À noite fomos ao Pátio Bellavista, na comuna Providencia,
bairro boêmio de Santiago. Conhecemos o restaurante temático “Como Água Para
Chocolate – Cocina Mágica –Restaurant”. O lugar que é muito freqüentado por
brasileiros, foi inspirado no filme mexicano, do mesmo nome, produzido no ano
de 1992. Seus pratos, bastante sofisticados, são preparados com ingredientes
tidos com afrodisíacos, tais como: alcachofra, alho, tomate, chocolate e
abacate, que fazem parte da culinária regional. Este último, companheiro
inseparável de toda e qualquer salada, servida nos restaurantes chilenos.
No
dia três de novembro, sábado, fomos conhecer Valparaíso, cidade que em 2003
teve sua área histórica declarada pela UNESCO, como Patrimônio Cultural da
Humanidade.
A cidade, composta por 42 morros e colinas que se debruçam em direção ao mar, tem uma grande parte de suas residências literalmente “penduradas nos morros”. Pela sua posição geográfica, lembra as favelas localizadas nos morros do Rio de Janeiro.
A cidade, composta por 42 morros e colinas que se debruçam em direção ao mar, tem uma grande parte de suas residências literalmente “penduradas nos morros”. Pela sua posição geográfica, lembra as favelas localizadas nos morros do Rio de Janeiro.
Visitamos a casa do poeta Pablo Neruda, pseudônimo de Neftalí
Ricardo Reyes Basoalto – La
Sebastiana (1904-1973), Premio Nobel em Literatura 1971. A residência recebeu
esse nome por ter sido construída pelo engenheiro espanhol Sebastián Collado,
que morreu antes de término da construção.
Permaneceu abandonada por 10 anos até
que foi descoberta por Neruda, que adquiriu a propriedade e após a conclusão da
obra, residiu por alguns anos concomitantemente com a “La Chascona”, sua outra
residência em Santiago. O nome “La Chascona” foi dado por ele em homenagem a
Matilde Urrutia, seu amor secreto, que se tornaria sua terceira esposa, devido
aos seus cabelos vermelhos e abundantes.
Conhecemos o porto de
Valparaiso, o maior e mais importante do Chile, de onde se destina a maior
parte das exportações chilena. Depois seguimos para Viñha Del Mar, cidade
litorânea localizada na mesma região de Valparaiso, considerada a capital
turística do Chile.
A Baía de Valparaíso a princípio habitada pelos changos, indígenas que se notabilizaram
como exímios pescadores. A região foi batizada pelos espanhóis Diego de Almargo
e Don Juan de Saavedra em 1536. No inicio do século XX, a cidade se converteu
em um dos mais belos balneários do país. As areias são escuras e as águas gélidas.
Dificilmente vemos algum destemido banhista que se aventura naquelas águas, com
temperatura em torne de um grau centígrado
Almoçamos no restaurante Delírio, onde fomos contemplados com
a apresentação de um grupo musical itinerante, uma espécie de mariachis
mexicanos. Vestidos a caráter, se apresentavam nos restaurantes da orla. Não
resisti ao convite de um dos componentes e incorporei-me ao grupo, naquela de, não
sou daqui e nem vim pra ficar, aceitei o instrumento que me ofereceu, uma
espécie de banjo, e soltei a voz cantando com o grupo, o clássico Cielito
Lindo. Fomos muito aplaudidos, porém recusei-me a receber cachê.
À noite fomos jantar no Restaurante Giratório, o mais famoso
de Santiago. Por recomendação do hotel havíamos feito reserva no dia anterior,
condição sine qua non para se desfrutar
daquele espaço bonito e sofisticado. Subimos até a cobertura do edifício onde se
localiza o restaurante e fomos atendidos por uma simpática chilena, que após nos
dar boas vindas, nos presenteou com a
única notícia que certamente não queríamos ouvir: o restaurante esta
funcionando normalmente, porém o mecanismo responsável pelo movimento giratório,
quebrou-se no início da tarde. Sem acreditar no que acabava de ouvir, mas já conformado
com mais uma das nossas costumeiras falta de sorte, perguntei de chofre: señhora, qual foi a última vez que esse
mecanismo apresentou defeito? E ela, um tanto sem jeito, respondeu: a última
vez foi em 2004, portanto faz oito anos!
Não nos deixamos abater pela má notícia, era apenas mais uma
das tantas que já havíamos encarado, e optamos por jantar assim mesmo. O
ambiente bonito e acolhedor, propicia ao visitante, principalmente à noite, uma
visão da cidade de Santiago verdadeiramente deslumbrante. A culinária e o
serviço prestado, sem defeitos. Para animar os amigos e fazê-los sentir-se mais
conformados, atalhei: Quem sabe se não foi melhor assim? Talvez se o mecanismo tivesse
funcionando, ficássemos nauseados! Certamente, ninguém acreditou. Mas pelo
menos, tentei.
-continua na próxima
sexta-feira-