos de idade e de quem herdei o nome, além de Aguinaldo Barbalho Simonetti e, por último, Maria da Glória Barbalho Simonetti, todos falecidos.

Meu pai aprendeu as primeiras letras, nos bancos do Grupo Escolar Moreira Brandão, na cidade de Goianinha, ou como Mestre Cascudo costumava chamá-la de “República dos Jundiás”.

Para dar prosseguimento aos estudos, mudou-se para Natal onde concluiu o ensino médio no emblemático Colégio Estadual do Atheneu Norte-Rio-Grandense. Como na época ainda não existia faculdade em nosso Estado, seguiu para Recife e iniciou seus estudos na Faculdade de Direto, onde colou grau em 26 de novembro de 1932, com apenas 22 anos de idade, sendo o mais novo formando de sua turma.

Formaram-se como ele, naquele ano de 1932, 30 bacharéis de vários Estados da federação, como se segue: cinco paraibanos; 12 pernambucanos; quatro alagoanos; dois amazonenses; um paraense; um mineiro e cinco potiguares. O orador da turma foi o saudoso Nilo Pereira, norte rio-grandense nascido em Ceará-Mirim, terra dos verdes canaviais. Também formou-se naquela ocasião o macaibense e seu grande amigo Enoque de Amorim Garcia que anos depois tornou-se sogro de seu filho Marcelo Barbalho Simonetti, já falecido, quando do enlace matrimonial com sua filha Ana Maria Garcia.
Humberto Amâncio Pereira e Francisco Leite de Carvalho completavam o quinteto dos Norte-Rio-Grandenses. Também se formava naquela turma, na cota da Paraíba, o seu grande amigo e saudoso Mário Moacir Porto.

Cito alguns dados importantes que compuseram, de forma brilhante, sua carreira profissional: Em 22 de dezembro do ano que se formou, Dr. Arnaldo foi nomeado para exercer o cargo de Promotor de Justiça da Comarca de Caicó, tomando posse em 14 de janeiro do ano seguinte.

Por Decreto N°. 1.399 de 27 de junho de 1933, do Interventor Bertino Dutra, foi designado, em comissão, para exercer o cargo de Delegado Auxiliar da Capital, permanecendo no posto até 04 de janeiro de 1934.
Por ato N°. 193, de 04 de janeiro de 1934, do Interventor Mário Câmara foi removido, a pedido, da Comarca de Caicó para a Comarca de Macaíba. Nessa época Dr. Arnaldo já namorava com sua prima legítima e futura esposa, Inaldy Barbalho.

Contam que sua remoção da Comarca de Caicó para a de Macaíba deu-se em função de um namoro que iniciou na cidade de Caicó, com Candinha Mariz, irmã do saudoso Governador Dinarte Mariz. Meu avó e seu tio, Odilon Barbalho, pai de sua futura esposa Inaldy, que gozava de grande prestígio junto ao Interventor, solicitou dele e conseguiu rapidamente, a remoção do Dr. Arnaldo, “a pedido”, para Macaíba. Resolvia assim o problema do sobrinho “Don Juan”, impedindo a dispersão familiar, e conseguindo assim a manutenção do clã Barbalho Simonetti.

Para evitar novas tentações, casou-se em Goianinha com sua prima Inaldy Barbalho e foi morar em Macaíba, onde já exercia a função de Promotor Público. Em 30 de março de 1938, sofreu um grande golpe, com a perda de sua esposa que lhe deixou apenas um filho, Dante Barbalho Simonetti, com pouco mais de 3 anos de idade.
Por ser muito jovem e influente, teve várias namoradas, mas preferiu continuar na família do seu tio, por parte de mãe, Odilon Barbalho.

No dia 21 de setembro de 1942, para alegria do velho tio Odilon, que nutria por ele grande admiração e respeito, casa-se com Cirene Barbalho Simonetti, sua cunhada, irmã mais nova de sua falecida esposa.
Em 12 de julho de 1942 foi removido, a pedido, da Comarca de Macaíba para São José de Mipibu, onde nasceu, a 15 de junho de 1943, a primeira filha dessa nova união, Sonia Maria Simonetti.

Ainda em São Jose de Mipibu, em 28 de setembro de 1945, nasceu o segundo filho, Marcelo Barbalho Simonetti, que mais tarde veio a se casar com uma filha do seu colega de faculdade Enoque Garcia.
Em 04 de outubro do mesmo ano foi nomeado, por decreto do Interventor Georgino Avelino, para exercer, em comissão, o cargo de Delegado Regional de Polícia, com sede no município de Nova Cruz.

