quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

ACTAS DIURNAS

Caros amigos e leitores. É com profunda tristeza que comunico do meu declínio, na pretensão de divulgar nesse blog, a partir de 2010 com transcrição ipsis litteris, as ACTAS DIURNAS do nosso mestre maior, Luiz da Câmara Cascudo. Agradeço aos que se manifestaram através de e-mails pela iniciativa e aproveito para pedir desculpa pela possibilidade de ter criado expectativas a esse respeito.

Segue, abaixo, o e-mail recebido, motivo da desistência.
Abraço a todos,

Prezado Ormuz:

Acabei de ver no seu blog a notícia de que, a partir de 2010, você estará publicando no mesmo as ACTAS DIURNAS de autoria do meu avô.
Gostaria de informá-lo que esta publicação no blog NÃO pode ser possível, pelos seguintes motivos:
1) Já existe o BLOG DO CASCUDO, onde as mesmas Actas Diurnas são publicadas,semanalmente. Nos últimos tempos, passamos por problemas de atualização que estão sendo resolvidos.
2) Estamos abrindo o INSTITUTO CÂMARA CASCUDO e fazendo um site, onde todo este material será contemplado.

3) A obra do meu avô possui direitos autorais até o ano de 2057, e qualquer publicação só pode ser feita com autorização expressa dos detentores destes direitos autorais (minha mãe e meu tio).

Desta forma, espero contar com a sua colaboração no sentido do entendimento dos fatos acima expostos.

Qualquer dúvida estou às ordens.
Um grande abraço
Daliana Cascudo

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

ACTA DIURNA

Caríssimos amigos e leitores. A partir de 2010, estaremos publicando as famosas ACTAS DIURNAS do nosso mestre maior Luiz da Câmara Cascudo. Iniciaremos com Pedro Velho, Tavares de Lira e Felinto Manso Maciel.





QUE QUER DIZER “ÁCTA DIURNA”

Luís da Câmara Cascudo

Perguntaram a mim porque dei semelhante título a esta secção. Que quer dizer ACTA DIURNA?
ACTA DIURNA era uma espécie de jornal diário, uma folha onde os acontecimentos do dia eram fixados pelas autoridades de Roma, para conhecimento do povo. Pregavam-na a uma parede num dos edifícios do FORUM.
No ano 131, antes de Cristo, já existia a ACTA DIURNA, informando ao cidadão romano as "novidades" ou diretivas governamentais.
Júlio Cesar, cinquenta e nove anos antes do nascimento de Cristo, tornou a ACTA DIURNA oficial, de aposição obrigatória num determinado logradouro público.
Conservo o título em latim. Por isso aparece o ACTA com a segunda consoante do alfabeto.
ACTA significa, no latim, ações, obras, feitos, façanhas. DIURNA é o que se pratica sob o sol, no espaço de um dia, ou diariamente.
Suetonio, que bem conheceu a ACTA DIURNA, dizia-a efemérides diárias, o registro dos sucessos mundanos, políticos e administrativos, sociais ou literários.
A minha é uma ACTA DIURNA que recorda o pensamento que presidiu meu dia. Fixo a minha impressão diária, sobre um livro, uma figura ou um episódio, atual ou antigo.
Dei-lhe batismo latino porque a intenção cultural é honrar o passado, nas suas lutas, alegrias, tragédias e curiosidades. E, se matéria nova aparece, comentada, é ainda o desejo de conserva-la no Tempo para os olhos amigos de alguns leitores fieis, nas páginas tradicionais d’ “A REPÚBLICA”, o mais velho dos jornais conterrâneos

Natal, 03 de agosto de 1943

(transcrição ipsilitere do Livro das Velhas Figuras)

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS

Olá Ormuz foi com grandes saudades que relembrei da Pipa da minha infância pois passamos vários veraneios lá no casarão, Tio Paulo sempre nos acompanhava juntamente com a sua noiva Júlia.Quis Deus que o meu adorado pai partisse tão cedo o que causou enorme tristeza em mim, minha mãe Lucila e meus irmãos Cabralzinho e Odilon e que nos afastou por completo dessa praia que ele tanto amava.
Parabéns pelas crônicas.

15 de dezembro de 2009 20:44

Marilia Cabral Barbalho Chaves
Natal RN

A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS

Ormuz:
Sem medo de errar, é um dos melhores textos do ano!
Parabéns e Feliz Natal!
Abrace o Dante.

Bartolomeu Correia de Melo (Bartola)
Natal RN

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS

ORMUZ BARBALHO SIMONETTI (Presidente do Instituto Norte-Riograndense de Genealogia-INRG e membro do IHGRN) www.ormuzsimonetti@yahoo.com.br

PUBLICADA EM “O JORNAL DE HOJE” EDIÇÃO DE 18.12.2009

PIPA – Veraneios inesquecíveis

Foram muitos os veraneios que deixaram saudade. Em minha adolescência lá pelo início dos anos 70, os mais afortunados já possuíam uma radiola portátil Phillips que funcionava a pilha. Aquela, do tipo maleta, que a própria tampa servia como auto-falante. Com esses modernos aparelhos fazíamos freqüentemente e sempre após o jantar, festinhas conhecidas como “assustados”, onde dançávamos ao som de Roberto Carlos, Renato e seus Blue Caps, Elis Regina, Chico Buarque e outros cantores do tempo da Jovem Guardam. Vez por outra, alguém conseguia com os pais, depois de muita recomendação, algum disco em 78 rotações ou os modernos LPs com músicas cantadas pelo velho Nelson Gonçalves, Anísio Silva, Silvinho, Altemar Dutra, Sílvio Caldas, e até de Dick Farney e da divina Elizete Cardoso, os mais difíceis. Estes eram escolhidos pelas músicas mais lentas que dançávamos a luz de velhas lamparinas a querosene.

Os que preferiam dançar samba, traziam discos de Miltinho, Demônios da Garoa, Wilson Simonal, Ataulfo Alves, Noel Rosa e tantos outros. Achavam o bolero mais difícil de dançar, mesmo conhecendo a velha regra: dois prá lá, dois pra cá, posteriormente imortalizada na canção de João Bosco e Aldir Blanc na voz da inesquecível Elis Regina. Esses “assustados” eram raramente feitos nos alpendres das nossas casas. Na maioria das vezes, para fugir das vistas de nossos pais, sempre atentos aos que dançavam com mais ousadia, conseguíamos, com muito jeito, a sala das casas dos nativos que ainda moravam na rua de baixo. O local era bem mais aconchegante, o chão de barro batido, lamparina em cima de tamborete ou pendurada em esteios da parede de taipa.

Ainda lembro-me dessas lamparinas penduradas nos enxaiméis, tisnando a parede e exalando aquele cheirinho característico da queima do querosene. Ali, a presença de curiosos era praticamente nenhuma. Nessas saudosas casas de reboco, além de ficarmos protegidos da vista dos curiosos, sabíamos que nossos pais não se abalariam de suas redes nos alpendres para nos vigiar, afinal de contas, não havia motivos para preocupação, já que éramos todos primos. Além do mais, estavam mais interessados nos carteados, sempre muito disputados ou nas animadas conversas políticas.

Lá pelas 10 horas da noite, depois que nossas parceiras se recolhiam, íamos para a beira da praia jogar conversa fora, tocar violão, ou mesmo programar alguma traquinagem.
Uma das preferidas era o roubo de galinhas, que sempre terminava na casa do saudoso Deda, que sempre nos recebia com aquele sorriso largo onde orgulhoso, exibia um enorme e cintilante dente de ouro.

Esse personagem, que é parte importante da história da Pipa, teve no boca-a-boca um grande aliado na divulgação de sua arte na cozinha e também como senhorio. Alugava, por preços módicos, cômodos de sua modéstia moradia onde hoje funciona a “Pousada da Bárbara”. Costumo dizer que ele foi o primeiro dono de pousada naquela região. Essa condição o tornou muito conhecido, inclusive internacionalmente. Os poucos “gringos” que chegavam à Pipa, logo perguntavam por Deda. Com aquele sotaque esquisito e falando bem enrolado com se a boca estivesse cheia de línguas, logo conseguia pronunciar o som daquelas quatro letras mágicas que tinham o poder de resolver os principais problemas daqueles longínquos visitantes: lugar pra dormir e boa comida a base de peixe e frutos do mar, abundantes naquela época.

As brincadeiras de roubar alimentos dos veranistas sempre estiveram entre as nossas preferidas, pois naquela época, tudo tinha que ser trazido de Natal, ou esperar o domingo pra comprara na feira de Goianinha. As bodegas da Pipa pouco ofereciam. Vendiam exclusivamente os gêneros alimentícios comuns à população local.

Certa vez, numa manhã de véspera de Natal, a turma de “biriteiros” apareceu na residência do casal, Veneide e Elviro. Já vinham naquela peregrinação de casa em casa, tomando todas e conversando miolo–de-quartinha. Lá pras tantas, meu irmão Dante Simonetti, em uma das idas ao banheiro, observou que em cima da geladeira se encontrava, totalmente indefeso, um apetitoso queijo do reino ainda lacrado, naquela conhecida embalagem redonda. Lá estava ele, imponente como se quisesse tomar o lugar cativo do famoso pingüim. Diante daquela visão, Dante não se conteve: quando retornou do banheiro, passou direto para sua casa que ficava praticamente vizinha, e o queijo. . . desapareceu.

Lá para as tantas, quando saímos da casa de Elviro, fomos surpreendidos com o convite de Dante, que já nos esperava no portão, para que fossemos à sua casa, retribuindo assim a visita. Lá, o principal tira gosto era queijo do reino que partido em generosos pedaços, foi avidamente consumido pelos presentes, já que esse tipo de tira-gosto normalmente não fazia parte do nosso cardápio de “paredes”.

