Caros amigos e leitores. É com profunda tristeza que comunico do meu declínio, na pretensão de divulgar nesse blog, a partir de 2010 com transcrição ipsis litteris, as ACTAS DIURNAS do nosso mestre maior, Luiz da Câmara Cascudo. Agradeço aos que se manifestaram através de e-mails pela iniciativa e aproveito para pedir desculpa pela possibilidade de ter criado expectativas a esse respeito.
Segue, abaixo, o e-mail recebido, motivo da desistência.
Abraço a todos,
Prezado Ormuz:
Acabei de ver no seu blog a notícia de que, a partir de 2010, você estará publicando no mesmo as ACTAS DIURNAS de autoria do meu avô.
Gostaria de informá-lo que esta publicação no blog NÃO pode ser possível, pelos seguintes motivos:
1) Já existe o BLOG DO CASCUDO, onde as mesmas Actas Diurnas são publicadas,semanalmente. Nos últimos tempos, passamos por problemas de atualização que estão sendo resolvidos.
2) Estamos abrindo o INSTITUTO CÂMARA CASCUDO e fazendo um site, onde todo este material será contemplado.
3) A obra do meu avô possui direitos autorais até o ano de 2057, e qualquer publicação só pode ser feita com autorização expressa dos detentores destes direitos autorais (minha mãe e meu tio).
Desta forma, espero contar com a sua colaboração no sentido do entendimento dos fatos acima expostos.
Qualquer dúvida estou às ordens.
Um grande abraço
Daliana Cascudo
quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
ACTA DIURNA
Caríssimos amigos e leitores. A partir de 2010, estaremos publicando as famosas ACTAS DIURNAS do nosso mestre maior Luiz da Câmara Cascudo. Iniciaremos com Pedro Velho, Tavares de Lira e Felinto Manso Maciel.
QUE QUER DIZER “ÁCTA DIURNA”
Luís da Câmara Cascudo
Perguntaram a mim porque dei semelhante título a esta secção. Que quer dizer ACTA DIURNA?
ACTA DIURNA era uma espécie de jornal diário, uma folha onde os acontecimentos do dia eram fixados pelas autoridades de Roma, para conhecimento do povo. Pregavam-na a uma parede num dos edifícios do FORUM.
No ano 131, antes de Cristo, já existia a ACTA DIURNA, informando ao cidadão romano as "novidades" ou diretivas governamentais.
Júlio Cesar, cinquenta e nove anos antes do nascimento de Cristo, tornou a ACTA DIURNA oficial, de aposição obrigatória num determinado logradouro público.
Conservo o título em latim. Por isso aparece o ACTA com a segunda consoante do alfabeto.
ACTA significa, no latim, ações, obras, feitos, façanhas. DIURNA é o que se pratica sob o sol, no espaço de um dia, ou diariamente.
Suetonio, que bem conheceu a ACTA DIURNA, dizia-a efemérides diárias, o registro dos sucessos mundanos, políticos e administrativos, sociais ou literários.
A minha é uma ACTA DIURNA que recorda o pensamento que presidiu meu dia. Fixo a minha impressão diária, sobre um livro, uma figura ou um episódio, atual ou antigo.
Dei-lhe batismo latino porque a intenção cultural é honrar o passado, nas suas lutas, alegrias, tragédias e curiosidades. E, se matéria nova aparece, comentada, é ainda o desejo de conserva-la no Tempo para os olhos amigos de alguns leitores fieis, nas páginas tradicionais d’ “A REPÚBLICA”, o mais velho dos jornais conterrâneos
Natal, 03 de agosto de 1943
(transcrição ipsilitere do Livro das Velhas Figuras)
QUE QUER DIZER “ÁCTA DIURNA”
Luís da Câmara Cascudo
Perguntaram a mim porque dei semelhante título a esta secção. Que quer dizer ACTA DIURNA?
ACTA DIURNA era uma espécie de jornal diário, uma folha onde os acontecimentos do dia eram fixados pelas autoridades de Roma, para conhecimento do povo. Pregavam-na a uma parede num dos edifícios do FORUM.
No ano 131, antes de Cristo, já existia a ACTA DIURNA, informando ao cidadão romano as "novidades" ou diretivas governamentais.
Júlio Cesar, cinquenta e nove anos antes do nascimento de Cristo, tornou a ACTA DIURNA oficial, de aposição obrigatória num determinado logradouro público.
Conservo o título em latim. Por isso aparece o ACTA com a segunda consoante do alfabeto.
ACTA significa, no latim, ações, obras, feitos, façanhas. DIURNA é o que se pratica sob o sol, no espaço de um dia, ou diariamente.
Suetonio, que bem conheceu a ACTA DIURNA, dizia-a efemérides diárias, o registro dos sucessos mundanos, políticos e administrativos, sociais ou literários.
A minha é uma ACTA DIURNA que recorda o pensamento que presidiu meu dia. Fixo a minha impressão diária, sobre um livro, uma figura ou um episódio, atual ou antigo.
Dei-lhe batismo latino porque a intenção cultural é honrar o passado, nas suas lutas, alegrias, tragédias e curiosidades. E, se matéria nova aparece, comentada, é ainda o desejo de conserva-la no Tempo para os olhos amigos de alguns leitores fieis, nas páginas tradicionais d’ “A REPÚBLICA”, o mais velho dos jornais conterrâneos
Natal, 03 de agosto de 1943
(transcrição ipsilitere do Livro das Velhas Figuras)
terça-feira, 22 de dezembro de 2009
A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS
Olá Ormuz foi com grandes saudades que relembrei da Pipa da minha infância pois passamos vários veraneios lá no casarão, Tio Paulo sempre nos acompanhava juntamente com a sua noiva Júlia.Quis Deus que o meu adorado pai partisse tão cedo o que causou enorme tristeza em mim, minha mãe Lucila e meus irmãos Cabralzinho e Odilon e que nos afastou por completo dessa praia que ele tanto amava.
