Tomei emprestado o título
desta crônica ao espanhol Miguel de Cervantes, em seu precioso livro Don
Quixote de La Mancha, primeira edição de 1605: El ingenioso hidalgo Dom Quijote
de La Mancha. Creio poder estabelecer algumas similaridades nesse processo metafísico
de romancear a história humana, entre Pedro Simões Neto e Cervantes em sua
maneira de escrever sempre girando em torno da crítica, da emoção, da natureza,
do passado, do presente, do ideal e o real na sociedade contemporânea.
A existência do entrelaçamento de ficção e realidade contidos em seus livros,
tinge de tons, sons, gorjeios, cantos e muita criatividade nos diálogos
existentes entre humanos e bichos, no que muito fortalece a intrínseca simbiose
entre esses seres vivos criados por um Ser unigênito. Pensantes, esses
personagens travestem-se de minuciosas habilidades que dão ao leitor a magia, a
graça e a conceptualização de um curioso mundo paralelo, sincrético,
espiritual, todavia conflituoso, polêmico, competitivo, atemporal.
Embora tenha lido outros livros de Pedro Simões Neto, faço destaque especial “A
Quinta dos Pirilampos”; a leitura traduz de maneira lúdica, a convivência
harmoniosa em um mundo de seres imaginários que estabelecem um triálogo entre
vários atores: pessoas, bichos, espíritos, vermes, insetos, pássaros, advinhas.
Nesse aspecto, há em seus escritos uma mescla genuína da teologia que explica
Deus em sua divina supremacia quando cita a criatura e o criador, no que
recorre também à razão como a reflexão do conhecimento.
Hoje dia 14 de abril de 2015, nosso criativo fidalgo e conterrâneo Pedrinho de
Dr. Percílio como ele gostava de ser chamado, completaria 71 anos. As
lembranças que temos e guardamos dele são as mais idealistas e pertinentes
quando referidas a Ceará-Mirim sua terra amada onde passou a maior parte de sua
vida com sua família e amigos. Mesmo não sendo natural da terra dos verdes
canaviais, sempre pensou em dar a essa doce terra um status diferenciado à
cidade cuja filigrana de seus escritores, escritoras, poetas, poetisas e
artistas se perderam no tempo. Há mais de 20 anos, tinha em seus sonhos e
propósitos revitalizar a cultura de Ceará-Mirim de modo a enaltecê-la,
despertando a cidade, sua gente, seus artistas a se incluírem e fazer de suas
ideias um fato.
Pertinente se faz salientar sua abnegada luta em idas e vindas à Ceará-Mirim
para reunir amigos e amigas no intuito da criação de uma academia cultural que
reunisse em seu eixo principal tudo que uma cidade precisa ter e mostrar como
usos e costumes (dotes culturais enraizados, não visualizados, outros latentes
ou aflorando-se).
Pedrinho sabia da grandeza desse relicário guardado,
protegido, pouco identificado, mas existente.
Nesse solo fértil banhado pelo rio Ceará-Mirim ou Rio dos Homens, jogou a semente que germinou, cresceu, floresceu dando o fruto que se abriu doce como o mel dos engenhos, manso como as águas da praia de Muriú, cristalino como a água do velho Diamante bebida a sorvos, e sob a contemplação dos verdes canaviais. Assim nasceu a Academia Cearamirinense de Letras e Artes, obra prima de um homem que sempre acreditou em possibilidades, em sonhos, em trabalho dividido, em compromissos firmados.
Nesse solo fértil banhado pelo rio Ceará-Mirim ou Rio dos Homens, jogou a semente que germinou, cresceu, floresceu dando o fruto que se abriu doce como o mel dos engenhos, manso como as águas da praia de Muriú, cristalino como a água do velho Diamante bebida a sorvos, e sob a contemplação dos verdes canaviais. Assim nasceu a Academia Cearamirinense de Letras e Artes, obra prima de um homem que sempre acreditou em possibilidades, em sonhos, em trabalho dividido, em compromissos firmados.
Ao amigo Pedro Simões Neto, advogado, escritor, pintor, poeta, devoto de Nossa
Senhora da Conceição, apaixonado por Ceará-Mirim e criador da ACLA, licença
para usar o seu slogan: CEARÁ-MIRIM TEM JEITO!
Maria
das Graças Barbalho Bezerra Teixeira
Natal, 14 de abril de 2015
Natal, 14 de abril de 2015