CARTA ABERTA AO CHICO BUARQUE DO SEU VIZINHO.
Chico,
Confesso que fiquei chocado ao vê-lo desfilar na passarela da Dilma, cantarolando como se estivesse a defender uma causa justa, honesta e patriótica.
Logo você, Chico, que ganhou tanto dinheiro encantando a juventude da década de 1970 com parolas em prosa e verso sobre liberdade e moralidade. Percebo que aquilo que você chamava de ditadura foi, na verdade, o grande negócio da sua vida. Afinal, você estava à toa na vida. Você deveria agradecer aos militares por tudo o que te fizeram, porque poucos, muito poucos, ganharam tanto dinheiro vendendo ilusões em forma de música e poesia como você.
Estou agora fazendo essa regressão, após vê-lo claudicante como A Mulher de Aníbal no palanque do Lula e da Dilma. Claro que deu para perceber o seu constrangimento, a sua voz trêmula e pusilânime, certamente sendo acusado pela sua consciência de que estava naquele momento avalizando, endossando todas as condutas deste governo trêfego e corrupto.
Nunca, jamais imaginei, Chico, que você pudesse se prestar a isso algum dia. Mas é possível antever que apesar de todos vocês, amanhã há de ser outro dia. Quando chegar o momento, esse nosso sofrimento, vamos cobrar com juros. Juro ! Você, como avalista, vai acabar tendo que pagar dobrado cada lágrima rolada. Você vai se amargar, Chico, e esse dia há de vir antes do que você pensa. Não sei como você vai se explicar vendo o céu clarear, de repente, impunemente. Não sei como você vai abafar o nosso coro a cantar, na sua frente. Apesar de vocês, Chico, amanhã há de ser outro dia.
Estamos sofrendo por ter que beber essa bebida amarga, dura de tragar. Temos pedido ao Pai que afaste de nós esse cálice, mas quando vemos você, logo você, brindando e festejando com todos eles, só nos resta ficar cantando coisas de amor e olhando essa banda passar. E pedir que passe logo, porque apesar de vocês amanhã há de ser outro dia.
Estamos todos cada qual no seu canto, e em cada canto há uma dor, por conta daquela cachaça de graça que a gente tem que engolir (lembra ?), ou a fumaça e a desgraça que a gente tem que tossir. Só espero, Chico, que as músicas que você venha a compor em parceria com os seus amigos prosélitos de palanque não falem mais de amor, liberdade, moralidade e ética - essas coisas que você embutia disfarçadamente nas suas letras agora mortas de tristeza e dor.
Não fale mais disso - não ficará bem no seu figurino agora desnudo. Componha, iluda, dance e se alegre com todos eles, ganhe lá o seu dinheiro, entre na roda e coloque tudo na sua cueca - ou onde preferir - mas não iluda mais os nossos jovens com suas músicas, simbolizadas hoje apenas na sua gloriosa A Volta do Malandro.
(assinado)
Seu Vizinho ao Lado.....
terça-feira, 28 de dezembro de 2010
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
MONÓLOGO DO NATAL
Caros amigos e leitores: nos últimos cinco anos, sempre no mês de dezembro eu costumo enviar para alguns amigos essa crônica natalina do jornalista, poeta, compositor e radialista alagoano Aldemar Paiva. Ouvi-a pela primeira vez na década de 60 pela rádio Rural de Natal. Devia ter uns 16 a 17 anos de idade e fiquei muito comovido. Tentei, em vão, conseguir uma cópia daquilo que escutei e tanto me impressionou.
Aquele relato me marcou de tal maneira que desde então, sempre quando se aproxima as festas natalinas eu me recordo daquela história que ouvira há tantos anos atrás. O pior é que eu não sabia o nome do autor, o título daquela crônica, enfim, nada que pudesse localizá-la. Como nada sabia, não tinha como procurá-la. E como desejei ouvi-la novamente! . . .
Havia ficado marcado em mim, para sempre, a dor daquele menino, filho de operário, que recebera do pai um trenzinho como presente de natal e logo depois, entre lágrimas e apelos, sem nenhuma explicação, teve que devolvê-lo. Não pude deixar de fazer um comparativo com os garotos mais afortunados que recebem, durante as festas natalinas, dezenas de presentes e, na maioria das vezes, poucos os valorizam.
Procurei essa crônica durante toda a vida, mas sem sucesso.
Em meados de 2006, já com meus 56 anos de idade, assistia ao “Programa Senhor Brasil” do cantor e apresentador Rolando Boldrim, e para minha surpresa, ele interpretou a “Crônica Natalina” ou “Monólogo do Natal”. Fiquei em êxtase! . . . Depois de tantos anos de procura ali estava, um artista do quilate de Rolando Boldrim, interpretando com toda a maestria que lhe é peculiar, aquela crônica que procurei por todos esses anos. A partir daí, não foi difícil conseguir uma cópia daquela tão sonhada crônica e hoje divido a minha emoção e do autor com vocês.
Grande abraço a todos e boa reflexão,
Monólogo do Natal
Aldemar Paiva
Eu não gosto de você, Papai Noel!
Também não gosto desse seu papel de vender ilusões à burguesia.
Se os garotos humildes da cidade soubessem do seu ódio à humildade, jogavam pedra nessa fantasia.
Você talvez nem se recorde mais.
Cresci depressa, me tornei rapaz, sem esquecer, no entanto, o que passou.
Fiz-lhe um bilhete, pedindo um presente e a noite inteira eu esperei, contente.
Chegou o sol e você não chegou.
Dias depois, meu pobre pai, cansado, trouxe um trenzinho feio, empoeirado, que me entregou com certa excitação.
Fechou os olhos e balbuciou: “É pra você, Papai Noel mandou”.
E se esquivou, contendo a emoção.
Alegre e inocente nesse caso, eu pensei que meu bilhete com atraso, chegara às suas mãos, no fim do mês.
Limpei o trem, dei corda, ele partiu dando muitas voltas.
Meu pai me sorriu e me abraçou pela última vez.
O resto eu só pude compreender quando cresci e comecei a ver todas as coisas com realidade.
Meu pai chegou um dia e disse, a seco: “Onde é que está aquele seu brinquedo?
Eu vou trocar por outro, na cidade”.
Dei-lhe o trenzinho, quase a soluçar e, como quem não quer abandonar um mimo que nos deu, quem nos quer bem, disse medroso: “O senhor vai trocar ele?
Eu não quero outro brinquedo, eu quero aquele.
E por favor, não vá levar meu trem”.
Meu pai calou-se e pelo rosto veio descendo um pranto que, eu ainda creio,
Tanto e tão santo, só Jesus chorou!
Bateu a porta com muito ruído, mamãe gritou; ele não deu ouvidos. Saiu correndo e nunca mais voltou.
Você, Papai Noel, me transformou num homem que a infância arruinou. Sem pai e sem brinquedos.
Afinal, dos seus presentes, não há um que sobre para a riqueza do menino pobre que sonha o ano inteiro com o Natal.
Meu pobre pai doente, mal vestido, para não me ver assim desiludido, comprou por qualquer preço uma ilusão e, num gesto nobre, humano e decisivo, foi longe pra trazer-me um lenitivo, roubando o trem do filho do patrão.
Pensei que viajara, no entanto, depois de grande, minha mãe, em prantos, contou-me que fora preso.
E como réu, ninguém a absolvê-lo se atrevia.
Foi definhando, até que Deus, um dia, entrou na cela e o libertou pro céu.
Aquele relato me marcou de tal maneira que desde então, sempre quando se aproxima as festas natalinas eu me recordo daquela história que ouvira há tantos anos atrás. O pior é que eu não sabia o nome do autor, o título daquela crônica, enfim, nada que pudesse localizá-la. Como nada sabia, não tinha como procurá-la. E como desejei ouvi-la novamente! . . .
Havia ficado marcado em mim, para sempre, a dor daquele menino, filho de operário, que recebera do pai um trenzinho como presente de natal e logo depois, entre lágrimas e apelos, sem nenhuma explicação, teve que devolvê-lo. Não pude deixar de fazer um comparativo com os garotos mais afortunados que recebem, durante as festas natalinas, dezenas de presentes e, na maioria das vezes, poucos os valorizam.
Procurei essa crônica durante toda a vida, mas sem sucesso.
Em meados de 2006, já com meus 56 anos de idade, assistia ao “Programa Senhor Brasil” do cantor e apresentador Rolando Boldrim, e para minha surpresa, ele interpretou a “Crônica Natalina” ou “Monólogo do Natal”. Fiquei em êxtase! . . . Depois de tantos anos de procura ali estava, um artista do quilate de Rolando Boldrim, interpretando com toda a maestria que lhe é peculiar, aquela crônica que procurei por todos esses anos. A partir daí, não foi difícil conseguir uma cópia daquela tão sonhada crônica e hoje divido a minha emoção e do autor com vocês.
Grande abraço a todos e boa reflexão,
Monólogo do Natal
Aldemar Paiva
Eu não gosto de você, Papai Noel!
Também não gosto desse seu papel de vender ilusões à burguesia.
Se os garotos humildes da cidade soubessem do seu ódio à humildade, jogavam pedra nessa fantasia.
Você talvez nem se recorde mais.
Cresci depressa, me tornei rapaz, sem esquecer, no entanto, o que passou.
Fiz-lhe um bilhete, pedindo um presente e a noite inteira eu esperei, contente.
Chegou o sol e você não chegou.
Dias depois, meu pobre pai, cansado, trouxe um trenzinho feio, empoeirado, que me entregou com certa excitação.
Fechou os olhos e balbuciou: “É pra você, Papai Noel mandou”.
E se esquivou, contendo a emoção.
Alegre e inocente nesse caso, eu pensei que meu bilhete com atraso, chegara às suas mãos, no fim do mês.
Limpei o trem, dei corda, ele partiu dando muitas voltas.
Meu pai me sorriu e me abraçou pela última vez.
O resto eu só pude compreender quando cresci e comecei a ver todas as coisas com realidade.
Meu pai chegou um dia e disse, a seco: “Onde é que está aquele seu brinquedo?
Eu vou trocar por outro, na cidade”.
Dei-lhe o trenzinho, quase a soluçar e, como quem não quer abandonar um mimo que nos deu, quem nos quer bem, disse medroso: “O senhor vai trocar ele?
Eu não quero outro brinquedo, eu quero aquele.
E por favor, não vá levar meu trem”.
Meu pai calou-se e pelo rosto veio descendo um pranto que, eu ainda creio,
Tanto e tão santo, só Jesus chorou!
Bateu a porta com muito ruído, mamãe gritou; ele não deu ouvidos. Saiu correndo e nunca mais voltou.
Você, Papai Noel, me transformou num homem que a infância arruinou. Sem pai e sem brinquedos.
Afinal, dos seus presentes, não há um que sobre para a riqueza do menino pobre que sonha o ano inteiro com o Natal.
Meu pobre pai doente, mal vestido, para não me ver assim desiludido, comprou por qualquer preço uma ilusão e, num gesto nobre, humano e decisivo, foi longe pra trazer-me um lenitivo, roubando o trem do filho do patrão.
Pensei que viajara, no entanto, depois de grande, minha mãe, em prantos, contou-me que fora preso.
E como réu, ninguém a absolvê-lo se atrevia.
Foi definhando, até que Deus, um dia, entrou na cela e o libertou pro céu.
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
RECONHECIMENTO COMO DE UTILIDADE PÚBLICA ESTADUAL
LEI NR. 9.411 DE 25 DE NOVEMBRO de 2010.
Dispõe sobre o reconhecimento de Utilidade Pública do Instituto Norte-Riograndense de Genealogia - INRG e dá outras providências.
GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE
FAÇO SABER que o Poder Legislativo decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1° Fica reconhecido como de Utilidade Pública o INSTITUTO NORTE-RIOGRANDENSE DE GENEALOGIA - INRG, com sede e foro jurídico na cidade de Natal/RN.
Art. 2° Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário por ventura existentes.
Palácio de Despachos de Lagoa Nova, em Natal, 25 de novembro de 2010, 189° da Independência e 122° da República.
IBERÊ FERREIRA DE SOUZA
Leonardo Arruda Câmara
Dispõe sobre o reconhecimento de Utilidade Pública do Instituto Norte-Riograndense de Genealogia - INRG e dá outras providências.
GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE
FAÇO SABER que o Poder Legislativo decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1° Fica reconhecido como de Utilidade Pública o INSTITUTO NORTE-RIOGRANDENSE DE GENEALOGIA - INRG, com sede e foro jurídico na cidade de Natal/RN.
Art. 2° Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário por ventura existentes.
Palácio de Despachos de Lagoa Nova, em Natal, 25 de novembro de 2010, 189° da Independência e 122° da República.
IBERÊ FERREIRA DE SOUZA
Leonardo Arruda Câmara
domingo, 28 de novembro de 2010
CENTENÁRIO
Meu caro Ormuz,
O parabenizo pelo excelente texto em homenagem ao seu saudoso pai, Dr. Arnaldo Simonetti.
Abraço
Dison Lisboa
Natal/RN
O parabenizo pelo excelente texto em homenagem ao seu saudoso pai, Dr. Arnaldo Simonetti.
Abraço
Dison Lisboa
Natal/RN
CENTENÁRIO
Parabéns! Linda a história do seu pai, achei muito interessante
conhecê-la. Carreira brilhante... mas que pena, partiu muito jovem
ainda.
Abs,
Eliete Fagundes
Natal/RN
conhecê-la. Carreira brilhante... mas que pena, partiu muito jovem
ainda.
Abs,
Eliete Fagundes
Natal/RN
CENTENÁRIO
Você conseguiu fazer uma síntese que nos permitiu conhecer a trajetória profisssional e pessoal do seu pai . Entendo também a sua emoção ao relatar estes fatos, pois este ano também seria o centenário do meu pai o que reascendeu saudosas lembranças.
Fátima
Fátima
CENTENÁRIO
Caro primo
Somente hoje abri seu e-mail.
Li -o com muita atenção pois tudo o que diz respeito à familia muito me interessa.
Quero parabeniza-lo por ter a sorte de ter como progenitor tão ilustre personagem.
Realmente o ramo Simonetti daqui, também tem essa herança cardiaca.
Não deixe de sempre estar dando suas noticias.
Um grande abraços para você e família
Therezinha Simonetti
Vitória/ES
Somente hoje abri seu e-mail.
Li -o com muita atenção pois tudo o que diz respeito à familia muito me interessa.
Quero parabeniza-lo por ter a sorte de ter como progenitor tão ilustre personagem.
Realmente o ramo Simonetti daqui, também tem essa herança cardiaca.
Não deixe de sempre estar dando suas noticias.
Um grande abraços para você e família
Therezinha Simonetti
Vitória/ES
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
CENTENÁRIO
Ormuz,
Linda a história de vovô. No final eu estava emocionada. Parabéns!
Valéria S. Marinho
Natal/RN
Linda a história de vovô. No final eu estava emocionada. Parabéns!
Valéria S. Marinho
Natal/RN
CENTENÁRIO
Caro Ormuz : Parabens pela passagem do centenario do seu inesquecível pai. Gostei muito do seu texto. Imagino aqui o que vc sentiu ao escreve-lo. Tomei conhecimento de parte da vida de um homem honesto e justo...coisas que nem imagninava ocorreram com ele...belo desprendimento das coisas materiais e grande lealdade para com os amigos dele, você nos mostrou.
abraços
felipe.
Natal/RN
abraços
felipe.
Natal/RN
CENTENÁRIO
Muito linda esta homenagem feita para tio Arnaldo. Lí com atenção, respeito e carinho, pois gostava muito dele, assim como também da minha querida tia Cirene.
Bjs de sua prima que lhe quer muito bem,
Aldinha.
Recife/PE
Bjs de sua prima que lhe quer muito bem,
Aldinha.
Recife/PE
CENTENÁRIO
Caro Ormuz: Grato pelo excelente texto sobre o centenário de Dr. Arnaldo Barbalho Simonetti.
Abraço
Moacyr Gomes
Natal/RN
Abraço
Moacyr Gomes
Natal/RN
CENTENÁRIO
Caro Ormuz,
Não deixa de ser uma alegria, embora nos remeta a momentos de dor e saudade, quando podemos nos recordar dos bons momentos que tivemos junto aos nossos entes mais queridos, principalmente nossos pais, e nos lembramos de fatos e acontecimentos que marcaram nossas vidas. Li certa vez que a nossa mente é como conta bancária, ou seja, só retiramos de lá se tivermos colocado antes. por isso recomenda sempre registrar apenas bons momentos pois um dia nos recordaremos deles com muita emoção e contentamento. Parabéns pela brilhante caminhada do seu pai e os exemplos que ele deixou como marca registrada.
Abs/.
cabral/Marta
Não deixa de ser uma alegria, embora nos remeta a momentos de dor e saudade, quando podemos nos recordar dos bons momentos que tivemos junto aos nossos entes mais queridos, principalmente nossos pais, e nos lembramos de fatos e acontecimentos que marcaram nossas vidas. Li certa vez que a nossa mente é como conta bancária, ou seja, só retiramos de lá se tivermos colocado antes. por isso recomenda sempre registrar apenas bons momentos pois um dia nos recordaremos deles com muita emoção e contentamento. Parabéns pela brilhante caminhada do seu pai e os exemplos que ele deixou como marca registrada.
Abs/.
cabral/Marta
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
CENTENÁRIO DO Dr. ARNALDO BARBALHO SIMONETTI
Caros amigos e parentes. Hoje comemoramos o centenário de nascimento do meu pai, Dr. Arnaldo Barbalho Simonetti. Ele veio ao mundo no ano de 1910, na cidade de Goianinha. Filho de Benjamin Constant Simonetti e sua prima legítima Emília Barbalho. Primogênito do casal teve mais três irmãos: Ormuz Barbalho Simonetti, que faleceu precocemente, aos 24 anos de idade e de quem herdei o nome, além de Aguinaldo Barbalho Simonetti e, por último, Maria da Glória Barbalho Simonetti, todos falecidos.
Meu pai aprendeu as primeiras letras, nos bancos do Grupo Escolar Moreira Brandão, na cidade de Goianinha, ou como Mestre Cascudo costumava chamá-la de “República dos Jundiás”.
Para dar prosseguimento aos estudos, mudou-se para Natal onde concluiu o ensino médio no emblemático Colégio Estadual do Atheneu Norte-Rio-Grandense. Como na época ainda não existia faculdade em nosso Estado, seguiu para Recife e iniciou seus estudos na Faculdade de Direto, onde colou grau em 26 de novembro de 1932, com apenas 22 anos de idade, sendo o mais novo formando de sua turma.
Formaram-se como ele, naquele ano de 1932, 30 bacharéis de vários Estados da federação, como se segue: cinco paraibanos; 12 pernambucanos; quatro alagoanos; dois amazonenses; um paraense; um mineiro e cinco potiguares. O orador da turma foi o saudoso Nilo Pereira, norte rio-grandense nascido em Ceará-Mirim, terra dos verdes canaviais. Também formou-se naquela ocasião o macaibense e seu grande amigo Enoque de Amorim Garcia que anos depois tornou-se sogro de seu filho Marcelo Barbalho Simonetti, já falecido, quando do enlace matrimonial com sua filha Ana Maria Garcia.
Humberto Amâncio Pereira e Francisco Leite de Carvalho completavam o quinteto dos Norte-Rio-Grandenses. Também se formava naquela turma, na cota da Paraíba, o seu grande amigo e saudoso Mário Moacir Porto.
Cito alguns dados importantes que compuseram, de forma brilhante, sua carreira profissional: Em 22 de dezembro do ano que se formou, Dr. Arnaldo foi nomeado para exercer o cargo de Promotor de Justiça da Comarca de Caicó, tomando posse em 14 de janeiro do ano seguinte.
Por Decreto N°. 1.399 de 27 de junho de 1933, do Interventor Bertino Dutra, foi designado, em comissão, para exercer o cargo de Delegado Auxiliar da Capital, permanecendo no posto até 04 de janeiro de 1934.
Por ato N°. 193, de 04 de janeiro de 1934, do Interventor Mário Câmara foi removido, a pedido, da Comarca de Caicó para a Comarca de Macaíba. Nessa época Dr. Arnaldo já namorava com sua prima legítima e futura esposa, Inaldy Barbalho.
Contam que sua remoção da Comarca de Caicó para a de Macaíba deu-se em função de um namoro que iniciou na cidade de Caicó, com Candinha Mariz, irmã do saudoso Governador Dinarte Mariz. Meu avó e seu tio, Odilon Barbalho, pai de sua futura esposa Inaldy, que gozava de grande prestígio junto ao Interventor, solicitou dele e conseguiu rapidamente, a remoção do Dr. Arnaldo, “a pedido”, para Macaíba. Resolvia assim o problema do sobrinho “Don Juan”, impedindo a dispersão familiar, e conseguindo assim a manutenção do clã Barbalho Simonetti.
