Guajiru é um termo indígena e remete a um arbusto (Chrysobalanus icaco L.) abundante em regiões litorâneas e tropicais, cujas frutas são comestíveis, sendo mais conhecido por guajuru, porém, houveram diversas grafias ao longo dos séculos.
Antes da chegada dos portugueses no Brasil, no município onde hoje é Ceará-Mirim, havia uma vila indígena chamada Guajiru que ficava no entorno de lagoa de mesmo nome. Além disso, tal nome também era o de um rio (CASAL, 1817).
Figura 1: Guajiru com seus frutos.
Fonte: http://perfectisland.us/BayShoreNativePreserve/bsnpDuneVegetation.html
Em 1759, sob ordens do então rei de Portugal, D. José I, os jesuítas são expulsos e algumas aldeias são elevadas a condição de vila, além de receberem nomes portugueses, ao invés de nomes “bárbaros”, dessa forma, a antiga aldeia Guajiru se torna a Vila Nova de Extremoz, a primeira vila da antiga província do Rio Grande (CASCUDO, 1968).
Posteriormente, em 18 de agosto de 1855, a sede da Vila Nova de Extremoz é transferida para o Povoado Boca da Mata, recebendo o nome de Briosa Vila do Ceará-Mirim, após protestos, o adjetivo “Briosa” foi retirado em agosto do mesmo ano, passando a ser apenas Vila do Ceará-Mirim. Porém, opositores da transferência arrumaram argumentos impedindo essa transferência até 30 de julho de 1858, depois de terminada a construção da Casa da Câmara e da cadeia (IBGE, 1960).
Figura 2: Recorte de jornal que fala sobre a transferência da sede.
Fonte: Correspondência do Diário de Pernambuco. Diário de Pernambuco, Recife, p. 1-2, 18 de ago. 1855.
Além da aldeia, a Lagoa Guajiru passa a se chamar Lagoa de Extremoz, mantendo o nome original até os dias de hoje apenas o rio e um bairro do município de São Gonçalo do Amarante. O bairro é localizado do lado oposto ao bairro de Cidade das Rosas, indo sentido Ceará-Mirim (meu agradecimento a Henrique Emerenciano pela informação).
Tal reminiscência pode ter se dado ao fato de famílias portuguesas terem se instalado na área que hoje corresponde a Igapó em meados de 1710 (ou seja, após a expulsão dos holandeses), ocupando o trecho que, mesmo na época, era um importante caminho do comércio regional e reclamando a área durante os vários processos de emancipação da região.
Além disso, temos a questão da cidade de Extremoz, que conseguiu sua emancipação política em 1963, desmembrando-se de Ceará-Mirim. Logo, considerando essas duas áreas “perdidas”, Ceará-Mirim seria o 14° maior município do Rio Grande do Norte em extensão territorial, ao invés do 18°, como se encontra atualmente.
REFERÊNCIAS
CASAL, M. A. Corografia brazilica, ou Relação histórico-geografica do Reino do Brazil composta e dedicada a Sua Magestade Fidelissima por hum Presbitero Secular do Gram Priorado do Crato. Rio de Janeiro: Impressão Régia, 1817.
CASCUDO, L. C. Nomes da Terra: Geografia, História e Toponímia do Rio Grande do Norte. Natal: Fundação José Augusto, 1968.
CASCUDO, L. C. 1984. História do Rio Grande do Norte. 2 edição. Rio de Janeiro: Achiamé, Natal: Fundação José Augusto.
IBGE. Enciclopédia dos Municípios Brasileiros. V.17, p. 50-53. Rio de Janeiro: IBGE, 1960.
NOBRE, M. F. 1971. Breve notícia sobre a província do Rio Grande do Norte. Rio de Janeiro: Editora Pongetti.
PAULA, T. N. T. A construção da Paróquia: Espaço e participação na capitania do Rio Grande do Norte. Revista Espacialidades, Natal, v. 3, 2010.
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