domingo, 6 de julho de 2008

POSFÁCIOS

À Genealogia dos troncos familiares de Goianinha-RN,
de Ormuz Barbalho Simonetti.


O levantamento de dados genealógicos sempre se apresentou como um dos trabalhos mais intrincados, de difícil e complicada elaboração, mas de grande satisfação quando, finalmente, começam a aparecer os primeiros resultados, ordenação de nomes, ligações pacientes e determinadas, para o salvamento de dados contidos em velhos manuscritos, documentos oficiais ou informações orais. É a reconstrução de um passado, para a formação de cadinhos de troncos familiares.
No Brasil, conheço poucos estudiosos na área da Genealogia e no Rio Grande do Norte, menos ainda. Talvez o mais famoso, a nível nacional, senão o mais consultado, seja o Catálogo genealógico das principais famílias, da autoria do Frei Antônio de Santa Maria Jaboatão; e a nível regional, a Nobiliarchia Pernambucana, em 4 volumes, de Antônio José Vitoriano Borges da Fonseca, em nova edição graças aos esforços do mecenas potiguar, o mossoroense Vingt-un Rosado.
Dos registros familiares publicados no Rio Grande do Norte, posso destacar os seguintes: Notas genealógicas da família Fagundes no Rio Grande do Norte, de Emydio Fernandes da Rocha Fagundes, 1932; Dados genealógicos de um ramo da família VASCONCELOS no Rio Grande do Norte, de Guiomar de Vasconcelos, 1952; A família do Padre Miguelinho, de Luís da Câmara Cascudo, 1960; Família Wanderley – História e Genealogia, de Walter Wanderley, 1966; Na trilha do passado: Genealogia da família Gurgel, de Aldysio Gurgel do Amaral, 1987; Genealogia da família Bezerra de 1526 a 1988, do Monsenhor Severino Bezerra, 1990; Carneiros, Fernandes, Oliveiras, Praxedes, Pimentas, Pintos & Cia – Genealogia, de Protásio Gurgel, 1991 e 2002; Os Fernandes de Souza – Genealogia e outros registros, de Arnaldo Fernandes de Souza, 1997; Família Ribeiro Dantas de São José Mipibu, de Carlos Alberto Dantas Moura, s/d; Genealogia do casal Francisco Obery Rodrigues e Brasília Fernandes Rodrigues, de Francisco Obery Rodrigues, 2000; A família Maranhão: do Cunhaú a Matary, de Paulo Frederico Lobo Maranhão, 2001; Bravos sertanejos do Seridó: famílias de Portugal e do Brasil – Os Dantas Corrêa e os Ribeiro Dantas, de Paulo M. Assis Brasil, 2002; Famílias Azevedo, Dantas, Medeiros e Rocha no Rio Grande do Norte, de Aluísio de Azevedo, 2002; Câmaras e Miranda-Henriques: Genealogia (Câmaras – Miranda – Henriques) – Estudo genealógico, de Adauto Miranda Raposo da Câmara, 2006; e, finalmente, Servatis ex more servandis, de João Felipe da Trindade, 2007.
Neste ano, ampliando o leque de levantamentos genealógicos em terras potiguares, vem à luz Genealogia dos troncos familiares de Goianinha–RN, da autoria de Ormuz Barbalho Simonetti. Um trabalho de fôlego; uma pesquisa organizada através aos velhos livros existentes no Arquivo da Cúria Metropolitana, na Biblioteca Pública Câmara Cascudo, na Biblioteca particular do jornalista Vicente Serejo e no Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte; percorrendo, também, as igrejas e os cemitérios de Goianinha, Canguaretama, Vila Flor, Barra do Cunhaú, além da Igreja dos Mórmons e, sobretudo, perscrutando a memória viva dos seus familiares de conterrâneos.
Ormuz iniciou a sua grandiosa obra, prestando uma justa homenagem aos goianienses “pouco lembrados”, explicando o porquê da elaboração do trabalho e apresentando informações sobre a cidade de Goianinha, além de transcrever duas crônicas escritas por Luís da Câmara Cascudo, os “brasões” das famílias e as informações históricas sobre o nome de cada família, e concluindo a obra com o levantamento genealógico em traços verticais que se fecham para determinar o último descendente do casal.
Se a pesquisadora Maria Simonetti Gadelha Grillo (1920-2004), em seu livro Goianinha no contexto histórico da Província (1998), relatou a história de Goianinha, Ormuz Barbalho Simonetti, a partir do livro Goianinha, ainda inédito, do Dr. Hélio Mamede Galvão (1916-1981), procurou redistribuir a memória, partilhando a saudade de nomes e sobrenomes dos seus mais remotos antepassados, legados de famílias que povoaram as terras goianienses, desde meados do século XVIII, aos que se orgulham, no tempo e no espaço, de todos e quaisquer elementos constituintes do seu passado e contribuintes para a formação de cada momento genealógico.
O autor tem descendência no português, Antonio José da Costa Barbalho e no italiano Giovanni Baptista Simonetti. O primeiro casado com Maria Germana Freire do Revoredo, filha de Bento Freire do Revoredo e Mônica, e o segundo, com Gertrudes Guilhermina, filha do português Antônio José da Costa Barbalho e Maria Germana Freire do Revoredo, com origem no casal Diogo Marques do Revoredo e Ignácia Carneiro, pais de Bento Freire do Revoredo.
Ormuz saiu à caça; e partindo do casal Diogo Revoredo/ Ignácia Carneiro, não tentou elaborar apenas o levantamento da genealogia ou da memória familiar dos seus antepassados que originaram as famílias de Goianinha, mas prestar um grande serviço à memória do Estado, ao resgatar, registrando, nomes das oito principais famílias goianienses: Revoredo, Grillo, Barbalho, Simonetti, Villa, Fagundes, Marinho, Lisboa.
A memória remota de Goianinha não mais jaz nas lápides tumulares, em igrejas e cemitérios, nem a memória oral poderá mais sofrer modificações com o decorrer do tempo – algo natural pelo distanciamento dos fatos, pois, a partir da obra de Ormuz Barbalho Simonetti, tais memórias, ressurgidas, ordenadas, concatenadas, passam a pulsar nas veias das recordações, fazendo lembrar os dias idos e vividos de antepassados, os formadores dos seus troncos familiares que, em registros, não mais poderão permanecer “mortos”, mas sim em memória viva e exemplar.

