segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

GENEALOGIA


  Ormuz Simonetti - Edmundo Eugênio - Poeta cubano Felix Contreras e Horácio Paiva


                                          Poema dedicado a Ormuz Simonetti


Dos Oliveiras                   
sefarditas ibéricos
trago o sangue judaico
mas sou cristão
- nem novo nem velho –
por convicção.

Das margens do São Francisco
vejo as terras mais próximas
que lhes deu o sonho:
o planalto da Borborema
e o rio Espinharas
que bebe a seca dos sertões.

Dos Paivas                                    
que antes foram Baião
vem-me o sopro da poesia        
de João Soares de Paiva
o trovador primevo
que herdou do rio o seu nome.

Portanto posso dizer
que a dialética das águas
sempre me acompanhou
e que nem sempre sou o mesmo
embora meu destino
seja o mar.



                                   (Horácio Paiva, na ribeira do rio Pium)

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

LIQUIDAÇÃO, PROMOÇÃO OU LEI DO GERSON?



A palavra “liquidação” está sendo exaustivamente utilizada de maneira ardilosa, por boa parte dos comerciantes da nossa cidade, como também em outros estados da federação, principalmente, por aqueles estabelecimentos que comercializam produtos e peças de vestiário do sexo feminino. São as mulheres, as principais vítimas desse embuste, já que facilmente são arrebatadas por essas palavrinhas mágicas.

Algumas pessoas, no afã do consumismo, muitas vezes chegam a compram mercadorias só pelo fato de serem anunciadas “em liquidação”, mesmo sem a devida necessidade de uso, apenas, pelo fato de serem oferecidas por um suposto preço baixo.

Por sua vez, alguns comerciantes inescrupulosos, adotam vários tipos de armadilhas disfarçadas em “promoção/liquidação”, senão vejamos: Liquidam-se produtos por um preço, ditos baixos, quando na realidade eles realmente não custaram o que está sendo informado. Os descontos anunciados chegam a incríveis 70% do valor do preço cobrado originalmente. Como na maioria das vezes as margens de lucro dessa atividade, para os que pagam seus impostos devidos, giram em torno de 20%, percebe-se que algo de muito estranho acontece nesses anúncios. Outros majoram os preços de alguns produtos e 30/60 dias depois, retornam com o mesmo preço de antes, anunciando a tal “promoção/liquidação”. Para não se falar, ainda, daqueles que reservam alguns itens do seu estoque, de preferência artigos já fora de moda ou com pequenos defeitos, e os anunciam com grande estardalhaço e em local bem visível do seu estabelecimento a palavra mágica: LIQUIDAÇÃO. Chega-se ao cúmulo de se inaugurar uma loja já com a vitrine exibindo faixas e cartazes com a famigerada palavra, como se fosse possível, liquidar (leia-se vender por preço mais baixo), aquilo que ainda não foi vendido.

Nos Estados Unidos utiliza-se o Black Fridey – o dia das grandes “liquidações”, promovidas por alguns magazines que acontece em toda última sexta-feira do mês de novembro, no dia seguinte ao festejado Dia de Ação de Graças. As pessoas ficam na porta dos grandes magazines que mais parecem as nossas conhecidas filas nos hospitais públicos, em busca de atendimento, infelizmente fato comum em todas as cidades brasileiras. Alguns desses magazines, em colaboração e, principalmente, em respeito aos consumidores, abrem suas portas para atendê-los a partir das 4 ou 5 horas da manhã. Outros, com o mesmo propósito, permanecem abertos desde o dia anterior, o que ocorre na Inglaterra, como também em diversos países da Europa.

Acontece que nesses países a coisa é levada a sério, pois, caso contrário, as autoridades responsáveis certamente tomariam enérgicas providências contra os maus comerciantes, jamais permitindo que os consumidores fossem ludibriados e expostos a desfaçatez dos espertalhões.
    
   Já em nossa aldeia tupiniquim, as ditas “liquidações” para alguns comerciantes, funcionam tal qual a famosa “Lei do Gerson”, que tem como principal finalidade, apenas levar vantagem, atraindo os incautos consumidores para suas dependências comerciais. Os nossos órgãos fiscalizadores, ao que tudo indica fazem vistas grossas a essas campanhas, e, talvez, nunca tenham adentrado nesses estabelecimentos, com a finalidade de verificar se realmente as mercadorias ali expostas e ditas em “promoção/liquidação”, tiveram efetivamente, seus preços reduzidos, e se as reduções são compatíveis com o que está sendo anunciado.
        Enquanto que no sul e sudeste do país, onde se localizam os nossos maiores centros comerciais, produtores e consumidores, especificamente no eixo Rio/São Paulo, as liquidações ocorridas por ocasião nas mudanças das estações inverno e verão, as coleções, desenhadas exclusivamente para cada uma delas, são oferecias a preços diferenciados sempre que ocorrem tais mudanças. Entretanto, há consumidores mais espertos principalmente nas classes média e também os remediados - média-baixa -, que adquirem peças de vestuário oferecidas fora de estação, naturalmente, a preços módicos, e as guardam para serem usadas no próximo ano com a chegada do inverno ou verão, conforme o artigo adquirido.
         A sofreguidão de algumas pessoas para querer levar vantagem em tudo, à vezes se transformam em prejuízos irreversíveis. O mais recente foi com o  telexFREE, uma pirâmide financeira que beneficiou uns poucos e prejudicou irremediavelmente uma quantidade enorme de incautos  investidores que acreditaram ser possível enriquecer em pouquíssimo tempo, sentados confortavelmente em suas residências, na frente de um computador. Apostaram nessa quimera e perderam. Ouvi relato de pessoas que venderam tudo que possuíam inclusive suas casas, passando a morar de aluguel, seus automóveis, enfim, tudo que pudesse rapidamente se transformar em dinheiro vivo, para colocar nesse rendimento milagroso na esperança de dobrar ou mesmo triplicar seus investimentos em pouquíssimo tempo.
       
       O anseio em aplicar à conhecida “Lei do Gerson” tem produzido situações vexatórias e até de certo modo, jocosas. Soube de um pitoresco caso em que uma senhora, aparentemente de classe média alta, que se dirigiu a uma delegacia de policia para prestar queixa por ter sido enganada com o famoso conto do vigário na compra de um bilhete premiado. Ao final do seu relato e do alto de sua indignação, exige do delegado providências imediatas no sentido de prender o meliante. O agente depois de ouvir pacientemente o relato da queixosa, lhe diz em tom admoestador: “quem deveria ser presa era justamente a senhora, por tentar enganar um estelionatário que se passava por indefeso tabaréu”... Sem argumentos e com a vergonha estampada na cara, a madame cabisbaixa deixa a delegacia amargando o prejuízo pela sua esperteza.

        
         Portanto, fica aqui um recado aos espertalhões: quem muito atira pedras para cima, uma poderá lhe cair na cabeça. Pensem nisso. Um bom fim-de-semana para todos.