terça-feira, 28 de dezembro de 2010

CARTA AO CHICO

CARTA ABERTA AO CHICO BUARQUE DO SEU VIZINHO.

Chico,
Confesso que fiquei chocado ao vê-lo desfilar na passarela da Dilma, cantarolando como se estivesse a defender uma causa justa, honesta e patriótica.
Logo você, Chico, que ganhou tanto dinheiro encantando a juventude da década de 1970 com parolas em prosa e verso sobre liberdade e moralidade. Percebo que aquilo que você chamava de ditadura foi, na verdade, o grande negócio da sua vida. Afinal, você estava à toa na vida. Você deveria agradecer aos militares por tudo o que te fizeram, porque poucos, muito poucos, ganharam tanto dinheiro vendendo ilusões em forma de música e poesia como você.

Estou agora fazendo essa regressão, após vê-lo claudicante como A Mulher de Aníbal no palanque do Lula e da Dilma. Claro que deu para perceber o seu constrangimento, a sua voz trêmula e pusilânime, certamente sendo acusado pela sua consciência de que estava naquele momento avalizando, endossando todas as condutas deste governo trêfego e corrupto.

Nunca, jamais imaginei, Chico, que você pudesse se prestar a isso algum dia. Mas é possível antever que apesar de todos vocês, amanhã há de ser outro dia. Quando chegar o momento, esse nosso sofrimento, vamos cobrar com juros. Juro ! Você, como avalista, vai acabar tendo que pagar dobrado cada lágrima rolada. Você vai se amargar, Chico, e esse dia há de vir antes do que você pensa. Não sei como você vai se explicar vendo o céu clarear, de repente, impunemente. Não sei como você vai abafar o nosso coro a cantar, na sua frente. Apesar de vocês, Chico, amanhã há de ser outro dia.

Estamos sofrendo por ter que beber essa bebida amarga, dura de tragar. Temos pedido ao Pai que afaste de nós esse cálice, mas quando vemos você, logo você, brindando e festejando com todos eles, só nos resta ficar cantando coisas de amor e olhando essa banda passar. E pedir que passe logo, porque apesar de vocês amanhã há de ser outro dia.

Estamos todos cada qual no seu canto, e em cada canto há uma dor, por conta daquela cachaça de graça que a gente tem que engolir (lembra ?), ou a fumaça e a desgraça que a gente tem que tossir. Só espero, Chico, que as músicas que você venha a compor em parceria com os seus amigos prosélitos de palanque não falem mais de amor, liberdade, moralidade e ética - essas coisas que você embutia disfarçadamente nas suas letras agora mortas de tristeza e dor.

Não fale mais disso - não ficará bem no seu figurino agora desnudo. Componha, iluda, dance e se alegre com todos eles, ganhe lá o seu dinheiro, entre na roda e coloque tudo na sua cueca - ou onde preferir - mas não iluda mais os nossos jovens com suas músicas, simbolizadas hoje apenas na sua gloriosa A Volta do Malandro.
(assinado)

Seu Vizinho ao Lado.....

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

MONÓLOGO DO NATAL

Caros amigos e leitores: nos últimos cinco anos, sempre no mês de dezembro eu costumo enviar para alguns amigos essa crônica natalina do jornalista, poeta, compositor e radialista alagoano Aldemar Paiva. Ouvi-a pela primeira vez na década de 60 pela rádio Rural de Natal. Devia ter uns 16 a 17 anos de idade e fiquei muito comovido. Tentei, em vão, conseguir uma cópia daquilo que escutei e tanto me impressionou.

Aquele relato me marcou de tal maneira que desde então, sempre quando se aproxima as festas natalinas eu me recordo daquela história que ouvira há tantos anos atrás. O pior é que eu não sabia o nome do autor, o título daquela crônica, enfim, nada que pudesse localizá-la. Como nada sabia, não tinha como procurá-la. E como desejei ouvi-la novamente! . . .

Havia ficado marcado em mim, para sempre, a dor daquele menino, filho de operário, que recebera do pai um trenzinho como presente de natal e logo depois, entre lágrimas e apelos, sem nenhuma explicação, teve que devolvê-lo. Não pude deixar de fazer um comparativo com os garotos mais afortunados que recebem, durante as festas natalinas, dezenas de presentes e, na maioria das vezes, poucos os valorizam.
Procurei essa crônica durante toda a vida, mas sem sucesso.