Parabéns pelas crônicas.
15 de dezembro de 2009 20:44
Marilia Cabral Barbalho Chaves
Natal RN
Parabéns pelas crônicas.
15 de dezembro de 2009 20:44
Marilia Cabral Barbalho Chaves
Natal RN
A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS
Ormuz:
Sem medo de errar, é um dos melhores textos do ano!
Parabéns e Feliz Natal!
Abrace o Dante.
Bartolomeu Correia de Melo (Bartola)
Natal RN
Sem medo de errar, é um dos melhores textos do ano!
Parabéns e Feliz Natal!
Abrace o Dante.
Bartolomeu Correia de Melo (Bartola)
Natal RN
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS
ORMUZ BARBALHO SIMONETTI (Presidente do Instituto Norte-Riograndense de Genealogia-INRG e membro do IHGRN) www.ormuzsimonetti@yahoo.com.br
PUBLICADA EM “O JORNAL DE HOJE” EDIÇÃO DE 18.12.2009
PIPA – Veraneios inesquecíveis
Foram muitos os veraneios que deixaram saudade. Em minha adolescência lá pelo início dos anos 70, os mais afortunados já possuíam uma radiola portátil Phillips que funcionava a pilha. Aquela, do tipo maleta, que a própria tampa servia como auto-falante. Com esses modernos aparelhos fazíamos freqüentemente e sempre após o jantar, festinhas conhecidas como “assustados”, onde dançávamos ao som de Roberto Carlos, Renato e seus Blue Caps, Elis Regina, Chico Buarque e outros cantores do tempo da Jovem Guardam. Vez por outra, alguém conseguia com os pais, depois de muita recomendação, algum disco em 78 rotações ou os modernos LPs com músicas cantadas pelo velho Nelson Gonçalves, Anísio Silva, Silvinho, Altemar Dutra, Sílvio Caldas, e até de Dick Farney e da divina Elizete Cardoso, os mais difíceis. Estes eram escolhidos pelas músicas mais lentas que dançávamos a luz de velhas lamparinas a querosene.
Os que preferiam dançar samba, traziam discos de Miltinho, Demônios da Garoa, Wilson Simonal, Ataulfo Alves, Noel Rosa e tantos outros. Achavam o bolero mais difícil de dançar, mesmo conhecendo a velha regra: dois prá lá, dois pra cá, posteriormente imortalizada na canção de João Bosco e Aldir Blanc na voz da inesquecível Elis Regina. Esses “assustados” eram raramente feitos nos alpendres das nossas casas. Na maioria das vezes, para fugir das vistas de nossos pais, sempre atentos aos que dançavam com mais ousadia, conseguíamos, com muito jeito, a sala das casas dos nativos que ainda moravam na rua de baixo. O local era bem mais aconchegante, o chão de barro batido, lamparina em cima de tamborete ou pendurada em esteios da parede de taipa.
Ainda lembro-me dessas lamparinas penduradas nos enxaiméis, tisnando a parede e exalando aquele cheirinho característico da queima do querosene. Ali, a presença de curiosos era praticamente nenhuma. Nessas saudosas casas de reboco, além de ficarmos protegidos da vista dos curiosos, sabíamos que nossos pais não se abalariam de suas redes nos alpendres para nos vigiar, afinal de contas, não havia motivos para preocupação, já que éramos todos primos. Além do mais, estavam mais interessados nos carteados, sempre muito disputados ou nas animadas conversas políticas.
Lá pelas 10 horas da noite, depois que nossas parceiras se recolhiam, íamos para a beira da praia jogar conversa fora, tocar violão, ou mesmo programar alguma traquinagem.
Uma das preferidas era o roubo de galinhas, que sempre terminava na casa do saudoso Deda, que sempre nos recebia com aquele sorriso largo onde orgulhoso, exibia um enorme e cintilante dente de ouro.
Esse personagem, que é parte importante da história da Pipa, teve no boca-a-boca um grande aliado na divulgação de sua arte na cozinha e também como senhorio. Alugava, por preços módicos, cômodos de sua modéstia moradia onde hoje funciona a “Pousada da Bárbara”. Costumo dizer que ele foi o primeiro dono de pousada naquela região. Essa condição o tornou muito conhecido, inclusive internacionalmente. Os poucos “gringos” que chegavam à Pipa, logo perguntavam por Deda. Com aquele sotaque esquisito e falando bem enrolado com se a boca estivesse cheia de línguas, logo conseguia pronunciar o som daquelas quatro letras mágicas que tinham o poder de resolver os principais problemas daqueles longínquos visitantes: lugar pra dormir e boa comida a base de peixe e frutos do mar, abundantes naquela época.
As brincadeiras de roubar alimentos dos veranistas sempre estiveram entre as nossas preferidas, pois naquela época, tudo tinha que ser trazido de Natal, ou esperar o domingo pra comprara na feira de Goianinha. As bodegas da Pipa pouco ofereciam. Vendiam exclusivamente os gêneros alimentícios comuns à população local.
Certa vez, numa manhã de véspera de Natal, a turma de “biriteiros” apareceu na residência do casal, Veneide e Elviro. Já vinham naquela peregrinação de casa em casa, tomando todas e conversando miolo–de-quartinha. Lá pras tantas, meu irmão Dante Simonetti, em uma das idas ao banheiro, observou que em cima da geladeira se encontrava, totalmente indefeso, um apetitoso queijo do reino ainda lacrado, naquela conhecida embalagem redonda. Lá estava ele, imponente como se quisesse tomar o lugar cativo do famoso pingüim. Diante daquela visão, Dante não se conteve: quando retornou do banheiro, passou direto para sua casa que ficava praticamente vizinha, e o queijo. . . desapareceu.
Lá para as tantas, quando saímos da casa de Elviro, fomos surpreendidos com o convite de Dante, que já nos esperava no portão, para que fossemos à sua casa, retribuindo assim a visita. Lá, o principal tira gosto era queijo do reino que partido em generosos pedaços, foi avidamente consumido pelos presentes, já que esse tipo de tira-gosto normalmente não fazia parte do nosso cardápio de “paredes”.