No dia 13 de fevereiro de 1946, por decreto do Interventor Ubaldo Bezerra de Melo, foi nomeado para o cargo de Delegado da Ordem Política e Social da capital, assumindo em seguida, por designação do Interventor, a Chefia de Polícia durante aproximadamente dois meses, transmitindo o cargo ao Dr. Manoel Varela de Albuquerque, nomeado posteriormente para exercer aquela função.
Aos 23 de novembro de 1946, nascia em Natal seu terceiro filho Arnaldo Barbalho Simonetti Filho.

Em 1947, foi eleito Deputado Estadual à Assembléia Constituinte e, em seguida, eleito o primeiro Secretário da Mesa.
Transformada a Assembléia Constituinte em Legislativa, com a promulgação da Constituição, e organizada nova Mesa de trabalhos, foi novamente eleito Primeiro Secretário, em cuja função permaneceu, por todo o período de mandato, dada as eleições consecutivas.

Nesse período, apresentou, junto a Assembléia Legislativa, um projeto que defendia a mudança do nome da “Vila de Papari” para Nísia Floresta, em homenagem justa e merecida à sua filha ilustre, referendado pela Lei n° 146 de 23 de dezembro de 1948
Segundo o poeta Jaime dos Guimarães Wanderley,1 descreve o perfil de 36 deputados, cita em seu autógrafo para ele: “Ao deputado Arnaldo Simonetti, pequeno na estatura, porém, imenso no prestígio que desfruta no P.S.D. homenagem d0 (assinatura)
Seguem-se os versos:

Deputado
ARNALDO SIMONETTI – 1° Secretário

Pequenino, nervoso, irrequieto,
alma de justo, cheia de alegria,
conquistou, pelo voto, não secreto,
um alto posto na Secretaria

Filho de pais de bôa casta e neto
De nobres ancestrais da fidalguia,
Foi sempre, altivo, justiceiro e reto
Agindo sempre com sobranceria

A passos largos, certamente se encaminha
Para elevado posto, neste Estado,
Pelo voto fiel de Goianinha

Dizem - mas em reservas ha de ficar –
que ia candidatar-se, o deputado,
a Suprema Chefia potiguar.


Terminado o mandato, e agora na condição de suplente, retornou as suas funções profissionais. Paralelamente, exercia a atividade agropecuária, sua grande paixão, nela permanecendo até seus últimos dias.
Em dezembro de 1950, nasceu, em São José de Mipibu, seu quinto filho, Ormuz Barbalho Simonetti.

Em 18 de agosto de 1953, foi promovido, por antiguidade, da Comarca de São José de Mipibu, para a Comarca de Ceará-Mirim, logo em seguida, posto a disposição da C.O.A.P. Em 12 de fevereiro de 1957, foi nomeado interinamente para exercer a função de sub procurador do Estado.
Durante o Governo de Dinarte Mariz, dois episódios marcaram a vida daquele homem probo, conhecido e admirado pelo seu senso de justiça, dignidade e principalmente pela fidelidade aos amigos.

Em 1958, realizou-se um concurso para Promotor de Justiça. Nesse ato público relevante (certame), foram aprovados dois amigos do seu filho, Dante Simonetti, Ivan Maciel de Lima e Cleóbulo Cortez Gomes. Esses dois jovens advogados trabalhavam no Comitê em prol da candidatura do então deputado Aluisio Alves, pelo PSB, ao governo do Estado do Rio Grande do Norte.

Receosos de não serem nomeados, em virtude de suas vinculações político-partidárias, valeram-se de seu amigo e colega Dante Simonetti. Sabendo da grande amizade existente entre o Governador Dinarte Mariz e Dr. Arnaldo, pediram a Dante Simonetti para que seu pai, Dr. Arnaldo, intercedesse junto ao Governador, garantindo-lhes, assim, suas nomeações.

Nesse meio tempo, um correligionário do Governador foi ao Palácio Potengi e, em audiência, questionou-lhe “Governador, esses dois advogados trabalhavam no comitê para a campanha de Aluísio. Não podem ser nomeados!”
Não sabia ele que Dr. Arnaldo já havia relatado o caso ao Governador, solicitando a justa nomeação dos aprovados. Então, o governador Dinarte lhe respondeu: “Eles foram aprovados em um concurso público; logo, têm todo o direito de serem nomeados. Ademais, essas nomeações são objeto de um pedido feito pelo meu amigo Arnaldo e a ele não posso faltar.”