Para evitar novas tentações, casou-se em Goianinha com sua prima Inaldy Barbalho e foi morar em Macaíba, onde já exercia a função de Promotor Público. Em 30 de março de 1938, sofreu um grande golpe, com a perda de sua esposa que lhe deixou apenas um filho, Dante Barbalho Simonetti, com pouco mais de 3 anos de idade.
Por ser muito jovem e influente, teve várias namoradas, mas preferiu continuar na família do seu tio, por parte de mãe, Odilon Barbalho.
No dia 21 de setembro de 1942, para alegria do velho tio Odilon, que nutria por ele grande admiração e respeito, casa-se com Cirene Barbalho Simonetti, sua cunhada, irmã mais nova de sua falecida esposa.
Em 12 de julho de 1942 foi removido, a pedido, da Comarca de Macaíba para São José de Mipibu, onde nasceu, a 15 de junho de 1943, a primeira filha dessa nova união, Sonia Maria Simonetti.
Ainda em São Jose de Mipibu, em 28 de setembro de 1945, nasceu o segundo filho, Marcelo Barbalho Simonetti, que mais tarde veio a se casar com uma filha do seu colega de faculdade Enoque Garcia.
Em 04 de outubro do mesmo ano foi nomeado, por decreto do Interventor Georgino Avelino, para exercer, em comissão, o cargo de Delegado Regional de Polícia, com sede no município de Nova Cruz.
No dia 13 de fevereiro de 1946, por decreto do Interventor Ubaldo Bezerra de Melo, foi nomeado para o cargo de Delegado da Ordem Política e Social da capital, assumindo em seguida, por designação do Interventor, a Chefia de Polícia durante aproximadamente dois meses, transmitindo o cargo ao Dr. Manoel Varela de Albuquerque, nomeado posteriormente para exercer aquela função.
Aos 23 de novembro de 1946, nascia em Natal seu terceiro filho Arnaldo Barbalho Simonetti Filho.
Em 1947, foi eleito Deputado Estadual à Assembléia Constituinte e, em seguida, eleito o primeiro Secretário da Mesa.
Transformada a Assembléia Constituinte em Legislativa, com a promulgação da Constituição, e organizada nova Mesa de trabalhos, foi novamente eleito Primeiro Secretário, em cuja função permaneceu, por todo o período de mandato, dada as eleições consecutivas.
Nesse período, apresentou, junto a Assembléia Legislativa, um projeto que defendia a mudança do nome da “Vila de Papari” para Nísia Floresta, em homenagem justa e merecida à sua filha ilustre, referendado pela Lei n° 146 de 23 de dezembro de 1948
Segundo o poeta Jaime dos Guimarães Wanderley,1 descreve o perfil de 36 deputados, cita em seu autógrafo para ele: “Ao deputado Arnaldo Simonetti, pequeno na estatura, porém, imenso no prestígio que desfruta no P.S.D. homenagem d0 (assinatura)
Seguem-se os versos:
Deputado
ARNALDO SIMONETTI – 1° Secretário
Pequenino, nervoso, irrequieto,
alma de justo, cheia de alegria,
conquistou, pelo voto, não secreto,
um alto posto na Secretaria
Filho de pais de bôa casta e neto
De nobres ancestrais da fidalguia,
Foi sempre, altivo, justiceiro e reto
Agindo sempre com sobranceria
A passos largos, certamente se encaminha
Para elevado posto, neste Estado,
Pelo voto fiel de Goianinha
Dizem - mas em reservas ha de ficar –
que ia candidatar-se, o deputado,
a Suprema Chefia potiguar.
Terminado o mandato, e agora na condição de suplente, retornou as suas funções profissionais. Paralelamente, exercia a atividade agropecuária, sua grande paixão, nela permanecendo até seus últimos dias.
Em dezembro de 1950, nasceu, em São José de Mipibu, seu quinto filho, Ormuz Barbalho Simonetti.
Em 18 de agosto de 1953, foi promovido, por antiguidade, da Comarca de São José de Mipibu, para a Comarca de Ceará-Mirim, logo em seguida, posto a disposição da C.O.A.P. Em 12 de fevereiro de 1957, foi nomeado interinamente para exercer a função de sub procurador do Estado.
Durante o Governo de Dinarte Mariz, dois episódios marcaram a vida daquele homem probo, conhecido e admirado pelo seu senso de justiça, dignidade e principalmente pela fidelidade aos amigos.
Em 1958, realizou-se um concurso para Promotor de Justiça. Nesse ato público relevante (certame), foram aprovados dois amigos do seu filho, Dante Simonetti, Ivan Maciel de Lima e Cleóbulo Cortez Gomes. Esses dois jovens advogados trabalhavam no Comitê em prol da candidatura do então deputado Aluisio Alves, pelo PSB, ao governo do Estado do Rio Grande do Norte.
Receosos de não serem nomeados, em virtude de suas vinculações político-partidárias, valeram-se de seu amigo e colega Dante Simonetti. Sabendo da grande amizade existente entre o Governador Dinarte Mariz e Dr. Arnaldo, pediram a Dante Simonetti para que seu pai, Dr. Arnaldo, intercedesse junto ao Governador, garantindo-lhes, assim, suas nomeações.
Nesse meio tempo, um correligionário do Governador foi ao Palácio Potengi e, em audiência, questionou-lhe “Governador, esses dois advogados trabalhavam no comitê para a campanha de Aluísio. Não podem ser nomeados!”
Não sabia ele que Dr. Arnaldo já havia relatado o caso ao Governador, solicitando a justa nomeação dos aprovados. Então, o governador Dinarte lhe respondeu: “Eles foram aprovados em um concurso público; logo, têm todo o direito de serem nomeados. Ademais, essas nomeações são objeto de um pedido feito pelo meu amigo Arnaldo e a ele não posso faltar.”
Naquele mesmo ano, Cleóbulo Cortez e Ivan Maciel foram nomeados promotores de Justiça do Estado do Rio Grande do Norte.
No final do governo de Dinarte Mariz fervia a campanha política e disputavam o governo, Djalma Aranha Marinho e o deputado Aluísio Alves. Aluísio, simbolizado pela bandeira verde e Djalma Marinho e seu candidato a vice Vingt Rosado com sua bandeira com duas cores azul marinho e rosa.
Naquele ano, Dr. Arnaldo seria nomeado, por antiguidade, para o cargo de Desembargador de Justiça, já que o representante do Ministério Público só chegava a esse cargo em fim de carreira. Portanto, aquela seria a primeira e última oportunidade que ele teria para coroar sua vida profissional, com o mais alto cargo de sua carreira. Novamente o destino, pois à prova o desprendimento e a lealdade daquele homem com seus amigos. O Governador o chamou ao Palácio e, repentinamente, lhe informa: “Arnaldo, preciso que você abra mão de sua nomeação para Desembargador, pois preciso nomear em seu lugar, um correligionário chefe político no Seridó. Estou a precisar muito desse apoio e essa é a melhor maneira de agradá-lo.”
Aquela era uma decisão muito difícil de ser tomada, pois envolvia toda uma vida dedicada a sua carreira profissional. Mesmo assim, ele não pediu tempo para pensar e lhe respondeu: Se não fosse tão importante, você não estaria me fazendo esse pedido, pode dispor do cargo. Decidiu, naquele instante, abdicar do direito de ser nomeado e atender ao pedido do fiel amigo Dinarte Mariz.
Em 16 de junho de 1960, nascia sua filha caçula Simone Barbalho Simonetti, a única a seguir sua carreira, formando-se em Direito pela UFRN.
No dia 10 de junho de 1972, meu pai, fez questão de acompanhar-me até São Paulo onde eu assumiria o meu primeiro emprego no Banco do Brasil. Ele, que sofria de problemas cardíacos, herança de todos os Barbalhos/Simonettis, aproveitaria para fazer alguns exames cardiológicos, solicitados por seu médico e amigo Dr. Hellen Costa.
Meu pai, internou-se para exames médicos e recebeu diagnóstico que apontavam para implantação de pontes de safena, na época, uma técnica revolucionária. O Dr. Arnaldo Barbalho Simonetti foi cirurgiado e não resistiu as complicações do pós-operatório. Faleceu no dia 16 de junho de 1972, no Hospital da Beneficência Portuguesa em São Paulo. Seu corpo foi trasladado para Natal, e, em seguida, para Goianinha, sua terra natal, onde foi sepultado.
Passados 38 anos do último momento em que nos falamos, minha retina ainda registra seu rosto, meus ouvidos, sua suave voz, e meu coração ainda chora a sua irreparável perda.
Ormuz Barbalho Simonetti, 23 de novembro de 2010.
Caros amigos e parentes. Hoje comemoramos o centenário de nascimento do meu pai, Dr. Arnaldo Barbalho Simonetti. Ele veio ao mundo no ano de 1910, na cidade de Goianinha. Filho de Benjamin Constant Simonetti e sua prima legítima Emília Barbalho. Primogênito do casal teve mais três irmãos: Ormuz Barbalho Simonetti, que faleceu precocemente, aos 24 anos de idade e de quem herdei o nome, além de Aguinaldo Barbalho Simonetti e, por último, Maria da Glória Barbalho Simonetti, todos falecidos.
Meu pai aprendeu as primeiras letras, nos bancos do Grupo Escolar Moreira Brandão, na cidade de Goianinha, ou como Mestre Cascudo costumava chamá-la de “República dos Jundiás”.
Para dar prosseguimento aos estudos, mudou-se para Natal onde concluiu o ensino médio no emblemático Colégio Estadual do Atheneu Norte-Rio-Grandense. Como na época ainda não existia faculdade em nosso Estado, seguiu para Recife e iniciou seus estudos na Faculdade de Direto, onde colou grau em 26 de novembro de 1932, com apenas 22 anos de idade, sendo o mais novo formando de sua turma.
Formaram-se como ele, naquele ano de 1932, 30 bacharéis de vários Estados da federação, como se segue: cinco paraibanos; 12 pernambucanos; quatro alagoanos; dois amazonenses; um paraense; um mineiro e cinco potiguares. O orador da turma foi o saudoso Nilo Pereira, norte rio-grandense nascido em Ceará-Mirim, terra dos verdes canaviais. Também formou-se naquela ocasião o macaibense e seu grande amigo Enoque de Amorim Garcia que anos depois tornou-se sogro de seu filho Marcelo Barbalho Simonetti, já falecido, quando do enlace matrimonial com sua filha Ana Maria Garcia.
Humberto Amâncio Pereira e Francisco Leite de Carvalho completavam o quinteto dos Norte-Rio-Grandenses. Também se formava naquela turma, na cota da Paraíba, o seu grande amigo e saudoso Mário Moacir Porto.
Cito alguns dados importantes que compuseram, de forma brilhante, sua carreira profissional: Em 22 de dezembro do ano que se formou, Dr. Arnaldo foi nomeado para exercer o cargo de Promotor de Justiça da Comarca de Caicó, tomando posse em 14 de janeiro do ano seguinte.
Por Decreto N°. 1.399 de 27 de junho de 1933, do Interventor Bertino Dutra, foi designado, em comissão, para exercer o cargo de Delegado Auxiliar da Capital, permanecendo no posto até 04 de janeiro de 1934.
Por ato N°. 193, de 04 de janeiro de 1934, do Interventor Mário Câmara foi removido, a pedido, da Comarca de Caicó para a Comarca de Macaíba. Nessa época Dr. Arnaldo já namorava com sua prima legítima e futura esposa, Inaldy Barbalho.
Contam que sua remoção da Comarca de Caicó para a de Macaíba deu-se em função de um namoro que iniciou na cidade de Caicó, com Candinha Mariz, irmã do saudoso Governador Dinarte Mariz. Meu avó e seu tio, Odilon Barbalho, pai de sua futura esposa Inaldy, que gozava de grande prestígio junto ao Interventor, solicitou dele e conseguiu rapidamente, a remoção do Dr. Arnaldo, “a pedido”, para Macaíba. Resolvia assim o problema do sobrinho “Don Juan”, impedindo a dispersão familiar, e conseguindo assim a manutenção do clã Barbalho Simonetti.
Para evitar novas tentações, casou-se em Goianinha com sua prima Inaldy Barbalho e foi morar em Macaíba, onde já exercia a função de Promotor Público. Em 30 de março de 1938, sofreu um grande golpe, com a perda de sua esposa que lhe deixou apenas um filho, Dante Barbalho Simonetti, com pouco mais de 3 anos de idade.
Por ser muito jovem e influente, teve várias namoradas, mas preferiu continuar na família do seu tio, por parte de mãe, Odilon Barbalho.
No dia 21 de setembro de 1942, para alegria do velho tio Odilon, que nutria por ele grande admiração e respeito, casa-se com Cirene Barbalho Simonetti, sua cunhada, irmã mais nova de sua falecida esposa.
Em 12 de julho de 1942 foi removido, a pedido, da Comarca de Macaíba para São José de Mipibu, onde nasceu, a 15 de junho de 1943, a primeira filha dessa nova união, Sonia Maria Simonetti.
Ainda em São Jose de Mipibu, em 28 de setembro de 1945, nasceu o segundo filho, Marcelo Barbalho Simonetti, que mais tarde veio a se casar com uma filha do seu colega de faculdade Enoque Garcia.
Em 04 de outubro do mesmo ano foi nomeado, por decreto do Interventor Georgino Avelino, para exercer, em comissão, o cargo de Delegado Regional de Polícia, com sede no município de Nova Cruz.
No dia 13 de fevereiro de 1946, por decreto do Interventor Ubaldo Bezerra de Melo, foi nomeado para o cargo de Delegado da Ordem Política e Social da capital, assumindo em seguida, por designação do Interventor, a Chefia de Polícia durante aproximadamente dois meses, transmitindo o cargo ao Dr. Manoel Varela de Albuquerque, nomeado posteriormente para exercer aquela função.
Aos 23 de novembro de 1946, nascia em Natal seu terceiro filho Arnaldo Barbalho Simonetti Filho.
Em 1947, foi eleito Deputado Estadual à Assembléia Constituinte e, em seguida, eleito o primeiro Secretário da Mesa.
Transformada a Assembléia Constituinte em Legislativa, com a promulgação da Constituição, e organizada nova Mesa de trabalhos, foi novamente eleito Primeiro Secretário, em cuja função permaneceu, por todo o período de mandato, dada as eleições consecutivas.
Nesse período, apresentou, junto a Assembléia Legislativa, um projeto que defendia a mudança do nome da “Vila de Papari” para Nísia Floresta, em homenagem justa e merecida à sua filha ilustre, referendado pela Lei n° 146 de 23 de dezembro de 1948
Segundo o poeta Jaime dos Guimarães Wanderley,1 descreve o perfil de 36 deputados, cita em seu autógrafo para ele: “Ao deputado Arnaldo Simonetti, pequeno na estatura, porém, imenso no prestígio que desfruta no P.S.D. homenagem d0 (assinatura)
Seguem-se os versos:
Deputado
ARNALDO SIMONETTI – 1° Secretário
Pequenino, nervoso, irrequieto,
alma de justo, cheia de alegria,
conquistou, pelo voto, não secreto,
um alto posto na Secretaria
Filho de pais de bôa casta e neto
De nobres ancestrais da fidalguia,
Foi sempre, altivo, justiceiro e reto
Agindo sempre com sobranceria
A passos largos, certamente se encaminha
Para elevado posto, neste Estado,
Pelo voto fiel de Goianinha
Dizem - mas em reservas ha de ficar –
que ia candidatar-se, o deputado,
a Suprema Chefia potiguar.
Terminado o mandato, e agora na condição de suplente, retornou as suas funções profissionais. Paralelamente, exercia a atividade agropecuária, sua grande paixão, nela permanecendo até seus últimos dias.
Em dezembro de 1950, nasceu, em São José de Mipibu, seu quinto filho, Ormuz Barbalho Simonetti.
Em 18 de agosto de 1953, foi promovido, por antiguidade, da Comarca de São José de Mipibu, para a Comarca de Ceará-Mirim, logo em seguida, posto a disposição da C.O.A.P. Em 12 de fevereiro de 1957, foi nomeado interinamente para exercer a função de sub procurador do Estado.
Durante o Governo de Dinarte Mariz, dois episódios marcaram a vida daquele homem probo, conhecido e admirado pelo seu senso de justiça, dignidade e principalmente pela fidelidade aos amigos.
Em 1958, realizou-se um concurso para Promotor de Justiça. Nesse ato público relevante (certame), foram aprovados dois amigos do seu filho, Dante Simonetti, Ivan Maciel de Lima e Cleóbulo Cortez Gomes. Esses dois jovens advogados trabalhavam no Comitê em prol da candidatura do então deputado Aluisio Alves, pelo PSB, ao governo do Estado do Rio Grande do Norte.
Receosos de não serem nomeados, em virtude de suas vinculações político-partidárias, valeram-se de seu amigo e colega Dante Simonetti. Sabendo da grande amizade existente entre o Governador Dinarte Mariz e Dr. Arnaldo, pediram a Dante Simonetti para que seu pai, Dr. Arnaldo, intercedesse junto ao Governador, garantindo-lhes, assim, suas nomeações.
Nesse meio tempo, um correligionário do Governador foi ao Palácio Potengi e, em audiência, questionou-lhe “Governador, esses dois advogados trabalhavam no comitê para a campanha de Aluísio. Não podem ser nomeados!”
Não sabia ele que Dr. Arnaldo já havia relatado o caso ao Governador, solicitando a justa nomeação dos aprovados. Então, o governador Dinarte lhe respondeu: “Eles foram aprovados em um concurso público; logo, têm todo o direito de serem nomeados. Ademais, essas nomeações são objeto de um pedido feito pelo meu amigo Arnaldo e a ele não posso faltar.”
Naquele mesmo ano, Cleóbulo Cortez e Ivan Maciel foram nomeados promotores de Justiça do Estado do Rio Grande do Norte.
No final do governo de Dinarte Mariz fervia a campanha política e disputavam o governo, Djalma Aranha Marinho e o deputado Aluísio Alves. Aluísio, simbolizado pela bandeira verde e Djalma Marinho e seu candidato a vice Vingt Rosado com sua bandeira com duas cores azul marinho e rosa.
Naquele ano, Dr. Arnaldo seria nomeado, por antiguidade, para o cargo de Desembargador de Justiça, já que o representante do Ministério Público só chegava a esse cargo em fim de carreira. Portanto, aquela seria a primeira e última oportunidade que ele teria para coroar sua vida profissional, com o mais alto cargo de sua carreira. Novamente o destino, pois à prova o desprendimento e a lealdade daquele homem com seus amigos. O Governador o chamou ao Palácio e, repentinamente, lhe informa: “Arnaldo, preciso que você abra mão de sua nomeação para Desembargador, pois preciso nomear em seu lugar, um correligionário chefe político no Seridó. Estou a precisar muito desse apoio e essa é a melhor maneira de agradá-lo.”
Aquela era uma decisão muito difícil de ser tomada, pois envolvia toda uma vida dedicada a sua carreira profissional. Mesmo assim, ele não pediu tempo para pensar e lhe respondeu: Se não fosse tão importante, você não estaria me fazendo esse pedido, pode dispor do cargo. Decidiu, naquele instante, abdicar do direito de ser nomeado e atender ao pedido do fiel amigo Dinarte Mariz.
Em 16 de junho de 1960, nascia sua filha caçula Simone Barbalho Simonetti, a única a seguir sua carreira, formando-se em Direito pela UFRN.
No dia 10 de junho de 1972, meu pai, fez questão de acompanhar-me até São Paulo onde eu assumiria o meu primeiro emprego no Banco do Brasil. Ele, que sofria de problemas cardíacos, herança de todos os Barbalhos/Simonettis, aproveitaria para fazer alguns exames cardiológicos, solicitados por seu médico e amigo Dr. Hellen Costa.
Meu pai, internou-se para exames médicos e recebeu diagnóstico que apontavam para implantação de pontes de safena, na época, uma técnica revolucionária. O Dr. Arnaldo Barbalho Simonetti foi cirurgiado e não resistiu as complicações do pós-operatório. Faleceu no dia 16 de junho de 1972, no Hospital da Beneficência Portuguesa em São Paulo. Seu corpo foi trasladado para Natal, e, em seguida, para Goianinha, sua terra natal, onde foi sepultado.
Passados 38 anos do último momento em que nos falamos, minha retina ainda registra seu rosto, meus ouvidos, sua suave voz, e meu coração ainda chora a sua irreparável perda.