Francisco Fernandes Marinho, escritor.
Paranavaí, abril de 2008.


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Gentes da Goianinha

Meu pai, isto é o mar?
– Não, isto é um canavial!
(Zila Mamede)

Em terras potiguares, a produção açucareira teve seu auge na região chamada Goianinha, nome dado devido à semelhança topográfica das suas férteis várzeas com a Goiana de Pernambuco, também canavieira, donde provinham os fundadores dos seus primeiros bangüês; isso ainda nos idos dos 1600, não atingidos por este estudo. Aqui, da Barra do Cunhaú à do Maxaranguape, a civilização da cana-de-açúcar, cuja sociologia bem descreveu Gilberto Freire, floresceu e prevaleceu até o primeiro terço do século passado. E, ainda hoje, apesar da perdida hegemonia dos engenhos, ainda permanece seu legado histórico, cultural e etnológico.
Diversamente da civilização do couro, mais rústica e telúrica, instalada pelo ciclo do gado nos sertões nordestinos, a sociedade canavieira caracterizava-se pelo maior refinamento dos costumes, condicionado por maior relação cultural com a corte portuguesa e outros centros europeus, resultado do intercâmbio dos bens de consumo. Com a maquinaria dos engenhos, além dos técnicos, vinham as técnicas, seus implementos e acessórios; voltavam os bacharéis, do Rio de Janeiro ou de Coimbra, trazendo novos saberes, novos costumes e modismos. Tais condições formaram um mercado comprador de nível aristocrático, com gosto e poder aquisitivo para produtos relativamente sofisticados. Nesse meio, escravos, artesãos, mestres-de-açúcar, professores, mascates e até eventuais aventureiros de várias nações chegavam e ficavam; assim também contribuindo para a formação étnica e comportamental do litoral agrícola, mais notavelmente que do interior pecuarista. Sendo criado entre o vale do Ceará-Mirim e o sertão do Cabugi, bem constatei as fortes diferenças ditadas por realidades tão distintas.
É num ambiente humano moldado por essas influências, que Ormuz Barbalho Simonetti, canavialense puro de origem, realiza seu admirável estudo genealógico; certamente um dos mais sérios e extensos já realizados nestas beiras do Rio Grande. Esperamos que, em breve, vistos pelos órgãos competentes, estudos similares, abrangendo famílias de outras regiões potiguares, sejam encorajados e concretizados; pelo belo e pelo bem da ciência genealógica, tão “carecente” ao nosso povo de tão esgarçada e esquecida memória.
Parabéns ao querido autor e amigo, pela pertinência da iniciativa.