À noite, quando preparava a mesa para a ceia de Natal, a ingênua prima Veneide deu pela falta do queijo. Depois de por a casa de cabeça para baixo, e não encontrando o que procurava, repetia sem parar: “Elviro, tenho certeza que o coloquei em cima da geladeira. . . Não é possível que um rato tenha levado o queijo com embalagem e tudo . . .”
No dia seguinte o delito foi revelado numa animada conversa na própria casa do casal, que depois de boas risadas, ainda se sentiu privilegiados por ter, pelo menos, participado da farra onde o “JONG” foi consumido e muito elogiado por todos.
PUBLICADA EM “O JORNAL DE HOJE” EDIÇÃO DE 18.12.2009
PIPA – Veraneios inesquecíveis
Foram muitos os veraneios que deixaram saudade. Em minha adolescência lá pelo início dos anos 70, os mais afortunados já possuíam uma radiola portátil Phillips que funcionava a pilha. Aquela, do tipo maleta, que a própria tampa servia como auto-falante. Com esses modernos aparelhos fazíamos freqüentemente e sempre após o jantar, festinhas conhecidas como “assustados”, onde dançávamos ao som de Roberto Carlos, Renato e seus Blue Caps, Elis Regina, Chico Buarque e outros cantores do tempo da Jovem Guardam. Vez por outra, alguém conseguia com os pais, depois de muita recomendação, algum disco em 78 rotações ou os modernos LPs com músicas cantadas pelo velho Nelson Gonçalves, Anísio Silva, Silvinho, Altemar Dutra, Sílvio Caldas, e até de Dick Farney e da divina Elizete Cardoso, os mais difíceis. Estes eram escolhidos pelas músicas mais lentas que dançávamos a luz de velhas lamparinas a querosene.
Os que preferiam dançar samba, traziam discos de Miltinho, Demônios da Garoa, Wilson Simonal, Ataulfo Alves, Noel Rosa e tantos outros. Achavam o bolero mais difícil de dançar, mesmo conhecendo a velha regra: dois prá lá, dois pra cá, posteriormente imortalizada na canção de João Bosco e Aldir Blanc na voz da inesquecível Elis Regina. Esses “assustados” eram raramente feitos nos alpendres das nossas casas. Na maioria das vezes, para fugir das vistas de nossos pais, sempre atentos aos que dançavam com mais ousadia, conseguíamos, com muito jeito, a sala das casas dos nativos que ainda moravam na rua de baixo. O local era bem mais aconchegante, o chão de barro batido, lamparina em cima de tamborete ou pendurada em esteios da parede de taipa.
Ainda lembro-me dessas lamparinas penduradas nos enxaiméis, tisnando a parede e exalando aquele cheirinho característico da queima do querosene. Ali, a presença de curiosos era praticamente nenhuma. Nessas saudosas casas de reboco, além de ficarmos protegidos da vista dos curiosos, sabíamos que nossos pais não se abalariam de suas redes nos alpendres para nos vigiar, afinal de contas, não havia motivos para preocupação, já que éramos todos primos. Além do mais, estavam mais interessados nos carteados, sempre muito disputados ou nas animadas conversas políticas.
Lá pelas 10 horas da noite, depois que nossas parceiras se recolhiam, íamos para a beira da praia jogar conversa fora, tocar violão, ou mesmo programar alguma traquinagem.
Uma das preferidas era o roubo de galinhas, que sempre terminava na casa do saudoso Deda, que sempre nos recebia com aquele sorriso largo onde orgulhoso, exibia um enorme e cintilante dente de ouro.
Esse personagem, que é parte importante da história da Pipa, teve no boca-a-boca um grande aliado na divulgação de sua arte na cozinha e também como senhorio. Alugava, por preços módicos, cômodos de sua modéstia moradia onde hoje funciona a “Pousada da Bárbara”. Costumo dizer que ele foi o primeiro dono de pousada naquela região. Essa condição o tornou muito conhecido, inclusive internacionalmente. Os poucos “gringos” que chegavam à Pipa, logo perguntavam por Deda. Com aquele sotaque esquisito e falando bem enrolado com se a boca estivesse cheia de línguas, logo conseguia pronunciar o som daquelas quatro letras mágicas que tinham o poder de resolver os principais problemas daqueles longínquos visitantes: lugar pra dormir e boa comida a base de peixe e frutos do mar, abundantes naquela época.
As brincadeiras de roubar alimentos dos veranistas sempre estiveram entre as nossas preferidas, pois naquela época, tudo tinha que ser trazido de Natal, ou esperar o domingo pra comprara na feira de Goianinha. As bodegas da Pipa pouco ofereciam. Vendiam exclusivamente os gêneros alimentícios comuns à população local.
Certa vez, numa manhã de véspera de Natal, a turma de “biriteiros” apareceu na residência do casal, Veneide e Elviro. Já vinham naquela peregrinação de casa em casa, tomando todas e conversando miolo–de-quartinha. Lá pras tantas, meu irmão Dante Simonetti, em uma das idas ao banheiro, observou que em cima da geladeira se encontrava, totalmente indefeso, um apetitoso queijo do reino ainda lacrado, naquela conhecida embalagem redonda. Lá estava ele, imponente como se quisesse tomar o lugar cativo do famoso pingüim. Diante daquela visão, Dante não se conteve: quando retornou do banheiro, passou direto para sua casa que ficava praticamente vizinha, e o queijo. . . desapareceu.
Lá para as tantas, quando saímos da casa de Elviro, fomos surpreendidos com o convite de Dante, que já nos esperava no portão, para que fossemos à sua casa, retribuindo assim a visita. Lá, o principal tira gosto era queijo do reino que partido em generosos pedaços, foi avidamente consumido pelos presentes, já que esse tipo de tira-gosto normalmente não fazia parte do nosso cardápio de “paredes”.
