Artigo do Acadêmico JOSÉ DE ANCHIETA CAVALCANTI (Cadeira número 11), publicado em O GALO – Jornal Cultural, em agosto de 2002.
Ei-lo magnífico, imponente e majestoso, encravado na Praça do Mercado de Ceará-Mirim, abrigando a sede da Prefeitura Municipal.
Construído no auge do ciclo da cana-de-açúcar, seu aspecto retrata um dos períodos mais prósperos da região, quando predominavam os senhores de engenho, dirigindo os destinos do município.
No Solar dos Antunes residiu, parte de sua infância e adolescência, a
sinhá-moça que toda Ceará-Mirim conheceu: dona Maria Madalena Antunes Pereira,
a qual no seu livro “Oiteiro”, edições Pongetti, teve oportunidade de assim
referenciá-lo:
“O sobrado! Templo que recolheu a velhice e os últimos dias daqueles que me deram o ser. Como esquecê-lo?
De suas amplas janelas contemplei por muitos anos, o esmeraldino brilho dos canaviais e aspirei trazido pelo vento o aroma do fumo das chaminés distantes, círios brancos dispersos na toalha verde do vale, quais turíbulos espargindo por toda parte o incenso do trabalho.
“O sobrado! Templo que recolheu a velhice e os últimos dias daqueles que me deram o ser. Como esquecê-lo?
De suas amplas janelas contemplei por muitos anos, o esmeraldino brilho dos canaviais e aspirei trazido pelo vento o aroma do fumo das chaminés distantes, círios brancos dispersos na toalha verde do vale, quais turíbulos espargindo por toda parte o incenso do trabalho.
O sobrado exaltado, anos depois, pelos lampejos mentais de Umberto
Peregrino, que o frequentou muito jovem, assim como Galdino Lima, marciano
Freire, Olavo Montenegro, Raimundo Antunes, João Neto, Alberto Carrilho, Pedro
Varela, Nilo Pereira, Aprígio Câmara, Letício de Queiroz e muitos outros, é,
hoje, apenas querida mansão vazia e silenciosa sem as antigas reuniões
brilhantes e familiares dos seus salões festivos.
Moças e rapazes de duas gerações casaram e envelheceram, dispersando-se
o alado bando de pardais alegres, hoje saudosos e tristonhos...
O sobrado! Símbolo de uma modesta grandeza que passou”.
Tive duas tias que por algum ali residiram: Luiza e Anita Cavalcanti e, quando eu as visitava, subia por suas longas e pesadas sacadas, descortinando da ampla sala de jantar a enorme visão do vale rosa-verde que enfeita a silhueta da casa-grande do Guaporé adormecida em seu silêncio centenário. Que cenário maravilhoso!
O sobrado! Símbolo de uma modesta grandeza que passou”.
Tive duas tias que por algum ali residiram: Luiza e Anita Cavalcanti e, quando eu as visitava, subia por suas longas e pesadas sacadas, descortinando da ampla sala de jantar a enorme visão do vale rosa-verde que enfeita a silhueta da casa-grande do Guaporé adormecida em seu silêncio centenário. Que cenário maravilhoso!
Houve uma época em que o “Solar dos Antunes”, por concessão de seus
herdeiros, serviu para a realização de bailes carnavalescos, recebendo o nome
de sobrado Bahia.
Ali se apresentaram os famosos blocos compostos por jovens da melhor sociedade ceará-mirinense que formaram os blocos das “Bahianas”, dirigido por moças da família Gesteira, e as “Havaianas”, comandadas por Cremilda Varela, que em verdadeiro duelo coreográfico desafiaram-se nos salões do velho solar.
Ali se apresentaram os famosos blocos compostos por jovens da melhor sociedade ceará-mirinense que formaram os blocos das “Bahianas”, dirigido por moças da família Gesteira, e as “Havaianas”, comandadas por Cremilda Varela, que em verdadeiro duelo coreográfico desafiaram-se nos salões do velho solar.
Quem for a Ceará-Mirim, não pode deixar de visitá-lo, pois é uma das
maiores relíquias do período da aristocracia rural ainda existente.