Bartolomeu Correia de Melo, escritor.
Natal, maio de 2008.


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Ormuz e sua genelogia


Sou vizinho, no edifício em que moramos, de Ormuz Barbalho Simonetti. Esta condição – de o ter, com os de sua maravilhosa família, como vizinho – conferiu-me o privilégio de conhecer antes de muita gente, um seu excepcional trabalho, constituindo, sem a menor dúvida, uma magnífica obra no seu gênero.
Ormuz vem concluir um estudo genealógico dos “Troncos familiares de Goianinha”- RN”, na verdade, um trabalho que impressiona pela riqueza de seus dados, pela tenacidade e perseverança de quem o produziu, pela profundidade de sua pesquisa, enfim, pela obstinação de quem o assumiu.
Genealogia, como está grafado em nossos dicionários, dentre outros conceitos, é o “estudo que tem por objetivo estabelecer a origem de um indivíduo ou de uma única família”. Então, a Ormuz não bastou ir às origens de um indivíduo, mas às de cerca de onze mil indivíduos e de oito famílias cujas raízes mais resistentes estão firmadas no, sempre florescente, Município de Goianinha.
É simplesmente surpreendente a disposição de Ormuz de ir fundo na composição dessas famílias que, não apenas começaram a escrever a história de sua gente, como se espalharam por este país de dimensões gigantescas. Assim, revestido da curiosidade natural de quem não se acomoda com o presente, mas quer conhecer um pouco do passado, por mais distante que se encontre, fui projetando o desfilar das famílias, a partir de Goianinha: “Revoredo”, fundada por Diogo Marques de Revoredo; “Grillo”, semeada pelo lusitano Ignácio Antônio Grillo; “Barbalho”, numa descendência do português Brás Barbalho Feyo”; “Simonetti”, proveniente do italiano Giovanni Baptista Simonetti; “Villa” iniciada, com o também italiano Pietro Nicolau Villa; “Fagundes”, com sua origem credita ao cavaleiro lusitano Gil Fernandes Fagundes; “Marinho”, segmento de Vasco Marinho Falcão, português da província do Minho; e “Lisboa” que teve em João de Oliveira o seu mais antigo membro.
Essa vertente de Ormuz, que deve ter surgido do seu carinho pelas gerações de ontem, merece as atenções de quantos terão, sem dúvida, o prazer de experimentar a sua beleza retratada em figuras que, direta ou indiretamente, pelos seus descendentes, viveram entre nós e participaram da vida de uma terra que cresceu pela força-trabalho e pela abnegação de seus filhos.
A obra de Ormuz Barbalho Simonetti precisa ser lida premiando, sem qualquer favor, a sua capacidade de procurar, de indagar, de consultar, de buscar a origem das famílias que construíram, não uma árvore genealógica, tão habitualmente exposta à admiração de alguns poucos, mas uma verdadeira floresta de árvores genealógicas, pelos largos limites de sua descendência. Se outros seguissem pelos caminhos por ele cruzados, ávidos de conhecimento, talvez outras famílias se sentissem gratificadas vendo-se nas suas origens, pouco conhecidas à míngua de um trabalho como o produzido, e lançado por Ormuz.