À noite, quando preparava a mesa para a ceia de Natal, a ingênua prima Veneide deu pela falta do queijo. Depois de por a casa de cabeça para baixo, e não encontrando o que procurava, repetia sem parar: “Elviro, tenho certeza que o coloquei em cima da geladeira. . . Não é possível que um rato tenha levado o queijo com embalagem e tudo . . .”

No dia seguinte o delito foi revelado numa animada conversa na própria casa do casal, que depois de boas risadas, ainda se sentiu privilegiados por ter, pelo menos, participado da farra onde o “JONG” foi consumido e muito elogiado por todos.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS

Ormuz Simonetti e a Praia da Pipa.

Quando eu era pequeno e ainda nem estudava no nosso Ginásio 7 de Setembro, costumava ouvir – como toda criança – estórias infantis fantasiosas da minha mãe, todas bem intencionadas visando abrir o horizonte do seu futuro adolescente. Até que numa certa noite de insônia, vi quando papai – e não Papai Noel – colocou o presente de Natal ao lado da minha cama. Percebi, tempos depois, que mesmo quando eu não estudava, o bicho-papão não aparecia de noite para me pegar... A partir de então passei a acreditar menos nos meus pais e mais nos meus amiguinhos da rua.

Hoje, passeando pelas suas crônicas, caro Ormuz, sinto que você me devolveu a confiança nos meus velhos, pois eles também diziam que para se caminhar sozinho era preciso enxergar a essência da vida e saber dividi-la com o mundo. Exatamente como você faz ao relembrar no paraíso da praia da Pipa, os nativos, os coqueiros, os pássaros, as fruteiras nativas, a migração dos pardais, a preocupação com o desequilíbrio ecológico, os saudosos veranistas, o alpendre, a rede... E o mais gratificante, é lembrar que o autor dessas crônicas é aquele menino loiro, magro, discreto e estudioso, que se sentava à minha direita na sala de aula do já distante Ginásio 7 de Setembro. Belo exemplo, amigo. Meus velhos estavam certos.


Carlos Sizenando Rossiter Pinheiro.
Natal RN

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS

Parabéns Ormuz, você é um historiador nato.Estou me organizando para lhe receber em grande estilo. Um forte abraço.

Tarcisio Gurgel.
Natal RN

domingo, 6 de dezembro de 2009

A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS

Ormuz, fico contente em receber as crônicas sobre a praia de Pipa. Trazem muitas recordações, apesar de ser Recifense, tenho laços familiares em Goianinha, tio Alfredo e tia Waldira e meus primos, Amélia Judith, Rosário, Eliane, João Bosco, Clóvis , Alfredinho e Duartinho. Passei algumas férias e tive a oportunidade de veranear com eles em Pipa. Tenho excelentes recordações, da praia, do passeio sobre o morro, da chegada dos barcos com os peixes ainda vivos, do curral, dos bates papos noturnos (já que não existia televisão) na beira da praia, do forrozeiro contratado para tocar algumas horas e podermos nos divertir, etc.
Muito obrigada, um abraço,

Norma Carvalho
Recife - Pe

A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS

ORMUZ BARBALHO SIMONETTI (Presidente do Instituto Norte-Riograndense de Genealogia-INRG e membro do IHGRN) www.ormuzsimonetti@yahoo.com.br

Publicada em “O JORNAL DE HOJE”, edição do dia 04.12.2009


PIPA, saudosos veranistas – Paulo Barbalho

Outro veranista que deixou muita saudade foi Paulo Barbalho. Seu veraneio começou ainda muito jovem acompanhando seus pais nas difíceis viagens entre Goianinha e a praia da Pipa. Seis anos depois do primeiro veraneio da praia, ocorrido em 1926, no dia 11 de março de 1932, nascia o menino Paulo. Foi o último dos onze filhos de Odilon Ernestino Barbalho e Elvira Macionila Barbalho. Criança irrequieta, sempre estava aprontando alguma traquinagem naquela Pipa dos anos 30 e 40.

A casa de seus pais ficava bem em frente a “Pedra do Santo”. Tinha um quintal muito grande com diversas mangueiras, coqueiros e um enorme pé de fruta pão. Nesse quintal em baixo das árvores, seu pai costumava manter durante o veraneio, uma boa vaca leiteira que trazia de sua fazenda em Goianinha. Pela manhã, lá estavam todos os irmãos em fila indiana, esperando a vez de tomar um caneco de leite quentinho ao pé da vaca, adoçado com açúcar mascavo do engenho Bem Fica. Esse hábito de manter uma vaca no quintal para tomar leite pela manhã, foi religiosamente seguido por tio Paulo, durante todos os anos que veraneou na Pipa.

No fim dos anos 60, por falta de proteção adequada, o mar foi derrubando, aos poucos, aquele casarão que tanta lembrança trazia a toda família, principalmente aos sobrinhos que nos meses de janeiro, lotavam aqueles alpendres. Foi uma morte lenta e sofrida por todos nós que adorávamos aquele casarão. Num ano vimos desmoronar, pela força das ondas, o quebra-mar juntamente com o alpendre. Quando retornamos no ano seguinte, toda a sala da frente e uma parte da lateral da casa estavam no chão. A sua heróica resistência devia-se ao fato de ser uma construção feita em taipa e com madeira de boa qualidade. Os esteios, vigas, travessões e inchamés, enfim todo o madeiramento da casa foi feitos com pau-ferro e outras madeiras de lei, extraídas das matas da Pipa, abundante naquele tempo.

Guardei muitas lembranças desse velho casarão. Quando meus pais ainda não tinham casa na Pipa, veraneamos algumas vezes na casa dos meus avós. Guardo até hoje, algumas lembranças dos meus sete a oito anos de idade. Tinha por costume acordar muito cedo e depois de retirar, com todo o cuidado para não acordar meus pais, a pesada trave de sucupira, abria um pouco da janela e ficava admirando os botes ancorados no porto. Logo começava a procurar ao longo do horizonte aqueles pontinhos branco. Era a vela dos barcos que retornavam das pescarias de “dormida”. No porto, outros permaneciam ancorados naquele indolente balançar. Ficava impressionado com os pescadores, que em suas conversas no porto, diziam a quem pertencia o barco que estava chegando, somente pelo formato da vela. Sempre que me lembro da Pipa é a primeira visão que me vem: o raiar do dia com os botes ancorados no porto.

Pois bem, foi nesse casarão que por volta do ano de 1974, ocorreu um fato que me marcou de maneira jocosa a história dos veraneios na Pipa. A casa estava sendo preparada para o veraneio e “tia” Júlia, sua esposa, havia enviado na frente os empregados juntamente com a bagagem. A recomendação era de fazer uma rigorosa limpeza, já que a casa permanecia o ano inteiro fechada. Depois de deixar tudo bem limpo e devidamente arrumado, os empregados retornaram para Goianinha. A família deveria chegar três dias depois. Aconteceu que minha mãe, e sua irmã, preocupada com a dormida nos alpendres dos filhos e sobrinhos, teve a infeliz idéia de ficar com as chaves da casa, para que lá nós dormíssemos, enquanto a família não chegasse. A turma, que sempre arranjava um motivo pra farrear, já havia acertado para aquela noite, uma movimentada serenata.

Como a dormida garantida em local seguro, não haveria preocupação com as brincadeiras de dar nó nos punhos das redes e outras coisas do gênero. Logo cedo, após o jantar, as redes foram devidamente armadas. Quem chegava primeiro, escolhia os melhores cômodos em seguida a casa foi devidamente trancada. Lá pela madrugada, com a serenata terminada e as redes todas ocupadas, o piso dos quartos e salas começam a receber as primeiras reações estomacais dos que beberam além da conta, e principalmente abusaram da sardinha “Coqueiro” e da carne de quitute “Da Vaquinha”, acompanhado de farinha grossa (única disponíveis nas bodegas), tira-gostos preferidos naquelas madrugadas dos anos 70.

O cheiro de azedo já tomava conta do ambiente quando começou a “guerra”. Alguém atirou um pinico (urinol) por cima da meia parede e em seguida, de cada cômodo ocupado partia, via aéreo, tamboretes, cadeiras, bacias de lavar rosto juntamente com o jarro e tripé, outros pinicos da ágata (faziam um barulho enorme quando batiam no chão) panelas, adornos de cima das mesas e tudo que estivesse ao alcance das mãos. A batalha varou a madrugada.

Pela manhã, quando todos nós dormíamos a sono solto, aconteceu o que ninguém esperava. Por volta das 9hrs alguém escutou um barulho no quintal e foi verificar. Era a carro de tio Paulo que chegava com a família, antecipando em dois dias sua chegada. Foi uma correria danado. Janelas e portas se abriram ao tempo que pulava gente pra todo lado menos, naturalmente, para o quintal. Não preciso dizer à surpresa que ele teve quando adentrou a casa. Entre gritos coléricos e alguns palavrões, ordenou que os empregados fossem de quarto em quarto e recolhessem todas as redes. Feito isso, amontoou-as no quintal e mandou comprar, pelo seu compadre e vizinho Zé de Tereza, um litro de querosene, na bodega mais próxima. Depois de alguns apelos de Júlia e a proposital demora na execução de sua ordem na compra do combustível, ele se acalmou e desistiu da fogueira. Mas não deixou por menos, mandou entregar as redes na casa de cada mãe com o relato detalhado do acontecido.

Tenho a impressão que depois de calmo ele deve ter dado boas risadas lembrando-se do seu tempo de estudante na década de 50, quando morava em Maceió. Numa dessas brincadeiras extravagante que ele tanto gostava, atirou do terceiro andar do Hotel Bela Vista, do turco Adib, localizado na Rua do Comércio, um guarda roupas, que se espatifou no meio da avenida. Wodem Madruga conhece bem essa história, pois na época era hóspede desse mesmo hotel.