Ormuz Barbalho Simonetti, 23 de novembro de 2010.
domingo, 21 de novembro de 2010
sábado, 20 de novembro de 2010
UM BRASIL DIFERENTE
ORMUZ BARBALHO SIMONETTI (Presidente do Instituto Norte-Riograndense de Genealogia-INRG, membro do IHGRN e da UBE-RN)
www.ormuzsimonetti@yahoo.com.br
UM BRASIL QUE EU NÃO SABIA EXISTIR
“Foi por medo de avião, que eu segurei pela primeira vez na sua mão. Não fico mais nervoso, você já não grita e a aeromoça, sexy, fica mais bonita. . .”
No último mês de abril escrevi o artigo para o periódico O JORNAL DE HOJE, intitulado “Olhando Estrelas”, que tratava, entre outras coisas, de minhas limitações em viajar para outros lugares mais distantes, justamente pelo medo, ou melhor, pelo pavor que minha esposa sentia em voar de avião. E eu nem de longe cogitava a possibilidade de passar várias horas ou até mesmo dias, dirigindo por essas estradas mal sinalizadas e perigosas, principalmente pelo tipo de motorista que delas fazem uso.
Condutores de grandes carretas que na maioria das vezes dirigem “rebitados” para cumprir extenuantes horários determinados pelos irresponsáveis proprietários de transportadores; motoristas que conseguiram suas habilitações no período precedem as eleições, que apadrinhados por maus políticos, se eximem de fazer os testes necessários para consegui-las; jovens e adultos que não se preocupam em dirigir seus veículos, depois de embriagar-se nas baladas etc, etc.
Pois bem, depois que ela leu o bendito artigo, já que só tomou conhecimento do mesmo depois que leu no jornal, começou a mudar um pouco esse quadro. Com estava menos resistente, aproveitei para lhe fazer promessas, até mesmo as que de antemão, sabia não poder cumprir-las. Tudo isso para encorajá-la a aventurar-se pelos céus do Brasil. Os filhos e amigos aproveitaram o ensejo para também motivá-la. Depois de algum tempo, já admitia a possibilidade de fazer a tal viagem de avião, mas sempre com ressalva: por enquanto, não quero pensar nisso.
No último dia 12 o medo foi vencido. Viajamos para a cidade de Gramado, na Serra Gaucha, para vivenciar o famoso Natal Luz. A viagem toda transcorreu sem maiores problemas. Sofri apenas alguns e fortes apertos na minha mão tanto nas decolagens quanto nas aterrissagens da aeronave. O mais, apenas as travessuras do meu neto que viajou com os pais e os avôs paterno para o mesmo destino.
O Natal Luz é composto de vários espetáculos, todos ligados a temática natalina e que traduz o espírito gaúcho nessa época do ano. Começa a ser encenado anualmente no mês de novembro e vai até o mês de janeiro do ano seguinte.
Dentre os espetáculos apresentados, um me chamou mais a atenção: o Nativitaten. É o mais consagrado entre os que são apresentados no Natal Luz. Compõe-se de um show de vários cantores líricos, que interage com um magnífico coral formado por jovens da região. Antes do início da apresentação, esses jovens desfilam segurando velas acesas e circulam todo o perímetro em volta do lago.
Esse desfile constitui uma visão deslumbrante, pois até então, toda a área esta completamente às escuras. Ao adentrar no local do espetáculo, os espectadores recebem um protetor de papel em forma de pira e uma vela, que em determinado momento, será acesa por solicitação dos organizadores. Quando isso acontece, todo aquele ambiente se reveste de uma beleza sem igual. Milhares de pontinhos luminosos dançam ao movimento dos braços dos espectadores que acompanham o ritmo das músicas natalinas, cantadas pelo coral.
Outro ponto alto é o belíssimo show pirotécnico que, em sintonia com a “dança das águas”, ganha vida com um impressionante jogo de luzes, deixando em êxtase toda a platéia que ao final do espetáculo aplaude calorosamente. Tudo isso acontece em um espaço chamado “Lago Joaquina Bier”, que fica em frente ao Hotel Laghetto, onde estávamos hospedados.
Confesso que ao ver aquele espetáculo de vozes harmoniosas, pirotecnia, águas, luzes e cores, me senti envergonhado ao lembrar a nossa desprezada e abandonada “Cidade da Criança” ou como eu aprendi chamá-la quando criança, Lagoa Manoel Felipe, o nosso espaço é exatamente igual aquele lago, no tamanho e na localização. Ambos localizam-se no centro de bairros residenciais de classe média alta. Mas as coincidências param por aí. Em Gramado o Lago Joaquina Bier, é bem cuidado e bem tratado pelo Poder Público, rende durante todo o ano, divisas para o município e embeleza ainda mais, se é que isso é possível, aquele pedaço de chão.
A nossa Cidade da Criança: coitada, maltratada, explorada de todas as formas que possam imaginar, morre aos pouco. Suas águas que poderiam conservar-se límpidas, já que nascem ali mesmo naquele chão, ao contrário, são escuras, fétidas, contaminadas com as águas que correm pela sarjeta, além de esgoto de dejetos humanos de áreas próximas.
Um fio de esperança aconteceu quando em 2009 o contrato de número 161/2009 publicado no Diário Oficial do Estado em 9/12/2010, para sua recuperação, foram alocados a importância de R$ 8.5000.000,00 (oito milhões e quinhentos mil reais), sendo 7.200.000,00 para realização da obra e R$ 1.300.000,00 para aquisição de materiais e equipamentos. (Tribuna do Norte 9/12/2009). Iniciaram-se as obras, mas logo foram paralisadas deixando a pobre Lagoa Manoel Felipe, mais uma vez a espera de um milagre. Não sabemos quanto desses recursos foram aplicados.
COMO PODEM VER PELA FOTO, O LAGO JOAQUINA BIER É EXATAMENTE IGUAR A NOSSA "CIDADE DA CRIANÇA" OU "LAGOA MANOEL FELIPE", SEU NOME ORIGINAL. LÁ NAS TERRAS DO SUL, OS NOMES DOS HOMENAGEADOS SÃO CONSERVADOS E VALORIZADOS. AQUI, NAS TERRAS TUPINUQUINS SE MUDAM OS NOMES ORIGINAIS SEM NENHUM RESPEITO AS TRADIÇÕES, MAS INFELIZMENTE NÃO MUDAM A SÓRDIDA MANEIRA DE TRATAR A COISA PÚBLICA.
Será que algum dia as crianças e a nossa cidade são beneficiados dos R$ 8.500.000,00(oito milhões e quinhentos mil reais) que foram alocados para sua recuperação? Confesso, tenho cá minhas dúvidas.
Conheci um Brasil diferente. Gramado é um município com pouco mais de 30.000 habitantes, sendo 90% de sua fonte de renda proveniente do turismo, onde recebe anualmente cerca de 2,5 milhões de turistas.
Algumas coisas me chamaram a atenção. Nos oito dias que estive na cidade, não consegui escutar nenhuma buzina de automóvel. Cheguei a pensar que os carros que por lá circulavam não dispunham desse acessório tão utilizado nas ruas de nossas capitais. Observei incrédulo, que os pedestres quando se aproximavam das faixas destinadas a eles, os carros diminuíam a velocidade e ao menor sinal de que pretendem atravessar a rua, os veículos imediatamente paravam. Tive vontade de rir imaginando a cena de alguém fazendo isso aqui em nossa Natal. Logo que pusesse o pé na faixa sem o devido cuidado de olhar para todos os lados por mais de uma vez, com sorte, no mínimo ficaria sem a perna.
Não se ouvia ninguém falando alto nem andando pelas ruas cobrindo a orelha com um celular. Chamou-me a atenção um vendedor de “mega sena” que falava um pouco mais alto na tentativa de atrair algum cliente. Aproximei-me dele e perguntei: de onde o senhor é? E ele reconhecendo meu sotaque nordestino, falou meio agauchado, - de Pernambuco tchê, vai levar uma? Agradeci e continuei minha caminhada.
Na cidade não existe “sinal” de transito. O único que tinha a Prefeitura achou por bem substituí-lo por uma rótula, há mais de cinco anos. Mesmo que tivesse, certamente não iríamos nos deparar com aqueles garotos que infestam nossos “sinais” munidos de uma garrafa peti cheia de água, que na tentativa de limpar o para brisa dos carros em troca de uma moeda, muitas vezes terminam por sujá-los ainda mais. Não existe a figura do “flanelinha”. Não vi mendigos nem pessoas maltrapilhas circulando pela cidade. Enfim, nada que denotasse pobreza.
Procurei conversas com pessoas da região para saber o segredo daquilo que para mim, era totalmente inusitado. E novamente senti-me envergonhado quando o interlocutor me respondeu com a maior simplicidade: o segredo é elegermos um administrador sério, comprometido com a cidade e a população. Relatou-me que dentre outras ações promovidas pelos dirigentes municipais, está a educação da população, principalmente por ser uma cidade eminentemente turística que lida anualmente, como já disse, com 2,5 milhões de visitantes vindos de todas as partes do Brasil e do mundo. Em contrapartida a população responde com a valorização dos bons administradores. O atual prefeito Nestor Tissot, era o vice do anterior, Pedro Henrique Bertolucci, que entre idas e vindas, já governou o município por 18 anos.
No primeiro dia que chegamos, a cidade foi tomada por um denso nevoeiro que mal dava pra enxergar o outro lado da rua. Foi aí que comecei a ouvir um gorjeio que me pareceu familiar. Procurei entre as árvores e nada pude ver, pois o nevoeiro a cada instante ficava mais denso. No outro dia, com a sua dissipação já era possível enxergá-la. Chegou-me novamente aos ouvidos aquele mesmo canto. E lá fui eu mais uma vez tentar identificar o seresteiro que tantas boas lembranças me traziam. Depois de um bom tempo de procura, pude avistar em cima de um dos casarões em estilo europeu, o que o meu subconsciente já havia identificado. O amarelo ouro do nosso canário da terra. O mesmo que em meus tempos de criança e adolescente voavam em bandos na fazenda de meu pai e por todas as cidades do nosso interior. Hoje infelizmente em nossa região, já faz parte da grande lista dos pássaros ameaçados de extinção. Senti naquele instante que nem tudo estava perdido, pois na longínqua Gramado, o nosso canário da terra esta totalmente a salvo das mazelas que praticamente o extinguiram em nossa região.
Mas como todos sabem o melhor de uma viajem é o retorno para casa. Parafraseando o escritor José Américo, “voltar é uma forma de renascer. Ninguém se perde na volta. Mas, ao chegar em casa, logo precisei viajar para a praia da Pipa, distante 80 quilômetros de Natal, percurso que com a conclusão da BR 101 no trecho Natal/Goianinha, fazemos em pouco mais de uma hora de viajem. Fui surpreendido com uma observação vindo de minha esposa nunca dantes escutada: - essa viagem pra Pipa é muito cansativa! E logo me veio a interrogação: será que agora, por não ter mais medo de voar, ela esta cogitando fazê-la de avião?
Natal, novembro/2010.
www.ormuzsimonetti@yahoo.com.br
UM BRASIL QUE EU NÃO SABIA EXISTIR
“Foi por medo de avião, que eu segurei pela primeira vez na sua mão. Não fico mais nervoso, você já não grita e a aeromoça, sexy, fica mais bonita. . .”
No último mês de abril escrevi o artigo para o periódico O JORNAL DE HOJE, intitulado “Olhando Estrelas”, que tratava, entre outras coisas, de minhas limitações em viajar para outros lugares mais distantes, justamente pelo medo, ou melhor, pelo pavor que minha esposa sentia em voar de avião. E eu nem de longe cogitava a possibilidade de passar várias horas ou até mesmo dias, dirigindo por essas estradas mal sinalizadas e perigosas, principalmente pelo tipo de motorista que delas fazem uso.
Condutores de grandes carretas que na maioria das vezes dirigem “rebitados” para cumprir extenuantes horários determinados pelos irresponsáveis proprietários de transportadores; motoristas que conseguiram suas habilitações no período precedem as eleições, que apadrinhados por maus políticos, se eximem de fazer os testes necessários para consegui-las; jovens e adultos que não se preocupam em dirigir seus veículos, depois de embriagar-se nas baladas etc, etc.
Pois bem, depois que ela leu o bendito artigo, já que só tomou conhecimento do mesmo depois que leu no jornal, começou a mudar um pouco esse quadro. Com estava menos resistente, aproveitei para lhe fazer promessas, até mesmo as que de antemão, sabia não poder cumprir-las. Tudo isso para encorajá-la a aventurar-se pelos céus do Brasil. Os filhos e amigos aproveitaram o ensejo para também motivá-la. Depois de algum tempo, já admitia a possibilidade de fazer a tal viagem de avião, mas sempre com ressalva: por enquanto, não quero pensar nisso.
No último dia 12 o medo foi vencido. Viajamos para a cidade de Gramado, na Serra Gaucha, para vivenciar o famoso Natal Luz. A viagem toda transcorreu sem maiores problemas. Sofri apenas alguns e fortes apertos na minha mão tanto nas decolagens quanto nas aterrissagens da aeronave. O mais, apenas as travessuras do meu neto que viajou com os pais e os avôs paterno para o mesmo destino.
O Natal Luz é composto de vários espetáculos, todos ligados a temática natalina e que traduz o espírito gaúcho nessa época do ano. Começa a ser encenado anualmente no mês de novembro e vai até o mês de janeiro do ano seguinte.
Dentre os espetáculos apresentados, um me chamou mais a atenção: o Nativitaten. É o mais consagrado entre os que são apresentados no Natal Luz. Compõe-se de um show de vários cantores líricos, que interage com um magnífico coral formado por jovens da região. Antes do início da apresentação, esses jovens desfilam segurando velas acesas e circulam todo o perímetro em volta do lago.
Esse desfile constitui uma visão deslumbrante, pois até então, toda a área esta completamente às escuras. Ao adentrar no local do espetáculo, os espectadores recebem um protetor de papel em forma de pira e uma vela, que em determinado momento, será acesa por solicitação dos organizadores. Quando isso acontece, todo aquele ambiente se reveste de uma beleza sem igual. Milhares de pontinhos luminosos dançam ao movimento dos braços dos espectadores que acompanham o ritmo das músicas natalinas, cantadas pelo coral.
Outro ponto alto é o belíssimo show pirotécnico que, em sintonia com a “dança das águas”, ganha vida com um impressionante jogo de luzes, deixando em êxtase toda a platéia que ao final do espetáculo aplaude calorosamente. Tudo isso acontece em um espaço chamado “Lago Joaquina Bier”, que fica em frente ao Hotel Laghetto, onde estávamos hospedados.
Confesso que ao ver aquele espetáculo de vozes harmoniosas, pirotecnia, águas, luzes e cores, me senti envergonhado ao lembrar a nossa desprezada e abandonada “Cidade da Criança” ou como eu aprendi chamá-la quando criança, Lagoa Manoel Felipe, o nosso espaço é exatamente igual aquele lago, no tamanho e na localização. Ambos localizam-se no centro de bairros residenciais de classe média alta. Mas as coincidências param por aí. Em Gramado o Lago Joaquina Bier, é bem cuidado e bem tratado pelo Poder Público, rende durante todo o ano, divisas para o município e embeleza ainda mais, se é que isso é possível, aquele pedaço de chão.
A nossa Cidade da Criança: coitada, maltratada, explorada de todas as formas que possam imaginar, morre aos pouco. Suas águas que poderiam conservar-se límpidas, já que nascem ali mesmo naquele chão, ao contrário, são escuras, fétidas, contaminadas com as águas que correm pela sarjeta, além de esgoto de dejetos humanos de áreas próximas.
Um fio de esperança aconteceu quando em 2009 o contrato de número 161/2009 publicado no Diário Oficial do Estado em 9/12/2010, para sua recuperação, foram alocados a importância de R$ 8.5000.000,00 (oito milhões e quinhentos mil reais), sendo 7.200.000,00 para realização da obra e R$ 1.300.000,00 para aquisição de materiais e equipamentos. (Tribuna do Norte 9/12/2009). Iniciaram-se as obras, mas logo foram paralisadas deixando a pobre Lagoa Manoel Felipe, mais uma vez a espera de um milagre. Não sabemos quanto desses recursos foram aplicados.
COMO PODEM VER PELA FOTO, O LAGO JOAQUINA BIER É EXATAMENTE IGUAR A NOSSA "CIDADE DA CRIANÇA" OU "LAGOA MANOEL FELIPE", SEU NOME ORIGINAL. LÁ NAS TERRAS DO SUL, OS NOMES DOS HOMENAGEADOS SÃO CONSERVADOS E VALORIZADOS. AQUI, NAS TERRAS TUPINUQUINS SE MUDAM OS NOMES ORIGINAIS SEM NENHUM RESPEITO AS TRADIÇÕES, MAS INFELIZMENTE NÃO MUDAM A SÓRDIDA MANEIRA DE TRATAR A COISA PÚBLICA.
Será que algum dia as crianças e a nossa cidade são beneficiados dos R$ 8.500.000,00(oito milhões e quinhentos mil reais) que foram alocados para sua recuperação? Confesso, tenho cá minhas dúvidas.
Conheci um Brasil diferente. Gramado é um município com pouco mais de 30.000 habitantes, sendo 90% de sua fonte de renda proveniente do turismo, onde recebe anualmente cerca de 2,5 milhões de turistas.
Algumas coisas me chamaram a atenção. Nos oito dias que estive na cidade, não consegui escutar nenhuma buzina de automóvel. Cheguei a pensar que os carros que por lá circulavam não dispunham desse acessório tão utilizado nas ruas de nossas capitais. Observei incrédulo, que os pedestres quando se aproximavam das faixas destinadas a eles, os carros diminuíam a velocidade e ao menor sinal de que pretendem atravessar a rua, os veículos imediatamente paravam. Tive vontade de rir imaginando a cena de alguém fazendo isso aqui em nossa Natal. Logo que pusesse o pé na faixa sem o devido cuidado de olhar para todos os lados por mais de uma vez, com sorte, no mínimo ficaria sem a perna.
Não se ouvia ninguém falando alto nem andando pelas ruas cobrindo a orelha com um celular. Chamou-me a atenção um vendedor de “mega sena” que falava um pouco mais alto na tentativa de atrair algum cliente. Aproximei-me dele e perguntei: de onde o senhor é? E ele reconhecendo meu sotaque nordestino, falou meio agauchado, - de Pernambuco tchê, vai levar uma? Agradeci e continuei minha caminhada.
Na cidade não existe “sinal” de transito. O único que tinha a Prefeitura achou por bem substituí-lo por uma rótula, há mais de cinco anos. Mesmo que tivesse, certamente não iríamos nos deparar com aqueles garotos que infestam nossos “sinais” munidos de uma garrafa peti cheia de água, que na tentativa de limpar o para brisa dos carros em troca de uma moeda, muitas vezes terminam por sujá-los ainda mais. Não existe a figura do “flanelinha”. Não vi mendigos nem pessoas maltrapilhas circulando pela cidade. Enfim, nada que denotasse pobreza.
Procurei conversas com pessoas da região para saber o segredo daquilo que para mim, era totalmente inusitado. E novamente senti-me envergonhado quando o interlocutor me respondeu com a maior simplicidade: o segredo é elegermos um administrador sério, comprometido com a cidade e a população. Relatou-me que dentre outras ações promovidas pelos dirigentes municipais, está a educação da população, principalmente por ser uma cidade eminentemente turística que lida anualmente, como já disse, com 2,5 milhões de visitantes vindos de todas as partes do Brasil e do mundo. Em contrapartida a população responde com a valorização dos bons administradores. O atual prefeito Nestor Tissot, era o vice do anterior, Pedro Henrique Bertolucci, que entre idas e vindas, já governou o município por 18 anos.
No primeiro dia que chegamos, a cidade foi tomada por um denso nevoeiro que mal dava pra enxergar o outro lado da rua. Foi aí que comecei a ouvir um gorjeio que me pareceu familiar. Procurei entre as árvores e nada pude ver, pois o nevoeiro a cada instante ficava mais denso. No outro dia, com a sua dissipação já era possível enxergá-la. Chegou-me novamente aos ouvidos aquele mesmo canto. E lá fui eu mais uma vez tentar identificar o seresteiro que tantas boas lembranças me traziam. Depois de um bom tempo de procura, pude avistar em cima de um dos casarões em estilo europeu, o que o meu subconsciente já havia identificado. O amarelo ouro do nosso canário da terra. O mesmo que em meus tempos de criança e adolescente voavam em bandos na fazenda de meu pai e por todas as cidades do nosso interior. Hoje infelizmente em nossa região, já faz parte da grande lista dos pássaros ameaçados de extinção. Senti naquele instante que nem tudo estava perdido, pois na longínqua Gramado, o nosso canário da terra esta totalmente a salvo das mazelas que praticamente o extinguiram em nossa região.
