Ormuz Simonetti e a Praia da Pipa.
Quando eu era pequeno e ainda nem estudava no nosso Ginásio 7 de Setembro, costumava ouvir – como toda criança – estórias infantis fantasiosas da minha mãe, todas bem intencionadas visando abrir o horizonte do seu futuro adolescente. Até que numa certa noite de insônia, vi quando papai – e não Papai Noel – colocou o presente de Natal ao lado da minha cama. Percebi, tempos depois, que mesmo quando eu não estudava, o bicho-papão não aparecia de noite para me pegar... A partir de então passei a acreditar menos nos meus pais e mais nos meus amiguinhos da rua.
Hoje, passeando pelas suas crônicas, caro Ormuz, sinto que você me devolveu a confiança nos meus velhos, pois eles também diziam que para se caminhar sozinho era preciso enxergar a essência da vida e saber dividi-la com o mundo. Exatamente como você faz ao relembrar no paraíso da praia da Pipa, os nativos, os coqueiros, os pássaros, as fruteiras nativas, a migração dos pardais, a preocupação com o desequilíbrio ecológico, os saudosos veranistas, o alpendre, a rede... E o mais gratificante, é lembrar que o autor dessas crônicas é aquele menino loiro, magro, discreto e estudioso, que se sentava à minha direita na sala de aula do já distante Ginásio 7 de Setembro. Belo exemplo, amigo. Meus velhos estavam certos.
Carlos Sizenando Rossiter Pinheiro.
Natal RN