Tio Paulo era assim, adorava esse tipo de brincadeiras. Muito explosivo, entretanto nunca guardava rancor. Logo, já havia esquecido tudo. Dois dias depois, com os devidos “relas”, todos nós já estávamos perdoados e em seu alpendre desfrutava daquela maravilhosa acolhida, sua marca registrada. Gostava e sabia receber como ninguém. Foi o maior anfitrião que conheci.

Anos depois em 1988, voltou a veranear na Pipa. A nova casa ficava na confluência de duas ruas no Largo de São Sebastião, bem ao lado da igreja. Estrategicamente, não tinha muros na frente da casa. Ali, quem passava era convidado para entrar e bater um papo no alpendre pintado de verde. Era apaixonado pela cor símbolo das campanhas políticas na década de 60 do amigo Aluízio Alves. Em cima de uma mesa, também verde, nunca deixava de ter um bom sarapatel, buchada e carneiro guisado, trazidos de Lagoa Nova, fazenda de sua paixão. Essa mesa também era repleta das mais variadas bebidas e muitas frutas que se destinavam ao tira-gosto de sua bebida preferida: a aguardente, também conhecida como cachaça, pinga, branquinha, birita, malvada, água que passarinho não bebe, esquenta goela etc.

Gostava de beber deitado em sua rede verde, balançando preguiçosamente no alpendre e entre um gole e outro, relatava estórias engraçadas dos nossos antepassados, sempre rodeado de sobrinhos e amigos. Recordo com saudade daquele seu brado característico. Bastava achar que a mesa não estava devidamente repleta dos mais diversos tira-gostos, não tinha dúvidas, gritava com todas as forças: JUUUUUUUUUUUUUUULIAAA!!!

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS- Saudosos veranistas - MAURINIO SENA

Domingo, 06 de fevereiro de 1994,estava voltando de Sagi e resolvi passar por Pipa. Encontrei minha tia na rua de cima e a mesma me disse que estava tendo uma festança na casa dos meus pais, pois painho já estava comemorando o seu aniversário pq seria uma semana de festa.

Estava no carro do IBAMA pq tinha ido atender uma ocorrência de avistagem de Peixe boi e não me sentí a vontade em descer e ir até lá, até pq eu gostava de tomar umas e ir até lá seria bastante perigoso. Resolvi voltar para Natal e avisei a tia Francinete que estaria em Pipa no dia 13, dia do aniversário do meu pai.

Estava no intervalo de almoço e o meu tio Mauricio chegou e me chamou, sentí que o mesmo estava nervoso e já me apavorei com a frase: aconteceu uma tragédia em Pipa...Maurinio morreu...

Entrei em desespero, era a única pessoa que não estava lá com ele, pensei logo na minha mãe e meus irmãos. Pensei que poderia ter bebido com ele, ter ficado com ele, ter agradecido a ele por tudo que fez por mim, por nós. Se eu soubesse que no dia 13 estaria participando da missa de sétimo dia de morte, eu teria descido lá no dia 06 e que se danasse o carro do trabalho, eu teria sido mais filha que profissional.

Até hoje não me recuperei. Até hoje não consigo ficar em nossa casa em paz, não consigo andar para a parte sul da Pipa, que na minha infancia e adolescencia era tão explorada para pescar, fachiar, pegar caju,descer morro com tábua, escalar falesia, ir de cavalo para Sibaúma. Eu nunca quis nem saber onde tinha sido o ocorrido, mas sabia por alto de alguns detalhes que por ventura tive que escutar.

Eu me afastei de Pipa, me isolei de tudo de bom que já tinha vivido por lá, o meu sofrimento criou uma barreira que aos poucos tento superar.Qdo eu apareço por lá a trabalho o pessoal me diz que sente minha falta, que meu pai morreu no paraiso e que eu devia voltar lá mais vezes e ser feliz como era antes.

Foi por isso que ainda exitei em ler o ser artigo por completo e te escrever, eu não queria me deprimir pq tenho estado forte para seguir em frente durante esses 15 anos de saudades. Só que eu não podia deixar de ler o que escreveu sobre o meu pai, o meu chefe no trabalho, o meu ídolo Maurinio Sena Silva. E foi assim que descobrí todos os detalhes, do lugar aonde aconteceu o fato a amizade fiel do meu povo da praia de Pipa. Aqueles amigos jamais abandonariam a gente, quanto mais o "cumpade" Maurinio que tanto amou e respeitou aquele povo e aquele lugar como se fosse seu. Que pena que ele se foi, que dor não poder ter estado com ele na última festa da sua vida.
Muito obrigada pelo carinho e fica com Deus.

Zélia do Atol
18 de Novembro de 2009 18:43

CRIAÇÃO DO INRG - INST. NORTE-RIOGRANDENSE DE GENEALOGIA

Meu Prezado Presidente do Instituto Norte-Riograndense de Genealogia -INRG
Sr. Ormuz Barbalho Simonetti,
Há pouco registrei os meus cumprimentos pela grande iniciativa da criação do Instituto de Genealogia nesse Estado, do qual V. Sª é o primeiro Presidente, conforme texto abaixo, pois só agora tomei conhecimento, pedindo-lhe que me forneça o endereço completo do Instituto para doação do meu livro sobre Genealogia. Um grande abraço. Teotônio Luz

Francisco Teotônio da Luz Neto
Advogado e Economista
SHCGN 714, Bloco I, Casa 21 -
Brasília-DF e CEP: 70760-769
Tel 3340-8386 e Cel 8156-5681
E-mail: teotonioluz@terra.com.br


comentários:

Teotônio Luz disse...
Não poderia haver iniciativa mais grandiosa e histórica para a Genealogia nesse Estado do que criar o próprio Instituto de Genealogia. Minhas sinceras congratulações a todos por tão nobre ato. Gostaria de receber o endereço do INRG para fazer doação do meu livro GENEALOGIA DA FAMÍLIA LUZ, com 948 páginas. Abraços. Teotônio Luz

1 de Dezembro de 2009 20:39

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS

Ormuz, como velho saudosista, agradeço o envio desse e-mail.
Agora lamentamos que as autoridades tenham achado mais facil derrubar o ficus Benjamim, que combater os lacerdinhas.
Obrigado,

José Hélio de Mederiros
Natal RN

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

UNIÃO BRASILEIRA DE ESCRITORES - UBE

UNIÃO BRASILEIRA DE ESCRITORES

Senhor Escritor: ORMUZ BARBALHO SIMONETTI


A União Brasileira de Escritores – UEB/RN, fundada no Rio Grande do Norte por Dom Nivaldo Monte, Zila Mamede, entre outros, informa a Vossa Senhoria que seu nome foi aprovado por unanimidade para ingressar na entidade, na qualidade de Sócio Efetivo, na reunião do dia 17.11.2009.

Cordialmente,

Eduardo Gosson

A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS

ORMUZ BARBALHO SIMONETTI (Presidente do Instituto Norte-Riograndense de Genealogia-INRG e membro do IHGRN)www.ormuzsimonetti@yahoo.com.br

Publicada em "O JORNAL DE HOJE", edição de 26/11/2009

Pipa, coqueiros e pássaros.

"sinfonia de pardais anunciando o amanhecer... ”

Existe na Pipa uma área com cerca de 1600 m2 onde se localizam quatro casas, remanescentes de uma rua que outrora existia. Dessas quatro casas que restaram, a última da esquerda, de quem olha para o mar, pertenceu ao nativo Celestino Luiz Barbosa. Ao lado dela, existiam mais sete casas assim distribuídas: a de João de Chico, a de Maria Fidelis, a de Maria Segunda Fidelis, a de Conceição de Jovino, posteriormente comprada por Alfredo Clímaco de Carvalho, a de Ana de Joaquina, a de Manoel de Henetério que foi comprada por Cleto Gadelha e seu cunhado Luiz Grilo e por último a casa de José Luiz. Essas casas faziam parte da tal rua que existiu até a década de 60.

Infelizmente os proprietários não as protegeram devidamente e como o avanço do mar, foram totalmente destruídas. Hoje, em seu lugar estão localizadas as “barracas” que atendem com bebidas e pratos típicos, moradores, visitantes e principalmente os turistas.

Para surpresa dos que não conheceram a Pipa naquela época, era exatamente nessa rua onde eram feitas as vaquejadas. Essa tradição nordestina fazia parte das festividades que se realizavam no dia 19 de janeiro, data em que a comunidade comemora o dia dedicado ao santo padroeiro, São Sebastião.

Pois bem, é nesse pedacinho de chão que hoje existe a maior concentração de coqueiros de toda a praia da Pipa. O motivo do aglomerado dessas palmeiras é que como os quintais ficavam voltados para o mar e os antigos proprietários dessas casas plantavam os coqueiros sem nenhuma preocupação quanto à distância entre as plantas, era e ainda é comum se ver coqueiros ligados uns aos outros ou mesmo com espaços muito reduzidos entre eles.

Tivemos a sorte de ser proprietário da segunda dessas quatro casas, que na década de 40/50 pertenceu aos nativos: Pedro Estevão e depois a Manoel de Chico. Posteriormente foi adquirida por José Medeiros, que muito embora, nativo da cidade de Santa Cruz-RN, apaixonou-se pela Pipa na primeira vez que lá esteve a convite de um amigo. No ano seguinte já era proprietário dessa casa e nela veraneou por vários anos até que em 1975 foi comprada por nós.

Na atual casa da esquina existiam cinco coqueiros, inclusive o coqueiro que durante muitos anos foi o cartão postal da praia da Pipa. Sua imagem chegou aos quatro cantos da terra. Ele foi retratado em cartões postais, telas, quadros, camisetas e hoje, com certeza, faz parte de muitos álbuns de retratos, espalhados por esse mundo a fora.
Era um coqueiro de porte imponente, dizem os moradores mais antigos, com mais de 100 anos de idade. Seu tronco antes de tomar o sentido vertical, fazia uma grande curva em direção ao mar como se quisesse se destacar de todos os demais, dando-lhes aquela característica visual de beleza e poesia.

