sexta-feira, 9 de julho de 2010

A CASTANHOLEIRA DA ESPLANADA SILVA JARDIM

CARTA ENVIADA AO JORNALISTA VICENTE SEREJO

Caros amigos e leitores,segue texto publicado no JORNAL DE HOJE edição de ontem, na Coluna CENA URBANA do Escritor e Jornalista Vicente Serejo.

Abraço a todos,

Ormuz Simonetti.



Logo após o papo agradável que tivemos em sua biblioteca, que entre os vários assuntos abordados, também falamos sobre a famosa e finada castanholeira da Esplanada Silva Jardim, lembrei-me que todas as vezes que passo por sob o viaduto “Quarto Centenário”, visualizo um pé de castanhola - amendoeira-da-índia que, contra todas as probabilidades, teimou em nascer e continuar crescendo, no minúsculo espaço onde findam as muradas de concreto que separam as duas pistas de rolamento da BR 101.

Essa valente árvore, se ser humano fosse, certamente eu a estudaria genealogicamente, pois é bem provável que ela descenda da velha castanhola da Ribeira que, por ser centenária, muitas de suas sementes devem ter germinado por toda a cidade de Natal. A imponente árvore que era símbolo na velha Ribeira boemia, presenciou o vai e vem de muitos dos “respeitados e honestos cidadãos” de nossa sociedade, a caminho dos inúmeros bordeis e casas de recursos que se multiplicavam e agitavam a vida noturna do bairro, nas décadas passadas. Sua frondosa copa era abrigo para homens e pássaros, durante as horas mais quentes do dia.

Ontem, resolvi fazer algo por aquela árvore. Desloquei-me até o local, e com o veículo ainda em movimento, pois naquele trecho não há espaço para pedestre, fotografei a heróica planta.
Talvez a sábia natureza, prevendo o perecimento da centenária castanholeira, tão maltratada pelo tempo e principalmente pelos homens, fez brotar, não se sabe como, uma de sua espécime, num local mais improvável possível, dando uma oportunidade ao poder público, para colocar, no mesmo local da que pereceu, uma de suas prováveis descendentes, que dessa vez, se bem tratada for, poderá inclusive superar a longevidade da ancestral.

Como a tentativa do transplante de um Pau Brasil para aquele local não teve êxito, faço aqui minha humilde sugestão de salvar aquela bela árvore que fincou suas raízes naquele pedaçinho de chão e desafiando a tudo e a todos, mostra-se exuberante sobrevivendo em meio a carros, concreto e asfalto. Infelizmente, naquele local ela não resistirá por muitos anos, pois seu tronco não poderá se expandir em virtude da proximidade com as muretas de concreto e logo vai aparecer alguém alegando que seus galhos estão atrapalhando o trânsito, e usará contra a indefesa árvore, o seu impiedoso facão.
Grande abraço,
Ormuz Simonetti