Franklin Marinho Barbosa de Queiroz
O CARATAM é uma pequena
Santa Cruz, localizada, geograficamente, entre as localidades de Primeira Lagoa
e da Fazenda Cavalcanti, em terras que antigamente pertenceram a Vital de
Oliveira Correia (um conhecido político e fazendeiro cearamirinense, filho do Major
Oliveira, da Guarda Nacional, falecido em 12/11/1968).
Desconheço a origem do nome
CARATAM, mas sei que foi palco de uma passagem do fabulário do Ceará-Mirim,
bastante curiosa.
Havia um cidadão de idade avançada, chamado João Maria, um vaqueiro, que também era curandeiro e benzedor. Era considerado um homem de “rezas fortes”, sobretudo quando se destinava a dominar o animais domésticos enfurecidos ou desaparecidos.
Havia um cidadão de idade avançada, chamado João Maria, um vaqueiro, que também era curandeiro e benzedor. Era considerado um homem de “rezas fortes”, sobretudo quando se destinava a dominar o animais domésticos enfurecidos ou desaparecidos.
O velho costumava montar
uma jumenta, na qual percorria estradas, à procura de gado sumido. Quando
chegava no campo, em que pastava aquela rês, fazia uma pequena fogueira em
baixo de uma árvore de grande porte, nela subia e, lá de cima, ficava jogando
dentro da fogueira acesa, pedacinhos de sebo de gado, fazendo produzir uma
fumaça muito cheirosa. E o velho ficava a rezar, pedindo para aquela rês
aparecer. Repentinamente a rês aparecia para cheirar a fumaça da fogueira e, de
onde ele estava, de cima da árvore, ele laçava certeiramente o animal. Em
seguida, montava a sua jumenta e, com a rês dominada, a conduzia com
facilidade, como se fosse um animal doméstico.
Numa dessas viagens, à
procura de rês desaparecida, o velho não voltou mais. Foi a derradeira. A sua
jumenta voltou só, chegando em casa sem a montaria e sem nada.
Tempos depois, um caçador, sentindo-se muito cansado procurou uma árvore que lhe protegesse, aos pés da qual deitou-se e adormeceu. Acordou-se com uma sensação de que estava sendo puxado, foi quando ele percebeu que havia se deitado em cima de um “couro velho”, mas que, na realidade, era uma perneira de vaqueiro, onde havia, dentro dela, uma caveira. Tudo isso estava coberta de folhas, amontoadas pelo tempo. Tal fato despertou a curiosidade do o caçador que, se aprofundando nas buscas, encontrou a caveira de um cachorro e uma velha sela. Aquela era a caveira de João Maria, o vaqueiro rezador, um homem de Deus.
Tempos depois, um caçador, sentindo-se muito cansado procurou uma árvore que lhe protegesse, aos pés da qual deitou-se e adormeceu. Acordou-se com uma sensação de que estava sendo puxado, foi quando ele percebeu que havia se deitado em cima de um “couro velho”, mas que, na realidade, era uma perneira de vaqueiro, onde havia, dentro dela, uma caveira. Tudo isso estava coberta de folhas, amontoadas pelo tempo. Tal fato despertou a curiosidade do o caçador que, se aprofundando nas buscas, encontrou a caveira de um cachorro e uma velha sela. Aquela era a caveira de João Maria, o vaqueiro rezador, um homem de Deus.
Deduz-se que o velho João
Maria, tendo se sentido mal, deitou-se naquele local, soltando a jumenta, que
na certeza dele, iria para sua casa. Mas a cadela, fiel ao amigo, ali ficou,
onde morreu de fome, mas continuou fiel ao seu escudeiro.
No local onde foi
encontrada a caveira do velho João Maria, foi construída uma Santa Cruz, que
passou a ser palco de visitação constante, de pessoas de vários recantos do
nordeste, que ali chegavam para pagar promessas feitas ao homem santo, que
continuou a ajudar as pessoas humildes depois de morto, com os seus pretensos
milagres – de acordo com a crendice popular.
Não conheci o velho João Maria, que viveu em outra época, conheci o Venceslau, um sobrinho e filho de criação seu, herdeiro da sua arte. Era também curandeiro, embora vivesse de fazer relho de couro de boi e também velas, feitas de sebo de gado, que vendia nas portas das casas de farinha, no interior, montado também numa velha besta. Este foi amigo de meu pai.
Não conheci o velho João Maria, que viveu em outra época, conheci o Venceslau, um sobrinho e filho de criação seu, herdeiro da sua arte. Era também curandeiro, embora vivesse de fazer relho de couro de boi e também velas, feitas de sebo de gado, que vendia nas portas das casas de farinha, no interior, montado também numa velha besta. Este foi amigo de meu pai.
A Santa Cruz eu conheci e,
se o tempo ou o homem não a destruiu, está lá, para corroborar mais esta
estória das história de Ceará-Mirim.
Foram tempos que vivi, que de longe ficou. Vivo o Ceará-Mirim de hoje, com lembranças no passado.
Um dia ao acordar, eu disse:
Ceará-Mirim,
Não sei se te encanto ou desencanto
Mas é a ti
Que amo tanto.
Foram tempos que vivi, que de longe ficou. Vivo o Ceará-Mirim de hoje, com lembranças no passado.
Um dia ao acordar, eu disse:
Ceará-Mirim,
Não sei se te encanto ou desencanto
Mas é a ti
Que amo tanto.
Franklin Marinho é ocupante
da Cadeira número 22 da ACLA