Eider Furtado, advogado.
Natal, abril de 2008.

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O túnel do tempo

“Sou feito de muitas raças e várias condições sociais. Em todo canto há um pouco de meu lar, e em todos um pouco de mim”


(Paulo Bomfim, “Navegantes”)

Um dos meus programas de televisão favoritos, nas décadas de setenta/oitenta, mostrava personagens viajando em séculos diversos, vivendo existências das mais variadas e exóticas, segundo condições específicas de épocas diferenciadas, escolhidas aleatoriamente por máquina inventada por eles, mas rebelde à sua direção quantitativa e qualificativa.
Assim me senti, arrebatada e pousando em local desconhecido, quando Ormuz Barbalho Simonetti desdobrou panorâmica fascinante de ascendentes, em períodos, redescobrindo árvore, tronco, galhos genealógicos.
Quais as reais origens? De onde procedemos? Qual a proveniência?
Se o tempo – segundo a Física Quântica – existe meramente de acordo com nossas experiências e memórias, se cada vida obedece à ótica pessoal, é de suma importância conhecer nosso passado, a fim de avaliar o presente e descortinar alicerces da ponte que une ao futuro.
Definindo o amor, o poeta Paulo Bomfim, da Academia Paulista de Letras, reza: “Amor é o colar dos minutos coloridos que passamos juntos”.
Norberto Bobbio, no livro De Senectute, argumenta que:

Somos aquilo que pensamos, amamos, realizamos e, especialmente, aquilo que lembramos, na velhice. Além dos afetos que alimentamos, a nossa riqueza são os pensamentos que pensamos, as ações que cumprimos, as lembranças que conservamos e não deixamos apagar e das quais somos o único guardião. O relembrar é uma atividade salutar, e quando percorremos os lugares da memória, os mortos revivem, pois não desaparecem da mente. A melancolia é suavizada pela constância dos fatos que o tempo não consumiu.

Questiono, então, será que o desfile do passado espera apenas um feiticeiro que possa desencantá-lo?
E nossas partidas e chegadas indefinidas dependerão de um decifrador de enigmas e incógnitas?
Sei que outras gerações virão caminhando sobre nossos passos, sentindo emoções que outrora nos avassalaram... Mas é urgente que organizemos um dicionário de lembranças, editemos volume das nossas essências.
Considero genealogia uma explicação coerente da passagem pela terra.
Meu pai, Luís da Câmara Cascudo, na sua sabedoria, escreveu que “é impossível o orgulho, quando a história dos arquivos resume-se em poucas páginas amarelas, normalmente com duas datas: vida e morte”.
Tive a sorte de herdar a simplicidade e carinho com meus semelhantes, e até certa indiferença quanto aos invejosos ou inimigos gratuitos. Mas felizmente fui aquinhoada com sadio entusiasmo em relação ao trabalho, às descobertas, às pesquisas.
Ormuz serviu-se de documentos como passaportes de referências antigas, descobrindo tesouros que concretizam horas atuais. Seu material de construção é o cimento do passado, hoje edifício concreto com nossa paisagem íntima apresentado com impressionante riqueza e meticulosidade.
Saboreio a certeza de possuir tradição familiar. Tenho parentesco plural e encantador. Herdamos a fórmula mágica de sobrevivência nos trópicos, e vastíssimo arsenal de técnicas. Testemunho de um povo com motivação para a busca e vitória. Navego na intricada máquina do tempo, deixando vagar pensamentos e regredindo no espaço geográfico. E, finalmente, objetivo que encontro no solo a certeza de que venho de muito longe.
Somatório de vidas, fico com a segurança de atracar no porto seguro, entrando na dimensão humana.
Parabéns, Ormuz, pela reunião de reflexos passados, filtrados pela sinalização semelhante, perpetuando viagens do mesmo sonho...