Os visitantes, que obrigatoriamente passavam por ele quando andavam pela beira da praia, não resistiam a uma fotografia de recordação. Muitos subiam em seu tronco, que no início se estendia rente as areias, para registrar aquele momento de beleza singular. Hoje infelizmente esse coqueiro não existe mais, vítima que foi da ganância, ignorância e insensibilidade de algumas pessoas.

Atualmente apenas nove coqueiros ainda continuam adornando essas casas, dos mais de 20 que existiam. Alguns foram sacrificados para o aumento das moradias e no ano passado mais um pereceu, desta vez pela ação da natureza. Não resistiu a uma forte rajada de ventos e tombou na praia.
O que seriam das nossas praias sem a presença dos coqueiros sua árvore símbolo? Eles estão presentes em praticamente todas as praias. Aqui chegaram bem antes que essas terras fossem descobertas pelos europeus.

É nesse pequeno espaço, que todas as manhãs e principalmente à tardinha, quando o sol vai quebrando lá pra o fim do mundo, que os sanhaços se reúnem para uma apresentação de seu harmônico coral. São dezenas deles que de coqueiro em coqueiro, cantam suas mais belas melodias. Às vezes, emitem também sons sibilantes, quando se entrelaçando em pleno vôo, entre namoros e disputa de companheiras.

É a visão maravilhosa desses pássaros que na amanhecensa e principalmente ao entardecer, nos brinda com esse maravilhoso balet musical. São momentos como esses, quando observamos a exuberante força da natureza exercendo seu poder de criação, em que devemos nos perguntar: o que temos feito para defendê-la e preservá-la?

Em Natal, seus moradores e visitantes, podem também, serem brindados com a sinfonia dos sanhaços. Basta para isso, aguardar as manhãs e tardes, em frente ao Cartório de Armando Fagundes na Rua Junqueira Aires n° 532. Na copa dos centenários fícus Benjamin, árvore responsável pela antiga arborização da cidade de Natal, dezenas de sanhaços brindam os que lá estiverem com seus gorjeios maravilhosos.
Sua cor original é azul celeste. Mas, os que habitam próximo ao mar, a natureza dotou-lhe da possibilidade de escurecer suas penas, tornando-as com a coloração esverdeada, próximo a dos coqueiros, sua árvore preferida. Esse mimetismo facilita a caça de insetos e larvas, que habitam as copas das árvores e constituem a base de sua dieta alimentar.

Outrora, a Pipa era um paraíso ornitológico com diversas espécimes com suas belas plumagens e cantos melodiosos. Eram canários da terra, galos de campina, rouxinóis, bem-te-vis, guriatãs, pássaros pega, o nosso encontro-de-ouro, e até mesmo os raros concris ou currupião, e xexéus, que vez por outra, se aventuravam pelos quintais repletos de mangueiras, cajueiros, jaqueiras e outras fruteiras cheias de frutos maduros e cheirosos.

Foi quando na década de 70, chegam a esse édem, os famigerados pardais. Esse pássaro, que não é silvestre, chegou a nossa região vinda do sudeste, possivelmente do Rio de Janeiro. Acredita-se que tenha chegado ao Brasil, vindos de Portugal, por volta de 1908, por ocasião da febre amarela. Julgava-se que os pássaros comiam os mosquitos transmissores da doença. Pura ignorância.
Foi, e ainda é, um verdadeiro desastre para a nossa fauna. Tornou-se uma praga devastadora de nossas aves silvestres de pequeno porte. Pesquisas com esses pássaros mostraram que são portadores e transmissores de ninfas de barbeiro. Seus ninhos são infectados por percevejos, ácaros, piolhos e podem ser disseminadores do vírus da peste aviária, da doença de Newcastle e outras zoonoses transmitidas pelas suas fezes. Pássaro oportunista, de temperamento agressivo e corajoso, não se intimida com a presença humana, pelo contrário, adapta-se bem a convivência com os humanos, pois garantem farta alimentação, se utilizando do nosso lixo.

Nidificam durante todo o ano e a postura geralmente é feita em um só ninho por diversas fêmeas, o que lhe garante uma excelente proliferação.Bastante territoriais e sempre agindo em bandos, expulsaram com facilidade a grande maioria dos pássaros de pequeno porte. Adota também a técnica de invasão de ninhos, destruindo os ovos dos concorrentes.
Na Pipa, apenas os bem-te-vis, as rolinhas cafofa e os sanhaçus, conseguiram resistir à ação desses predadores.
Somente o poeta, em seu mais sublime momento de criação, poderia chamar de “sinfonia”, aquele som exasperante, transmitidos por essas aves.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS

Ormuz,
Se tem uma coisa que eu adoro e que me faz viajar no tempo é
acompanhar suas postagens sobre a Pipa em seu blog.
Quem viveu e conviveu com a Pipa dos anos 70/80, certamente tem
muita história para contar. A começar pelas festinhas de radiola ao som de
Roberto Carlos; pelas noites de violão e lua cheia, que sempre terminavam
em "loba", iniciada pela dupla Roberto Luiz e Lola; pela paquera que era
consumada com um pedido de "colo"; pelos banhos de mar no final da tarde,
ou até mesmo pelo puxa-puxa de Candinha, da deliciosa fritada de peixe da
casa de Zelminha, pelo "friviado" vendido pelos nativos, pelos perus
arrematados nas festas de São Sebastião, ou até pelas galinhas roubadas nas
casas de Cirene e de Candinha, sempre com o aval dos netos-cúmplices,
Rogério e Danilo Júnior.
Até o cheiro da Pipa era algo especial. Cheiro do óleo Johnson,
que mamãe passava no meu cabelo, do perfume Contouré, do Peixe a Cavala com
pirão, da manga espada. Ah, esse peixe era uma coisa dos deuses... não tinha
restaurante de lugar nenhum que se igualasse ao seu sabor e ao seu cheiro. A
manga espada, então, nem se fala. Além de ser a manga mais gostosa do mundo,
a da Pipa fazia parte do ritual do banho-de-mar.
Para completar todas essas lembranças, não posso deixar de
lembrar da visitinha ao Morro da Cruz, que garantia a volta no próximo
veraneio. Para nós, então, que morávamos em Recife, essa volta era aguardada
durante o ano todo. E, para mim, que sou aniversariante de janeiro, a Pipa
tinha um sabor ainda mais especial. Acordava no dia 17 de janeiro, olhava
para a Pedra de São Sebastião e ganhava um beijo da minha madrinha tão
querida, Neusa Barbalho. Ela sempre tão doce e carinhosa, parecia que
adivinhava os meus gostos em seus presentes, que sempre vinham acompanhados
com um envelope de dinheiro, escrito com uma letra tão perfeita, de
caligrafia vertical: “ À minha querida Afilhada Ana Cristina”. Hoje, aos
seus bem vividos 98 anos, faço questão de retribuir todos os maravilhosos
aniversários em que recebi a sua abênção. Não deixo de visitá-la no dia 7 de
outubro, seu aniversário.
Enfim, Ormuz, quero lhe parabenizar pelo blog e incentivar a
divulgação do mesmo, para que os nossos colegas veranistas compartilhem
também dessa oportunidade de ler tão lindas palavras.
Beijo,

Ana Cristina Felinto de Carvalho
Fone: +55(84)8866.5476
E-mail: ana.cristina@natal.rn.gov.br

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

PIPA EM NOITE DE LUA

SÃO SEBASTIÃO DA PEDRA - PRAIA DA PIPA

SÃO SEBASTIÃO - O PADROEIRO DA PRAIA DA PIPA



Mais uma vez a imagem do Padroeiro da Praia da Pipa SÃO SEBASTIÃO, recebeu nova pintura e esta pronto para as festividades de dia 19 de janeiro de 2010, quando se comemora o seu dia. Nessa ocasião, sairá de seu pedestal localizado em uma pedra dentro do mar, e será conduzida nos ombros dos fiéis, prática antiga utilizada nos anos 50, e que retornará a partir desse ano. Após as festividades, retornará para seu pedestal e só será retirado novamente por ocasião das festividades do próximo ano..

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

GENEALOGIA DOS TRONCOS FAMILIARES DE GOIANINHA

Em 2008, o norte-riograndense Ormuz Barbalho Simonetti publicou o seu "GENEALOGIA dos Troncos Familiares de Goianinha - RN". Um portentoso livro que resultou dos estudos que o genealogista realizou, inicialmente em seu próprio núcleo familiar, e que foram a seguir ampliados por suas exaustivas pesquisas em bibliotecas, igrejas, cemitérios, Instituto Histórico e Geográfico (IHGRN) e Cúria Metropolitana de Natal.
Reunindo e organizando esses dados obtidos com paciência beneditina, Ormuz logrou construir as árvores genealógicas dos dez principais troncos familiares de Goianinha: Revoredo, Grillo, Barbalho, Barbalho de Jacumirim - Serrinha, Barbalho de Afonso Bezerra, Simonetti, Villa, Lisboa, Fagundes e Marinho. De modo a mapear cerca de doze mil almas dessas famílias potiguares, em suas intrincadas e complexas relações parentais através dos tempos, e o que certamente faz da obra "GENEALOGIA" uma das maiores do gênero no Brasil.
E se é fato que Rio Grande do Norte muito deve à Goianinha, este município também muito passa a dever a Ormuz por seu importante trabalho.


Abraço.

Paulo Gurgel Carlos da Silva
Frtaleza - CE

terça-feira, 3 de novembro de 2009

A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS

Valeu Ormuz.
Ao meu ver, um dos melhores textos seus.
Cada vez mais aprimorados.