Naquele mesmo ano, Cleóbulo Cortez e Ivan Maciel foram nomeados promotores de Justiça do Estado do Rio Grande do Norte.
No final do governo de Dinarte Mariz fervia a campanha política e disputavam o governo, Djalma Aranha Marinho e o deputado Aluísio Alves. Aluísio, simbolizado pela bandeira verde e Djalma Marinho e seu candidato a vice Vingt Rosado com sua bandeira com duas cores azul marinho e rosa.
Naquele ano, Dr. Arnaldo seria nomeado, por antiguidade, para o cargo de Desembargador de Justiça, já que o representante do Ministério Público só chegava a esse cargo em fim de carreira. Portanto, aquela seria a primeira e última oportunidade que ele teria para coroar sua vida profissional, com o mais alto cargo de sua carreira. Novamente o destino, pois à prova o desprendimento e a lealdade daquele homem com seus amigos. O Governador o chamou ao Palácio e, repentinamente, lhe informa: “Arnaldo, preciso que você abra mão de sua nomeação para Desembargador, pois preciso nomear em seu lugar, um correligionário chefe político no Seridó. Estou a precisar muito desse apoio e essa é a melhor maneira de agradá-lo.”

Aquela era uma decisão muito difícil de ser tomada, pois envolvia toda uma vida dedicada a sua carreira profissional. Mesmo assim, ele não pediu tempo para pensar e lhe respondeu: Se não fosse tão importante, você não estaria me fazendo esse pedido, pode dispor do cargo. Decidiu, naquele instante, abdicar do direito de ser nomeado e atender ao pedido do fiel amigo Dinarte Mariz.

Em 16 de junho de 1960, nascia sua filha caçula Simone Barbalho Simonetti, a única a seguir sua carreira, formando-se em Direito pela UFRN.
No dia 10 de junho de 1972, meu pai, fez questão de acompanhar-me até São Paulo onde eu assumiria o meu primeiro emprego no Banco do Brasil. Ele, que sofria de problemas cardíacos, herança de todos os Barbalhos/Simonettis, aproveitaria para fazer alguns exames cardiológicos, solicitados por seu médico e amigo Dr. Hellen Costa.

Meu pai, internou-se para exames médicos e recebeu diagnóstico que apontavam para implantação de pontes de safena, na época, uma técnica revolucionária. O Dr. Arnaldo Barbalho Simonetti foi cirurgiado e não resistiu as complicações do pós-operatório. Faleceu no dia 16 de junho de 1972, no Hospital da Beneficência Portuguesa em São Paulo. Seu corpo foi trasladado para Natal, e, em seguida, para Goianinha, sua terra natal, onde foi sepultado.

Passados 38 anos do último momento em que nos falamos, minha retina ainda registra seu rosto, meus ouvidos, sua suave voz, e meu coração ainda chora a sua irreparável perda.

Ormuz Barbalho Simonetti, 23 de novembro de 2010.

sábado, 20 de novembro de 2010

UM BRASIL DIFERENTE

ORMUZ BARBALHO SIMONETTI (Presidente do Instituto Norte-Riograndense de Genealogia-INRG, membro do IHGRN e da UBE-RN)
www.ormuzsimonetti@yahoo.com.br


UM BRASIL QUE EU NÃO SABIA EXISTIR

Foi por medo de avião, que eu segurei pela primeira vez na sua mão. Não fico mais nervoso, você já não grita e a aeromoça, sexy, fica mais bonita. . .”

No último mês de abril escrevi o artigo para o periódico O JORNAL DE HOJE, intitulado “Olhando Estrelas”, que tratava, entre outras coisas, de minhas limitações em viajar para outros lugares mais distantes, justamente pelo medo, ou melhor, pelo pavor que minha esposa sentia em voar de avião. E eu nem de longe cogitava a possibilidade de passar várias horas ou até mesmo dias, dirigindo por essas estradas mal sinalizadas e perigosas, principalmente pelo tipo de motorista que delas fazem uso.
Condutores de grandes carretas que na maioria das vezes dirigem “rebitados” para cumprir extenuantes horários determinados pelos irresponsáveis proprietários de transportadores; motoristas que conseguiram suas habilitações no período precedem as eleições, que apadrinhados por maus políticos, se eximem de fazer os testes necessários para consegui-las; jovens e adultos que não se preocupam em dirigir seus veículos, depois de embriagar-se nas baladas etc, etc.


Pois bem, depois que ela leu o bendito artigo, já que só tomou conhecimento do mesmo depois que leu no jornal, começou a mudar um pouco esse quadro. Com estava menos resistente, aproveitei para lhe fazer promessas, até mesmo as que de antemão, sabia não poder cumprir-las. Tudo isso para encorajá-la a aventurar-se pelos céus do Brasil. Os filhos e amigos aproveitaram o ensejo para também motivá-la. Depois de algum tempo, já admitia a possibilidade de fazer a tal viagem de avião, mas sempre com ressalva: por enquanto, não quero pensar nisso.