À noite, quando preparava a mesa para a ceia de Natal, a ingênua prima Veneide deu pela falta do queijo. Depois de por a casa de cabeça para baixo, e não encontrando o que procurava, repetia sem parar: “Elviro, tenho certeza que o coloquei em cima da geladeira. . . Não é possível que um rato tenha levado o queijo com embalagem e tudo . . .”
No dia seguinte o delito foi revelado numa animada conversa na própria casa do casal, que depois de boas risadas, ainda se sentiu privilegiados por ter, pelo menos, participado da farra onde o “JONG” foi consumido e muito elogiado por todos.
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS
Ormuz Simonetti e a Praia da Pipa.
Quando eu era pequeno e ainda nem estudava no nosso Ginásio 7 de Setembro, costumava ouvir – como toda criança – estórias infantis fantasiosas da minha mãe, todas bem intencionadas visando abrir o horizonte do seu futuro adolescente. Até que numa certa noite de insônia, vi quando papai – e não Papai Noel – colocou o presente de Natal ao lado da minha cama. Percebi, tempos depois, que mesmo quando eu não estudava, o bicho-papão não aparecia de noite para me pegar... A partir de então passei a acreditar menos nos meus pais e mais nos meus amiguinhos da rua.
Hoje, passeando pelas suas crônicas, caro Ormuz, sinto que você me devolveu a confiança nos meus velhos, pois eles também diziam que para se caminhar sozinho era preciso enxergar a essência da vida e saber dividi-la com o mundo. Exatamente como você faz ao relembrar no paraíso da praia da Pipa, os nativos, os coqueiros, os pássaros, as fruteiras nativas, a migração dos pardais, a preocupação com o desequilíbrio ecológico, os saudosos veranistas, o alpendre, a rede... E o mais gratificante, é lembrar que o autor dessas crônicas é aquele menino loiro, magro, discreto e estudioso, que se sentava à minha direita na sala de aula do já distante Ginásio 7 de Setembro. Belo exemplo, amigo. Meus velhos estavam certos.
Carlos Sizenando Rossiter Pinheiro.
Natal RN
Quando eu era pequeno e ainda nem estudava no nosso Ginásio 7 de Setembro, costumava ouvir – como toda criança – estórias infantis fantasiosas da minha mãe, todas bem intencionadas visando abrir o horizonte do seu futuro adolescente. Até que numa certa noite de insônia, vi quando papai – e não Papai Noel – colocou o presente de Natal ao lado da minha cama. Percebi, tempos depois, que mesmo quando eu não estudava, o bicho-papão não aparecia de noite para me pegar... A partir de então passei a acreditar menos nos meus pais e mais nos meus amiguinhos da rua.
Hoje, passeando pelas suas crônicas, caro Ormuz, sinto que você me devolveu a confiança nos meus velhos, pois eles também diziam que para se caminhar sozinho era preciso enxergar a essência da vida e saber dividi-la com o mundo. Exatamente como você faz ao relembrar no paraíso da praia da Pipa, os nativos, os coqueiros, os pássaros, as fruteiras nativas, a migração dos pardais, a preocupação com o desequilíbrio ecológico, os saudosos veranistas, o alpendre, a rede... E o mais gratificante, é lembrar que o autor dessas crônicas é aquele menino loiro, magro, discreto e estudioso, que se sentava à minha direita na sala de aula do já distante Ginásio 7 de Setembro. Belo exemplo, amigo. Meus velhos estavam certos.
Carlos Sizenando Rossiter Pinheiro.
Natal RN
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS
Parabéns Ormuz, você é um historiador nato.Estou me organizando para lhe receber em grande estilo. Um forte abraço.
Tarcisio Gurgel.
Natal RN
Tarcisio Gurgel.
Natal RN
domingo, 6 de dezembro de 2009
A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS
Ormuz, fico contente em receber as crônicas sobre a praia de Pipa. Trazem muitas recordações, apesar de ser Recifense, tenho laços familiares em Goianinha, tio Alfredo e tia Waldira e meus primos, Amélia Judith, Rosário, Eliane, João Bosco, Clóvis , Alfredinho e Duartinho. Passei algumas férias e tive a oportunidade de veranear com eles em Pipa. Tenho excelentes recordações, da praia, do passeio sobre o morro, da chegada dos barcos com os peixes ainda vivos, do curral, dos bates papos noturnos (já que não existia televisão) na beira da praia, do forrozeiro contratado para tocar algumas horas e podermos nos divertir, etc.
Muito obrigada, um abraço,
Norma Carvalho
Recife - Pe
Muito obrigada, um abraço,
Norma Carvalho
Recife - Pe
A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS
ORMUZ BARBALHO SIMONETTI (Presidente do Instituto Norte-Riograndense de Genealogia-INRG e membro do IHGRN) www.ormuzsimonetti@yahoo.com.br
Publicada em “O JORNAL DE HOJE”, edição do dia 04.12.2009
PIPA, saudosos veranistas – Paulo Barbalho
Outro veranista que deixou muita saudade foi Paulo Barbalho. Seu veraneio começou ainda muito jovem acompanhando seus pais nas difíceis viagens entre Goianinha e a praia da Pipa. Seis anos depois do primeiro veraneio da praia, ocorrido em 1926, no dia 11 de março de 1932, nascia o menino Paulo. Foi o último dos onze filhos de Odilon Ernestino Barbalho e Elvira Macionila Barbalho. Criança irrequieta, sempre estava aprontando alguma traquinagem naquela Pipa dos anos 30 e 40.
A casa de seus pais ficava bem em frente a “Pedra do Santo”. Tinha um quintal muito grande com diversas mangueiras, coqueiros e um enorme pé de fruta pão. Nesse quintal em baixo das árvores, seu pai costumava manter durante o veraneio, uma boa vaca leiteira que trazia de sua fazenda em Goianinha. Pela manhã, lá estavam todos os irmãos em fila indiana, esperando a vez de tomar um caneco de leite quentinho ao pé da vaca, adoçado com açúcar mascavo do engenho Bem Fica. Esse hábito de manter uma vaca no quintal para tomar leite pela manhã, foi religiosamente seguido por tio Paulo, durante todos os anos que veraneou na Pipa.
