sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

O GENERAL JOÃO VARELA


Postagem feita em 01/06/2011, no Blog “CEARÁ-MIRIM CULTURA E ARTE”, mantido pelo Acadêmico Gibson Machado.

O General de Brigada João da Fonseca Varela, nasceu em Ceará-Mirim, em 2 de dezembro de 1850 e morreu em Natal, aos 81 anos completos, no mesmo mês do nascimento, dia 12, em 1931.
Herói da Guerra do Paraguai, último comandante da Fortaleza dos Reis Magos, Chefe de Políc
ia (equivalente a Secretário de Segurança) e abolicionista, foi promovido a general por ato do Presidente Epitácio Pessoa. Recebeu inúmeras distinções, entre elas a Medalha de Bravura Militar, as Medalhas das Imperiais Ordens de Cristo e da Rosa e a da Campanha do Paraguai.
Homem de muita bravura, civismo (alistou-se para a campanha do Paraguai quando tinha apenas 16 anos) e integridade moral, é motivo de orgulho para a sua cidade de nascimento e para o próprio Rio Grande do Norte e um estímulo para os seus descendentes e conterrâneos.
Nenhuma voz é mais credenciada do que a de Câmara Cascudo que a ele dedicou uma de suas Acta Diurna, publicada em 2 de julho de 1943(*):

“O Presidente Epitácio Pessoa pelo Decreto 3.958, de 24 de dezembro de 1919, conferiu aos oficiais veteranos da Campanha do Paraguai as honras de General de Brigada.
Por isso João da Fonseca Varela era o General Varela.
Recordo-o com saudade. Ato, forte, claro, a longa barba branca descendo para um busto de atleta, parecia um daqueles boers do Transval, soldados natos e comandantes desde o batizado.
Cercava-o um halo de veneração irresistível. A onda nacionalista, deflagrada por Olavo Bilac, encontrava no velho Varela um centro de atração para o nosso entusiasmo.
Em todas as festas militares ou civis onde houvesse multidão, estava presente o veterano do Paraguai, possante, sereno, fardado, o peito coberto de condecorações.
Quando as bandas executavam o hino nacional em continência à bandeira ele tirava o boné da cabeça e ficava hirto. Não fazia continência à bandeira da República porque não era a sua, a de Caxias, Osório, Porto Alegre e Pelotas, seus ídolos.
Disciplinado, saudava apenas a bandeira de sua Pátria.
Republicano na Monarquia, era monarquista na república. Monarquista platônico, respeitador das leis, lembrando sempre o imperador.
Nascera num aniversário de D. Pedro II, 2 de dezembro de 1850. Com dezesseis anos, fugindo de casa, alistou-se voluntário para a guerra contra o ditador Francisco Solano Lopez, o tiranillo do Paraguai, a 9 de março de 1865.
Seguiu no 28º Batalhão até S. Borja, onde este se dissolveu, comandado pelo norte-rio-grandense José da Costa Vilar. Incorporou-se ao 36º de Voluntários da Pátria. Alferes, passou para o 36º e depois para o 48º Batalhão e foi extinto depois de Avaí.
Varela ficou adido ao 2º batalhão de Infantaria e posteriormente ao 18º.
Bateu-se em Avaí, em Curuzu, em Curupaiti, na ponte de Itororó, em Humaitá, na batalha-modelo de Lomas Valentinas.
(...)
Feita a paz voltou a Natal e regressou ao Exército, sendo alferes efetivo.
(...)
No Rio Grande do Norte teve várias comissões, todas militares. Comandou a Fortaleza dos Reis Magos, em 1888. Ingressou no Corpo Policial da Província, sendo capitão e o seu comandante. Enfrentou, em diligências ásperas, os cangaceiros no interior norte-rio-grandense e paraibano.”

O notável Mestre de todos os norte-rio-grandenses ainda relata que o general vira Caxias, Osório, Porto Alegre, Pelotas e Fernando Machado, seus heróis, nos acampamentos e nos campos de batalha, cada qual com a sua característica, todos, entretanto, bravos guerreiros.
Diz ainda o grande historiador potiguar que, dias antes de morrer, erguendo-se com muita dificuldade, o velho general fardou-se e foi à Praça Pedro II (hoje João Tibúrcio), onde erguia-se o busto do imperador e, diante do busto, perfilou-se, bateu uma continência e voltou para casa, para morrer.

(*) – Cascudo, Luís da Câmara – “O livro das velhas figuras” – IHGRGN. 1976 (págs. 84/86)

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