Bartomeu Correia de Melo(Bartola)
Natal-RN

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS

ORMUZ BARBALHO SIMONETTI (Presidente do Instituto Norte-Riograndense de Genealogia-INRG e membro do IHGRN)
www.ormuzsimonetti@yahoo.com.br

Publicada no "O JORNAL DE HOJE" dia 30 de outubro de 2009

PIPA, SAUDOSOS VERANISTAS – Maurinio Sena

No dia 07 de fevereiro de 1981 foi feito o primeiro teste da energia elétrica na Pipa. Logo em seguida, todos os veranistas se apressaram para instalar em cacimbas já existentes, ou em poços artesianos previamente cavados, bombas elétricas para abastecer as caixas d’água. Esse abastecimento até então feito com muito sacrifício à custa de horas a fio, “se exercitando” nas antigas e pesadas bombas manuais “Morumbi”, que na época era o que de melhor existia no mercado.

Para se conseguir pouco mais de 1.000 litros d’água, era preciso muito suor e alguns calos nas mãos. Essa tarefa era delegada aos homens da casa já que as mulheres se encarregavam apenas de gastar o precioso líquido em suas atividades domésticas. E como quem recebe “de graça” não se preocupa em gastar, nossas mãos viviam cheias de calos.

Foi nessa época que eu, juntamente com os saudosos Múcio Barbalho e Evilásio de Souza Lima, nos especializamos na instalação desses equipamentos. Esse serviço, embora gratuito, era executado com todo profissionalismo da equipe, que sempre dava um jeito de receber pelo “serviço prestado” de uma forma, digamos, mais sutil. Os serviços eram agendados sempre para os fins-de-semana. Começávamos lá pelas 10 horas da manhã, para que, calculadamente, pudéssemos chegar e atravessar com folga a hora do almoço. A única responsabilidade do dono da casa era de nos abastecer, durante a realização do serviço, com cerveja gelada, cachaça e tira-gostos, também chamados na época de parede, à vontade.

Numa dessas ocasiões, a instalação da bomba foi na casa de Maurinio Sena. Como ele ainda não havia feito o poço, que na praia era conhecido como “poço tubular”, por ser feito com tubos de PVC, o equipamento seria instalado numa cacimba. Começamos o serviço na hora marcada e com pouco mais de uma hora e meia de trabalho o equipamento já estava pronto para o funcionamento. Era nesse instante que começava toda a malandragem. Alguém dava um jeito de afrouxar uma das conexões que ficavam longe das vistas dos curiosos e isso provocava a entrada de ar no sistema, impedindo seu funcionamento. Era então feito uma pausa para o descanso que sempre vinha acompanhada das bebidas e dos petiscos.

Depois de várias horas de descanso, sempre alguém se oferecia para resolver o “problema”, mas nunca encontrava o tal defeito. Nesse dia especificamente, o problema só teve solução quando já escurecia e os técnicos, juntamente com outros participantes da farra, já bem “melados”, tinham devorado todo o tira gosto disponível e já estavam tomando, como caldo, até mesmo a sopa que dona Lindalva, esposa de Maurinio, havia preparado para o jantar. E tudo isso com a devida cumplicidade do esposo, que era quem mais gostava dessas brincadeiras. Essa intimidade era comum entre nós. Numa dessas farras na minha casa, Maurinio passava pela cozinha, retornando do banheiro, quando viu a mamadeira de leite que minha esposa tinha preparado para nossa primeira filha, hoje com 30 anos de idade. Não teve dúvidas, atacou a mamadeira e sem mesmo tirar o bico, tomou o mingau até o último gole, depois de mandar para dentro uma boa lapada de cana.

Começou a freqüentar a Pipa nos anos cinqüenta e se hospedava na casa de Arthur de Flora. Os veraneios começaram em 1978 logo após ter comprado a casa que pertencia a Francisquinho. A partir desse ano, sempre passava os meses de janeiro e fevereiro veraneando com a família e só retornava à Natal, como a maioria dos veranistas, após o carnaval. Com o seu jeito simples e amigável, conquistou logo a comunidade e também os veranistas. Como sua casa ficava em frente ao porto dos barcos, sempre aos finais de tarde lá estava ele em seu alpendre, rodeado de pescadores, que iam trocar dois dedos de prosa, enquanto aguardava os botes que regressavam da pesca. Foi esse relacionamento fraterno que mantinha com a comunidade, que no fatídico dia 7 de fevereiro de 1994, dia de sua morte, presenciamos, emocionados, a maior prova de amizade e gratidão dos nativos para com aquele que esteve sempre à disposição daquela comunidade.

Inexplicavelmente, resolveu comemorar seu aniversário uma semana antes. Fez uma grande festa em sua casa e foi muito prestigiado com a presença de parentes e amigos. No outro dia, acordou mais cede que de costume e não esperou pelo seu amigo e companheiro de caminhada, Edison Costa de Mello. Naquela manhã, resolveu caminhar sozinho. Seguiu no sentido da Pedra do Moleque e chegou até a praia das Minas, onde seu corpo foi encontrado por um grupo de turistas, que também faziam caminhadas naquelas praias desertas, já próximo a praia de Sibaúma.

Logo chegou a notícia na Pipa e muitas pessoas da comunidade correram para o local. Eram homens, mulheres e até crianças que seguiam os pais, todos fizeram questão de ir ao local onde o corpo ainda se encontrava.
Depois que uma das filhas autorizou a remoção, os homens o puseram em uma rede e o conduziu, barreira acima, em terreno íngreme e de difícil caminhada, até a Pipa. O cortejo seguiu no mais completo silêncio, em respeito à dor dos familiares e amigos daquele que por tantos anos conviveu naquela comunidade como se lá tivesse nascido. Tinha tantas mãos e ombros querendo ajudar naquela caminhada de volta pra casa, que muitas vezes, o pau da vela de um barco, que utilizaram para armar a rede onde conduziram o corpo, era a toda hora disputado por aqueles que seguiam o triste cortejo. Foi deveras emocionante essa demonstração de respeito e amizade.

Várias pessoas na Pipa se ofereceram para trazê-lo, de onde ele foi encontrado, em seu carro, percorrendo uma precária estrada que chegava próxima a praia das Minas, o que foi prontamente recusado. Os amigos fizeram questão que o seu último retorno para casa, fosse feito em seus ombros e braços. Queriam com essa atitude prestar a última homenagear ao amigo e companheiro que muito embora nascido em terras Pernambucana, adotou aquele pedaço de chão como sendo a sua terra natal.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

ASSEMBLÉIA GERAL EXTRAORDINÁRIA - CONVOCAÇÃO

INSTITUTO NORTE-RIOGRANDENSE DE GENEALOGIA – INRG
CONVOCAÇÃO DE ASSEMBLÉIA GERAL EXTRAORDINÁRIA

O INSTITUTO NORTE-RIOGRANDENSE DE GENEALOGIA – INRG, através do seu Presidente, no final assinado, vem convocar todos os seus sócios fundadores para uma Assembléia Geral Extraordinária, da forma seguinte:
Data: dia 16 (dezesseis) de novembro do ano em curso.
Local: Rua Mipibu nº 443 – Cidade Alta (Academia Norte-rio-grandense de Letras).
Horário: 17:00 (dezessete) horas, em primeira convocação, com no mínimo 1/3 (um terço) do seu quadro social e, em segunda convocação, pelas 17:30 (dezessete e trinta) horas, com qualquer número.
Finalidade: apreciar e decidir sobre o seu Estatuto Social, para fins de registro no Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas desta Comarca de Natal e demais providências de direito e apreciar outros assuntos correlatos.

Natal, 04 de novembro de 2009

ORMUZ BARBALHO SIMONETTI
Presidente

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

INSTITUTO HISTÓRICO DO ESPÍRITO SANTO

Convite

A Assembleia Legislativa do Estado do Espírito Santo, por meio de seu presidente, deputado Elcio Alvares, deputada Luzia Toledo, Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo, e a Academia Espírito-santense de Letras, tem o prazer de convidar V. Exa. para a Sessão Especial para palestras sobre data comemorativa do Sesquicentenário do nascimento de Afonso Cláudio.

21 de outubro de 2009 (quarta-feira)

19h

Plenário Dirceu Cardoso - Assembleia Legislativa do Espírito Santo.

sábado, 17 de outubro de 2009

A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS

Caro Ormuz, a sua cronica -"Pipa - Agricultura e fervilhado", confirma a sua capacidade de ESCRITOR. A descrição que você faz da mandioca desde a sua plantação até o final do seu aproveitamento, o "fervilhado" tão gostoso e apreciado por todos os veranistas , bem como todo o teor da crônica, as casas de
farinha, etc. com tanta propriedade não só é valorizada e emocionante , como também compreendida por quem vivenciou, como eu no Engenho Bom Destino , do meu sogro Antonio Conrado que tinha também Casa de Farinha . Eu, que morava ali,. gostava de ir a Casa de farinha , conversar com aqueles mais velhos que contavam estorias engraçadas e me impressionava com os moedores de mandioca que mesmo moendo a roda não deixavam de cantar ou de assobiar, animando o ambiente,Você meu amigo, a cada crônica que leio, me faz lembrar tantas coisas boas , as vezes nem tanto, mas todas emocionantes que me remetem a minha convivência com Evilásio, cuja lembrança é uma costante em todas essas passagens ai na Pipa. Parabens e que Deus te ilumine cada vez mais.Beijos.

Geraldina Fagundes - Dina
Goianinha - RN

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS

ORMUZ BARBALHO SIMONETTI (Presidente do Instituto Norte-Riograndense de Genealogia-INRG e membro do IHGRN)

www.ormuzsimonetti@yahoo.com.br

PIPA – A AGRICULTURA E O FREVILHADO

Eu tava na peneira eu tava peneirando eu tava no namoro eu tava namorando."