Anna Maria Cascudo Barreto, escritora e acadêmica.
Natal, abril de 2008.


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Ormuz Barbalho Simonetti e as famílias de Goianinha


Ormuz Barbalho Simonetti, dos troncos familiares de Goianinha – berço de grandes figuras da História do nosso Estado; viveu toda a vida voltado para os números, mas agora, bancário aposentado, surge com um imenso trabalho que enfoca a área da Genealogia. Trata-se de uma pesquisa de fôlego. Um trabalho semelhante aos de antigos pesquisadores; do qual as figuras parecem saltar através dos sobrenomes para a formação da História de Goianinha. A Goianinha que mereceu do nosso grande mestre, nosso historiador maior: o imortal Luís da Câmara Cascudo, duas Actas Diurnas, publicadas no jornal A República, em 7 de agosto de 1940 e 27 de novembro de 1959.
Com efeito, já em 1940, Câmara Cascudo afirmava:

“É uma injustiça e um esquecimento ao tradicional e glorioso município. Nenhum, dos quarenta e dois, o supera em episódios vivos de heroísmo, em prodigalidade de dedicação, em abundância de valores altíssimos.[...]Pobre e pequeno, Goianinha expõe uma linda galeria de figuras ilustres, inseparáveis e orgulhadoras, do nosso patrimônio intelectual”.

E, ainda, o genealogista Ormuz Barbalho Simonetti, além de apresentar um leque de ilustres filhos do Município, partindo do político José Moreira Brandão Castelo Branco, dos juristas Basílio Quaresma Torreão Júnior, Enéas de Araújo Torreão, do professor João Tibúrcio da Cunha Pinheiro, entre outros, iniciou um esboço genealógico, fazendo referência às famílias da dinastia dos “Jundiás”:

Genealogicamente, os Freire dos Revoredos, Barbalhos, Fagundes, Simonettis, Grillos, se entroncam, determinando a dinastia dos “Jundiás” cujo sangue corre em mil veias, desse cerne robusto, do Capitão-mor Bento Freire do Revoredo e Mônica da Rocha Bezerra, os Fernandes Barros, Quaresma Torreão, Ferreira da Silva, Grillos, Costas Barbalho, Silva Leitão, Simonettis, dando Nísia Floresta, cruzando-se com os Carrilho do Rego Barros, Raposos da Câmara, Souza e Oliveira, tendo o Padre Mororó, o Senador Tomaz Pompeu de Souza Brasil (Ceará), os Onofres de D’Andrade como parentes, ramos da mesma árvore. (Simonetti apud Cascudo)

Como se vê, em seu trabalho, o autor soube abordar, não apenas a evolução dessa árvore genealógica, mas, também, os caminhos percorridos nos entrelaçamentos das famílias, personagens e partícipes dos costumes, do desenvolvimento, das glórias, das estórias, da História, das pretensões legítimas dos goianinhenses, os quais, a partir de agora, estão conservados para a posteridade.
Elaborando um trabalho de pesquisa para os estudiosos e genealogistas, além de despertar nos que vivem o amor aos seus antepassados, não mais adormecidos na memória, Ormuz fez com que surgisse e se reafirmasse, em relevo e em inteligência, na razão individual de cada elemento familiar, a genealogia do seu povo, contemplada na velhice do tempo, nos mais diversos ângulos evolutivos das principais famílias de Goianinha, partindo dos Revoredo, passando pela família Grillo, Barbalho, Simonetti, Villa, Fagundes, Marinho e Lisboa. Procurou vir em uma evolução no tempo, chegando a catalogar mais de 12 mil indivíduos para a eternização do próprio tempo.
Aliás, sobre a Genealogia dos Troncos Familiares de Goianinha-RN, de autoria de Ormuz Barbalho Simonetti, o Professor Francisco Fernandes Marinho destaca, em alto e bom som:

A memória remota de Goianinha não mais jaz nas lápides tumulares, em igrejas e cemitérios, nem a memória oral poderá mais sofrer modificações com o decorrer do tempo, algo natural pelo distanciamento dos fatos, pois, a partir da obra de Ormuz Barbalho Simonetti, tais memórias, ressurgidas, ordenadas, concatenadas, passam a pulsar nas veias das recordações, fazendo lembrar os dias idos e vividos de antepassados, os formadores dos seus troncos familiares que, em registros, não mais poderão permanecer mortos, mas, sim, em memória viva e exemplar.