Mas como todos sabem o melhor de uma viajem é o retorno para casa. Parafraseando o escritor José Américo, “voltar é uma forma de renascer. Ninguém se perde na volta. Mas, ao chegar em casa, logo precisei viajar para a praia da Pipa, distante 80 quilômetros de Natal, percurso que com a conclusão da BR 101 no trecho Natal/Goianinha, fazemos em pouco mais de uma hora de viajem. Fui surpreendido com uma observação vindo de minha esposa nunca dantes escutada: - essa viagem pra Pipa é muito cansativa! E logo me veio a interrogação: será que agora, por não ter mais medo de voar, ela esta cogitando fazê-la de avião?
Natal, novembro/2010.
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
III EPE
terça-feira, 19 de outubro de 2010
DO BLOG DE CARLOS GOMES
SAUDADES DE GILVAN BEZERRIL (PAULO GILVAN)
Amigos e Amigas leitores deste meu blog. Recebi do colega brasiliense Ciro Tavares a triste notícia do falecimento, ontem, na cidade do Recife - onde nasceu, do último integrante original do Trio Irakitan – Gilvan Bezerril (Paulo Gilvan).
Como muitos sabem, comecei a minha vida militando no rádio e cantei inúmeras vezes na SAE (Sociedade Artística Estudantil), levado pelas mãos de Francisco Gomes de Sales, que era meu empresário e também do Trio Irakitan.
Guardo dessa época uma relíquia que o próprio Gilvan não chegou a conhecer – um disco em acetato obtido de um gravador de fio magnético, onde em um lado está a primeira gravação do Trio Irakitan (Você não sabe amar) e no outro lado eu cantando com o Trio (Sin ti). Isso ocorreu em 1948 na casa do Coronel Salema, na Base Aérea de Natal.
Este disco estou tentando recuperar através de um técnico de São Paulo indicado pelo meu amigo Dr. Ernani Rosado.
Eu vi o Trio nascer na casa de Edinho, que ficava na rua Coronel Cascudo, na cidade alta. Em nossas andanças artísticas, o gênio era Edinho, músico e arranjador de primeira linha. Gilvan era o “crooner” e Joãozinho fazia pequenas e rápidas cenas de teatro com Pedro e Paulo Dieb. Nas nossas excursões também participavam Haroldo de Almeida e Newton Ramalho, este ainda vivo.
Nessa época, os meninos do Trio resolveram buscar sucesso fora do Brasil, através dos países da América do Sul e voltaram consagrados, quando a cidade fez festa no Aéro Clube para recepcioná-los. Tenho tudo isso documentado para publicar em breve.
Faço esse registro sob o impacto de grande emoção e imensa saudade, rogando a Deus pela proteção do nosso pranteado Gilvan e que, por benesse do Criador, retome o convívio dos seus antigos parceiros, para brindar no céu, entre os querubins, a imensa população de potiguares que lá se encontra.
domingo, 17 de outubro de 2010
sábado, 16 de outubro de 2010
ENCONTRO DE GENEALOGIA
II ENCONTRO NORTERIOGRANDENSE DE GENEALOGIA
CAICÓ-RN, NOS DIAS 26,27 E 28 DE NOVEMBRO DE 2010.
CENTRO PASTORAL DOM WAGNER
PALESTRAS
MESA REDONDA
INTERCÂMBIOS
CONFRATERNIZAÇÕES E HOSPEDAGEM...
O RN EM ESPECIAL O SERIDÓ IRÁ VIVENCIAR A SUA GENEALOGIA AO SEU INTEIRO TEOR.
VENHA PARTICIPE!
CONTATO: aryssonsoares@hotmail.com
84-9946-6700 ou 9991-6516
CONFIRME SUA PARTICIPAÇÃO E RESERVE SUA HOSPEDAGEM.
HOMENAGEANDO: DOM JOSÉ ADELINO DANTAS
Umas das maiores e mais expressivas figuras da nossa comunidade estaria, se vivo fosse, completando 100 Anos de Vida neste ano de 2010. Estamos falando do saudoso "Dom Adelino Dantas, homem da fé e das letras, das artes e da cultura, historiador e conhecedor profundo das famílias do Seridó, um homem que amou intensamente Carnaúba dos Dantas e o seu povo Seridoense". Portanto neste II Encontro de Genealogia nós iremos também homenagear Dom José Adelino Dantas, pelo seu Centenário de nascimento, com uma palestra que terá como palestrante o nosso estimável Monsenhor Ausônio Tércio de Araújo.
ARYSSON SOARES DA SILVA.
CAICÓ-RN, NOS DIAS 26,27 E 28 DE NOVEMBRO DE 2010.
CENTRO PASTORAL DOM WAGNER
PALESTRAS
MESA REDONDA
INTERCÂMBIOS
CONFRATERNIZAÇÕES E HOSPEDAGEM...
O RN EM ESPECIAL O SERIDÓ IRÁ VIVENCIAR A SUA GENEALOGIA AO SEU INTEIRO TEOR.
VENHA PARTICIPE!
CONTATO: aryssonsoares@hotmail.com
84-9946-6700 ou 9991-6516
CONFIRME SUA PARTICIPAÇÃO E RESERVE SUA HOSPEDAGEM.
HOMENAGEANDO: DOM JOSÉ ADELINO DANTAS
Umas das maiores e mais expressivas figuras da nossa comunidade estaria, se vivo fosse, completando 100 Anos de Vida neste ano de 2010. Estamos falando do saudoso "Dom Adelino Dantas, homem da fé e das letras, das artes e da cultura, historiador e conhecedor profundo das famílias do Seridó, um homem que amou intensamente Carnaúba dos Dantas e o seu povo Seridoense". Portanto neste II Encontro de Genealogia nós iremos também homenagear Dom José Adelino Dantas, pelo seu Centenário de nascimento, com uma palestra que terá como palestrante o nosso estimável Monsenhor Ausônio Tércio de Araújo.
ARYSSON SOARES DA SILVA.
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
EDITAL DE CONVOCAÇÃO PARA ELEIÇÕES DO I.N.R.G.
INSTITUTO NORTE-RIOGRANDENSE DE GENEALOGIA - INRG
CONVOCAÇÃO DE ELEIÇÕES
A COMISSÃO ELEITORAL designada pela Portaria n° 01/2010-INRG de 13 de outubro em curso, do Presidente da Instituição, CONVOCA todos os Acadêmicos do INSTITUTO NORTE-RIOGRANDENSE DE GENEALOGIA - INRG, inscrição no CNPJ sob o n° 12.382.295/0001-97 – NATAL-RN, para participarem do pleito eleitoral para a escolha dos membros da Diretoria e Conselho Fiscal da referida Academia, a ter lugar no dia 17 de novembro próximo vindouro, em sua sede provisória sita à Rua Mipibu, 443, Petrópolis, nesta Capital, onde é a sede permanente da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras – ANRL, Petrópolis-Natal/RN, no horário das 8 às 17 horas, para o preenchimento dos seguintes cargos: DIRETORIA: Presidente; Vice-Presidente; Secretário e Tesoureiro. CONSELHO FISCAL: Três (03) Membros Titulares e Um (01) Suplente.
O edital com as normas editalícias completas está afixado na sede provisória da Instituição, no início indicada.
Natal/RN, 13 de outubro de 2010
A Comissão Eleitoral
CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES
Presidente
JOAQUIM LUIS QUITHÉ DE VASCONCELOS
Membro
ROSTAND MEDEIROS
Membro
CONVOCAÇÃO DE ELEIÇÕES
A COMISSÃO ELEITORAL designada pela Portaria n° 01/2010-INRG de 13 de outubro em curso, do Presidente da Instituição, CONVOCA todos os Acadêmicos do INSTITUTO NORTE-RIOGRANDENSE DE GENEALOGIA - INRG, inscrição no CNPJ sob o n° 12.382.295/0001-97 – NATAL-RN, para participarem do pleito eleitoral para a escolha dos membros da Diretoria e Conselho Fiscal da referida Academia, a ter lugar no dia 17 de novembro próximo vindouro, em sua sede provisória sita à Rua Mipibu, 443, Petrópolis, nesta Capital, onde é a sede permanente da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras – ANRL, Petrópolis-Natal/RN, no horário das 8 às 17 horas, para o preenchimento dos seguintes cargos: DIRETORIA: Presidente; Vice-Presidente; Secretário e Tesoureiro. CONSELHO FISCAL: Três (03) Membros Titulares e Um (01) Suplente.
O edital com as normas editalícias completas está afixado na sede provisória da Instituição, no início indicada.
Natal/RN, 13 de outubro de 2010
A Comissão Eleitoral
CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES
Presidente
JOAQUIM LUIS QUITHÉ DE VASCONCELOS
Membro
ROSTAND MEDEIROS
Membro
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
III EPA
III-EPE
III ENCONTRO POTIGUAR DE ESCRITORES – III EPE
De 26 a 28 de outubro de 2010
Coordenador Geral:
Eduardo Antonio Gosson
e-mail eduardogosson@tjrn.jus.br telefones: 3616-6513 e 9983-6081
Coordenadores Adjuntos:
Aluízio Mathias
Carlos Roberto de Miranda Gomes
Francisco Alves da Costa Sobrinho
Maria Rizolete Fernandes
Comissão de Divulgação
Cid Augusto
Carla Sousa (Assessoria de Imprensa)
Nelson Patriota (Diretor de Divulgação)
Francisco Alves da Costa Sobrinho
Paulo Jorge Dumaresq
Paulo Macedo
Lívio Alves Oliveira
Jania Maria de Souza
Lucia Helena Pereira
Maria Vilmaci Viana
J. Pinto Júnior
Local: Auditório da livraria Siciliano (G5), no shopping Midway Mall
Data: 26 a 28 de outubro de 2010
Hora: 10h às 18h.
III ENCONTRO POTIGUAR DE ESCRITORES
III EPE PROGRAMAÇÃO
26.10.10, terça-feira:
10h – Abertura Solene
(Eduardo Gosson – Presidente da UBE/RN)
11h30 – Jornalismo Político Ontem e Hoje
(Agnelo Alves, Woden Madruga e Ticiano Duarte)
Moderador: J. Pinto Júnior
15h – Nossa Editora: uma proposta editorial
(Pedro Simões)
16h – Três leituras sobre o Dilúvio: Gênesis, Miguel Torga e Machado de Assis
(Araceli Sobreira Benevides)
17h30 – Cultura Mossoroense em Questão
(Crispiniano Neto, Caio César e Clauder Arcanjo)
Moderador: Cid Augusto
18h30 – Lançamentos de livros e sarau com a Academia de Trovas RN (Coordenação José Lucas de Barros)
27.10.10, quarta-feira:
10h – Centenário de Américo de Oliveira Costa
( Anna Maria Cascudo, Nelson Patriota e João Eduardo de Carvalho Costa)
Moderador: Jurandyr Navarro
11h30 – Contribuição dos dramaturgos nordestinos para o Teatro Brasileiro
( Henrique Fontes, Clotilde Tavares e Racine Santos)
Moderador: Sonia Othon
15h – Jornalismo Cultural: ontem e hoje
(Cinthia Lopes , Franklin Jorge e Sérgio Vilar )
Moderador: Alexandro Gurgel
16h30 – Projeção do conto de José Saramago – A Maior Flor do Mundo
16h35 - Literatura Infantil Potiguar
(Bartolomeu Melo, Jânia Souza e Nivaldete Ferreira)
Moderador: Aluízio Mathias
18h – Lançamentos literários e sarau com a Sociedade dos Poetas Vivos e Afins (Coordenação de Geralda Efigênia)
28.10.10, quinta-feira:
10h – A Importância dos Estudos Genealógicos
(Ormuz Simonetti, Clotilde Santa Cruz Tavares, Antônio Luís de Medeiros e Joaquim José de Medeiros Neto )
Moderador: Carlos Gomes
11h30 – Debate da Rede Nordeste da Literatura, do Livro e da Leitura.
( Mileide Flores, Rosemary Guillén e Rildeci Medeiros)
Moderador: Francisco Alves da Costa Sobrinho
15 h – Compra do Livro Regionalizado no Nordeste
- Informes sobre a Feira do Livro em Frankfurt em 2013
(Tarciana Portela, Mileide Flores e Crispiniano Neto)
Moderador: Roberto Azoubel
16h30 – Madalena Antunes no Contexto da Literatura Potiguar
(Lucia Helena Pereira)
17h30 – A Nova Poesia do Seridó
(Iara Maria Carvalho, Wescley J. Gama e Ana Lúcia Henrique)
Moderador: Geralda Efigênia
18h 30 – Sarau com o grupo Casarão de Poesia
Coordenação: Aluízio Mathias
III ENCONTRO POTIGUAR DE ESCRITORES – III EPE
De 26 a 28 de outubro de 2010
Coordenador Geral:
Eduardo Antonio Gosson
e-mail eduardogosson@tjrn.jus.br telefones: 3616-6513 e 9983-6081
Coordenadores Adjuntos:
Aluízio Mathias
Carlos Roberto de Miranda Gomes
Francisco Alves da Costa Sobrinho
Maria Rizolete Fernandes
Comissão de Divulgação
Cid Augusto
Carla Sousa (Assessoria de Imprensa)
Nelson Patriota (Diretor de Divulgação)
Francisco Alves da Costa Sobrinho
Paulo Jorge Dumaresq
Paulo Macedo
Lívio Alves Oliveira
Jania Maria de Souza
Lucia Helena Pereira
Maria Vilmaci Viana
J. Pinto Júnior
Local: Auditório da livraria Siciliano (G5), no shopping Midway Mall
Data: 26 a 28 de outubro de 2010
Hora: 10h às 18h.
III ENCONTRO POTIGUAR DE ESCRITORES
III EPE PROGRAMAÇÃO
26.10.10, terça-feira:
10h – Abertura Solene
(Eduardo Gosson – Presidente da UBE/RN)
11h30 – Jornalismo Político Ontem e Hoje
(Agnelo Alves, Woden Madruga e Ticiano Duarte)
Moderador: J. Pinto Júnior
15h – Nossa Editora: uma proposta editorial
(Pedro Simões)
16h – Três leituras sobre o Dilúvio: Gênesis, Miguel Torga e Machado de Assis
(Araceli Sobreira Benevides)
17h30 – Cultura Mossoroense em Questão
(Crispiniano Neto, Caio César e Clauder Arcanjo)
Moderador: Cid Augusto
18h30 – Lançamentos de livros e sarau com a Academia de Trovas RN (Coordenação José Lucas de Barros)
27.10.10, quarta-feira:
10h – Centenário de Américo de Oliveira Costa
( Anna Maria Cascudo, Nelson Patriota e João Eduardo de Carvalho Costa)
Moderador: Jurandyr Navarro
11h30 – Contribuição dos dramaturgos nordestinos para o Teatro Brasileiro
( Henrique Fontes, Clotilde Tavares e Racine Santos)
Moderador: Sonia Othon
15h – Jornalismo Cultural: ontem e hoje
(Cinthia Lopes , Franklin Jorge e Sérgio Vilar )
Moderador: Alexandro Gurgel
16h30 – Projeção do conto de José Saramago – A Maior Flor do Mundo
16h35 - Literatura Infantil Potiguar
(Bartolomeu Melo, Jânia Souza e Nivaldete Ferreira)
Moderador: Aluízio Mathias
18h – Lançamentos literários e sarau com a Sociedade dos Poetas Vivos e Afins (Coordenação de Geralda Efigênia)
28.10.10, quinta-feira:
10h – A Importância dos Estudos Genealógicos
(Ormuz Simonetti, Clotilde Santa Cruz Tavares, Antônio Luís de Medeiros e Joaquim José de Medeiros Neto )
Moderador: Carlos Gomes
11h30 – Debate da Rede Nordeste da Literatura, do Livro e da Leitura.
( Mileide Flores, Rosemary Guillén e Rildeci Medeiros)
Moderador: Francisco Alves da Costa Sobrinho
15 h – Compra do Livro Regionalizado no Nordeste
- Informes sobre a Feira do Livro em Frankfurt em 2013
(Tarciana Portela, Mileide Flores e Crispiniano Neto)
Moderador: Roberto Azoubel
16h30 – Madalena Antunes no Contexto da Literatura Potiguar
(Lucia Helena Pereira)
17h30 – A Nova Poesia do Seridó
(Iara Maria Carvalho, Wescley J. Gama e Ana Lúcia Henrique)
Moderador: Geralda Efigênia
18h 30 – Sarau com o grupo Casarão de Poesia
Coordenação: Aluízio Mathias
terça-feira, 12 de outubro de 2010
MUSEU NILO PEREIRA - CEARÁ-MIRIM RN
ORMUZ BARBALHO SIMONETTI (Presidente do Instituto Norte-Rio-Grandense de Genealogia, membro do IHGRN e da UBE-RN)
AINDA SOBRE O MUSEU NILO PEREIRA – ENGENHO GUAPORÉ
Felizmente nosso grito de alerta teve ouvidos lá fora. Os dois artigos publicados neste periódico, “Vergonha” e “Grito de Alerta- Ainda sobre o Museu Nilo Pereira”, alcançaram o confrade Carlos Barata, Presidente do CBG - Colégio Brasileiro de Genealogia, com sede no Rio de Janeiro, Instituição a qual pertencemos desde 2008. O professor Carlos Barata ficou chocado com a atual situação do museu e principalmente com as imagens do vídeo que lhe enviei, onde vândalos aparece apedrejando o Museu Nilo Pereira.
Segue o desdobramento a partir das matérias publicadas.
Carlos Barata escreveu: Prezados amigos museólogos e estudantes de Museologia, segue mensagem que foi enviada, por e-mail, pelo amigo Ormuz Barbalho Simonetti, Presidente do Instituto Norte-Rio-Grandense de Genealogia. Matéria será publicada em O JORNAL DE HOJE edição de sexta-feira dia 24/09/2010.
E-mail enviado a Carlos Costa, Presidente de COREM 4° Região (Conselho Regional de Museologia) por Magda Beatriz Vilela,Presidente COREM 2ª Região-RJ, ES e MG.
Prezado Carlos,
Encaminho o email que recebi a fim de que você possa tomar conhecimento do alerta/denúncia lançado pelo Sr. Ormuz Barbalho Simonetti, o qual me fora encaminhado pelo Prof. Carlos Barata. Não sei se terás como agir nesse caso em especial, pois me parece tratar-se de um caso onde há, nitidamente, a influência da política imunda de nosso país que tem força maior do que qualquer lei. Me senti na obrigação de repassar para você.
Desde já agradeço sua atenção.
De: Conselho Regional de Museologia
Data: 27 de setembro de 2010 20:31
Assunto: Re: URGENTE AO IBRAM: Grito de alerta - Ainda sobre o museu Nilo Pereira
http://www.youtube.com/watch?v=lE5lMb7DvNc O
VÍDEO ANEXO É UM ABSURDO (Carlos Barata)
Para: Conselho Regional de Museologia COREM
Cc: Mario Chagas, nascimento@iphan.gov.br, Julio Chaves , Olímpia , Raimundo Cova Figueiredo, Raimundo Cova Figueiredo, Raimundo Figueiredo, Ana Claudia dos Santos, Rafaela Caroline Noronha Almeida, caubarat@globo.com
Carlos,
Agradeço sua pronta resposta e também devido ao encaminhamento a quem possa, talvez, agir da melhor forma para salvaguardar esse patrimônio.
Att.
Magda Beatriz Vilela
Presidente COREM 2ªRegião-RJ, ES e MG
Em 26 de setembro de 2010 23:05, Carlos Costa, Presidente do Conselho Regional de Museologia COREM escreveu:
Prezada colega Magda Vilela,
De fato, trata-se de uma situação lamentável. Como bem observa, não sei se teremos como agir, frente aos parcos recursos que dispomos e as forças políticas que existem por trás da situação. Por outro lado, não nos parece que seja atribuição legal do sistema COFEM/COREMs, frente ao que versa os Arts. 7º e 8º da Lei nº 7.287/84. Tendo em vista dispormos de um instituto federal que trata de museus, encaminharei a situação ao IBRAM, através deste e-mail, especialmente ao Mário Chagas e ao Nascimento Júnior, para avaliarem a questão e indicarem um encaminhamento.
Cordialmente,
Carlos Costa.
