domingo, 6 de novembro de 2011

ACTA DIURNA - A RESSUSCITADA DO CUNHAÚ


FOTO GOOGLE - IMÁGEM PARA ILUSTRAÇÃO

Antônio de Albuquerque Maranhão Cavalcanti, senhor de "Tamatanduba" e da "Ilha Maranhão", no Município de Canguaretama no Rio Grande do Norte filho de André d'Al-buquerque Maranhão, Capitão-Mór de Ordenanças de Vila Flor e Arês, e de d. Antônia Josefa, irmã de André d'Albuquerque Maranhão senhor de Cunhaú e Chefe da revolução republicana de 1817, casou com sua prima, d. Joana, filha do tenente-coronel José Inácio d'Albuquerque Maranhão e de d. Luzia Antônia, irmã de sua mãe.

Era Comendador da Ordem de Cristo, e tenente-coronel da Guarda Nacional, no tempo em que os oficiais andavam fardados, de grande gala,nas missas serenas e dominicais. O famoso Brigadeiro Dendé Arcoverde era seu cunhado. O Comendador hospedou dom João da Purificação Marques Perdigão, Bispo de Olinda. Homem rico, imponente, faustoso, mantinha a herança senho¬rial de bem receber e melhor tratar. No biênio de 1858-59 fora deputado provincial no Rio Grande do Norte e suplente de Deputado Geral na décima legislatura, 1857/60. O Deputado Geral era o dr. Amara Carneiro Bezerra Cavalcanti, casado com uma irmã de sua mulher.

Teve quatro filhos. Três mulheres e um homem. Foram: - Antônio, bacharel em 1854, deputado norte-rio-grandense na Assembléia Provincial de 1856-57, falecido, creio, antes do Pai; Luzia Antonia, casada com João Nepomuceno d'Albuquerque Maranhão; Emília, casada com Afonso Leopoldo d' Albuquerque Maranhão e Maria Umbelina, que se casou com o capitão Anacleto José de Matos.

FOTO GOOGLE - BARRA DO CUNHAÚ

O Comendador fez seu testamento a 5 de março de 1862. Morreu a 5 de setembro de 1865, na freguesia de Goia¬ninha. Foi sepultado de casaca, com solenidade, indo a "mú¬sica" de São José de Mipibu para as cerimônias religiosas da Missa de Sétimo Dia.
Esse Comendador, altivo e nobre, cioso do sangue secular, passaria à História oral da região, na lenda da "RESSUSCITADA DE CUNHAÚ".
Sua filha, dona Maria Umbelina casou com Anacleto José de Matos, abastado, dispondo de eleitores, autoridade policial, amigo da "gens" Maranhão. O casamento foi festivo. Anacleto temido pela sua energia, ficava, desta forma, vinculado a uma das famílias mais ilustres do norte brasileiro.

Um ano depois do casamento, 1858, dona Maria Um¬belina morria. Complicações de parto, embora o filho sobre¬vivesse, sadio, O falecimento enlutou toda a redondeza. Veio gente dos municípios vizinhos. Voltou a "música" de S. José de Mipibu para executar trechos fúnebres e comovedores. Frei Serafim de Catania, pregando então em Vila Flor, dirigiu o serviço religioso, acompanhado de imenso povo, contrito.
Sepultaram Dona Maria Umbelina na Capela de Cunhaú junto à porta que dá para a sacristia. A família ficou inconsolável. A defunta pouco saíra da mocidade mais prometedora de encantos.

As Missas, do Sétimo e Trigésimo Dias, foram concorridíssimas. Pregou Frei Serafim de Catania, o Capuchinho prestigioso pela dedicação sem par. Os anos rolaram sem rasto naquela doce solidão tran¬quila ...
Em 1862, na capital da Província da Paraíba numa "pensão" suspeita, adoeceu de febre palúdica uma mulher, dessas de vida alegre, que é a mais triste das vidas. Chamara um médico. O homem compareceu mergulhou na escura camarinha onde a mulher tiritava de frio incontido, examinou-a, voltando à sala para receitar. Perto, interessada pela saúde da companheira, a "dona" esperava os conselhos médicos.
Finalmente, o doutor assinou o receituário, enxugou-o, e disse numa entonação grave:

- Se eu não tivesse assistido, em Cunhaú, no Rio Gran¬de do Norte, ao enterro da filha do Comendador Antônio de Albuquerque Maranhão Cavalcanti, diria que se tratava da mesma pessôa ...
Do quarto, a voz entrecortada pelo acesso da febre, a doente informou, numa serena convicção inabalável:

- E não se enganaria, Doutor. Eu sou Dona Maria Umbelina, casada com o capitão Anacleto José de Matos, e filha do Comendador Antônio d' Albuquerque Maranhão Cavalcanti...

(02.02.1941)

Continua na próxima semana.

Um comentário:

  1. Ormuz, estou escrevendo uma nova versão da Ressuscitada e quero que leia quando estiver terminada. Seu blog é um luxo! Conheça os meus: historiadecanguaretama.blogspot.com >< historiarn.blogspot.com >< galvaorn.blogspot.com
    Grande abraço, amigo!
    Francisco Galvão
    Canguaretama RN

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