Carta
ao Dr. Eider Furtado por ocasião do lançamento de seu primeiro livro de
memórias “NO FÓRUM DA MEMÓRIA”.
Natal, 01 de junho de 2009
Caro amigo Eider Furtado,
Sinto-me
profundamente agradecido pelo privilégio de ter sido um dos primeiros a ter em
mãos o seu excelente “livrinho”. Já
tinha idéia do teor de tal obra, pois em nossas longas conversas noturnas, vez
por outra, você me falava sobre seu conteúdo. Entretanto, não resisti à
tentação, e ao ler as primeiras páginas, não consegui mais parar. Muito embora
tenhamos nascido em épocas diferentes, partilhamos muitas lembranças em
comum.
Vivi
parte da minha vida nos mesmos bairros do Tirol e Petrópolis. Porém, naquele
tempo, que não está tão distante assim, poderia se andar sem receio pelas ruas
desses bairros e até mesmo sentar em cadeiras nas calçadas e se jogar conversa
fora. Lembro-me de meu saudoso pai Arnaldo Simonetti, que todas as noites,
religiosamente, participava do famoso bate-papo na calçada do magistrado José
Vieira, que morava na esquina da Rua Açu com a Avenida Floriano Peixoto.
Morei
até os meus 18 anos de idade na Avenida Deodoro da Fonseca e depois me mudei
para a Avenida Rodrigues Alves, ali bem pertinho da Igreja Santa Teresinha. Nesse
endereço permaneci até 1972, quando fui para São Paulo capital assumir o meu
primeiro emprego no Banco do Brasil.
Porém,
o que mais me impressionou foi que as suas reminiscências daquela época, fazem
parte das minhas recentes lembranças. No capítulo sete, Vida no Campo, você descreve com riqueza de detalhes as suas
aventuras de menino na fazenda “Alegria”. O caminho para a referida fazenda
passava obrigatoriamente por outras duas antigas fazendas da região: “Arisco”,
de propriedade de Zé Linhares e a fazenda “Cabeça do Boi”, que pertencia a um amigo
de seu pai.
Quando
li aquele relato voltei imediatamente aos anos 80 e 90, quando desempenhava o
cargo de fiscal de operação rurais do Banco do Brasil, da recém criada agência
de Ceará Mirim, e visitava regularmente aquela região, grande produtora de milho,
feijão e mandioca. Faziam parte de minha jurisdição, os municípios de Taipú e
Ielmo Marinho.
Desde
a época quando atuava como fiscal, e possivelmente até hoje, o nome “Alegria”
passou a denominar toda aquela localidade, certamente em decorrência do nome da
antiga fazenda, o mesmo acontecendo com o “Arisco” de Zé Linhares e também com a
fazenda “Cabeça do Boi”.
Depois
que me aposentei em 2001, nunca mais tive oportunidade de voltar naquelas
terras, onde trabalhei por exatos 23 anos. Porém, seu sensível e saudoso relato
me deu o agradável prazer do retorno ao passado e, consequentemente, a
oportunidade de reviver tão importantes lembranças.
Um fraterno abraço dos
amigos
Ormuz e Geiza.