Museólogo - COREM 1R 0211-I
Presidente do COREM 1R
Hoje quarta feira, estive no Solar João Galvão de Medeiros onde funciona o CEDOC, Centro de Documentação Cultural do Estado, órgão da Fundação José Augusto, mas infelizmente não fui autorizado a ter acesso ao acervo do Museu Nilo Pereira, que se encontra sob responsabilidade daquela Fundação. Fui informado que as peças estão bastante deterioradas e por isso, impedidas de serem vistas mesmo por pesquisadores, como no meu caso. Este acervo que até 2006 era guardado no Palácio da Cultura, hoje se encontra “armazenado” em precárias condições no Papódromo – Centro Administrativo, que funciona como depósito de coisas velhas e quebradas descartadas das diversas Secretarias do Estado do RN. Não tive acesso nem mesmo ao inventário das peças que lá se encontram, mas consegui a informação de que pelo menos o piano de calda, principal peça do acervo, com certeza não se encontra dentre as peças amontoadas naquele depósito. Sumiu, ninguém sabe, ninguém viu.
Faço aqui um apelo à Assembléia Legislativa para que abrace essa luta em favor do Museu Nilo Pereira, instaurando uma CPI - Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar devidamente o que vem realmente acontecendo, ao longo desses últimos anos com aquele patrimônio histórico e cultual. Temos conhecimento de que os recursos que são conseguidos com tantas dificuldades, terminam retornando às suas origens pela incompetência das autoridades responsáveis, que numa clara demonstração de descaso e falta de compromisso com a cultura de nosso Estado, passivamente, permitem que tais recursos retornem, por falta de utilização.
Apelamos para a Ordem dos Advogados do RN, a Academia de Letras do RN, a UFRN como também a Associação dos Jornalistas do RN, enfim a Sociedade Civil organizada, para se engajarem nessa luta e numa ação conjunta, possamos devolver ao povo do Rio Grande do Norte, o museu Nilo Pereira totalmente restaurado juntamente com o que ainda resta do seu antigo acervo, antes que o tempo e o descaso dessas autoridades se encarreguem de tornar impossível, o sonho de sua restauração.
AINDA SOBRE O MUSEU NILO PEREIRA – ENGENHO GUAPORÉ
Felizmente nosso grito de alerta teve ouvidos lá fora. Os dois artigos publicados neste periódico, “Vergonha” e “Grito de Alerta- Ainda sobre o Museu Nilo Pereira”, alcançaram o confrade Carlos Barata, Presidente do CBG - Colégio Brasileiro de Genealogia, com sede no Rio de Janeiro, Instituição a qual pertencemos desde 2008. O professor Carlos Barata ficou chocado com a atual situação do museu e principalmente com as imagens do vídeo que lhe enviei, onde vândalos aparece apedrejando o Museu Nilo Pereira.
Segue o desdobramento a partir das matérias publicadas.
Carlos Barata escreveu: Prezados amigos museólogos e estudantes de Museologia, segue mensagem que foi enviada, por e-mail, pelo amigo Ormuz Barbalho Simonetti, Presidente do Instituto Norte-Rio-Grandense de Genealogia. Matéria será publicada em O JORNAL DE HOJE edição de sexta-feira dia 24/09/2010.
E-mail enviado a Carlos Costa, Presidente de COREM 4° Região (Conselho Regional de Museologia) por Magda Beatriz Vilela,Presidente COREM 2ª Região-RJ, ES e MG.
Prezado Carlos,
Encaminho o email que recebi a fim de que você possa tomar conhecimento do alerta/denúncia lançado pelo Sr. Ormuz Barbalho Simonetti, o qual me fora encaminhado pelo Prof. Carlos Barata. Não sei se terás como agir nesse caso em especial, pois me parece tratar-se de um caso onde há, nitidamente, a influência da política imunda de nosso país que tem força maior do que qualquer lei. Me senti na obrigação de repassar para você.
Desde já agradeço sua atenção.
De: Conselho Regional de Museologia
Data: 27 de setembro de 2010 20:31
Assunto: Re: URGENTE AO IBRAM: Grito de alerta - Ainda sobre o museu Nilo Pereira
http://www.youtube.com/watch?v=lE5lMb7DvNc O
VÍDEO ANEXO É UM ABSURDO (Carlos Barata)
Para: Conselho Regional de Museologia COREM
Cc: Mario Chagas, nascimento@iphan.gov.br, Julio Chaves , Olímpia , Raimundo Cova Figueiredo, Raimundo Cova Figueiredo, Raimundo Figueiredo, Ana Claudia dos Santos, Rafaela Caroline Noronha Almeida, caubarat@globo.com
Carlos,
Agradeço sua pronta resposta e também devido ao encaminhamento a quem possa, talvez, agir da melhor forma para salvaguardar esse patrimônio.
Att.
Magda Beatriz Vilela
Presidente COREM 2ªRegião-RJ, ES e MG
Em 26 de setembro de 2010 23:05, Carlos Costa, Presidente do Conselho Regional de Museologia COREM escreveu:
Prezada colega Magda Vilela,
De fato, trata-se de uma situação lamentável. Como bem observa, não sei se teremos como agir, frente aos parcos recursos que dispomos e as forças políticas que existem por trás da situação. Por outro lado, não nos parece que seja atribuição legal do sistema COFEM/COREMs, frente ao que versa os Arts. 7º e 8º da Lei nº 7.287/84. Tendo em vista dispormos de um instituto federal que trata de museus, encaminharei a situação ao IBRAM, através deste e-mail, especialmente ao Mário Chagas e ao Nascimento Júnior, para avaliarem a questão e indicarem um encaminhamento.
Cordialmente,
Carlos Costa.
Museólogo - COREM 1R 0211-I
Presidente do COREM 1R
Hoje quarta feira, estive no Solar João Galvão de Medeiros onde funciona o CEDOC, Centro de Documentação Cultural do Estado, órgão da Fundação José Augusto, mas infelizmente não fui autorizado a ter acesso ao acervo do Museu Nilo Pereira, que se encontra sob responsabilidade daquela Fundação. Fui informado que as peças estão bastante deterioradas e por isso, impedidas de serem vistas mesmo por pesquisadores, como no meu caso. Este acervo que até 2006 era guardado no Palácio da Cultura, hoje se encontra “armazenado” em precárias condições no Papódromo – Centro Administrativo, que funciona como depósito de coisas velhas e quebradas descartadas das diversas Secretarias do Estado do RN. Não tive acesso nem mesmo ao inventário das peças que lá se encontram, mas consegui a informação de que pelo menos o piano de calda, principal peça do acervo, com certeza não se encontra dentre as peças amontoadas naquele depósito. Sumiu, ninguém sabe, ninguém viu.
Faço aqui um apelo à Assembléia Legislativa para que abrace essa luta em favor do Museu Nilo Pereira, instaurando uma CPI - Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar devidamente o que vem realmente acontecendo, ao longo desses últimos anos com aquele patrimônio histórico e cultual. Temos conhecimento de que os recursos que são conseguidos com tantas dificuldades, terminam retornando às suas origens pela incompetência das autoridades responsáveis, que numa clara demonstração de descaso e falta de compromisso com a cultura de nosso Estado, passivamente, permitem que tais recursos retornem, por falta de utilização.
Apelamos para a Ordem dos Advogados do RN, a Academia de Letras do RN, a UFRN como também a Associação dos Jornalistas do RN, enfim a Sociedade Civil organizada, para se engajarem nessa luta e numa ação conjunta, possamos devolver ao povo do Rio Grande do Norte, o museu Nilo Pereira totalmente restaurado juntamente com o que ainda resta do seu antigo acervo, antes que o tempo e o descaso dessas autoridades se encarreguem de tornar impossível, o sonho de sua restauração.
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
GRITO DE ALERTA - MUSEU NILO PEREIRA
CAROS AMIGOS E LEITORES. O "GRITO DE ALERTA" AO QUE PARECE JÁ COMEÇA A SURTIR ALGUM EFEITO, CHAMANDO A ATENÇÃO DAS AUTORIDADES RESPONSÁVEIS DESSE PAÍS. REPASSO E-MAIL QUE RECEBI DO PRESIDENTE DO COLÉGIO BRASILEIRO DE GENEALOGIA, PROFESSOR CARLOS BARATA, QUE ALIOU-SE A NOSSA LUTA.
---------- Mensagem encaminhada ----------
De: Conselho Regional de Museologia
Data: 27 de setembro de 2010 20:31
Assunto: Re: URGENTE AO IBRAM: Grito de alerta - Ainda sobre o museu Nilo Pereira - O VÍDEO ANEXO É UM ABSURDO (Cau Barata)
Para: Conselho Regional de Museologia COREM
Cc: Mario Chagas
Carlos,
Agradeço sua pronta resposta e também devido ao encaminhamento a quem possa, talvez, agir da melhor forma para salvaguardar esse patrimônio.
Att.
Magda Beatriz Vilela
Presidente COREM 2ª Região-RJ,ES e MG
Telefax: (21) 2233-2357
Em 26 de setembro de 2010 23:05, Conselho Regional de Museologia COREM
Prezada colega Magda Vilela,
De fato, trata-se de uma situação lamentável. Como bem observa, não sei se teremos como agir, frente aos parcos recursos que dispomos e as forças políticas que existem por trás da situação. Por outro lado, não nos parece que seja atribuição legal do sistema COFEM/COREMs, frente ao que versa os Arts. 7º e 8º da Lei nº 7.287/84. Tendo em vista dispormos de um instituto federal que trata de museus, encaminharei a situação ao IBRAM, através deste e-mail, especialmente ao Mário Chagas e ao Nascimento Júnior, para avaliarem a questão e indicarem um encaminhamento.
Cordialmente,
Carlos Costa.
Museólogo - COREM 1R 0211-I
Presidente do COREM 1R
---------- Mensagem encaminhada ----------
De: Conselho Regional de Museologia
Data: 26 de setembro de 2010 10:24
Assunto: Grito de alerta - Ainda sobre o museu Nilo Pereira - O VÍDEO ANEXO É UM ABSURDO (Cau Barata)
Para: corem1r@gmail.com
Cc: caubarat@globo.com
Prezado Carlos,
Encaminho o email que recebi a fim de que você possa tomar conhecimento do alerta/ denúncia lançado pelo Sr. Ormuz Barbalho Simonetti, o qual me fora encaminhado pelo Prof. Carlos Barata. Não sei se terás como agir nesse caso em especial, pois me parece tratar-se de um caso onde a há, nitidamente, a influência da política imunda de nosso país que tem força maior do que qualquer lei. Me senti na obrigação de repassar para você.
Desde já agradeço sua atenção.
Att.
Magda Beatriz Vilela
Presidente COREM 2ª Região-RJ,ES e MG
Museóloga responsável do Museu do IHGB - Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro
Telefax: (21) 2233-2357
Tel cel.: (21) 8182-7810---------- Mensagem encaminhada ----------
D
e: Cau Barata
Data: 23 de setembro de 2010 19:52
Assunto: Grito de alerta - Ainda sobre o museu Nilo Pereira - O VÍDEO ANEXO É UM ABSURDO (Cau Barata)
Para: Cau Barata
Grito de alerta - Ainda sobre o museu Nilo Pereira -
O VÍDEO ANEXO É UM ABSURDO (Cau Barata)
________________________________________
Prezados amigos museólogos e estudantes de museologia,
segue mensagem que foi enviada, por e-mail, pelo amigo Ormuz Barbalho Simonetti, Presidente do Instituto Norte-Rio-Grandense de Genealogia.
Matéria será publicada em O JORNAL DE HOJE edição de sexta feira dia 24/09/2010
ORMUZ BARBALHO SIMONETTI (Presidente do Instituto Norte-Rio-Grandense de Genealogia e membro do IHGRN e da UBE-RN)
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
GRITO DE ALERTA - MUSEU NILO PEREIRA
ORMUZ BARBALHO SIMONETTI (Presidente do Instituto Norte-Rio-Grandense de Genealogia e membro do IHGRN e da UBE-RN)
GRITO DE ALERTA - AINDA SOBRE O MUSEU NILO PEREIRA
Semana passada novamente estive de passagem pelos escombros do museu Nilo Pereira, como sempre acontece quando retorno de minha chácara, e algo me chamou a atenção. Pude ver ao longe algumas barracas armadas junto ao muro do casarão, que se destacavam por serem de lona azul. Otimista, imaginei que podia está sendo iniciada a tão sonhada recuperação do casarão. A vegetação em volta havia sido podada dando a impressão que seria instalado um canteiro de obras.
Como tive notícia recente que havia sido alocada uma verba no valor de R$ 300 mil para as obras de recuperação do museu, não tive dúvidas: manobrei o carro e rumei pela estradinha de acesso e fui ver de perto o que me parecia ser o início das obras.
Quando me aproximei do local pude perceber o meu engano e logo a esperança se transformou em mais uma decepção. As barraquinhas que eu pensava tratar-se do início de um canteiro de obras eram a cobertura de um “refeitório” improvisado para os bóias-frias, contratados pela usina, que estavam trabalhando no plantio de cana-de-açúcar nas terras em volta do velho casarão.
Desci do carro, me aproximei das barracas que coladas ao muro estavam vazias. Fiz questão de registrar tudo com fotografias. Poucos metros ao lado do “refeitório” outra barraca foi armada para ser utilizada como latrina. Chamou-me a atenção um forte cheiro de fumaça que vinha da parte de trás da casa e resolvi investigar. No alpendre, em cima do piso de ladrilhos centenário, foi improvisado um fogão com trempe de pedras que havia sido utilizado recentemente. Ainda havia restos de lenha queimada e muita sujeira em redor.
Quando cheguei ao museu tinha esperança de encontrar pelo menos o local limpo e vigiado. Esta simples providência já inibiria a ação dos vândalos que por ali passam e sempre encontra um jeito de maltratar ainda mais aquele patrimônio cultural.
A minha maior preocupação com o Guaporé é que os novos donos da Usina, empresários de Fortaleza, que além de não ter nenhum compromisso com aquele monumento histórico, talvez não conheçam a história nem a importância do Guaporé. E isso deixa espaço para num ato de desatino ou ignorância, algum capataz da usina, querendo mostrar serviço ou agradar ao patrão, possa com suas máquinas pesadas, destruí-lo num abrir e fechar de olhos, alegando que “aquela casa velha” estava atrapalhando o plantio da cana; a distribuição dos canos para irrigação da área ou mesmo a movimentação dos tratores. Não é difícil conseguir motivos para justificar atos insanos.
Na tarde de 13 de março de 1979, foi entregue oficialmente a população, totalmente recuperado, o solar do Guaporé. A cerimônia foi presidida pelo governado do Estado do Rio Grande o Norte, Dr. Tarcísio de Vasconcelos Maia, que estava encerrando o mandato. Também compareceram o vice-governador Geraldo José Melo, o Prefeito do Ceará Mirim, Edgar Varella, o professor e acadêmico Onofre Lopes, presidente da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, o advogado e historiador Enélio Lima Petrovich, presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, o escritor e poeta Franco Jasiello, presidente da Fundação José Augusto, o escritor e poeta Homero Homem, os poetas e acadêmicos Diógenes da Cunha Lima e Sanderson Negreiros, ex-presidente da Fundação José Augusto, o Cônego Rui Miranda, vigário do Ceará Mirim, o deputado Ruy Pereira Júnior, o senador Aluísio Chaves, do Pará, os advogados Heitor Varella e Hélio Dantas, e tantas outras pessoas do povo que acorreram ao solar para prestigiar o grande acontecimento sociocultural.
No discurso de entrega, após sua restauração, o saudoso e visionário Nilo Pereira já prognosticava: “Se a casa não tiver uso, voltará à ruína”. Sábias palavras. Como podemos ver, não demorou muito para acontecer o que ele temia.
Em 1978 o ex-governador Geraldo José de Melo, então proprietário da Companhia Açucareira Vale do Ceará-Mirim- Usina São Francisco - a quem as terras pertenciam, repassou por comodato, a Fundação José Augusto e a Prefeitura de Ceará-Mirim pelo período de 99 anos, tempo máximo permitido, a área que compreende o antigo casarão e a casa de banhos. Tanto a Fundação José Augusto como a Prefeitura de Ceará-Mirim foram totalmente negligentes em suas responsabilidades permitindo que a situação chegasse a esse ponto.
Essa destruição e abandono das belas construções dos antigos engenhos de cana-de-açúcar no vale do Ceará-Mirim constitui-se em prática bastante comum. Basta ver o que resta do que outrora foram as casas grande dos engenhos Ilha Bela, fundado em 1888; Diamante, que teve sua casa grande derrubada logo após ter sido vendido pelos seus proprietários; a casa grande e a capela do engenho Cruzeiro; a casa grande do Barão de Ceará-Mirim; a do engenho Carnaubal, fundado em 1840; do engenho Capela, fundado em 1868; do engenho Oiteiro, fundado em 1889 e tantos outros engenhos que desapareceram totalmente da paisagem do vale.
Quem anda pela região do baixo vale, a todo instante descobre dentro da vegetação crescida, restos de chaminés dos antigos engenhos que vencidos pelo tempo não resistiram ao abandono dos herdeiros de seus fundadores. Melancólica visão. Outrora aquelas chaminés propiciavam rara beleza quando suas fumaças turvavam o azul do céu nas tardes preguiçosas nos períodos de moagem. O ar se enchia do cheiro doce que vinha tanto das casas de purgar onde o açúcar mascavo descansava nas formas de madeira, purgando “mel de furo”, como da bagaceira que secava nos pátios dos engenhos para alimentar as caldeiras. Eram esses engenhos responsáveis pelo enriquecimento da região que além de empregar centenas de famílias, davam charme e beleza a quem visitava o vale de Ceará-Mirim.
Esse “grito de alerta” sobre o museu Nilo Pereira tem como objetivo continuar denunciando o descaso das autoridades e também chamar a atenção para que algo urgente seja feito no sentido de, pelo menos, não permitir que se deprede ainda mais aquele patrimônio, para que haja tempo de aplicar os recursos conseguidos.
Estou fazendo a minha parte. Denunciarei todas as vezes que for necessário. Semanalmente estarei visitando o local e rogo a Deus e aos “homens de boa vontade e também de responsabilidade” que em breve possa transformar essas visitas que atualmente só trazem tristeza e decepção em visitas de esperança e júbilo.
Espero sinceramente que em muito breve, ao passar em frente ao casarão do Guaporé, possa visualizar ao invés de latadas e latrinas, pedreiros e restauradores trabalhando na recuperação daquele belo monumento, orgulho de todos Norte-Riograndense, principalmente os nascidos em Ceará-Mirim ou os que com eu, tomaram por sua, a bela terra dos verdes canaviais.
Natal 17 de setembro de 2010.
Vídeo de vândalos depredando o museu - youtube:
http://www.youtube.com/watch?v=lE5lMb7DvNc
domingo, 19 de setembro de 2010
DISCURSO PROFERIDO POR ORMUZ BARBALHO SIMONETTI, PELA COMEMORAÇÃO DO PRIMEIRO ANO DO INRG
Ilustríssimo Senhor Escritor Jurandyr Navarro da Costa, presidente da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras Jurídicas, em nome de quem cumprimentamos os demais membros da mesa, já referidos no cerimonial.
Estimados associados deste Instituto, Minhas Senhoras e meus Senhores:
Um dia eu tive um sonho. Sonhei que poderia criar em nosso Estado, uma casa de cultura, onde genealogistas, historiadores e pesquisadores de nossa história, pudessem se encontrar e dividir suas experiências e informações.
Esse sonho começou a se realizar, quando em uma das minhas visitas ao gabinete do Conselheiro Valério Mesquita, grande incentivador da cultura em nosso Estado, tive o prazer de conhecer, em um encontro promovido por ele, um jovem pesquisador, o genealogista e historiador e também seu conterrâneo, Anderson Tavares.
Começava naquele instante uma parceria de sonhos e idéias que vieram a culminar na criação do INRG. Ao lhe confidenciar minhas pretensões, encontrei nele a força que precisava para realizar a difícil tarefa que estava por vir.
No início de setembro de 2009, recebemos um convite para participar do I Encontro Norte-Rio-Grandense de Genealogia que se realizaria na cidade de Caicó-RN. Esse encontro seria promovido pelo Prefeito da cidade Sr. Bibi Costa, também um apaixonado pela genealogia, que ao lado de seu irmão Sinval Costa, se dedicam há vários anos a destrinchar e organizar as ligações genealógicas das famílias do Seridó, da qual fazem parte.
Fomos, eu e Anderson, ao encontro do também pesquisador Arysson Soares, que ao lado do prefeito Bibi, organizava esse evento. Após algum tempo de conversa, ficou decidido que a criação do INRG, que estava prevista para o final de outubro, deveria acontecer antes do encontro de Caicó, para que pudéssemos, durante o evento, anunciar a criação do Instituto e oportunizar aos vários pesquisadores presentes, a participarem da Instituição.