Até a década de 80, a comunidade da Pipa vivia exclusivamente da pesca e da agricultura. Os “roçados” eram feitos em cima das falésias onde outrora se debruçava a mata atlântica. Na preparação dos roçados, primeiro se escolhia um local que tivesse a vegetação menos densa para facilitar o desmate, em seguida o mato era cortado de foice, operação que se dava o nome de “broca”.
Dias depois, quando o mato já estava bem seco, se ateava fogo, a maneira mais fácil e barata de limpar a área. Essa prática também contribuía na fertilização da terra pelas cinzas ricas em fósforo e potássio, produzidos pela queima do mato. Os índios, nossos primeiros habitantes, já se utilizavam dessa técnica no plantio de seus roçados também chamados de mandiotuba. Nos dias de hoje, a queimada ainda é bastante utilizada em todo o país, principalmente pelas comunidades mais pobres.

Os roçados, a princípio feitos próximos as moradias, com o passar do tempo e pelo esgotamento da terra, iam sendo localizados mais distantes, sempre em direção ao rio Galhardo. Como a tendência da terra era enfraquecer, seja pelo manejo inadequado do solo ou pelo uso de técnicas rudimentares no seu preparo, essas áreas eram exploradas no máximo por dois anos. Ao fim desse período, o roçado era mudado para outro local e começavam tudo novamente.

O preparo da terra se dava no início de setembro para que pudessem realizar o plantio nas primeiras chuvas ocorridas em janeiro, conhecidas como chuva do caju. Nesses roçados plantavam feijão, milho e principalmente a mandioca e em quantidade reduzida também a macaxeira, conhecida no sul do país pelo nome de aipim. A macaxeira, mais exigente em relação ao tipo solo, era cultivada de preferência em áreas úmidas de paul e aluvião. Esses solos só eram encontrados as margens do rio Galhardo.

O feijão e o milho sempre eram plantavam em consórcio com a mandioca, para um melhor aproveitamento de área. Por terem círculos vegetativos diferentes, primeiro era colhido o feijão, verde e seco, acontecendo da mesma forma com o milho. Este, quando colhido verde, era muito utilizado na confecção de canjicas, bolos e pamonhas. E por último a mandioca, que tendo um círculo mais longo, era colhida somente no ano seguinte.

Os cereais, depois de separado o que seria consumido pela família durante o ano, eram comercializados nas feiras de Goianinha, Arês, Canguaretama e Vila Flor. Já a mandioca, passava por vários processos antes de sua comercialização. Como na época não havia o hábito da venda do produto “in natura” destinado a ração animal, prática muito utilizada na atualidade, as raízes eram beneficiadas antes de sua comercialização.

O beneficiamento era feito nas chamadas “casas de farinha”. Depois de colhidas as raízes eram descascadas em seguida passadas em um ralador e transformava-se em uma massa. Esta depois de prensada era levada ao forno para ser torrada e transformava em farinha, base da alimentação da comunidade. Além da farinha, também se extraia a fécula, conhecida como goma, que da mandioca é o produto mais nobre. Dela se fabrica tapiocas, beijus, conhecido como mbyú, grudes, biscoitos, sequilhos etc.

Foi por volta do ano de 1930 que Chico de Amara, pai de Maria Alves, teve a idéia de misturar à goma uma porção maior do coco seco ralado que já utilizava na fabricação do “grude”. Depois, sem que a mistura fosse comprimida, era levada ao forno por alguns minutos, de onde nasceu o famoso “frevilhado”. Essa espécie de tapioca, redonda com média de 8 cm de diâmetro, tem sabor inigualável, além de muito apreciado pelos nativos, também era bastante consumida pelos veranistas e os poucos visitantes que se aventuravam na Pipa daquela época. Posteriormente, várias pessoas da comunidade passaram a produzir o frevilhado. Este era vendido, durante a semana, na própria comunidade e nos fins de semana nas feiras da região.

Maria Alves, nativa da praia da Pipa, que ainda hoje se dedica à sua fabricação, conta que desde muito pequena conviveu com essa atividade. Seu pai, criador da guloseima, conseguiu sustentar toda a família com a venda de produtos derivados da mandioca, principalmente o frevilhado. Naquela época a comercialização era realizada nas cidades mais próximas. Dependendo do dia da feira, o frivilhado era feito sempre na véspera, à noite arrumava a produção em um balaio, que além dos frevilhados levavam: grudes, beijus e tapiocas.

Acomodado na cabeça, o balaio bem recheado e pesando média de 20 quilos, era conduzido pelos homens, que viajavam, a pé, geralmente acompanhados por filhos ou esposa. Saia da Pipa aí pelas 10 horas e andavam durante toda a noite para amanhecer o dia no local das feiras. A recompensa pelo tamanho sacrifício era a certeza do retorno pra casa com a produção toda vendida, alguns cruzeiros no bolso e o balaio bem mais maneiro.

Durante esse período existiam na Pipa várias casas de farinha. A primeira foi a do velho Castelo, pai de Domitila que ficava onde hoje é a casa de Honório. Depois vieram a de João Pegado, Chico Marcelina, Tereza, Zé Gago e Manoel Lopes. No auge da produção de mandioca, todas essas casas de farinha trabalhavam dia e noite para dar conta das colheitas. Os agricultores que não possuíam essas casas de beneficiamento, alugavam dos outros que eram proprietários. Esse aluguel era pago com um percentual da produção que se dava o nome de “conga”. A cada 30 cuias de farinha produzidas, seis eram dadas em pagamento.

A primeira casa de farinha construída na Pipa foi a de Vicência Castelo e a última a de Manoel Lopes que foi demolida em 1982. Até a década de 80 era comum, durante o veraneio, agente ser acordado bem cedo, aí pelas seis da matina, com os gritos estridulante dos garotos que anunciavam: i êêê o friviaaaaaaaaaaaaadoooooo, bem fresquiiiiiiinhooooo.

As terras, outrora plantadas com lavoura, hoje estão tomadas por casas de morada, hotéis e pousadas, numa desenfreada especulação imobiliária que enriquece alguns poucos e empobrece e marginaliza os nativos. As matas foram devastadas e com ela a frágil fauna existente na região. O coelho, a cutia, o jacú e a sariema, desapareceram completamente. Até mesmo os periquitos jandaia que revoavam em bandos com seu chalrar estridentes, há tempos já não são vistos. Apenas as rolinhas cafofa, imponentes no seu porte e com suas vistosas penas pedrês, empoleiradas nas cumieiras das casas, ainda insiste no seu canto triste, “fogo-pagou”. . . “ fogo-pagou” . . .”fogo-pagou”, numa luta desesperada para sobreviver, em uma Pipa moderna, que não pára de crescer.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS

Caro primo Ormuz,

Sinto-me imensamente feliz ao ler com atenção as crônicas publicadas por você sobre a Pipa, flagrantes colhidos em seus veraneios, as peculiares viagens de ida e vinda, especialmente, dos muitos veranistas que marcaram aquele pequeno Torrão querido e seus freqüentadores e nativos, pelo amor, alegria e desconcentração, criando profundo elo de amizades naqueles tempos idos e vividos com muita intensidade até hoje.
Comecei a freqüentar a Pipa com um mês de vida. Foi a minha primeira viagem. Do Bemfica onde nasci, até lá, na diligência de vovô Odilon. Meus pais tinham aquele pequeno lugar como o paraíso de seus sonhos e de seu amor. O segmento da fantasia maior de suas vidas, de seus devaneios. Com eles e os demais familiares aprendemos a amar com indelével e intraduzível amor a Pipa, eterna em nossas vidas.
Segundo Fernando Sabino, “as nossas almas sempre pairam sobre os lugares onde um dia, fomos felizes”.
É assim que fica minha alma, quando os sonhos ou as lembranças evocam a praia onde tudo fala ao coração, pela expressão exuberante de suas belezas naturais, a calidez de suas águas cristalinas, o nascer do sol e da lua por traz do coqueiral do inesquecível Morro dos Amores, palco e testemunha das manifestações do amor de nossa juventude. Quem não se lembra do por do sol com a grandiosa visão dos barcos adentrando a boca da barra com suas velas brancas ao retornarem de suas heróicas pescarias em alto mar!
Trago a marca registrada na memória o encantamento que a Pipa proporciona aos corações enamorados, em suas noites de luar, embaladas pela harmonia entre o barulho das ondas e as melodias românticas que soam aos ouvidos com o selo da imortalidade.
Portanto, meu queridíssimo primo Ormuz, você me fez novamente passear pelo recanto da utopia que se chama Pipa, em suas páginas inspiradas e inspiradoras.
Colocou-me frente a muitos dos nossos familiares e amigos que, saudosamente, partiram para a eternidade e nos legaram muito do que somos e temos. Foi assim que ao falar de Cleto Gadelha, proporcionou a memória já um tanto adormecida pelo tempo, mergulhar fundo nos valores humanos e transcendentais desta pessoa ímpar que a genética tornou-me sua sobrinha, e a amizade, retidão de propósito, solidariedade, extremo amor e dedicação pela família, fez-me e a muitos seus admiradores. Amava estes momentos de veraneios, que eram e são grandes encontros, de forma total, profunda, contagiando pela sua alegria, especialmente, quando de promissoras pescarias e caçadas, sempre comemoradas com várias “lapadas”, regadas de apetitosos tira-gostos. Ele por assim dizer, trazia a Pipa submersa no íntimo do seu ser total, não cabendo em seu pensar, lugar melhor que não se chamasse Pipa, festejos e veraneios, comparáveis com os vivenciados lá. E de lá só saiu para experimentar os semelhantes valores nos páramos celestiais.
Que saudades!
Evilásio de Souza Lima, grande amigo, também lembrado por você, sem o qual não se reconstrói as memórias da Pipa “in totum”.
E agora me vem à memória Tio Luiz Grilo com sua alegria e seu anedotário e a forma peculiar e extrovertida da sua narração, sempre batendo as pernas, e, rindo bem antes da conclusão dos fatos. Ele também como Neném, Maria Gadelha, emolduram o quadro da Pipa, que hoje, você Ormuz, dá novo tom em seus escritos.
E para mostrar com clareza a Pipa ontem, você trouxe às suas páginas, a figura do meu Pai, Venício, que se preocupava com o conserto de todos os lampiões de gás, daquele pequeno recôndito, iluminando as suas saudosas noites escuras. Esta era sua missão maior: iluminar. Não só simbolicamente com as luzes dos lampiões de gás, mas com a alegria que lhe era tão peculiar, a intrínseca e obcecada amizade aos seus, tanto familiares, quanto amigos, a pronta solidariedade, a firmeza de caráter, de valores morais e de fé, adjetivos que lhe imortalizou em meu coração e na minha alma. A saudade do meu Pai é companheira compreensível, em todos os instantes do meu viver. Em tudo o que faço e que sou, há um muito dele.
É, Ormuz, você me levou ao misterioso mundo das lágrimas, pelas muitas lembranças trazidas à tona, no precioso compêndio que há de concluir, com a destreza que lhe é tão própria, afim de que muitos como eu, possam fazer a viagem de volta ao tempo e se identificar com a saudade gostosa dos momentos que experimentamos com muita propriedade no aconchego familiar a felicidade, na Pipa encantada dos seus contos, com a especial bênção do seu padroeiro, São Sebastião.