No fim dos anos 60, por falta de proteção adequada, o mar foi derrubando, aos poucos, aquele casarão que tanta lembrança trazia a toda família, principalmente aos sobrinhos que nos meses de janeiro, lotavam aqueles alpendres. Foi uma morte lenta e sofrida por todos nós que adorávamos aquele casarão. Num ano vimos desmoronar, pela força das ondas, o quebra-mar juntamente com o alpendre. Quando retornamos no ano seguinte, toda a sala da frente e uma parte da lateral da casa estavam no chão. A sua heróica resistência devia-se ao fato de ser uma construção feita em taipa e com madeira de boa qualidade. Os esteios, vigas, travessões e inchamés, enfim todo o madeiramento da casa foi feitos com pau-ferro e outras madeiras de lei, extraídas das matas da Pipa, abundante naquele tempo.
Guardei muitas lembranças desse velho casarão. Quando meus pais ainda não tinham casa na Pipa, veraneamos algumas vezes na casa dos meus avós. Guardo até hoje, algumas lembranças dos meus sete a oito anos de idade. Tinha por costume acordar muito cedo e depois de retirar, com todo o cuidado para não acordar meus pais, a pesada trave de sucupira, abria um pouco da janela e ficava admirando os botes ancorados no porto. Logo começava a procurar ao longo do horizonte aqueles pontinhos branco. Era a vela dos barcos que retornavam das pescarias de “dormida”. No porto, outros permaneciam ancorados naquele indolente balançar. Ficava impressionado com os pescadores, que em suas conversas no porto, diziam a quem pertencia o barco que estava chegando, somente pelo formato da vela. Sempre que me lembro da Pipa é a primeira visão que me vem: o raiar do dia com os botes ancorados no porto.
Pois bem, foi nesse casarão que por volta do ano de 1974, ocorreu um fato que me marcou de maneira jocosa a história dos veraneios na Pipa. A casa estava sendo preparada para o veraneio e “tia” Júlia, sua esposa, havia enviado na frente os empregados juntamente com a bagagem. A recomendação era de fazer uma rigorosa limpeza, já que a casa permanecia o ano inteiro fechada. Depois de deixar tudo bem limpo e devidamente arrumado, os empregados retornaram para Goianinha. A família deveria chegar três dias depois. Aconteceu que minha mãe, e sua irmã, preocupada com a dormida nos alpendres dos filhos e sobrinhos, teve a infeliz idéia de ficar com as chaves da casa, para que lá nós dormíssemos, enquanto a família não chegasse. A turma, que sempre arranjava um motivo pra farrear, já havia acertado para aquela noite, uma movimentada serenata.
Como a dormida garantida em local seguro, não haveria preocupação com as brincadeiras de dar nó nos punhos das redes e outras coisas do gênero. Logo cedo, após o jantar, as redes foram devidamente armadas. Quem chegava primeiro, escolhia os melhores cômodos em seguida a casa foi devidamente trancada. Lá pela madrugada, com a serenata terminada e as redes todas ocupadas, o piso dos quartos e salas começam a receber as primeiras reações estomacais dos que beberam além da conta, e principalmente abusaram da sardinha “Coqueiro” e da carne de quitute “Da Vaquinha”, acompanhado de farinha grossa (única disponíveis nas bodegas), tira-gostos preferidos naquelas madrugadas dos anos 70.
O cheiro de azedo já tomava conta do ambiente quando começou a “guerra”. Alguém atirou um pinico (urinol) por cima da meia parede e em seguida, de cada cômodo ocupado partia, via aéreo, tamboretes, cadeiras, bacias de lavar rosto juntamente com o jarro e tripé, outros pinicos da ágata (faziam um barulho enorme quando batiam no chão) panelas, adornos de cima das mesas e tudo que estivesse ao alcance das mãos. A batalha varou a madrugada.
Pela manhã, quando todos nós dormíamos a sono solto, aconteceu o que ninguém esperava. Por volta das 9hrs alguém escutou um barulho no quintal e foi verificar. Era a carro de tio Paulo que chegava com a família, antecipando em dois dias sua chegada. Foi uma correria danado. Janelas e portas se abriram ao tempo que pulava gente pra todo lado menos, naturalmente, para o quintal. Não preciso dizer à surpresa que ele teve quando adentrou a casa. Entre gritos coléricos e alguns palavrões, ordenou que os empregados fossem de quarto em quarto e recolhessem todas as redes. Feito isso, amontoou-as no quintal e mandou comprar, pelo seu compadre e vizinho Zé de Tereza, um litro de querosene, na bodega mais próxima. Depois de alguns apelos de Júlia e a proposital demora na execução de sua ordem na compra do combustível, ele se acalmou e desistiu da fogueira. Mas não deixou por menos, mandou entregar as redes na casa de cada mãe com o relato detalhado do acontecido.
Tenho a impressão que depois de calmo ele deve ter dado boas risadas lembrando-se do seu tempo de estudante na década de 50, quando morava em Maceió. Numa dessas brincadeiras extravagante que ele tanto gostava, atirou do terceiro andar do Hotel Bela Vista, do turco Adib, localizado na Rua do Comércio, um guarda roupas, que se espatifou no meio da avenida. Wodem Madruga conhece bem essa história, pois na época era hóspede desse mesmo hotel.
Tio Paulo era assim, adorava esse tipo de brincadeiras. Muito explosivo, entretanto nunca guardava rancor. Logo, já havia esquecido tudo. Dois dias depois, com os devidos “relas”, todos nós já estávamos perdoados e em seu alpendre desfrutava daquela maravilhosa acolhida, sua marca registrada. Gostava e sabia receber como ninguém. Foi o maior anfitrião que conheci.