E assim, uma semana depois, no dia 17 de setembro de 2009, em reunião realizada aqui nessa casa, que atualmente ainda é nosso endereço provisório, foi criado o INRG.
A Assembléia foi aberta pelo presidente da Casa, professor Diógenes da Cunha Lima, que em seguida nos passou o comando dos trabalhos. Dando continuidade à cerimônia, fizemos a composição da mesa com os pesquisadores Arlyson Soares, Anderson Tavares e Bibi Costa, eleitos naquela ocasião para formarem uma diretoria provisória.
Tivemos a assessoria do escritor e advogado, membro da Academia Norte Rio-Grandense de Letras Jurídica, Dr. Carlos Roberto de Miranda Gomes, que assessorou o primeiro secretário, Anderson Tavares na elaboração da Ata de Criação do Instituto. Desde essa data o Dr. Carlos Gomes, tornou-se o nosso grande esteio, no intrincado e difícil caminho que tivemos que percorrer para levar a frente nossas pretensões, inclusive cedendo o seu escritório para as reuniões do Instituto e elaborando a minuta do nosso Estatuto, que foi aprovado após convocação dos sócios, na forma da lei.
Na ocasião da fundação e da aprovação do Estatuto, tivemos o prazer de contar com a presença de diversos intelectuais: genealogistas, escritores e historiadores, que nos prestigiaram com suas presenças naqueles momentos históricos, tornando-se sócios fundadores, da mais nova Instituição cultural de nosso Estado.
Durante o evento de Caicó, já comparecemos com a existência do Instituto e na condição de seu Presidente e ficamos certos de que todo aquele esforço havia valido a pena. Tivemos o prazer de presenciar e compartilhar com o entusiasmo dos que lá compareceram, tanto os pesquisadores de nosso Estado como os convidados dos estados de Pernambuco e do Ceará.
Foram dois dias que transcorreram num clima de total harmonia e dedicação, tanto de ouvintes como de palestrantes. Durante as palestras, foram feitos vários apartes pelos presentes, numa clara demonstração do interesse pelo tema, como também pelo total envolvimento dos participantes.
Ainda não nos foi possível a realização de grande parte do que desejamos, em virtude das dificuldades, que a todo instante tivemos que enfrentar. Mas temos com um dos nossos principais objetivos a criação de algumas representações, espalhadas pelo nosso estado, a partir da região do Seridó, grande celeiro de genealogistas e historiadores.
Para que os senhores tenham uma vaga idéia, o simples registro do nosso Instituto transformou-se em uma verdadeira via-crúcis. A cada passo que dávamos no sentido de vencer as exigências impostas, éramos surpreendidos com mais um obstáculo a ser transposto.
Na repartição cartorária, fomos sistematicamente obstaculizados, pois se insistia na prosaica exigência para que apresentássemos, dentre os vários documentos exigidos por Lei, pasmem, dois “originais” da Ata de Fundação, como se isso fosse possível.
Nossas explicações não foram suficientes para demover a exigência. Fizemos o possível para que se entendesse que “original” refere-se apenas de uma única coisa. Se tivesse perdido alguns minutos recorrendo a qualquer dicionário, poderia ter evitado todo nosso sofrimento. Lá pode ser encontrada com facilidade a palavra Original, descrita da seguinte maneira: “Que foi feito pela primeira vez, em primeiro lugar, sem ser copiado de nenhum modelo”.
Mais uma vez nos valemos dos conhecimentos jurídicos do Dr. Carlos Gomes que nos orientou a recorrer a Corregedoria Geral de Justiça, por também já ter sido vítima nesse mesmo cartório, de exigência semelhante, quando tentava registrar a ASSOCIAÇÃO DOS AMIGOS DO INSTITUTO INTERNACIONAL DE NEUROCIÊNCIAS.
Fomos gentilmente recebidos pelo Juiz Dr. Bruno Bezerra, que fez as anotações devidas, se comprometendo a resolver o assunto tão logo retornasse a Natal o Desembargador João Rebouças. Felizmente tivemos êxito em nossa reclamação, e no dia 22 de junho de 2010, foi baixado pelo Desembargador João Rebouças, Corregedor Geral de Justiça, o Provimento 57, que passou a dirimir todas as possíveis dúvidas quanto à documentação exigida, por ocasião do Registro Civil das Pessoas Jurídicas.
Tal situação gerou comentários no meio jurídico, tanto que o Setor de Comunicação do Tribunal de Justiça produziu uma matéria jornalística sobre o assunto, onde fomos entrevistado e durante a entrevista tivemos a oportunidade de relatar todo o acontecido. Dias depois a matéria foi veiculada na TV Câmara Estadual e na TV Justiça a nível nacional.
Estamos vencendo com tenacidade todos os obstáculos que se apresentam. E hoje, para a surpresa de alguns que não acreditavam e até debochavam de nossa capacidade de prosseguirmos com o esse objetivo, comunicamos que vencemos.
Há exatamente um ano atrás, estava sendo eleita para gerir a mais nova instituição cultural de nosso Estado, uma Diretoria formada por homens responsáveis e abnegados, que tinham e têm como único objetivo, contribuir para o melhoramento e engrandecimento da nossa cultura.
No mês de junho, encomendamos ao artista plástico Levi Bulhões, aqui presente, que criasse um Brasão para o nosso Instituto. Dois meses depois, o artista nos apresentou o modelo aqui exposto. É um dos mais belos Brasões de toda a heráldica que conheço.
No sublime momento de criação o artista esmerou-se. Colocou o sol simbolizando nossa cidade conhecida internacionalmente como “Cidade do Sol”. O mar, as nossas belas praias e a jangada, representam os nossos destemidos pescadores. As pirâmides de sal com o moinho de vento, a mais antiga fonte econômica de nosso Estado e ainda a manutenção do título de maior produtor de sal do mundo. Os coqueiros, a carnaúba e a cana-de-açucar, são nossa riquezas agrícolas. A bela flor de algodão mocó com os dois capulhos, além da agricultura, representam também a região do seridó. As cores utilizadas são da nossa bandeira.
Tudo isso harmonicamente disposto dentro das linhas da Fortaleza dos Reis Magos, o maior símbolo de nossa Cidade, tendo como complementos o monitor de um computador representando a modernidade e o teclado, que transformado em um livro, representa as principais fontes da pesquisa dos registros genealógicos. Ao final a complementação de uma faixa com o nosso lema: AD PERPETUAM FAMILIAE MEMORIAM. Daqui por diante, esse belo brasão será definitivamente nossa identidade visual.
No dia 17 de julho de 2010, finalmente conseguimos por força judicial, o registro do Instituto Norte-Rio-Grandense de Genealogia, em seguida a nossa inscrição no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas-CNPJ.
No dia 27 de agosto último, entramos com a documentação para que o INRG seja reconhecido como de utilidade pública estadual, através do Deputado Fernando Mineiro e no dia 30 do mesmo mês, entregamos no gabinete do vereador Franklin Capistrano, a mesma documentação para o reconhecimento da utilidade pública a nível municipal. No momento oportuno, faremos o mesmo para torná-lo também de utilidade pública federal.
Hoje comemoramos um ano da realização daquele sonho e temos a certeza, que também era um sonho acalentado por muitos anônimos genealogistas e pesquisadores de nossa história, espalhados por todo o nosso Estado.
Temos a profunda gratidão pelo apoio de todos vocês e a certeza que doravante vamos preparar um plano de trabalho para o desenvolvimento das nossas atividades culturais, já registrando que em outubro estaremos participando do III Encontro de Escritores do Rio Grande do Norte, promovido pela UNIÃO BRASILEIRA DE ESCRITORES/RN, atualmente presidida pelo escritor Eduardo Gosson, Entidade à qual nos filiamos pela identidade de propósitos.
Com tais considerações somente temos motivos para comemorar.
Certos de que continuaremos a contar com o apoio de todos, deixamos aqui o nosso abraço e as expressões do nosso apreço e consideração.
Muito OBRIGADO.
sábado, 18 de setembro de 2010
PRIMEIRO ANIVERSÁRIO DO I.N.R.G.
Do BLOG de Carlos Gomes
Na data de ontem, na Academia Norte-Rio-Grandense de Letras foi comemorado o 1° aniversário do INSTITUTO NORTE-RIOGRANDENSE DE GENEALOGIA, com uma festa bem organizada pelo seu Presidente Ormuz Barbalho Simonetti e que deixou em todos uma excelente impressão.
Tivemos pronunciamentos do próprio Ormuz e mais de João Felipe da Trindade, representando todos os sócios fundadores, efetivos e correspondente que receberam os seus diplomas na ocasião e do genealogista Joaquim José de Medeiros Neto que, de improviso, brindou a platéia com uma homenagem a Tomaz de Araújo Pereira, o Patriarca do Seridó, impressionando a todos pela sua prodigiosa memória. O Presidente Ormuz apresentou aos presentes o brasão do INRG, dando a explicação de sua simbologia, enaltecendo ter sido um trabalho esmerado da autoria do artísta plástico Levi Bulhões que se encontrava no auditório.
Presenças ilustres compareceram à sessão e o cerimonial foi conduzido pelo escritor Carlos Gomes, titular deste blog.
Após a solenidade foi servido um coquetel e efetivado um grande congraçamento entre os sócios.
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
CONVITE
INSTITUTO NORTE-RIOGRANDENSE DE GENEALOGIA - INRG
C O N V I T E
O Instituto Norte-Rio-Grandense de Genealogia tem a satisfação de convidar Vossa Senhoria para a sessão solene comemorativa do seu primeiro ano de atividades, a ocorrer no próximo dia 17 de setembro, pelas 19 horas, no Salão Nobre da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras.
Na ocasião, será feita a entrega dos DIPLOMAS aos Sócios Fundadores e Efetivos e em seguida será servido um coquetel aos presentes.
Ormuz Barbalho Simonetti
Presidente
terça-feira, 7 de setembro de 2010
ORIGEM DA FAMÍLIA GURGEL
ORMUZ BARBALHO SIMONETTI (Presidente do Instituto Norte-Rio-Grandense de Genealogia e membro do IHGRN e da UBE-RN)
ORIGEM DA FAMÍLIA GURGEL DO AMARAL E AMARAL GURGEL
Em 1595, chegou ao Brasil o corsário francês TOUS-SAINT GURGEL, capitaneando algumas naus, com o propósito de realizar contrabando de madeira de lei, principalmente o pau brasil. Nessa época ainda havia lutas de portugueses com franceses que se refugiaram em Cabo Frio, remanescentes do sonho de Nicolas Duran de Villeganion, em fundar em território brasileiro, mais precisamente onde hoje se localiza a cidade do Rio de Janeiro, a sonhada França Antártica. Essa região havia sido escolhida porque era habitada pelos temidos índios Tamoios e Tupinambás, que eram evitados pelos portugueses devido a sua ferocidade e hostilidade.
Nascido em Alsácia, a leste da França, junto às fronteiras da Alemanha e da Suíça, Tous-Saint era filho de pai alemão da Baviera e mãe francesa. Era homem letrado, pois havia estudado no Liceu do Strasbourg, em París. Em Saint Malo, na Normandia Francesa, concluiu o curso de Hidrografia e Ciências Náuticas.
No vigor de seus 25 anos de idade, e com grande experiência no comando de navios, visto já ter navegado por todo o Mediterrâneo. Desembarcou na região de Cabo Frio onde esperava ganhar dinheiro fácil, negociando com traficantes franceses e holandeses que habitavam aquela região e oportunamente realizando pilhagem em outras embarcações que por ali navegavam.
Pouco tempo depois de sua chegada a Cabo Frio, o corsário teve que enfrentar forças enviadas pelo então governador do Rio de Janeiro, Salvador Correia de Sá, sob o comando do coronel João Pereira de Souza Botafogo, encarregado de desalojar os franceses daquela região. Travou-se uma feroz batalha que culminou com a prisão de Tous-Saint Gurgel, que a frente de marinheiros franceses e alguns tamoios, lutaram até o fim. Com um número bastante inferior de homens e armas logo foi feito prisioneiro, não obstante ter lutado com toda bravura, despertando admiração e simpatia do Coronal Botafogo, que logo se afeiçoou aquele valente aventureiro.
Trazido para o Rio de Janeiro, ficou encarcerado por algum tempo e com a ajuda do seu captor, que gozava de grande prestigio junto ao Governador, conseguiu ficar na cidade do Rio de Janeiro por menagem. Tempos depois conseguiu a liberação de suas naus e tripulantes, aprisionados juntos com ele em Cabo Frio, e passa a dedicar-se a pesca de baleias na baía da Guanabara.
O cetáceo, muito freqüente nos meses frios, era capturado com facilidade e sua carne vendida no comércio local. O azeite, as barbatanas e a gordura exportados para o Reino, rendiam um bom dinheiro nas terras d’além-mar. Sempre contando com a proteção do Coronel Botafogo, participou de diversos negócios, ganhou bastante dinheiro, e em pouco tempo torna-se um homem muito rico.
Em janeiro de 1598 casou-se com a brasileira Domingas de Arão Amaral, filha do casal lusitano D. Antônio Diogo do Amaral e Micaela de Jesus Arão. Nascia naquela ocasião, e posteriormente através de seus descendentes, a família “Gurgel do Amaral” ou “Amaral Gurgel”. Tiveram oito filhos sendo sete filhas e um varão, nascidos e registrados na Sé, entre 1607 e 1619.
A primeira filha do casal chamava-se Maria do Amaral Gurgel (1607/1671) que se casou duas vezes. A primeira com Antônio Ramalho e tiveram cinco filhos. Em segundas núpcias, casou com Diogo da Fonseca e foram pais de quatro filhos sendo dois homens que se tronaram padres e duas mulheres.
O segundo filho chamava-se Francisco do Amaral Gurgel que torna-se religioso, ordenando-se padre. Era comum nas famílias mais abastarda da época a escolha de um dos filhos para seguir a carreira religiosa. Nasceu em 1610 e faleceu em 17.09.1654, na cidade do Rio de Janeiro.
A terceira filha do casal, Isabel do Amaral Gurgel, nasceu no Rio de Janeiro em 1613. Casou-se com Claudie Antoine Besançon, nove anos mais moço que ela, nascido na França, em 1604. Não temos registro de filhos do casal.
Ângela do Amaral Gurgel (1616/1695), a quarta filha do casal, casou-se com o português Capitão João Batista Jordão. O casal teve sete filhos entre os quais Cláudio Gurgel do Amaral, que se ordenou padre depois que ficou viúvo e já com bastante idade.
A quinta filha do casal, Barbara Amaral Gurgel, nascida em 1617, casou-se com João Nogueira e tiveram diversos filhos, entre eles um chamado Bartolomeu.
Já a sexta filha do casal, Antônia do Amaral Gurgel, nascida em 1619, casou-se duas vezes: a primeira com João de Azevedo Roxas e tiveram cinco filhos, entre eles um padre de nome Francisco do Amaral Roxas. Em segundas núpcias, casou-se com o capitão Antônio Rodrigues Tourinho. Não temos registro de filhos desse casal.
E a sétima filha, Méssia do Amaral Gurgel, falecida em 1687, casou-se com José Nunes da Silva e tiveram quatro filhos entre eles o Frei Antônio de Santa Clara. E por última, Domingas do Amaral Gurgel que faleceu em tenra idade.
Quando Tous-Saint morreu em 1651, já viúvo, aos 84 anos de idade, além dos filhos, netos e bisnetos gerados a partir de sua esposa Domingas de Arão do Amaral, deixou também vários descendentes mestiços, nascidos de suas constantes viagens pelo interior, onde passava várias semanas caçando e pescando, sempre acompanhado por amigos, escravos e índios mansos. Por ocasião de sua morte, os descendentes do seu casamento já somavam mais de uma centena e se espalhavam pelos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Bahia.
ORIGEM DA FAMÍLIA GURGEL DO AMARAL E AMARAL GURGEL
Em 1595, chegou ao Brasil o corsário francês TOUS-SAINT GURGEL, capitaneando algumas naus, com o propósito de realizar contrabando de madeira de lei, principalmente o pau brasil. Nessa época ainda havia lutas de portugueses com franceses que se refugiaram em Cabo Frio, remanescentes do sonho de Nicolas Duran de Villeganion, em fundar em território brasileiro, mais precisamente onde hoje se localiza a cidade do Rio de Janeiro, a sonhada França Antártica. Essa região havia sido escolhida porque era habitada pelos temidos índios Tamoios e Tupinambás, que eram evitados pelos portugueses devido a sua ferocidade e hostilidade.
Nascido em Alsácia, a leste da França, junto às fronteiras da Alemanha e da Suíça, Tous-Saint era filho de pai alemão da Baviera e mãe francesa. Era homem letrado, pois havia estudado no Liceu do Strasbourg, em París. Em Saint Malo, na Normandia Francesa, concluiu o curso de Hidrografia e Ciências Náuticas.
No vigor de seus 25 anos de idade, e com grande experiência no comando de navios, visto já ter navegado por todo o Mediterrâneo. Desembarcou na região de Cabo Frio onde esperava ganhar dinheiro fácil, negociando com traficantes franceses e holandeses que habitavam aquela região e oportunamente realizando pilhagem em outras embarcações que por ali navegavam.
Pouco tempo depois de sua chegada a Cabo Frio, o corsário teve que enfrentar forças enviadas pelo então governador do Rio de Janeiro, Salvador Correia de Sá, sob o comando do coronel João Pereira de Souza Botafogo, encarregado de desalojar os franceses daquela região. Travou-se uma feroz batalha que culminou com a prisão de Tous-Saint Gurgel, que a frente de marinheiros franceses e alguns tamoios, lutaram até o fim. Com um número bastante inferior de homens e armas logo foi feito prisioneiro, não obstante ter lutado com toda bravura, despertando admiração e simpatia do Coronal Botafogo, que logo se afeiçoou aquele valente aventureiro.
Trazido para o Rio de Janeiro, ficou encarcerado por algum tempo e com a ajuda do seu captor, que gozava de grande prestigio junto ao Governador, conseguiu ficar na cidade do Rio de Janeiro por menagem. Tempos depois conseguiu a liberação de suas naus e tripulantes, aprisionados juntos com ele em Cabo Frio, e passa a dedicar-se a pesca de baleias na baía da Guanabara.
O cetáceo, muito freqüente nos meses frios, era capturado com facilidade e sua carne vendida no comércio local. O azeite, as barbatanas e a gordura exportados para o Reino, rendiam um bom dinheiro nas terras d’além-mar. Sempre contando com a proteção do Coronel Botafogo, participou de diversos negócios, ganhou bastante dinheiro, e em pouco tempo torna-se um homem muito rico.
Em janeiro de 1598 casou-se com a brasileira Domingas de Arão Amaral, filha do casal lusitano D. Antônio Diogo do Amaral e Micaela de Jesus Arão. Nascia naquela ocasião, e posteriormente através de seus descendentes, a família “Gurgel do Amaral” ou “Amaral Gurgel”. Tiveram oito filhos sendo sete filhas e um varão, nascidos e registrados na Sé, entre 1607 e 1619.
A primeira filha do casal chamava-se Maria do Amaral Gurgel (1607/1671) que se casou duas vezes. A primeira com Antônio Ramalho e tiveram cinco filhos. Em segundas núpcias, casou com Diogo da Fonseca e foram pais de quatro filhos sendo dois homens que se tronaram padres e duas mulheres.
O segundo filho chamava-se Francisco do Amaral Gurgel que torna-se religioso, ordenando-se padre. Era comum nas famílias mais abastarda da época a escolha de um dos filhos para seguir a carreira religiosa. Nasceu em 1610 e faleceu em 17.09.1654, na cidade do Rio de Janeiro.
A terceira filha do casal, Isabel do Amaral Gurgel, nasceu no Rio de Janeiro em 1613. Casou-se com Claudie Antoine Besançon, nove anos mais moço que ela, nascido na França, em 1604. Não temos registro de filhos do casal.
Ângela do Amaral Gurgel (1616/1695), a quarta filha do casal, casou-se com o português Capitão João Batista Jordão. O casal teve sete filhos entre os quais Cláudio Gurgel do Amaral, que se ordenou padre depois que ficou viúvo e já com bastante idade.
A quinta filha do casal, Barbara Amaral Gurgel, nascida em 1617, casou-se com João Nogueira e tiveram diversos filhos, entre eles um chamado Bartolomeu.
Já a sexta filha do casal, Antônia do Amaral Gurgel, nascida em 1619, casou-se duas vezes: a primeira com João de Azevedo Roxas e tiveram cinco filhos, entre eles um padre de nome Francisco do Amaral Roxas. Em segundas núpcias, casou-se com o capitão Antônio Rodrigues Tourinho. Não temos registro de filhos desse casal.
