sábado, 23 de março de 2013

INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO R.N.


Na missão que assumi com o Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, com outros abnegados pela cultura do Estado e à vista das extremas carências daquela Instituição secular, agora sob a lideranpça de VALÉRIO MESQUITA, estive a meditar sobre as dificuldades de recuperar a Casa da Memória, sem recursos sufientes para tal mister. 

Um tanto desolado, agarrei-me à lembrança das difivuldades de outras pessoas e o resultado no final obtido e fui ao exemplo de  Angelo Roncalli, o Papa João XXIII - "O Papa Bom", que ao chegar à Bulgaria, logo na entrada da casa paroquial, foi recebido por um padre que disse do estado precário daquele imóvel e da falta total de recursos para recuperá-lo.

Angelo, contando apenas com a proteção de Deus não se deixou abalar e, logo nos seus primeiros dias naquele País, teve a notícia de um terremoto que destruíra a casa dos moradores e igrejas da  Religião Ortodoxa. Usando o seu crédito pessoal e tirando dos próprios ganhos, disponibilizou recursos para ajudar o povo e as igrejas não Católicas Romanas, o que motivou a admiração do povo e o retorno fraterno do entendimento entre as igrejas.

A paz era algo sagrado e a paciência o grande segredo do sucesso.
Desculpe o aparente absurdo da comparação, pois não temos o merecimento daquela Papa inesquecível, mas na alegoria queremos que eventuais feridas estejam cicatrizadas e os nossos sócios retornem ao seu ninho antigo, o que já estamos sentindo com visitas ilustres esta semana, Manoel Onofre Júnior, Lenilson Carvalho e Vicente Serejo. 

Nunca esqueço uma frase sua: 
"O sorriso que brota das nossas lágrimas faz o céu se abrir".

Carlos Roberto de Miranda Gomes
– Primeiro Secretário



terça-feira, 19 de março de 2013

DISCURSO DE POSSE NO I.H.G/RN


        

         Ilustríssimo escritor Jurandyr Navarro da Costa, muito digno Presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, em nome de quem saúdo as autoridades componentes da mesa. Amigos, confrades, familiares e convidados, minhas senhoras, meus senhores:

         Permitam-me tomar alguns minutos dos seus preciosos tempos para contar um pouco da história desta NOVA DIRETORIA que hora assume o comando da instituição mais antiga de nosso Estado, que um dia foi intitulada por Luiz da Câmara Cascudo como “A Casa da Memória”.
         Não poderia haver ocasião mais significativa para a assunção da novel Diretoria, uma vez que o IHGRN, no próximo dia 29, completará 111 anos de uma profícua existência, em prol da cultura do nosso Estado.
         Com o passamento do Dr. Enélio de Lima Petrovich, no dia 6 de janeiro de 2011, que presidiu a instituição por exatos 48 anos, 4 meses e 12 dias, assumiu o encargo, o então vice-presidente, escritor e memorialista - acadêmico  Jurandyr Navarro da Costa - adiantando que cumpriria o seu mandato até o último dia, mas, em hipótese nenhuma, aceitaria ser candidato a reeleição.
         Durante o curto período de sua gestão, deu posse a 48 novos sócios, sendo um deles, pós-morte e pugnou pela urgente reforma do Estatuto que datava de 1927.
Após os trabalhos de uma comissão por ele designada, composta dos sócios Carlos Roberto de Miranda Gomes, João Felipe da Trindade e Ormuz Barbalho Simonetti e de discussões preliminares levadas a efeito com membros da Diretoria, convocou uma Assembleia Geral Extraordinária, que no dia 02 de maio de 2012, aprovou o novo estatuto, por unanimidade, e em seguida promoveu o respectivo registro no cartório competente.   
                          Diretoria e Conselho Fiscal
Aproximando-se o término do ano e, por via de consequencia, o limite para a eleição dos membros da nova diretoria para o triênio 2013/2015, tomamos a iniciativa de compor uma chapa para concorrer com outras já anunciadas, as quais posteriormente desistiram.
Peregrinamos para encontrar um nome de consenso, o que só foi possível quando surgiu a lembrança da pessoa do escritor VALÉRIO MESQUITA, possuidor de todas as condições para uma gestão eficiente e progressista que, embora resistente ao encargo, fez prevalecer mais alto o seu espírito público, de cidadão preocupado com o destino desta importante instituição cultural de nosso Estado.
         Assim, foi composta a chapa que se tornou única, e que foi eleita por aclamação no dia 06 de novembro de 2012, com registro efetivado em cartório para os fins e efeitos legais.
         Como bem disse o presidente Valério Mesquita na primeira reunião logo após a eleição: “os cargos nessa diretoria são pura formalidade estatutária. os compromissos e responsabilidades são iguais para todos e tudo será decidido por colegiado”.   
                          Ormuz - Discurso de posse e juramento
E hoje estamos aqui assumindo mais essa honrosa missão, não como um sacrifício, mas com orgulho e vontade férrea de transformar o Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, em um dos mais bem aparelhados e organizados Institutos Históricos de todo o Brasil. E que Deus nos de força suficiente para cumprir com denodo essa responsabilidade. Que venham os desafios. Quem viver verá!