Natal, 10 de outubro de 2009.
VENEIDE BARBALHO DE MEDEIROS

sábado, 3 de outubro de 2009

A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS

PUBLICADA EM “O JORNALDEHOJE” Sexta-feira 2 de outrubro 2009



ORMUZ BARBALHO SIMONETTI (Presidente do Instituto Norte-Riograndense de Genealogia-INRG e membro do IHGRN)

www.ormuzsimonetti@yahoo.com.br



PIPA, saudosas lembranças

Comecei a veranear na Pipa ainda na barriga de minha mãe, assim como todos os meus irmãos. Meus filhos trilharam o mesmo caminho, e também meu neto. É uma relação muito íntima que temos com aquele pedaço de chão. A família Barbalho/Simonetti iniciou os veraneios na Pipa no ano de 1926, três anos depois do nascimento de minha mãe, hoje com 86 anos de idade.

Como o veraneio acontecia somente no mês de janeiro, passávamos o ano inteiro esperando este acontecimento. Contávamos os dias, as semanas os meses... E quando chegavam as férias do final do ano, a ansiedade era tanta que por muitas vezes, perdia o sono e só adormecia quando era vencido pelo cansaço. Eu não via a hora de subir no caminhão para fazer aquela tão desejada viagem. Na década de 60, já era possível contar com a modernidade e o conforto dos caminhões. Nossos pais viajavam na boleia enquanto que os filhos e empregados acomodavam-se em cima da bagagem que dentre toda a tralha que era levada, não faltava cadeiras e colchões feitos com palha ou junco, para acomodar a todos. As famílias que moravam em Natal, saíam muito cedo e enfrentavam pelo menos 60 quilômetros de estrada de chão, pouco conservada, até a cidade de Goianinha. Eram horas e horas sacudindo na carroceria do velho Dodge até avistar a Usina Estivas. De cima da ladeira podia-se ver ao longe a bela cidade e compreender a exclamação encantada e justa do Dr. Alfredo de Araújo Cunha (1861-1929) que olhando o casario branco da cidadezinha clara disse: – Goianinha! Pátria de Anjos!

Depois de descer a ladeira com dificuldade, alcançávamos o vale e a partir dali mais três quilômetros depois, entrávamos triunfantes na cidade. Estava vencida a primeira etapa da estafante viajem.

Uma parada “estratégica” na casa de meu avô Odilon Barbalho e o almoço estava garantido. Daí por diante começava o trecho mais complicado e sofrido da viagem. Era comum os velhos caminhões, após certa jornada, pararem por aquecimento no motor, mas nada que não fosse resolvido com uma boa lata d’água no radiador e logo já estavam de volta à estrada. Continuava a viagem com se nada tivesse acontecido. Não havia possibilidade de fazer toda aquela viagem sem dar um “prego”. Se não acontecia no trecho vencido entre Natal e Goianinha, podia contar que até a Pipa, não havia reza forte que fizesse chegar ao destino sem o famoso “prego”.

Não se esperava nem o sol esfriar, pois esse trecho era mais deserto e se por acaso houvesse algum imprevisto no caminho, tinha tempo para realizar o conserto e chegar ao destino antes do anoitecer. Até o distrito de Piau a viagem seguia sem maiores problemas. Depois que entravamos nos “taboleiros” a estrada se tornava ainda mais precária. Geralmente essa estrada era utilizada somente por animais de carga e pessoas que faziam a pé o caminho entre Piau e Pipa. Por ser rara a passagem de carros, não havia nenhuma manutenção. Em determinados trechos a vegetação lateral era praticamente aberta pelo para choque do caminhão e acima de nossas cabeças as árvores se fechava totalmente formando um túnel de galhos e folhas. De tão próximos, era possível apanhar de cima da carroceria do caminhão, cajus, mangabas e outras frutinhas mussambê.

Havia dois pontos que eram temidos pelos motoristas por causa de sua difícil transposição: A ladeira do Rio Galhardo e a ladeira do Sanharão. Na primeira, além da dificuldade de vencer a subida de areias frouxas, ainda tinha o problema do rio que, embora raso, impedia que o caminhão tomasse alguma velocidade. Nesses dois pontos desciam todos, e a ladeira era vencida a pé. Ficava somente o motorista na direção e o “calunga”, alcunha do ajudante, que de cepo na mão e em constante sintonia com o motorista faziam, metro a metro, o veículo vencer ladeira a cima, as terríveis areias daquele trecho. O cepo era uma peça de madeira com uns 50 cm de comprimento por uns 20 cm de altura que se colocava atrás das rodas traseiras do caminhão, impedindo que ele descesse após alguns metros de subida. “Nunca esqueci os gritos ofegantes do motorista: “. . .bota o cepo”, e. . . pouco depois, “Tira o cepo. . .” Sempre que o caminhão vencia um pouco da areia, era colocado o tal cepo para que ele não retornasse. Depois de algum descanso, lá se vai mais uma tentativa. Vencido alguns metros de areia, novamente o cepo era colocado, e assim até que chegasse ao topo. Na ladeira do Sanharão, acontecia a mesma coisa, porém com mais dificuldade, pois além do percurso ser maior, havia uma curva na metade da ladeira que dificultava à subida. E depois de praticamente um dia inteiro de viagem, chegávamos ao nosso destino.

Até o final da década de 70 não existia energia elétrica na Pipa. A iluminação das casas era feitas com as lâmpadas a querosene. As marcas Coleman e Aladim era as mais conhecidas. O querosene utilizado era o nosso velho “Esso Jacaré”. Essas lâmpadas era o que existia de mais moderno. Durante as refeições noturnas ficavam nas salas de jantar e posteriormente eram transferidas para os alpendres, onde as famílias se reunião pra conversar amenidades ou mesmo jogar um carteado à base de sete e meio, buraco, pif-paf ou relancim. Os candeeiros, lamparinas e lampiões eram usados na iluminação dos quartos, cozinhas e banheiros. Os mais afortunados possuíam geladeira também a querosene e tempos depois apareceram as mais modernas que funcionavam com botijões de gás.

Depois de um ano inteiro sem uso, as lâmpadas geralmente apresentavam algum problema de funcionamento e nessa ocasião, entrava em cena tio Venício, irmão de minha mãe, especialista no conserto dessas lâmpadas. De óculos na ponta do nariz e sempre mastigando a língua no lado da boca, não havia defeito que ele não arrumasse. Depois de alguns minutos de trabalho e da colocação de uma “camisa” nova, era só dar algumas bombadas de ar e lá estavam a disposição 500 velas de boa iluminação.

Essas lâmpadas também eram utilizadas para iluminar os banhos noturnos. Quando isso acontecia, era preparada uma quantidade de “caipirinha” feita com a boa cachaça trazida dos engenhos de Goianinha, limão, açúcar e gelo. Este, conseguido as duras penas nas velhas geladeiras, sempre ficava a desejar. Era tudo levado para a beira da praia, juntamente com os “tira gosto”, naquele tempo também chamados de “parede”, previamente preparados pelas mulheres.

As lâmpadas eram colocadas suspensas em um “garajal” – tripé feito de madeira que os nativos subiam para martelar as estacas dos currais-de-peixe – e lá pra diante quando a “marvada” começava a fazer efeito, os adultos ficavam mais relaxados. Era a ocasião que nós adolescentes, esperávamos. Aproveitando algum descuido dos nossos pais, também tomávamos um pouco daquela bebida maravilhosa que nos deixava alegres e risonhos.

Pela manhã os jovens se reuniam em algum daqueles alpendres pra jogar conversa fora. Nós todos éramos parentes e alguns, por morar em outros estados, só se encontravam durante o mês de janeiro, no veraneio na Pipa. Essa ocasião era esperada por todos com muita ansiedade. Como não ter saudade dessas coisas simples? De um tempo feliz de nossas vidas, que sabemos, nunca mais irá voltar.

A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS

Adorei este texto, Tio Ormuz. Tão nostálgico... Cheinho de palavras antigas que gosto de ler. Muito bom!

Beijos,

Juliana Oliveira
NATAL-RN

A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS

Meu caro Ormuz,gostei deste relato.Faço parte desta historia um pouco diferente/meu tempo ocorria no final de ano sempre de 25 dezembro/e 01 janeiro. O caminhõão do saudoso Raimundo de Moraise o de Lindofinho, os caminhões e Ruy e Honório Grilo transportanto a velha mundaça de guerra do rio-da-ponte.Os motoristas Zé Biu seu José Amaro(educado fino)ou mehor bruto, igual a papel de embrulhar prego. E na festa do padroeiro (São Sebastião) mastro Claudionor melado. Parabéns pela narrativa deste fato.