Anos depois em 1988, voltou a veranear na Pipa. A nova casa ficava na confluência de duas ruas no Largo de São Sebastião, bem ao lado da igreja. Estrategicamente, não tinha muros na frente da casa. Ali, quem passava era convidado para entrar e bater um papo no alpendre pintado de verde. Era apaixonado pela cor símbolo das campanhas políticas na década de 60 do amigo Aluízio Alves. Em cima de uma mesa, também verde, nunca deixava de ter um bom sarapatel, buchada e carneiro guisado, trazidos de Lagoa Nova, fazenda de sua paixão. Essa mesa também era repleta das mais variadas bebidas e muitas frutas que se destinavam ao tira-gosto de sua bebida preferida: a aguardente, também conhecida como cachaça, pinga, branquinha, birita, malvada, água que passarinho não bebe, esquenta goela etc.
Gostava de beber deitado em sua rede verde, balançando preguiçosamente no alpendre e entre um gole e outro, relatava estórias engraçadas dos nossos antepassados, sempre rodeado de sobrinhos e amigos. Recordo com saudade daquele seu brado característico. Bastava achar que a mesa não estava devidamente repleta dos mais diversos tira-gostos, não tinha dúvidas, gritava com todas as forças: JUUUUUUUUUUUUUUULIAAA!!!
Publicada em “O JORNAL DE HOJE”, edição do dia 04.12.2009
PIPA, saudosos veranistas – Paulo Barbalho
Outro veranista que deixou muita saudade foi Paulo Barbalho. Seu veraneio começou ainda muito jovem acompanhando seus pais nas difíceis viagens entre Goianinha e a praia da Pipa. Seis anos depois do primeiro veraneio da praia, ocorrido em 1926, no dia 11 de março de 1932, nascia o menino Paulo. Foi o último dos onze filhos de Odilon Ernestino Barbalho e Elvira Macionila Barbalho. Criança irrequieta, sempre estava aprontando alguma traquinagem naquela Pipa dos anos 30 e 40.
A casa de seus pais ficava bem em frente a “Pedra do Santo”. Tinha um quintal muito grande com diversas mangueiras, coqueiros e um enorme pé de fruta pão. Nesse quintal em baixo das árvores, seu pai costumava manter durante o veraneio, uma boa vaca leiteira que trazia de sua fazenda em Goianinha. Pela manhã, lá estavam todos os irmãos em fila indiana, esperando a vez de tomar um caneco de leite quentinho ao pé da vaca, adoçado com açúcar mascavo do engenho Bem Fica. Esse hábito de manter uma vaca no quintal para tomar leite pela manhã, foi religiosamente seguido por tio Paulo, durante todos os anos que veraneou na Pipa.
No fim dos anos 60, por falta de proteção adequada, o mar foi derrubando, aos poucos, aquele casarão que tanta lembrança trazia a toda família, principalmente aos sobrinhos que nos meses de janeiro, lotavam aqueles alpendres. Foi uma morte lenta e sofrida por todos nós que adorávamos aquele casarão. Num ano vimos desmoronar, pela força das ondas, o quebra-mar juntamente com o alpendre. Quando retornamos no ano seguinte, toda a sala da frente e uma parte da lateral da casa estavam no chão. A sua heróica resistência devia-se ao fato de ser uma construção feita em taipa e com madeira de boa qualidade. Os esteios, vigas, travessões e inchamés, enfim todo o madeiramento da casa foi feitos com pau-ferro e outras madeiras de lei, extraídas das matas da Pipa, abundante naquele tempo.
Guardei muitas lembranças desse velho casarão. Quando meus pais ainda não tinham casa na Pipa, veraneamos algumas vezes na casa dos meus avós. Guardo até hoje, algumas lembranças dos meus sete a oito anos de idade. Tinha por costume acordar muito cedo e depois de retirar, com todo o cuidado para não acordar meus pais, a pesada trave de sucupira, abria um pouco da janela e ficava admirando os botes ancorados no porto. Logo começava a procurar ao longo do horizonte aqueles pontinhos branco. Era a vela dos barcos que retornavam das pescarias de “dormida”. No porto, outros permaneciam ancorados naquele indolente balançar. Ficava impressionado com os pescadores, que em suas conversas no porto, diziam a quem pertencia o barco que estava chegando, somente pelo formato da vela. Sempre que me lembro da Pipa é a primeira visão que me vem: o raiar do dia com os botes ancorados no porto.
Pois bem, foi nesse casarão que por volta do ano de 1974, ocorreu um fato que me marcou de maneira jocosa a história dos veraneios na Pipa. A casa estava sendo preparada para o veraneio e “tia” Júlia, sua esposa, havia enviado na frente os empregados juntamente com a bagagem. A recomendação era de fazer uma rigorosa limpeza, já que a casa permanecia o ano inteiro fechada. Depois de deixar tudo bem limpo e devidamente arrumado, os empregados retornaram para Goianinha. A família deveria chegar três dias depois. Aconteceu que minha mãe, e sua irmã, preocupada com a dormida nos alpendres dos filhos e sobrinhos, teve a infeliz idéia de ficar com as chaves da casa, para que lá nós dormíssemos, enquanto a família não chegasse. A turma, que sempre arranjava um motivo pra farrear, já havia acertado para aquela noite, uma movimentada serenata.
Como a dormida garantida em local seguro, não haveria preocupação com as brincadeiras de dar nó nos punhos das redes e outras coisas do gênero. Logo cedo, após o jantar, as redes foram devidamente armadas. Quem chegava primeiro, escolhia os melhores cômodos em seguida a casa foi devidamente trancada. Lá pela madrugada, com a serenata terminada e as redes todas ocupadas, o piso dos quartos e salas começam a receber as primeiras reações estomacais dos que beberam além da conta, e principalmente abusaram da sardinha “Coqueiro” e da carne de quitute “Da Vaquinha”, acompanhado de farinha grossa (única disponíveis nas bodegas), tira-gostos preferidos naquelas madrugadas dos anos 70.
