Caro Ormuz, Saudações!
Nos meus raros momentos de folga sempre procuro, via internet, notícias da nossa família, o que, na verdade, são muitos restritos. Te confesso que só agora descobri o teu blog. Lembro-me que minha filha mais jovem havia me comentado, uma certa época, que tinha tido contato contigo, acredito que tenha sido quando estavas encerrando o teu livro. Mas, caro Ormuz, que maravilha as tuas crônicas sobre bons momentos vividos na saudosa história da “Praia da Pipa dos Meus Avós”. Mesmo vindo de uma família muito humilde, sem possuir casa de veraneio na praia da Pipa, pude viver muitas das histórias que contas nas tuas crônicas.
Órfão de pai desde os meus três meses de idade, nasci e vivi durante 25 anos na minha querida Goianinha. De vez em quando imagens se formam na minha mente me fazendo recordar bons momentos vividos na minha terrinha. Recordo-me que ainda criança, aos domingos quando vinha para a igreja com minha mãe, ao virar a esquina da mercearia do saudoso Raimundo de Morais, já visualizava a rua principal de Goianinha, com toda a família Barbalho, Grilo e Simonetti, sentados em cadeiras colocadas na calçada das suas casas.
Lembro-me muito bem que minha mãe me obrigava a cumprimentar um por um, parecia até uma “via-sacra”. Iniciava na casa da saudosa Maria Braga, Silvério..., terminando nas casas de Tio Aristides e Luis Carvalho. Hoje ao retornar a minha terra sinto um aperto no peito ao visualizar a triste mudança que o tempo e o progresso me proporcionou. A “velha guarda” destas famílias já não mais estão entre nós; a tímida Goianinha parece que quer ser cidade grande; a comunhão que havia entre as famílias está comprometida; nossos filhos estão se tornando adultos precocemente; enfim, hoje só restam lembranças de bons momentos vividos e muitas saudades desses nossos parentes que já partiram. Mas, felizmente ainda existe pessoas como você que, com muita propriedade, carinho e satisfação, através das suas crônicas, resgata a memória dessas pessoas que o tempo fatalmente iria apagar.
Ormuz, de coração te parabenizo e te louvo pela tua feliz iniciativa, pois tudo que escreves são histórias que também fomos protagonistas. Ah, e a Pipa? Você cita bem quando refere como a “A Praia da Pipa dos Meus Avós”. Descrever a Pipa dos velhos tempos só quem realmente esteve presente para testemunhar. Quando criança eu aguardava ansioso, nos finais do mês de dezembro, a chegada da saudosa Tia Jacira (Dadá) e da Marizinha, vindas de São Paulo diretamente para o veraneio na Pipa. Elas se juntavam aos Tios Alfredo e Valdira e se hospedavam na casa de Dante e Azelma. Algumas vezes eu ia junto. Inclusive foi o Dante que me presenteou com o meu anel de formatura.
Quando adulto jovem, em vista da minha grande amizade com Beto e Bartô, a casa que me abrigava era a casa de Evilásio e Dina, os quais sempre me trataram como uma pessoa de casa; lembro-me deles com saudades e gratidão.
Mas, a casa que mais estive presente durante os veraneios na Praia da Pipa foi a casa de Paulo e Júlia. Paulo foi aquele que sempre imortalizou a família Barbalho. Este querido e inesquecível primo/amigo fazia questão de me apresentar para todos que frequentasse a sua casa; ele praticamente “descrevia” toda a minha árvore genealógica. Quando visitava Goianinha a Fazenda Benfica era parada obrigatória. No período de veraneio da Pipa ele sempre enviava um veículo à casa da minha mãe para me buscar para “veranear” na Pipa. Enfim, caro Ormuz, tudo que você descreve nas suas escritas eu também tive a oportunidade de me deleitar. As serestas à beira-mar... A hospitalidade dos parentes... O banho no rio Galhardo... O caminhão do Rui. Tudo isto hoje ficou só na lembrança... Lembrança esta que ficou na história dessas famílias e que você sabiamente, com saudosismo e muita emoção descreve nas memórias da “PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS”.
Meus Parabéns
Gilson Carvalho Barbalho
Maringá - Pr