I ENCONTRO NORTE-RIOGRANDENSE DE GENEALOGIA

PUBLICADO NO BLOG "HISTÓRIA E GENEALOGIA" POR ANDERSON TAVARES

O I Encontro de Genealogia do RN, realizado na cidade de Caicó, proporcionou-me não apenas os ensinamentos e discussões acerca da genealogia. Tive a ventura de conhecer e privar da intimidade de criaturas que conhecia dos noticiários seja por suas atividades políticas, religiosas ou mesmo de pesquisa.
O prefeito de Caicó e tesoureiro do nosso Instituto de Genealogia, Bibi Costa, homem de frase curta, ágil e convincente, mostrou-se um excelente genealogista aparteando os demais palestrantes com suas observações sempre oportunas e sensatas. Acompanhou, nos dois dias, as palestras e discussões acerca de genealogia com vivo interesse.

O deputado Vivaldo Costa, irmão de Bibi Costa, discursou ainda no primeiro dia e logo de início, fez-me refletir sobre a verdadeira oligarquia ainda reinante no Rio Grande do Norte. Nada de Albuquerque Maranhão, dos Tavares de Lyra, dos Bezerra de Medeiros, muitos menos Alves e Maia...

A verdadeira oligarquia ainda reinante nestas ribeiras é a dos Araújo Batista que desde os tempos imperiais, tem representante ininterruptamente na Assembleia Legislativa do RN. Vivaldo Costa ainda me relatou, de memória, a árvore genealógica da governadora Vilma de Faria, cuja família tem raízes profundas no Seridó.

Dentre as personalidades presentes ao encontro, destaco o Monsenhor Ausônio Tércio de Araújo, figura fascinante, diretor do Colégio Diocesano de Caicó e que acompanhou todos os debates com interesse de historiador que é.

Homem inteligente e culto, Monsenhor Tércio, que é mestre em Filosofia pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, possui uma imensa biblioteca em sua casa, abordando os mais variados temas, com destaque para a educação. O rigor na formação alimentou o espírito critico calcado em idéias que provem de Aristóteles e São Tomás de Aquino.

Posso ainda destacar o Dr. Antônio Luiz de Medeiros, dentista de profissão e genealogista convicto. Possui um acervo fantástico de livros de batismos, casamentos e óbitos que transcreveu com paciência franciscana, salvando-os da ingratidão dos homens e do tempo para legá-los ao futuro.

Dr. Sinval Costa, decano dos genealogistas do Rio Grande do Norte e sua palavra fácil e segura sobre sua família, seu povo e sua região. Protótipo de genealogista que inspirou os irmãos Bibi e Vivaldo.

Sem falar na convivência com José Joaquim de Medeiros, Francisco Augusto, Arysson Soares, e os meus amigos do litoral João Felipe da Trindade e Ormuz Simonetti com os quais alimentamos esse sonho de reunir os genealogistas de nosso Estado, num coro uníssono em favor da história.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

I ENCONTRO NORTE-RIOGRANDENSE DE GENEALOGIA- CAICÓ RN

A

genealogia do Rio Grande do Norte

João Felipe da Trindade, professor da UFRN e membro do IHGRN (hipotenusa@digi.com.br)

O mês de setembro tem sido um mês auspicioso para a genealogia. Houve um bom avanço neste mês, pois, além de ter sido criado o Instituto de Genealogia, foi realizado o "I Encontro Norteriograndense de Genealogia".

A Assembléia Geral de criação do Instituto Norteriograndense de Genealogia - INRG ocorreu no dia 17 de Setembro, na sede da Academia Norte-Riograndense de Letras. Nessa oportunidade, Ormuz Barbalho Simonetti foi eleito presidente do Instituto. Foram eleitos ainda para compor a diretoria Arysson Soares, Anderson Tavares e Rivaldo Costa (Bibi Costa).

Já o I Encontro Norteriograndense de Genealogia, realização da Prefeitura Municipal de Caicó, ocorreu nos dias 26 e 27 de setembro, no referido município. Entre os temas discutidos destacamos: famílias seridoenses, família Medeiros, família Carlos, famílias cearenses com liame potiguar, famílias norteriograndenses e famílias serranegrenses.

Entre os participantes salientamos os pesquisadores Francisco Augusto de Araújo Lima, Covis Lobo, Sinval Costa, Bibi Costa, Joaquim José de Medeiros Neto, Antonio Luiz de Medeiros, Jaécio de Oliveira Carlos, João Evangelista Romão, Olímpio Maciel, Anderson Tavares e Ormuz Barbalho Simonetti.

Esses dois acontecimentos darão um novo rumo aos estudos genealógicos do Rio Grande do Norte, pois permitirá a troca de informações entre os vários pesquisadores com maior rapidez. É possível, a partir daí, a construção de um banco de dados com todas as informações coletadas pelos diversos estudiosos da genealogia. Teremos, também, uma biblioteca que reunirá as várias obras já editadas sobre genealogia do nosso estado como também os clássicos da genealogia.

Temos observado que muitos sites de prefeituras municipais, ou sobre os municípios contem erros nas suas partes históricas. Há necessidade de revisão desses históricos muitas vezes baseados em informações que se repetem erroneamente ao longo do tempo. Para corrigir essas informações é necessário que os municípios e o estado se interessem pela preservação, digitalização e divulgação dos documentos históricos que estão nos cartórios, nas igrejas, nas câmaras municipais e nas repartições públicas e organismos privados. Assim, todos terão acesso às informações sobre o passado do município e poderão contribuir para a correção das falhas existentes.

É importante salientar que os registros de óbitos, casamentos e batismos da Igreja contém informações riquíssimas para diversas áreas do conhecimento. Todo esse material digitalizado e acessível ao publico pode gerar muitos trabalhos, monografias, teses de mestrado e doutorado.

Para encerrar este artigo, contemplo nossos leitores com a transcrição do casamento de uma índia da Aldeia do Camarão com um escravo vinda do Gentio da Guiné.

"Aos treze de janeyro de mil setecentos e trinta annos na Capella de Nossa Senhora dos Remédios do Cajupiranga desta freguezia de Nossa Senhora da Apresentação do Rio Grande do Norte feytas as denunciaçoens nesta Matris, donde são os Contrahentes freguezes e na dita Capella em cuja Ribeira são moradores e sem se descobrir impedimento em prezença do Reverendo Doutor Bernardo de Payva Freire de licença minha sendo prezentes por testemunhas o Tenente Faustino da Silveira homi cazado Suzana de Oliveira Dona viúva e Maria Gomes da Sylva mulher do Capitão Francisco Fernandes de Carvalho pessoas conhecidas se cazarão solennemente João Barboza do Gentio da Guinê escravo do Capitão Manoel Raposo da Camera, e Vittoria da Costa forra índia natural da Aldea do Camarão donde veio menina moradores todos na sobredita Ribeira do Cajupiranga desta Freguezia freguezes tudo na forma do Sagrado Concilio Tridentino. E pelo asento que veio do dito Reverendo mandei fazer este, em que por verdade asignei. Manoel Correa Gomes, vigário. Faustino da Silveira".

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

CRIADO O INSTITUTO NORTE-RIOGRANDENSE DE GENEALOGIA-INRG

ASSINATURA DO LIVRO DE ATA DA CRIAÇÃO DO INRG

CRIADO O INSTITUTO NORTE-RIOGRANDENSE DE GENEALOGIA-INRG

O Presidente recebe do genealogista Jaécio de Oliveira Carlos um exemplar do seu livro FAMÍLIA CARLOS - Livro de Registro Genealógico.

CRIADO O INSTITUTO NORTE-RIOGRANDENSE DE GENEALOGIA-INRG

FUNDADORES DO INRG NA ACADEMIA NORTE-RIOGRANDENSE DE LETRAS EM 17 DE SETEMBRO DE 2009

CRIADO O INSTITUTO NORTE-RIOGRANDENSE DE GENEALOGIA-INRG

O professor Diógenes da Cunha Lima, Presidente da Academia Norte-Riograndense de Letras, após abrir a Assembléia, passa o comando para o Presidente do INRG Ormuz Barbalho Simonetti que compôs a mesa com os genealogistas Arysson Soares e Rivaldo (Bibi) Costa, prefeito de Caicó, o genealogista e historiador Andesson Tavares e o escritor e advagado Carlos Roberto de Miranda Gomes.

I ENCONTRO NORTE-RIOGRANDENSE DE GENEALOGIA- CAICÓ RN

Foi um sucesso total o I ENCONTRO NORTE-RIOGRANDENSE DE GENEALOGIA em Caicó-RN. Tivemos o prazer de contar com genealogistas precedentes de Pernambuco e do Ceará. Do Rio Grande do Norte vindos de Natal, Currais Novos, Acari além dos vários residentes em Caicó, grande celeiro de estudiosos da genealogia. Palestras, mesa redonda, troca de livros entre os que participaram do evento num clima de total cordialidade, tornou-se o ponto alto desse encontro. Foi comunicado pelo Presidente, após sua palestra de apresentação, a criação do Instituto Norte-Riograndense de Genealogia-INRG, que foi bastante aplaudido pela platéia. Durante os dois dias do evento, foram preenchidas várias fichas de inscrição por pessoas, estudiosos da genealogia interessadas em fazer parte do INRG. Serão bem vindos todos aqueles que tiverem interesse em se associar ao Instituto desde que preencham os requisitos de possuírem trabalhos realizados no campo específico ou afim. Esses trabalhos, que podem ser publicados ou não, serão apreciados por uma comissão designada para a análise do material apresentado.

Maiores informações pelo telefone (84) 99623185 ou pelo e-mail: ormuzsimonetti@yahoo.com.br



domingo, 27 de setembro de 2009

I ENCONTRO NORTE-RIOGRANDENSE DE GENEALOGIA- CAICÓ RN

Adorei este encontro. Tive a satisfação de ouvir, sem cansar, a palestra do querido Sinval Costa, que prende a plateia com suas colocações engraçadas. Retomarei minhas atividades, meus estudos um pouco abandonados,por causa da falta de tempo...Um abraço

27 de Setembro de 2009 17:33

Rubinha