O cheiro de azedo já tomava conta do ambiente quando começou a “guerra”. Alguém atirou um pinico (urinol) por cima da meia parede e em seguida, de cada cômodo ocupado partia, via aéreo, tamboretes, cadeiras, bacias de lavar rosto juntamente com o jarro e tripé, outros pinicos da ágata (faziam um barulho enorme quando batiam no chão) panelas, adornos de cima das mesas e tudo que estivesse ao alcance das mãos. A batalha varou a madrugada.
Pela manhã, quando todos nós dormíamos a sono solto, aconteceu o que ninguém esperava. Por volta das 9hrs alguém escutou um barulho no quintal e foi verificar. Era a carro de tio Paulo que chegava com a família, antecipando em dois dias sua chegada. Foi uma correria danado. Janelas e portas se abriram ao tempo que pulava gente pra todo lado menos, naturalmente, para o quintal. Não preciso dizer à surpresa que ele teve quando adentrou a casa. Entre gritos coléricos e alguns palavrões, ordenou que os empregados fossem de quarto em quarto e recolhessem todas as redes. Feito isso, amontoou-as no quintal e mandou comprar, pelo seu compadre e vizinho Zé de Tereza, um litro de querosene, na bodega mais próxima. Depois de alguns apelos de Júlia e a proposital demora na execução de sua ordem na compra do combustível, ele se acalmou e desistiu da fogueira. Mas não deixou por menos, mandou entregar as redes na casa de cada mãe com o relato detalhado do acontecido.
Tenho a impressão que depois de calmo ele deve ter dado boas risadas lembrando-se do seu tempo de estudante na década de 50, quando morava em Maceió. Numa dessas brincadeiras extravagante que ele tanto gostava, atirou do terceiro andar do Hotel Bela Vista, do turco Adib, localizado na Rua do Comércio, um guarda roupas, que se espatifou no meio da avenida. Wodem Madruga conhece bem essa história, pois na época era hóspede desse mesmo hotel.
Tio Paulo era assim, adorava esse tipo de brincadeiras. Muito explosivo, entretanto nunca guardava rancor. Logo, já havia esquecido tudo. Dois dias depois, com os devidos “relas”, todos nós já estávamos perdoados e em seu alpendre desfrutava daquela maravilhosa acolhida, sua marca registrada. Gostava e sabia receber como ninguém. Foi o maior anfitrião que conheci.
Anos depois em 1988, voltou a veranear na Pipa. A nova casa ficava na confluência de duas ruas no Largo de São Sebastião, bem ao lado da igreja. Estrategicamente, não tinha muros na frente da casa. Ali, quem passava era convidado para entrar e bater um papo no alpendre pintado de verde. Era apaixonado pela cor símbolo das campanhas políticas na década de 60 do amigo Aluízio Alves. Em cima de uma mesa, também verde, nunca deixava de ter um bom sarapatel, buchada e carneiro guisado, trazidos de Lagoa Nova, fazenda de sua paixão. Essa mesa também era repleta das mais variadas bebidas e muitas frutas que se destinavam ao tira-gosto de sua bebida preferida: a aguardente, também conhecida como cachaça, pinga, branquinha, birita, malvada, água que passarinho não bebe, esquenta goela etc.
Gostava de beber deitado em sua rede verde, balançando preguiçosamente no alpendre e entre um gole e outro, relatava estórias engraçadas dos nossos antepassados, sempre rodeado de sobrinhos e amigos. Recordo com saudade daquele seu brado característico. Bastava achar que a mesa não estava devidamente repleta dos mais diversos tira-gostos, não tinha dúvidas, gritava com todas as forças: JUUUUUUUUUUUUUUULIAAA!!!
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS- Saudosos veranistas - MAURINIO SENA
Domingo, 06 de fevereiro de 1994,estava voltando de Sagi e resolvi passar por Pipa. Encontrei minha tia na rua de cima e a mesma me disse que estava tendo uma festança na casa dos meus pais, pois painho já estava comemorando o seu aniversário pq seria uma semana de festa.
Estava no carro do IBAMA pq tinha ido atender uma ocorrência de avistagem de Peixe boi e não me sentí a vontade em descer e ir até lá, até pq eu gostava de tomar umas e ir até lá seria bastante perigoso. Resolvi voltar para Natal e avisei a tia Francinete que estaria em Pipa no dia 13, dia do aniversário do meu pai.
Estava no intervalo de almoço e o meu tio Mauricio chegou e me chamou, sentí que o mesmo estava nervoso e já me apavorei com a frase: aconteceu uma tragédia em Pipa...Maurinio morreu...
Entrei em desespero, era a única pessoa que não estava lá com ele, pensei logo na minha mãe e meus irmãos. Pensei que poderia ter bebido com ele, ter ficado com ele, ter agradecido a ele por tudo que fez por mim, por nós. Se eu soubesse que no dia 13 estaria participando da missa de sétimo dia de morte, eu teria descido lá no dia 06 e que se danasse o carro do trabalho, eu teria sido mais filha que profissional.
Até hoje não me recuperei. Até hoje não consigo ficar em nossa casa em paz, não consigo andar para a parte sul da Pipa, que na minha infancia e adolescencia era tão explorada para pescar, fachiar, pegar caju,descer morro com tábua, escalar falesia, ir de cavalo para Sibaúma. Eu nunca quis nem saber onde tinha sido o ocorrido, mas sabia por alto de alguns detalhes que por ventura tive que escutar.
Eu me afastei de Pipa, me isolei de tudo de bom que já tinha vivido por lá, o meu sofrimento criou uma barreira que aos poucos tento superar.Qdo eu apareço por lá a trabalho o pessoal me diz que sente minha falta, que meu pai morreu no paraiso e que eu devia voltar lá mais vezes e ser feliz como era antes.