Em meados de 2006, já com meus 56 anos de idade, assistia ao “Programa Senhor Brasil” do cantor e apresentador Rolando Boldrim, e para minha surpresa, ele interpretou a “Crônica Natalina” ou “Monólogo do Natal”. Fiquei em êxtase! . . . Depois de tantos anos de procura ali estava, um artista do quilate de Rolando Boldrim, interpretando com toda a maestria que lhe é peculiar, aquela crônica que procurei por todos esses anos. A partir daí, não foi difícil conseguir uma cópia daquela tão sonhada crônica e hoje divido a minha emoção e do autor com vocês.

Grande abraço a todos e boa reflexão,


Monólogo do Natal

Aldemar Paiva


Eu não gosto de você, Papai Noel!
Também não gosto desse seu papel de vender ilusões à burguesia.
Se os garotos humildes da cidade soubessem do seu ódio à humildade, jogavam pedra nessa fantasia.
Você talvez nem se recorde mais.
Cresci depressa, me tornei rapaz, sem esquecer, no entanto, o que passou.
Fiz-lhe um bilhete, pedindo um presente e a noite inteira eu esperei, contente.
Chegou o sol e você não chegou.
Dias depois, meu pobre pai, cansado, trouxe um trenzinho feio, empoeirado, que me entregou com certa excitação.

Fechou os olhos e balbuciou: “É pra você, Papai Noel mandou”.
E se esquivou, contendo a emoção.
Alegre e inocente nesse caso, eu pensei que meu bilhete com atraso, chegara às suas mãos, no fim do mês.
Limpei o trem, dei corda, ele partiu dando muitas voltas.
Meu pai me sorriu e me abraçou pela última vez.
O resto eu só pude compreender quando cresci e comecei a ver todas as coisas com realidade.
Meu pai chegou um dia e disse, a seco: “Onde é que está aquele seu brinquedo?
Eu vou trocar por outro, na cidade”.

Dei-lhe o trenzinho, quase a soluçar e, como quem não quer abandonar um mimo que nos deu, quem nos quer bem, disse medroso: “O senhor vai trocar ele?
Eu não quero outro brinquedo, eu quero aquele.
E por favor, não vá levar meu trem”.
Meu pai calou-se e pelo rosto veio descendo um pranto que, eu ainda creio,
Tanto e tão santo, só Jesus chorou!
Bateu a porta com muito ruído, mamãe gritou; ele não deu ouvidos. Saiu correndo e nunca mais voltou.
Você, Papai Noel, me transformou num homem que a infância arruinou. Sem pai e sem brinquedos.

Afinal, dos seus presentes, não há um que sobre para a riqueza do menino pobre que sonha o ano inteiro com o Natal.
Meu pobre pai doente, mal vestido, para não me ver assim desiludido, comprou por qualquer preço uma ilusão e, num gesto nobre, humano e decisivo, foi longe pra trazer-me um lenitivo, roubando o trem do filho do patrão.
Pensei que viajara, no entanto, depois de grande, minha mãe, em prantos, contou-me que fora preso.
E como réu, ninguém a absolvê-lo se atrevia.
Foi definhando, até que Deus, um dia, entrou na cela e o libertou pro céu.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

UM GAÚCHO A PÉ

RECONHECIMENTO COMO DE UTILIDADE PÚBLICA ESTADUAL

LEI NR. 9.411 DE 25 DE NOVEMBRO de 2010.

Dispõe sobre o reconhecimento de Utilidade Pública do Instituto Norte-Riograndense de Genealogia - INRG e dá outras providências.

GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

FAÇO SABER que o Poder Legislativo decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1° Fica reconhecido como de Utilidade Pública o INSTITUTO NORTE-RIOGRANDENSE DE GENEALOGIA - INRG, com sede e foro jurídico na cidade de Natal/RN.

Art. 2° Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário por ventura existentes.

Palácio de Despachos de Lagoa Nova, em Natal, 25 de novembro de 2010, 189° da Independência e 122° da República.

IBERÊ FERREIRA DE SOUZA
Leonardo Arruda Câmara