Em verdade, a partir da visão de Câmara Cascudo, do levantamento elaborado pelo jurista Hélio Galvão, sob o título Goianinha e ainda inédito, e por este Genealogia dos Troncos Familiares de Goianinha-RN, de Ormuz Barbalho Simonetti, Goianinha pode se orgulhar de ter suas memórias genealógicas, como diz o Professor Marinho, “ressurgidas, ordenadas, concatenadas”. E ao lado de obras como Moreira Brandão (1959), de José Moreira Brandão Castelo Branco; Goianinha no contexto histórico da província (1998), da professora confreira Maria Simonetti Gadelha Grilo; e Verdes campos, verdes vales (2004), da professora Eulália Duarte Barros, bem pôde o autor ficar envaidecido, legando ao presente e ao porvir uma pesquisa de grande valia, incorporando-se nas páginas da História, que é eterna.


Enélio Lima Petrovich, Presidente do Instituto Histórico e Geográfico do RN.
Natal, maio de 2008.

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Uma história humana


Três clássicos da pesquisa genealógica brasileira são referenciais para os estudos genealógicos no Brasil: Nobiliarquia paulista – História e genealogia, de Pedro Taques de Almeida Paes Leme; Catálogo genealógico das principais famílias, de Frei Antônio de Santa Maria Jaboatão; e, talvez a mais célebre para os nordestinos, a Nobiliarquia pernambucana, de Antônio José Victoriano Borges da Fonseca. Juntas, e pela relevância dos seus grandes acervos, formam a grande gênese brasileira desse estudo nascido da curiosidade humana que atravessou todas as culturas, antigas e contemporâneas, para se fixar como saber universal.
Esta Genealogia dos troncos familiares de Goianinha, de Ormuz Barbalho Simonetti, é bem nascida. Vem das águas nobres de uma velha ciência que busca nas tramas dos troncos familiares as linhas que formam a composição dos retratos das famílias que ao longo dos séculos teceram, fio a fio, nome a nome, a história humana de cada grupamento.
Basta lembrar as boas companhias de Ormuz nessa jornada. De Hélio Galvão a Câmara Cascudo. E projetar, na dimensão do tempo, os passos de uma longa caminhada que se fez a cada descoberta. Recompondo, instante a instante, mais um rosto para o grande mural humano que, ao final, seu autor entrega ao Rio Grande do Norte. Não como um bem de família. No caso, da Família Barbalho Simonetti. Mas também do Estado, pelas presenças de perto e de longe, de ontem e de hoje, contemporâneas ou perdidas na noite dos tempos.
Tudo começou num alpendre, na brisa mansa do mar de Pipa, quase por acaso, numa conversa que apenas assuntava lembranças, para repetir a expressão lírica de Ormuz, se é preciso demarcar um início. O que há de moderno no seu trabalho é o computador, e o avançado programa desenvolvido pelos Mórmons para a pesquisa genealógica, e hoje adotado em todo mundo. Mas, como sonho, é o mesmo e velho sonho da procura e da descoberta de um passado que parecia adormecido para sempre nos livros de batismo das sacristias; nos assentamentos dos cartórios; nas cômodas de família; e nas gavetas das lembranças dos mais velhos que ainda guardavam em algum lugar da alma as pequenas raízes de sua humanidade.
Ormuz presta um serviço não apenas a cada um dos integrantes do universo familiar pesquisado, e por acaso a quem desejar conhecer, mas principalmente à história da pesquisa genealógica no Rio Grande do Norte e que ainda vai precisar de longos anos para formar o grande acervo genealógico que agora Ormuz Barbalho Simonetti enriquece e consagra.
Minucioso na formatação exata da pesquisa, contextualizou o espaço, o tempo e as pessoas, tudo a partir do município de Goianinha, mas fazendo constar todos os troncos, descendências e ramificações, no Brasil e no exterior. Fixou a grande história humana, feita de milhares de retratos – reais ou imaginados, mas cada um no seu lugar e no seu tempo. E formando um grande mural que os historiadores da pesquisa genealógica irão consagrar no futuro como um exemplo a ser seguido pelas gerações que virão.
A pesquisa de Ormuz vence os limites da família Barbalho Simonetti e todas as fronteiras de Goianinha para se projetar como um monumento de amor às suas raízes. E aos que, no passado, começaram a escrever essa história que hoje está diante dos nossos olhos e se projeta nos olhos do seu neto, agora herdeiro de uma tradição que o avô perpetuou.