No último dia 12 o medo foi vencido. Viajamos para a cidade de Gramado, na Serra Gaucha, para vivenciar o famoso Natal Luz. A viagem toda transcorreu sem maiores problemas. Sofri apenas alguns e fortes apertos na minha mão tanto nas decolagens quanto nas aterrissagens da aeronave. O mais, apenas as travessuras do meu neto que viajou com os pais e os avôs paterno para o mesmo destino.
O Natal Luz é composto de vários espetáculos, todos ligados a temática natalina e que traduz o espírito gaúcho nessa época do ano. Começa a ser encenado anualmente no mês de novembro e vai até o mês de janeiro do ano seguinte.


Dentre os espetáculos apresentados, um me chamou mais a atenção: o Nativitaten. É o mais consagrado entre os que são apresentados no Natal Luz. Compõe-se de um show de vários cantores líricos, que interage com um magnífico coral formado por jovens da região. Antes do início da apresentação, esses jovens desfilam segurando velas acesas e circulam todo o perímetro em volta do lago.
Esse desfile constitui uma visão deslumbrante, pois até então, toda a área esta completamente às escuras. Ao adentrar no local do espetáculo, os espectadores recebem um protetor de papel em forma de pira e uma vela, que em determinado momento, será acesa por solicitação dos organizadores. Quando isso acontece, todo aquele ambiente se reveste de uma beleza sem igual. Milhares de pontinhos luminosos dançam ao movimento dos braços dos espectadores que acompanham o ritmo das músicas natalinas, cantadas pelo coral.


Outro ponto alto é o belíssimo show pirotécnico que, em sintonia com a “dança das águas”, ganha vida com um impressionante jogo de luzes, deixando em êxtase toda a platéia que ao final do espetáculo aplaude calorosamente. Tudo isso acontece em um espaço chamado “Lago Joaquina Bier”, que fica em frente ao Hotel Laghetto, onde estávamos hospedados.

Confesso que ao ver aquele espetáculo de vozes harmoniosas, pirotecnia, águas, luzes e cores, me senti envergonhado ao lembrar a nossa desprezada e abandonada “Cidade da Criança” ou como eu aprendi chamá-la quando criança, Lagoa Manoel Felipe, o nosso espaço é exatamente igual aquele lago, no tamanho e na localização. Ambos localizam-se no centro de bairros residenciais de classe média alta. Mas as coincidências param por aí. Em Gramado o Lago Joaquina Bier, é bem cuidado e bem tratado pelo Poder Público, rende durante todo o ano, divisas para o município e embeleza ainda mais, se é que isso é possível, aquele pedaço de chão.


A nossa Cidade da Criança: coitada, maltratada, explorada de todas as formas que possam imaginar, morre aos pouco. Suas águas que poderiam conservar-se límpidas, já que nascem ali mesmo naquele chão, ao contrário, são escuras, fétidas, contaminadas com as águas que correm pela sarjeta, além de esgoto de dejetos humanos de áreas próximas.
Um fio de esperança aconteceu quando em 2009 o contrato de número 161/2009 publicado no Diário Oficial do Estado em 9/12/2010, para sua recuperação, foram alocados a importância de R$ 8.5000.000,00 (oito milhões e quinhentos mil reais), sendo 7.200.000,00 para realização da obra e R$ 1.300.000,00 para aquisição de materiais e equipamentos. (Tribuna do Norte 9/12/2009). Iniciaram-se as obras, mas logo foram paralisadas deixando a pobre Lagoa Manoel Felipe, mais uma vez a espera de um milagre. Não sabemos quanto desses recursos foram aplicados.






COMO PODEM VER PELA FOTO, O LAGO JOAQUINA BIER É EXATAMENTE IGUAR A NOSSA "CIDADE DA CRIANÇA" OU "LAGOA MANOEL FELIPE", SEU NOME ORIGINAL. LÁ NAS TERRAS DO SUL, OS NOMES DOS HOMENAGEADOS SÃO CONSERVADOS E VALORIZADOS. AQUI, NAS TERRAS TUPINUQUINS SE MUDAM OS NOMES ORIGINAIS SEM NENHUM RESPEITO AS TRADIÇÕES, MAS INFELIZMENTE NÃO MUDAM A SÓRDIDA MANEIRA DE TRATAR A COISA PÚBLICA.