Foi por isso que ainda exitei em ler o ser artigo por completo e te escrever, eu não queria me deprimir pq tenho estado forte para seguir em frente durante esses 15 anos de saudades. Só que eu não podia deixar de ler o que escreveu sobre o meu pai, o meu chefe no trabalho, o meu ídolo Maurinio Sena Silva. E foi assim que descobrí todos os detalhes, do lugar aonde aconteceu o fato a amizade fiel do meu povo da praia de Pipa. Aqueles amigos jamais abandonariam a gente, quanto mais o "cumpade" Maurinio que tanto amou e respeitou aquele povo e aquele lugar como se fosse seu. Que pena que ele se foi, que dor não poder ter estado com ele na última festa da sua vida.
Muito obrigada pelo carinho e fica com Deus.
Zélia do Atol
18 de Novembro de 2009 18:43
Estava no carro do IBAMA pq tinha ido atender uma ocorrência de avistagem de Peixe boi e não me sentí a vontade em descer e ir até lá, até pq eu gostava de tomar umas e ir até lá seria bastante perigoso. Resolvi voltar para Natal e avisei a tia Francinete que estaria em Pipa no dia 13, dia do aniversário do meu pai.
Estava no intervalo de almoço e o meu tio Mauricio chegou e me chamou, sentí que o mesmo estava nervoso e já me apavorei com a frase: aconteceu uma tragédia em Pipa...Maurinio morreu...
Entrei em desespero, era a única pessoa que não estava lá com ele, pensei logo na minha mãe e meus irmãos. Pensei que poderia ter bebido com ele, ter ficado com ele, ter agradecido a ele por tudo que fez por mim, por nós. Se eu soubesse que no dia 13 estaria participando da missa de sétimo dia de morte, eu teria descido lá no dia 06 e que se danasse o carro do trabalho, eu teria sido mais filha que profissional.
Até hoje não me recuperei. Até hoje não consigo ficar em nossa casa em paz, não consigo andar para a parte sul da Pipa, que na minha infancia e adolescencia era tão explorada para pescar, fachiar, pegar caju,descer morro com tábua, escalar falesia, ir de cavalo para Sibaúma. Eu nunca quis nem saber onde tinha sido o ocorrido, mas sabia por alto de alguns detalhes que por ventura tive que escutar.
Eu me afastei de Pipa, me isolei de tudo de bom que já tinha vivido por lá, o meu sofrimento criou uma barreira que aos poucos tento superar.Qdo eu apareço por lá a trabalho o pessoal me diz que sente minha falta, que meu pai morreu no paraiso e que eu devia voltar lá mais vezes e ser feliz como era antes.
Foi por isso que ainda exitei em ler o ser artigo por completo e te escrever, eu não queria me deprimir pq tenho estado forte para seguir em frente durante esses 15 anos de saudades. Só que eu não podia deixar de ler o que escreveu sobre o meu pai, o meu chefe no trabalho, o meu ídolo Maurinio Sena Silva. E foi assim que descobrí todos os detalhes, do lugar aonde aconteceu o fato a amizade fiel do meu povo da praia de Pipa. Aqueles amigos jamais abandonariam a gente, quanto mais o "cumpade" Maurinio que tanto amou e respeitou aquele povo e aquele lugar como se fosse seu. Que pena que ele se foi, que dor não poder ter estado com ele na última festa da sua vida.
Muito obrigada pelo carinho e fica com Deus.
Zélia do Atol
18 de Novembro de 2009 18:43
CRIAÇÃO DO INRG - INST. NORTE-RIOGRANDENSE DE GENEALOGIA
Meu Prezado Presidente do Instituto Norte-Riograndense de Genealogia -INRG
Sr. Ormuz Barbalho Simonetti,
Há pouco registrei os meus cumprimentos pela grande iniciativa da criação do Instituto de Genealogia nesse Estado, do qual V. Sª é o primeiro Presidente, conforme texto abaixo, pois só agora tomei conhecimento, pedindo-lhe que me forneça o endereço completo do Instituto para doação do meu livro sobre Genealogia. Um grande abraço. Teotônio Luz
Francisco Teotônio da Luz Neto
Advogado e Economista
SHCGN 714, Bloco I, Casa 21 -
Brasília-DF e CEP: 70760-769
Tel 3340-8386 e Cel 8156-5681
E-mail: teotonioluz@terra.com.br
comentários:
Teotônio Luz disse...
Não poderia haver iniciativa mais grandiosa e histórica para a Genealogia nesse Estado do que criar o próprio Instituto de Genealogia. Minhas sinceras congratulações a todos por tão nobre ato. Gostaria de receber o endereço do INRG para fazer doação do meu livro GENEALOGIA DA FAMÍLIA LUZ, com 948 páginas. Abraços. Teotônio Luz
1 de Dezembro de 2009 20:39
Sr. Ormuz Barbalho Simonetti,
Há pouco registrei os meus cumprimentos pela grande iniciativa da criação do Instituto de Genealogia nesse Estado, do qual V. Sª é o primeiro Presidente, conforme texto abaixo, pois só agora tomei conhecimento, pedindo-lhe que me forneça o endereço completo do Instituto para doação do meu livro sobre Genealogia. Um grande abraço. Teotônio Luz
Francisco Teotônio da Luz Neto
Advogado e Economista
SHCGN 714, Bloco I, Casa 21 -
Brasília-DF e CEP: 70760-769
Tel 3340-8386 e Cel 8156-5681
E-mail: teotonioluz@terra.com.br
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Teotônio Luz disse...
Não poderia haver iniciativa mais grandiosa e histórica para a Genealogia nesse Estado do que criar o próprio Instituto de Genealogia. Minhas sinceras congratulações a todos por tão nobre ato. Gostaria de receber o endereço do INRG para fazer doação do meu livro GENEALOGIA DA FAMÍLIA LUZ, com 948 páginas. Abraços. Teotônio Luz
1 de Dezembro de 2009 20:39
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