Vicente Serejo, jornalista.
Natal, maio de 2008.

PREÁCIO

É hora de darmos férias à imaginação para abrigarmos a memória. Ter ciência de que o passado sabe esperar até o momento de ser restituído, por sua importância social, por um escritor, pesquisador dos ramos familiares antigos e ilustres.
Ormuz cumpre o destino de ser ilha. Não insulado no estreito marítimo do Irã, nas águas azuis do Golfo Pérsico. Ilha nos estudos da genealogia potiguar, na busca incansada e eficiente da genealogia aristocrática de Goianinha em nosso Rio Grande. O que ele registra é a alma do tempo, a qual está configurada neste livro, que apresenta um levantamento sistemático de árvores das famílias, estudo de parentesco, fornece densos subsídios para a antropologia, sociologia, economia de uma região, para uma história das origens.
O trabalho maior é a reconstrução da memória, livrá-la de hiatos e lacunas, identificar descendentes e ascendentes, riqueza dos velhos troncos, sua evolução e disseminação, com expressivo relacionamento interfamiliar.
Sei que o leitor vai buscar a sua identidade nas fontes e sentir-se recompensado na busca. Tanto quanto eu que encontrei meu neto Lucas, filho de José Augusto Vale, neto de Cleide e Joir Vale dos Santos.
Livros de linhagem também nos conferem o sentimento de que seremos antepassados. Mais que isto: é o entendimento de que o passado continua.
Este é um trabalho que exige paciência, vontade indormida de pesquisar, energia e emoção. Anotar e tornar definitivo, na história, as sombras que tiveram nomes, a exata localização na arquitetura familiar.
O que o leitor consulente vai encontrar é um legado de cultura, nomes e sobrenomes que advêm do Renascimento, das raízes humanas notadamente portuguesas.
O nosso mestre maior, Luís da Câmara Cascudo, com seu olho de cientista social, já notara a importância da cidade de Goianinha, de seus valores aristocráticos e endogâmicos. A sua curiosidade científica estava a indicar nascimento de estudiosos sobre o tema que ora é posto em relevo.
Foi muito trabalho de Ormuz Barbalho Simonetti para registrar a grande genealogia dos seus próximos munícipes. O desejo de fazer foi o seu rei:

Mandas-me, ó Rei, que conte declarando
De minha gente a grão genealogia;
Não me mandas contar estranha história,
Mas mandas-me louvar dos meus a glória.

O que Camões pôs na boca de Vasco da Gama na imortalidade de Os Lusíadas aqui está feito. Para a glória do autor e dos por ele lembrados.
Diógenes da Cunha Lima, Presidente da Academia Norte Riograndense de Letras.

Jornal de Hoje 24 de maio de 2008


Jornal de Hoje 21 e 22 de junho 2008


DIÁRIO DO PARÁ - 15.05.2008


DIÁRIO DE NATAL 08.05.2008


Jornal TRIBUNA DO NORTE - 08.03.2008


Jornal TRIBUNA DO NORTE - 08.03.2008


Jornal de Hoje 18.04.2008


Tribuna do Norte 16/12/2007