Será que algum dia as crianças e a nossa cidade são beneficiados dos R$ 8.500.000,00(oito milhões e quinhentos mil reais) que foram alocados para sua recuperação? Confesso, tenho cá minhas dúvidas.
Conheci um Brasil diferente. Gramado é um município com pouco mais de 30.000 habitantes, sendo 90% de sua fonte de renda proveniente do turismo, onde recebe anualmente cerca de 2,5 milhões de turistas.
Algumas coisas me chamaram a atenção. Nos oito dias que estive na cidade, não consegui escutar nenhuma buzina de automóvel. Cheguei a pensar que os carros que por lá circulavam não dispunham desse acessório tão utilizado nas ruas de nossas capitais. Observei incrédulo, que os pedestres quando se aproximavam das faixas destinadas a eles, os carros diminuíam a velocidade e ao menor sinal de que pretendem atravessar a rua, os veículos imediatamente paravam. Tive vontade de rir imaginando a cena de alguém fazendo isso aqui em nossa Natal. Logo que pusesse o pé na faixa sem o devido cuidado de olhar para todos os lados por mais de uma vez, com sorte, no mínimo ficaria sem a perna.

Não se ouvia ninguém falando alto nem andando pelas ruas cobrindo a orelha com um celular. Chamou-me a atenção um vendedor de “mega sena” que falava um pouco mais alto na tentativa de atrair algum cliente. Aproximei-me dele e perguntei: de onde o senhor é? E ele reconhecendo meu sotaque nordestino, falou meio agauchado, - de Pernambuco tchê, vai levar uma? Agradeci e continuei minha caminhada.
Na cidade não existe “sinal” de transito. O único que tinha a Prefeitura achou por bem substituí-lo por uma rótula, há mais de cinco anos. Mesmo que tivesse, certamente não iríamos nos deparar com aqueles garotos que infestam nossos “sinais” munidos de uma garrafa peti cheia de água, que na tentativa de limpar o para brisa dos carros em troca de uma moeda, muitas vezes terminam por sujá-los ainda mais. Não existe a figura do “flanelinha”. Não vi mendigos nem pessoas maltrapilhas circulando pela cidade. Enfim, nada que denotasse pobreza.

Procurei conversas com pessoas da região para saber o segredo daquilo que para mim, era totalmente inusitado. E novamente senti-me envergonhado quando o interlocutor me respondeu com a maior simplicidade: o segredo é elegermos um administrador sério, comprometido com a cidade e a população. Relatou-me que dentre outras ações promovidas pelos dirigentes municipais, está a educação da população, principalmente por ser uma cidade eminentemente turística que lida anualmente, como já disse, com 2,5 milhões de visitantes vindos de todas as partes do Brasil e do mundo. Em contrapartida a população responde com a valorização dos bons administradores. O atual prefeito Nestor Tissot, era o vice do anterior, Pedro Henrique Bertolucci, que entre idas e vindas, já governou o município por 18 anos.

No primeiro dia que chegamos, a cidade foi tomada por um denso nevoeiro que mal dava pra enxergar o outro lado da rua. Foi aí que comecei a ouvir um gorjeio que me pareceu familiar. Procurei entre as árvores e nada pude ver, pois o nevoeiro a cada instante ficava mais denso. No outro dia, com a sua dissipação já era possível enxergá-la. Chegou-me novamente aos ouvidos aquele mesmo canto. E lá fui eu mais uma vez tentar identificar o seresteiro que tantas boas lembranças me traziam. Depois de um bom tempo de procura, pude avistar em cima de um dos casarões em estilo europeu, o que o meu subconsciente já havia identificado. O amarelo ouro do nosso canário da terra. O mesmo que em meus tempos de criança e adolescente voavam em bandos na fazenda de meu pai e por todas as cidades do nosso interior. Hoje infelizmente em nossa região, já faz parte da grande lista dos pássaros ameaçados de extinção. Senti naquele instante que nem tudo estava perdido, pois na longínqua Gramado, o nosso canário da terra esta totalmente a salvo das mazelas que praticamente o extinguiram em nossa região.

Mas como todos sabem o melhor de uma viajem é o retorno para casa. Parafraseando o escritor José Américo, “voltar é uma forma de renascer. Ninguém se perde na volta. Mas, ao chegar em casa, logo precisei viajar para a praia da Pipa, distante 80 quilômetros de Natal, percurso que com a conclusão da BR 101 no trecho Natal/Goianinha, fazemos em pouco mais de uma hora de viajem. Fui surpreendido com uma observação vindo de minha esposa nunca dantes escutada: - essa viagem pra Pipa é muito cansativa! E logo me veio a interrogação: será que agora, por não ter mais medo de voar, ela esta cogitando fazê-la de avião?
Natal, novembro/2010.