E a sétima filha, Méssia do Amaral Gurgel, falecida em 1687, casou-se com José Nunes da Silva e tiveram quatro filhos entre eles o Frei Antônio de Santa Clara. E por última, Domingas do Amaral Gurgel que faleceu em tenra idade.
Quando Tous-Saint morreu em 1651, já viúvo, aos 84 anos de idade, além dos filhos, netos e bisnetos gerados a partir de sua esposa Domingas de Arão do Amaral, deixou também vários descendentes mestiços, nascidos de suas constantes viagens pelo interior, onde passava várias semanas caçando e pescando, sempre acompanhado por amigos, escravos e índios mansos. Por ocasião de sua morte, os descendentes do seu casamento já somavam mais de uma centena e se espalhavam pelos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Bahia.
sábado, 21 de agosto de 2010
PERFIL - CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES
CARLOS GOMES - UM PEQUENO GRANDE HOMEM
“Quem acende uma luz é o primeiro a se beneficiar da claridade”. (G.K. Chesterton)
Ele me diz, com voz muito grave e pousada nas palavras (como o pássaro no fio do telégrafo), que está cansado e desanimado e que agora quer descansar. Escrever suas memórias, talvez, realizar, quem sabe, um velho projeto de gravar um disco com as músicas prediletas, coisas da juventude, recolhidas nos programas da Rádio Poti...
Mas a voz sugestivamente musical que se vale da pauta no imaginário fio, é sem propósito, cavilosa, um lamento, um instante de distração do viés alinhavado da idade. Porque, percebe-se o brilho nos olhos, a firmeza da voz, a severidade com que trata a si mesmo. Até quando pede arrego, esgrima com uma retórica que nada mais é que o repositório das muitas decepções e indignações recolhidas no seu longo caminho de aprendizagem existencial.
Ele está com os braços apoiados no birô do seu escritório e olha, distraidamente, como um cacoete ou uma fuga para divagação, o retrato do seu velho pai. Percebo que desvia o olhar, certamente, permito-me a ilação, para não encarar a expressão de censura, somente captada por sua imaginação, desse notável jurista e homem público que nunca transigiu em questões de princípio, nem fugiu da liça dos bons combates.
Como se dissesse: “Que é isso, meu filho?” Ou não dissesse absolutamente nada e o olhar de censura pesasse mais que as palavras. Sei do que estou dizendo, porque era a maneira como o meu próprio pai me punia – com um olhar de doce censura, tristonho, frustrado, magoado.
No retrato, o desembargador José Gomes confronta a máquina fotográfica com serenidade, com um destemor natural, sem afetações. Talvez quisesse registrar a própria personalidade de homem simples que se conduzia segundo a sua própria essência, não quisesse aparentar algo diferente, distante daquele moço de Taipu, criado para ser um “homem de bem” segundo a cartilha dos antigamentes , especialmente do velho João Gomes.
Seu filho, Carlos Roberto de Miranda Gomes, Carlos Gomes, (Carlinhos para meia dúzia de amigos mais chegados) segue-lhe as pisadas na areia movediça da contemporaneidade, em que os valores se subvertem e a filosofia moderna se alicerça no propósito de “ter” ao invés do “ser”. Mesmo assim, ou talvez por isso, acompanha os passos do pai, evitando justapor às dele, as marcas do seu caminhar, porque embora seguindo as pisadas, marcadas indelévelmente no solo imemorial da mesma cidade onde viveram, com o mesmo norte magnético esmo balizado por Themis, a deusa da justiça, o filho forjou o própria molde, usando a mesma têmpera do pai.
Carlos Gomes é um pequeno grande homem – vou brindá-lo com o mesmo epíteto com que designei o meu pai, porque ele não comporta outra qualificação. De altura modesta, é um transcendente no seu íntimo, fato que compensa a baixa estatura, ou talvez a estatura seja um artifício, um engodo, ou um ato de humildade para não fazê-lo vaidoso por ser quem é.
Não temos uma biografia conjunta de longas jornadas. De fato, demos um com o outro na velha faculdade da Ribeira, quando cursávamos direito. Quando ele ingressou, eu estava no segundo ano. Alguém o apontou e me disse tratar-se do filho do desembargador José Gomes, um dos nossos professores de Direito Civil. E que o novo colega era um rapaz muito estudioso e esforçado. O “esforçado” ficava por conta do encargo adicional de uma ocupação formal no mercado de trabalho e de uma vida planejada para compromissos mais duradouros e efetivos.
Sinceramente, deu-me a impressão de um tipo que chamávamos de “Caxias”, equivalente, hoje, guardadas as proporções de tempo, espaço e recursos tecnológicos, a CDF ou NERD. Talvez tenha sido uma avaliação apressada e algo antipática da minha parte, que, áquela época me ocupava com coisas tão diferentes entre si e tão fascinantes quanto a filosofia existencialista, a literatura, a prática de esportes e as atividades sociais. Como me levei muito a sério na infância e na adolescência, descobrindo quem era e o que pretendia ser, realizava então a minha temporada adolescente, na contramão do meu amigo, um engajado nos batalhões da responsabilidade precoce. Alguém enredado nas malhas do exercício da maturidade enquanto os iguais viviam sonhos infanto-juvenis
Cruzávamos um pelo outro e nos cumprimentávamos formalmente. Éramos diferentes, saídos de mundos diferentes emoldurados, entretanto, pelos mesmos valores morais e intelectuais. Derivávamos. Ele, de criação rígida, disciplinada, cartesiana e positivista. Eu, oscilando entre o autoritarismo compensatório de minha mãe e o liberalismo arroubado do meu pai. Sobretudo no tocante à liberdade de pensamento, no descompromisso com doutrinas e dogmas, não apenas permitido, mas sugerido pelo meu pai, que se admitia materialista e ateu.
Mas, confesso, fascinava-me a postura de uma rigidez sem sossego do meu futuro grande amigo Carlinhos. A sua austeridade, o modo como pontificava entre os seus colegas de turma, sempre senhor de uma opinião ponderada, honesta e clarividente. Ele era estimado e respeitado, embora não cultivasse qualquer estratégia para conquistar uma ou outra posição. Nele essas qualificações eram tão espontâneas como o ato de respirar.
Destacava-se, na sua aparência, uns olhos vivos que pareciam captar tudo numa perspectiva de grande angular; o aprumo formal das suas roupas e uns bigodes negros e bem aparados. Pisava firme e decidido. Notei que tinha o hábito de falar, perscrutando ao seu redor, embora concentrado no interlocutor, como quisesse estar certo das suas possibilidades de defesa contra o imponderável, ou buscasse no vácuo uma linha de raciocínio adequada à argumentação.
Soube que trabalhava no Tribunal Regional Eleitoral, era exímio datilógrafo e dono de uma memória prodigiosa, capaz, por exemplo, de referir qualquer lei, decreto, regulamento ou ato normativo, sem consulta a qualquer texto ou repositório. E também que era casado e pai de uma filha. Já assentado no mundo, embora começasse a planejar a sua carreira.
Depois, os anos de chumbo nos afastaram. Perdi-me na voragem do desencanto e do medo, tolhendo-me, por vontade própria, a ânsia de explorar horizontes e de voar livre por espaços inexplorados. Vi-me, em 1965, no Rio de Janeiro, na Fundação Getúlio Vargas , e, retornando, fui contratado pela Prefeitura Municipal de Natal, no governo de Agnelo Alves, como Técnico em Organização e Orçamento, mercê do curso que fizera na FGV.
Em 1967 graduei-me, abandonando a velha faculdade e a convivência à distância com o meu notável colega.
(Nesse meio tempo, entre o pós-golpe militar e a ida ao Rio de Janeiro, apaixonei-me por uma colega de turma de Carlinhos com quem quase me casei, e ela reforçava a versão corrente que dava conta da inteligência, da aplicação aos estudos jurídicos e da integridade do meu amigo.)
Faço uma pausa providencial e necessária, para confessar que o cansaço existencial que atribuo como cavilação necessária ao meu dinâmico e tenaz amigo, é de fato, meu, genuinamente meu. Talvez tenha havido uma transposição motivada por uma sub-reptícia inveja do denodo e da persistência de Carlos Gomes. Cansei-me, porque me dei conta que o ser humano claudica pelo hábito de perseguir as mesmas imperfeições, e de cometer os mesmos erros. Fataliza-se à danação por conta própria.
Eis que, às vezes falta-me alento para animar os meus filhos, como muitas vezes careci de argumentos convincentes para estimular os meus alunos. Nunca Rui de Haia foi tão citado e o desalento tão incorporado ao leguleio dos desesperançados. O crime e os igualmente importantes e temerários pecados veniais das transgressões são composições triviais, empobrecendo as leituras do jornais e as audiências dos rádios e televisões. As tragédias são banalizadas. Os humanos parecem alimentar-se, como os urubus e os vampiros, da carniça e do sangue. E parecem não se importar com a corrupção e o declínio da moral.
Por isso tive a urgência de publicar uma série de perfis de criaturas que reputo comumente extraordinárias, porque conseguem permanecer pessoas comuns, alçando-se sobre os seus pares por praticarem conduta regularmente exigida pela ética, mas desprezada pela maioria.
É necessário essa amostra de modelagem para asseptizar os monturos de lixo, tonificar as mentes em crescimento e formação com exemplos dos que valem a pena, daqueles que, mesmo em minoria, valem por uma multidão.
Carlos Roberto de Miranda Gomes é um desses, dos mais destacados. Íntegro, no sentido de ser um feixe de fibras morais de incrível resistência, capaz de repelir as agressões fisiológicas dos corruptos e corruptores. Correto, na justa medida em que é capaz de aplicar a dosagem certa para cada uma das patologias sociais enfermiças e o justo incentivo à sanidade cívica.
É leal. Os que o conhecem, sabem da sua natureza solidária, fraterna, e, sobremodo combativa, quando se ombreia a alguém na veemente defesa das injustas ofensas e agressões. Eis porque a sua mediação é sempre solicitada nos conflitos corporativos e porque as suas opiniões são respeitadas como editos de sapiente jurisconsulto.
Casado há quase cinqüenta anos com a sua vizinha de ascendência italiana, Therezinha Rosso, mantém com a sua consorte uma relação de amor e de amizade, de um companheirismo bem sucedido. Pai de Rosa Lígia (de quem tive a honra de ser professor na UFRN), Teresa Raquel, Carlinhos (que é colega e amigo do meu filho mais velho, Marcos Frederico) e Rocco – todos graduados em Direito - deles recebeu outros filhos, tornando-se pai duas vezes, feito de açúcar candy, com cobertura de caramelo: Raphael, Gabriela, Lucas e Carlos Víctor, Carlos Neto e Maria Clara, que são as suas alegrias.
Família numerosa e unida, coesa, como aquele feixe de varas que o patriarca mandou os filhos quebrarem, sem sucesso, para amostrar o valor da união. Assim também o fizeram o pai, José Gomes e a mãe, Dona Lígia. Seis irmãos solidários: Moacyr, Fernando (falecido), Leda e Elza (que foram colegas de minha mãe no TRE), Socorro e José Gomes Filho (Zézinho).
Que ampliaram o patrimônio familiar com dezoito sobrinhos: José Neto, Flávio, Eduardo, Maria da Graça, Lúcia Maria, Renato, Maria Lígia, Fernando Filho, Clemente José, Gracia Maria, Tereza Cristina, José Júnior, José Henrique, Patrícia, Isaac Bruno, Flávia Luciana, Greenfell Filho, Rodrigo e Daniel.
Quem poderia aspirar uma riqueza maior?
Mantém-se como uma espécie de patriarca da família, menos por tradição e mais pelo espírito de clã, solidário, disponível, bom ouvinte e conselheiro, é também aquele cujo socorro é solicitado antes do recurso médico-hospitalar. É o enfermeiro experiente, o curandeiro milagroso que às vezes com a simples presença é capaz de afastar as idiossincrasias da saúde e do infortúnio.
É um ser Intelectual que, aproveitando a carona, como eu, segue a orientação de Chesterton quando esse nos adverte que a idéia sem a expressão, é idéia ociosa e a expressão, sem a ação é uma expressão inócua. Somos, permitam-me aproveitar novamente essa circunstância, homens de ação, executivos, embora criadores, contemplativos, líricos – numa definição, operários intelectuais.
Foi assim quando fizemos parceria para a criação do IBTJ, realizando o primeiro curso de direito para os cidadãos leigos; quando promovemos a edição de livros didáticos com metodologia inovadora, para circulação nas nossas turmas de direito da UnP; e foi assim na campanha pelas eleições diretas na OAB, já referida nos perfis de Adilson Gurgel e Paulo Lopo Saraiva.
Filiei-me a ele, a Adilson, o seu maior parceiro, e a Jales Costa. Enriqueci-me com essa adesão. Fortaleci-me porque pude dar vazão às convicções que mantinha reservadas na minha própria individualidade e encontrei identidade e ressonância nos propósitos que perseguia.
Posso, com essa série de perfis, e com o revigorante exemplo de Carlinhos, vivificar o legado de esperanças no futuro da minha terra, esmaecido e débil pelo campear das nulidades e das indignidades impunes. Porque esses modelos são contemporâneos, graças a Deus não integram ainda o “Era uma vez...” para que um cético não se refira aos exemplos como coisa passadista, sem viabilidade para sobreviver no “front” do contemporâneo.
É tão assustadora a conjuntura político-sócio-fiosófica que alguém já me disse que de nada adiantaria o retorno de Cristo, pois ele seria desprezado como visionário e inútil porque não traria teres e haveres, mas apenas palavras...
O tempo embarcou numa espaçonave no então Cabo Canaveral e, vencendo a gravidade e as distâncias, nos pôs frente a frente no Campus da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, no final dos anos setenta, já amanhecendo os oitenta. Éramos, ambos, professores do curso de direito. Ele, vinculado ao Departamento de Direito Público e eu, ao de Direito Privado.
Até chegar ao magistério universitário, ele palmilhou muito chão de barro. O pai, juiz, fez a circunavegância no interior do estado - Angicos, Canguaretama e Macaíba - carregando na carroceria dos caminhões a mobília familiar, pois os magistrados de carreira, vocacionados para a função como o Dr. José Gomes da Costa, residiam nas suas comarcas para melhor atenderem aos jurisdicionados.
Por esta circunstância, atrasou-se nos estudos, embora os pais hajam feito fibras do coração, distribuindo-os entre casas de familiares para que pudessem estudar, já que a itinerância interiorana do pai tolhia tal iniciativa, já que cursavam o segundo grau e não existiam colégios desse nível nas cidades da judicatura paterna.
Fez o primário no Instituto Batista de Natal; o segundo grau no Ginásio Natal e o colegial no Atheneu. Graduou-se em Direito em 1968.
Teve um longo e proveitoso aprendizado no trabalho, realizado desde cedo, por decisão pessoal, consciente das dificuldades financeiras familiares, sem que tal empenho fosse solicitado pelo pai. Determinou-se a coadjuvá-lo na provisão de recursos, pela limitação financeira do ganho paterno – juiz daquela época ganhava pouco, e, se não aceitasse o subsídio dos governos municipais para manter-se independente, o salário acabava mal fosse recebido.
Tornou-se radialista, comerciário e comerciante e depois servidor do Tribunal Regional Eleitoral. De posse do título de graduação, foi Auditor do Tribunal de Contas e integrou o quadro de Procuradores do Ministério Público Especial junto ao mesmo órgão.
Foi o primeiro diretor da Escola de Contas Professor Severino Lopes de Oliveira e primeiro Controlador Geral do Estado do Rio Grande do Norte. Juiz do Tribunal Regional Eleitoral.
Por onde passou, deixou a marca do dinamismo, da correção e da eficiência. Por isso, foi tão requisitado para o provimento de outros cargos, não necessariamente remunerados, mas de suma importância para algum segmento do mister profissional a que se dedicava, a exemplo da Presidência do Núcleo de Estudos Jurídicos da UFRN (NEJUR) e do Instituto Brasileiro de Tecnologia Jurídica (IBTJ), além de integrante de diversas comissões e grupos de trabalho.
Foi Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil e membro do Instituto dos Advogados do Rio Grande do Norte. Integra o Instituto Histórico e Geográfico do RN, União Brasileira de Escritores do RN e a Academia de Letras Jurídicas do RN. Foi agraciado com inúmeras honrarias, dentre as quais destacam-se o título de Professor Emérito e Doutor Honoris Causa concedido pela UnP e a Medalha do Mérito Universitário, concedida pela UFRN.
No entanto, confidenciou-me que, a despeito da gratidão e da honra por haver sido agraciado por homenagens tão significativas e importantes, teria sido a exposição de motivos elaborada pelo então Procurador Geral do Ministério Público Especial, professor Múcio Ribeiro Dantas, encaminhada ao governador Geraldo Melo, para concessão da sua aposentadoria, a distinção que mais o sensibilizou.
Foi Professor do Curso de Direito de quase todas as instituições de ensino superior do nosso estado (UFRN, UnP, FARN, FAL, FACEX, ESA, FESMP e ESMARN). É pós-graduado em Direito Civil e Comercial e em Direito Constitucional.
É convidado como consultor e palestrante para assuntos relacionados com a Gestão Pública e se mantém como colaborador de jornais e revistas, além de coordenar um dos endereços eletrônicos mais acessados do nosso Estado, o “Blog do Miranda Gomes”.
É autor dos seguintes livros: Da remuneração dos vereadores, Oração de despedida, A proteção das minorias nas sociedades anônimas, Cadernos de Direito Tributário* (2 vols.), Lei Orgânica dos municípios do Estado do Rio Grande do Norte*, Licitação – teoria, prática e legislação, Curso de Direito tributário*, Cartilha ABC do consumidor, Da imunidade tributária dos aposentados e pensionistas, Manual de direito financeiro e finanças, Licitação – noções elementares, Testemunhos, Cartilha de gestão fiscal e Traços e Perfis da OAB/Rn.
Primeira inconfidência – Pouca gente sabe, mas Carlinhos é dono de uma voz belíssima, que o tempo não descurou. Desde criança era requisitado para se apresentar em festas e nas rádios natalenses. A primeira vez que cantou em público foi no próprio Instituto Batista de Natal e depois no “Domingo Alegre” de Genar Wanderley.
Em 1950 ganhou o concurso da mais bela voz infantil, conquistando o título de “Campeão Vic-Maltema” e com esse galardão, foi contratado pela Rádio Poti, nela permanecendo até 1954. Integrou o elenco de cantores da Sociedade Artística Estudantil e, gravou duas faixas num disco coletivo com os artistas da Rádio Poti e um disco solo na PRE-9, Rádio Clube do Ceará, onde em certa ocasião foi acompanhado por ninguém menos que Evaldo Gouveia.
Gravou também com o Trio Irakitan. Teve um programa semanal na mesma Rádio Poti, denominado “Almanaquinho Seta”, onde também se apresentavam Agnaldo e Selma Rayol. Prosseguiu com entusiasmo a sua trajetória artística até que o Desembargador José Gomes decidisse realinhá-lo para projetos mais concretos e duradouros, exatamente quando a jovem revelação musical se preparava para vôos mais ambiciosos: havia sido convidado para integrar, como profissional, o “cast” da Rádio Tamandaré de Recife, com a promessa de gravar um disco na indústria Rozemblit, dona do famoso selo “Mocambo”
Mas esta é outra estória, e tão fascinante, que não quero roubá-la do meu amigo, que fica nos devendo um livro cujo título sugiro tomar de empréstimo do cancioneiro Luiz Vieira: “O Menino Passarinho”.
Segunda inconfidência – É de índole pacífica. Conciliador e homem contido pela educação, é daqueles que conta até mil para não perder a paciência, porque antes de tudo respeita a dignidade e a compostura alheia. Mas, depois que excede a milésima contagem, que me perdoem o despropósito da referência, mas não resisto ao meu ímpeto nordestino: é igual a um siri numa lata.
Querem ver um homem valente e destemperado, que se pise no calo de estimação: a sua honra, a sua dignidade pessoal.
Terceira Inconfidência – Há uma passagem de muita singeleza da vida do meu amigo que ele recorda com muito orgulho. Foi quando serviu ao Exército (1959) no 16º R.I, na Companhia de Comando e Serviços - CCS. O comandante do Regimento era Dióscoro Gonçalves Vale, conterrâneo do Seridó, que depois chegou ao generalato; o comandante da Companhia era Milton Freire de Andrade que muitos anos depois comandou a Polícia Militar do nosso estado.
Disse-me Carlos Gomes que no serviço militar aprendeu muito civismo e a idéia de igualdade. R quer, com muita honra foi distinguido com a Medalha Marechal Hermes, de aplicação e estudo, exatamente no dia da inauguração de Brasília."
Sinto-me lisonjeado e honrado por ser seu amigo. A ligação pessoal me engrandece, é referência curricular e certamente afiançará os seus herdeiros que se valerão dos laços co-sanguíneos para atestar a pureza e a excelência da linhagem.
(*) Vic-Maltema era a marca de um achocolatado dos anos cinquenta que concorria com o Toddy e o Nescau.
PEDRO SIMÕES – Professor de Direito (Aposentado) Escritor e Advogado.
“Quem acende uma luz é o primeiro a se beneficiar da claridade”. (G.K. Chesterton)
Ele me diz, com voz muito grave e pousada nas palavras (como o pássaro no fio do telégrafo), que está cansado e desanimado e que agora quer descansar. Escrever suas memórias, talvez, realizar, quem sabe, um velho projeto de gravar um disco com as músicas prediletas, coisas da juventude, recolhidas nos programas da Rádio Poti...
Mas a voz sugestivamente musical que se vale da pauta no imaginário fio, é sem propósito, cavilosa, um lamento, um instante de distração do viés alinhavado da idade. Porque, percebe-se o brilho nos olhos, a firmeza da voz, a severidade com que trata a si mesmo. Até quando pede arrego, esgrima com uma retórica que nada mais é que o repositório das muitas decepções e indignações recolhidas no seu longo caminho de aprendizagem existencial.
Ele está com os braços apoiados no birô do seu escritório e olha, distraidamente, como um cacoete ou uma fuga para divagação, o retrato do seu velho pai. Percebo que desvia o olhar, certamente, permito-me a ilação, para não encarar a expressão de censura, somente captada por sua imaginação, desse notável jurista e homem público que nunca transigiu em questões de princípio, nem fugiu da liça dos bons combates.
Como se dissesse: “Que é isso, meu filho?” Ou não dissesse absolutamente nada e o olhar de censura pesasse mais que as palavras. Sei do que estou dizendo, porque era a maneira como o meu próprio pai me punia – com um olhar de doce censura, tristonho, frustrado, magoado.
No retrato, o desembargador José Gomes confronta a máquina fotográfica com serenidade, com um destemor natural, sem afetações. Talvez quisesse registrar a própria personalidade de homem simples que se conduzia segundo a sua própria essência, não quisesse aparentar algo diferente, distante daquele moço de Taipu, criado para ser um “homem de bem” segundo a cartilha dos antigamentes , especialmente do velho João Gomes.
Seu filho, Carlos Roberto de Miranda Gomes, Carlos Gomes, (Carlinhos para meia dúzia de amigos mais chegados) segue-lhe as pisadas na areia movediça da contemporaneidade, em que os valores se subvertem e a filosofia moderna se alicerça no propósito de “ter” ao invés do “ser”. Mesmo assim, ou talvez por isso, acompanha os passos do pai, evitando justapor às dele, as marcas do seu caminhar, porque embora seguindo as pisadas, marcadas indelévelmente no solo imemorial da mesma cidade onde viveram, com o mesmo norte magnético esmo balizado por Themis, a deusa da justiça, o filho forjou o própria molde, usando a mesma têmpera do pai.
Carlos Gomes é um pequeno grande homem – vou brindá-lo com o mesmo epíteto com que designei o meu pai, porque ele não comporta outra qualificação. De altura modesta, é um transcendente no seu íntimo, fato que compensa a baixa estatura, ou talvez a estatura seja um artifício, um engodo, ou um ato de humildade para não fazê-lo vaidoso por ser quem é.
Não temos uma biografia conjunta de longas jornadas. De fato, demos um com o outro na velha faculdade da Ribeira, quando cursávamos direito. Quando ele ingressou, eu estava no segundo ano. Alguém o apontou e me disse tratar-se do filho do desembargador José Gomes, um dos nossos professores de Direito Civil. E que o novo colega era um rapaz muito estudioso e esforçado. O “esforçado” ficava por conta do encargo adicional de uma ocupação formal no mercado de trabalho e de uma vida planejada para compromissos mais duradouros e efetivos.
Sinceramente, deu-me a impressão de um tipo que chamávamos de “Caxias”, equivalente, hoje, guardadas as proporções de tempo, espaço e recursos tecnológicos, a CDF ou NERD. Talvez tenha sido uma avaliação apressada e algo antipática da minha parte, que, áquela época me ocupava com coisas tão diferentes entre si e tão fascinantes quanto a filosofia existencialista, a literatura, a prática de esportes e as atividades sociais. Como me levei muito a sério na infância e na adolescência, descobrindo quem era e o que pretendia ser, realizava então a minha temporada adolescente, na contramão do meu amigo, um engajado nos batalhões da responsabilidade precoce. Alguém enredado nas malhas do exercício da maturidade enquanto os iguais viviam sonhos infanto-juvenis
Cruzávamos um pelo outro e nos cumprimentávamos formalmente. Éramos diferentes, saídos de mundos diferentes emoldurados, entretanto, pelos mesmos valores morais e intelectuais. Derivávamos. Ele, de criação rígida, disciplinada, cartesiana e positivista. Eu, oscilando entre o autoritarismo compensatório de minha mãe e o liberalismo arroubado do meu pai. Sobretudo no tocante à liberdade de pensamento, no descompromisso com doutrinas e dogmas, não apenas permitido, mas sugerido pelo meu pai, que se admitia materialista e ateu.
Mas, confesso, fascinava-me a postura de uma rigidez sem sossego do meu futuro grande amigo Carlinhos. A sua austeridade, o modo como pontificava entre os seus colegas de turma, sempre senhor de uma opinião ponderada, honesta e clarividente. Ele era estimado e respeitado, embora não cultivasse qualquer estratégia para conquistar uma ou outra posição. Nele essas qualificações eram tão espontâneas como o ato de respirar.
Destacava-se, na sua aparência, uns olhos vivos que pareciam captar tudo numa perspectiva de grande angular; o aprumo formal das suas roupas e uns bigodes negros e bem aparados. Pisava firme e decidido. Notei que tinha o hábito de falar, perscrutando ao seu redor, embora concentrado no interlocutor, como quisesse estar certo das suas possibilidades de defesa contra o imponderável, ou buscasse no vácuo uma linha de raciocínio adequada à argumentação.
Soube que trabalhava no Tribunal Regional Eleitoral, era exímio datilógrafo e dono de uma memória prodigiosa, capaz, por exemplo, de referir qualquer lei, decreto, regulamento ou ato normativo, sem consulta a qualquer texto ou repositório. E também que era casado e pai de uma filha. Já assentado no mundo, embora começasse a planejar a sua carreira.
Depois, os anos de chumbo nos afastaram. Perdi-me na voragem do desencanto e do medo, tolhendo-me, por vontade própria, a ânsia de explorar horizontes e de voar livre por espaços inexplorados. Vi-me, em 1965, no Rio de Janeiro, na Fundação Getúlio Vargas , e, retornando, fui contratado pela Prefeitura Municipal de Natal, no governo de Agnelo Alves, como Técnico em Organização e Orçamento, mercê do curso que fizera na FGV.
Em 1967 graduei-me, abandonando a velha faculdade e a convivência à distância com o meu notável colega.
(Nesse meio tempo, entre o pós-golpe militar e a ida ao Rio de Janeiro, apaixonei-me por uma colega de turma de Carlinhos com quem quase me casei, e ela reforçava a versão corrente que dava conta da inteligência, da aplicação aos estudos jurídicos e da integridade do meu amigo.)
Faço uma pausa providencial e necessária, para confessar que o cansaço existencial que atribuo como cavilação necessária ao meu dinâmico e tenaz amigo, é de fato, meu, genuinamente meu. Talvez tenha havido uma transposição motivada por uma sub-reptícia inveja do denodo e da persistência de Carlos Gomes. Cansei-me, porque me dei conta que o ser humano claudica pelo hábito de perseguir as mesmas imperfeições, e de cometer os mesmos erros. Fataliza-se à danação por conta própria.
Eis que, às vezes falta-me alento para animar os meus filhos, como muitas vezes careci de argumentos convincentes para estimular os meus alunos. Nunca Rui de Haia foi tão citado e o desalento tão incorporado ao leguleio dos desesperançados. O crime e os igualmente importantes e temerários pecados veniais das transgressões são composições triviais, empobrecendo as leituras do jornais e as audiências dos rádios e televisões. As tragédias são banalizadas. Os humanos parecem alimentar-se, como os urubus e os vampiros, da carniça e do sangue. E parecem não se importar com a corrupção e o declínio da moral.
Por isso tive a urgência de publicar uma série de perfis de criaturas que reputo comumente extraordinárias, porque conseguem permanecer pessoas comuns, alçando-se sobre os seus pares por praticarem conduta regularmente exigida pela ética, mas desprezada pela maioria.
É necessário essa amostra de modelagem para asseptizar os monturos de lixo, tonificar as mentes em crescimento e formação com exemplos dos que valem a pena, daqueles que, mesmo em minoria, valem por uma multidão.
Carlos Roberto de Miranda Gomes é um desses, dos mais destacados. Íntegro, no sentido de ser um feixe de fibras morais de incrível resistência, capaz de repelir as agressões fisiológicas dos corruptos e corruptores. Correto, na justa medida em que é capaz de aplicar a dosagem certa para cada uma das patologias sociais enfermiças e o justo incentivo à sanidade cívica.
É leal. Os que o conhecem, sabem da sua natureza solidária, fraterna, e, sobremodo combativa, quando se ombreia a alguém na veemente defesa das injustas ofensas e agressões. Eis porque a sua mediação é sempre solicitada nos conflitos corporativos e porque as suas opiniões são respeitadas como editos de sapiente jurisconsulto.
Casado há quase cinqüenta anos com a sua vizinha de ascendência italiana, Therezinha Rosso, mantém com a sua consorte uma relação de amor e de amizade, de um companheirismo bem sucedido. Pai de Rosa Lígia (de quem tive a honra de ser professor na UFRN), Teresa Raquel, Carlinhos (que é colega e amigo do meu filho mais velho, Marcos Frederico) e Rocco – todos graduados em Direito - deles recebeu outros filhos, tornando-se pai duas vezes, feito de açúcar candy, com cobertura de caramelo: Raphael, Gabriela, Lucas e Carlos Víctor, Carlos Neto e Maria Clara, que são as suas alegrias.
Família numerosa e unida, coesa, como aquele feixe de varas que o patriarca mandou os filhos quebrarem, sem sucesso, para amostrar o valor da união. Assim também o fizeram o pai, José Gomes e a mãe, Dona Lígia. Seis irmãos solidários: Moacyr, Fernando (falecido), Leda e Elza (que foram colegas de minha mãe no TRE), Socorro e José Gomes Filho (Zézinho).
Que ampliaram o patrimônio familiar com dezoito sobrinhos: José Neto, Flávio, Eduardo, Maria da Graça, Lúcia Maria, Renato, Maria Lígia, Fernando Filho, Clemente José, Gracia Maria, Tereza Cristina, José Júnior, José Henrique, Patrícia, Isaac Bruno, Flávia Luciana, Greenfell Filho, Rodrigo e Daniel.
Quem poderia aspirar uma riqueza maior?
Mantém-se como uma espécie de patriarca da família, menos por tradição e mais pelo espírito de clã, solidário, disponível, bom ouvinte e conselheiro, é também aquele cujo socorro é solicitado antes do recurso médico-hospitalar. É o enfermeiro experiente, o curandeiro milagroso que às vezes com a simples presença é capaz de afastar as idiossincrasias da saúde e do infortúnio.
É um ser Intelectual que, aproveitando a carona, como eu, segue a orientação de Chesterton quando esse nos adverte que a idéia sem a expressão, é idéia ociosa e a expressão, sem a ação é uma expressão inócua. Somos, permitam-me aproveitar novamente essa circunstância, homens de ação, executivos, embora criadores, contemplativos, líricos – numa definição, operários intelectuais.
Foi assim quando fizemos parceria para a criação do IBTJ, realizando o primeiro curso de direito para os cidadãos leigos; quando promovemos a edição de livros didáticos com metodologia inovadora, para circulação nas nossas turmas de direito da UnP; e foi assim na campanha pelas eleições diretas na OAB, já referida nos perfis de Adilson Gurgel e Paulo Lopo Saraiva.
Filiei-me a ele, a Adilson, o seu maior parceiro, e a Jales Costa. Enriqueci-me com essa adesão. Fortaleci-me porque pude dar vazão às convicções que mantinha reservadas na minha própria individualidade e encontrei identidade e ressonância nos propósitos que perseguia.
Posso, com essa série de perfis, e com o revigorante exemplo de Carlinhos, vivificar o legado de esperanças no futuro da minha terra, esmaecido e débil pelo campear das nulidades e das indignidades impunes. Porque esses modelos são contemporâneos, graças a Deus não integram ainda o “Era uma vez...” para que um cético não se refira aos exemplos como coisa passadista, sem viabilidade para sobreviver no “front” do contemporâneo.
É tão assustadora a conjuntura político-sócio-fiosófica que alguém já me disse que de nada adiantaria o retorno de Cristo, pois ele seria desprezado como visionário e inútil porque não traria teres e haveres, mas apenas palavras...
O tempo embarcou numa espaçonave no então Cabo Canaveral e, vencendo a gravidade e as distâncias, nos pôs frente a frente no Campus da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, no final dos anos setenta, já amanhecendo os oitenta. Éramos, ambos, professores do curso de direito. Ele, vinculado ao Departamento de Direito Público e eu, ao de Direito Privado.
Até chegar ao magistério universitário, ele palmilhou muito chão de barro. O pai, juiz, fez a circunavegância no interior do estado - Angicos, Canguaretama e Macaíba - carregando na carroceria dos caminhões a mobília familiar, pois os magistrados de carreira, vocacionados para a função como o Dr. José Gomes da Costa, residiam nas suas comarcas para melhor atenderem aos jurisdicionados.
Por esta circunstância, atrasou-se nos estudos, embora os pais hajam feito fibras do coração, distribuindo-os entre casas de familiares para que pudessem estudar, já que a itinerância interiorana do pai tolhia tal iniciativa, já que cursavam o segundo grau e não existiam colégios desse nível nas cidades da judicatura paterna.
Fez o primário no Instituto Batista de Natal; o segundo grau no Ginásio Natal e o colegial no Atheneu. Graduou-se em Direito em 1968.
Teve um longo e proveitoso aprendizado no trabalho, realizado desde cedo, por decisão pessoal, consciente das dificuldades financeiras familiares, sem que tal empenho fosse solicitado pelo pai. Determinou-se a coadjuvá-lo na provisão de recursos, pela limitação financeira do ganho paterno – juiz daquela época ganhava pouco, e, se não aceitasse o subsídio dos governos municipais para manter-se independente, o salário acabava mal fosse recebido.
Tornou-se radialista, comerciário e comerciante e depois servidor do Tribunal Regional Eleitoral. De posse do título de graduação, foi Auditor do Tribunal de Contas e integrou o quadro de Procuradores do Ministério Público Especial junto ao mesmo órgão.
Foi o primeiro diretor da Escola de Contas Professor Severino Lopes de Oliveira e primeiro Controlador Geral do Estado do Rio Grande do Norte. Juiz do Tribunal Regional Eleitoral.
Por onde passou, deixou a marca do dinamismo, da correção e da eficiência. Por isso, foi tão requisitado para o provimento de outros cargos, não necessariamente remunerados, mas de suma importância para algum segmento do mister profissional a que se dedicava, a exemplo da Presidência do Núcleo de Estudos Jurídicos da UFRN (NEJUR) e do Instituto Brasileiro de Tecnologia Jurídica (IBTJ), além de integrante de diversas comissões e grupos de trabalho.
Foi Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil e membro do Instituto dos Advogados do Rio Grande do Norte. Integra o Instituto Histórico e Geográfico do RN, União Brasileira de Escritores do RN e a Academia de Letras Jurídicas do RN. Foi agraciado com inúmeras honrarias, dentre as quais destacam-se o título de Professor Emérito e Doutor Honoris Causa concedido pela UnP e a Medalha do Mérito Universitário, concedida pela UFRN.
No entanto, confidenciou-me que, a despeito da gratidão e da honra por haver sido agraciado por homenagens tão significativas e importantes, teria sido a exposição de motivos elaborada pelo então Procurador Geral do Ministério Público Especial, professor Múcio Ribeiro Dantas, encaminhada ao governador Geraldo Melo, para concessão da sua aposentadoria, a distinção que mais o sensibilizou.
Foi Professor do Curso de Direito de quase todas as instituições de ensino superior do nosso estado (UFRN, UnP, FARN, FAL, FACEX, ESA, FESMP e ESMARN). É pós-graduado em Direito Civil e Comercial e em Direito Constitucional.
É convidado como consultor e palestrante para assuntos relacionados com a Gestão Pública e se mantém como colaborador de jornais e revistas, além de coordenar um dos endereços eletrônicos mais acessados do nosso Estado, o “Blog do Miranda Gomes”.
É autor dos seguintes livros: Da remuneração dos vereadores, Oração de despedida, A proteção das minorias nas sociedades anônimas, Cadernos de Direito Tributário* (2 vols.), Lei Orgânica dos municípios do Estado do Rio Grande do Norte*, Licitação – teoria, prática e legislação, Curso de Direito tributário*, Cartilha ABC do consumidor, Da imunidade tributária dos aposentados e pensionistas, Manual de direito financeiro e finanças, Licitação – noções elementares, Testemunhos, Cartilha de gestão fiscal e Traços e Perfis da OAB/Rn.
Primeira inconfidência – Pouca gente sabe, mas Carlinhos é dono de uma voz belíssima, que o tempo não descurou. Desde criança era requisitado para se apresentar em festas e nas rádios natalenses. A primeira vez que cantou em público foi no próprio Instituto Batista de Natal e depois no “Domingo Alegre” de Genar Wanderley.
Em 1950 ganhou o concurso da mais bela voz infantil, conquistando o título de “Campeão Vic-Maltema” e com esse galardão, foi contratado pela Rádio Poti, nela permanecendo até 1954. Integrou o elenco de cantores da Sociedade Artística Estudantil e, gravou duas faixas num disco coletivo com os artistas da Rádio Poti e um disco solo na PRE-9, Rádio Clube do Ceará, onde em certa ocasião foi acompanhado por ninguém menos que Evaldo Gouveia.
Gravou também com o Trio Irakitan. Teve um programa semanal na mesma Rádio Poti, denominado “Almanaquinho Seta”, onde também se apresentavam Agnaldo e Selma Rayol. Prosseguiu com entusiasmo a sua trajetória artística até que o Desembargador José Gomes decidisse realinhá-lo para projetos mais concretos e duradouros, exatamente quando a jovem revelação musical se preparava para vôos mais ambiciosos: havia sido convidado para integrar, como profissional, o “cast” da Rádio Tamandaré de Recife, com a promessa de gravar um disco na indústria Rozemblit, dona do famoso selo “Mocambo”
Mas esta é outra estória, e tão fascinante, que não quero roubá-la do meu amigo, que fica nos devendo um livro cujo título sugiro tomar de empréstimo do cancioneiro Luiz Vieira: “O Menino Passarinho”.
Segunda inconfidência – É de índole pacífica. Conciliador e homem contido pela educação, é daqueles que conta até mil para não perder a paciência, porque antes de tudo respeita a dignidade e a compostura alheia. Mas, depois que excede a milésima contagem, que me perdoem o despropósito da referência, mas não resisto ao meu ímpeto nordestino: é igual a um siri numa lata.
Querem ver um homem valente e destemperado, que se pise no calo de estimação: a sua honra, a sua dignidade pessoal.
Terceira Inconfidência – Há uma passagem de muita singeleza da vida do meu amigo que ele recorda com muito orgulho. Foi quando serviu ao Exército (1959) no 16º R.I, na Companhia de Comando e Serviços - CCS. O comandante do Regimento era Dióscoro Gonçalves Vale, conterrâneo do Seridó, que depois chegou ao generalato; o comandante da Companhia era Milton Freire de Andrade que muitos anos depois comandou a Polícia Militar do nosso estado.
Disse-me Carlos Gomes que no serviço militar aprendeu muito civismo e a idéia de igualdade. R quer, com muita honra foi distinguido com a Medalha Marechal Hermes, de aplicação e estudo, exatamente no dia da inauguração de Brasília."
Sinto-me lisonjeado e honrado por ser seu amigo. A ligação pessoal me engrandece, é referência curricular e certamente afiançará os seus herdeiros que se valerão dos laços co-sanguíneos para atestar a pureza e a excelência da linhagem.
(*) Vic-Maltema era a marca de um achocolatado dos anos cinquenta que concorria com o Toddy e o Nescau.
PEDRO SIMÕES – Professor de Direito (Aposentado) Escritor e Advogado.
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