JURAMENTO:

 “prometo exercer COM DESVELO E DIGNIDADE as funções do cargo para o qual fui eleito, cumprindo todas as determinações estatutárias e legais e pugnando pela preservação da grandeza histórica da Casa da Memória”.

Obrigado a todos.


DIRETORIA

1.     Presidente: VALÉRIO ALFREDO MESQUITA
2.     Vice-Presidente: ORMUZ BARBALHO SIMONETTI
3.     Secretário-Geral: CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES
4.     Secretário-Adjunto: ODÚLIO BOTELHO MEDEIROS
5.     Diretor Financeiro: GEORGE ANTÔNIO DE OLIVEIRA VERAS
6.     Diretor Financeiro Adjunto: ANTÔNIO EDUARDO GOSSON
7.     Orador: JOSÉ ADALBERTO TARGINO ARAÚJO
8.     Diretor da Biblioteca, Arquivo e Museu: EDGAR RAMALHO DANTAS.

CONSELHO FISCAL


1.     EIDER FURTADO DE MENDONÇA E MENEZES, Membro titular
2.     PAULO PEREIRA DOS SANTOS, Membro titular
3.     TOMISLAV RODRIGUES FEMENICK, Membro titular
4.     LÚCIA HELENA PEREIRA, Membro suplente.



domingo, 10 de março de 2013

CARTA A EIDER FURTADO




Carta ao Dr. Eider Furtado por ocasião do lançamento de seu primeiro livro de memórias “NO FÓRUM DA MEMÓRIA”.

                                                                           Natal, 01 de junho de 2009

Caro amigo Eider Furtado,

Sinto-me profundamente agradecido pelo privilégio de ter sido um dos primeiros a ter em mãos o seu excelente “livrinho”.  Já tinha idéia do teor de tal obra, pois em nossas longas conversas noturnas, vez por outra, você me falava sobre seu conteúdo. Entretanto, não resisti à tentação, e ao ler as primeiras páginas, não consegui mais parar. Muito embora tenhamos nascido em épocas diferentes, partilhamos muitas lembranças em comum. 

Vivi parte da minha vida nos mesmos bairros do Tirol e Petrópolis. Porém, naquele tempo, que não está tão distante assim, poderia se andar sem receio pelas ruas desses bairros e até mesmo sentar em cadeiras nas calçadas e se jogar conversa fora. Lembro-me de meu saudoso pai Arnaldo Simonetti, que todas as noites, religiosamente, participava do famoso bate-papo na calçada do magistrado José Vieira, que morava na esquina da Rua Açu com a Avenida Floriano Peixoto. 

Morei até os meus 18 anos de idade na Avenida Deodoro da Fonseca e depois me mudei para a Avenida Rodrigues Alves, ali bem pertinho da Igreja Santa Teresinha. Nesse endereço permaneci até 1972, quando fui para São Paulo capital assumir o meu primeiro emprego no Banco do Brasil.

Porém, o que mais me impressionou foi que as suas reminiscências daquela época, fazem parte das minhas recentes lembranças. No capítulo sete, Vida no Campo, você descreve com riqueza de detalhes as suas aventuras de menino na fazenda “Alegria”. O caminho para a referida fazenda passava obrigatoriamente por outras duas antigas fazendas da região: “Arisco”, de propriedade de Zé Linhares e a fazenda “Cabeça do Boi”, que pertencia a um amigo de seu pai.   

Quando li aquele relato voltei imediatamente aos anos 80 e 90, quando desempenhava o cargo de fiscal de operação rurais do Banco do Brasil, da recém criada agência de Ceará Mirim, e visitava regularmente aquela região, grande produtora de milho, feijão e mandioca. Faziam parte de minha jurisdição, os municípios de Taipú e Ielmo Marinho.

Desde a época quando atuava como fiscal, e possivelmente até hoje, o nome “Alegria” passou a denominar toda aquela localidade, certamente em decorrência do nome da antiga fazenda, o mesmo acontecendo com o “Arisco” de Zé Linhares e também com a fazenda “Cabeça do Boi”.

Depois que me aposentei em 2001, nunca mais tive oportunidade de voltar naquelas terras, onde trabalhei por exatos 23 anos. Porém, seu sensível e saudoso relato me deu o agradável prazer do retorno ao passado e, consequentemente, a oportunidade de reviver tão importantes lembranças.

Um fraterno abraço dos amigos
Ormuz e Geiza.

domingo, 3 de março de 2013

CARTA A CLÉA



Mensagem enviada a Cléa Bezerra de Mello Centeno no dia 12 de junho de 2006, por ocasião da publicação de seu livro DEVER DE MEMÓRIA, uma biografia de Ubaldo Bezerra de Mello.


Querida prima Cléa,


Parabéns pelo belo livro. Li devagar, divagando, saboreando cada capitulo, feliz por neles encontrar algumas lembranças comuns. Afinal, tive o prazer e honra de tangenciar alguns poucos aspectos da minha vida com a desse grande homem. Aliás, na minha memória, ele me parecia enorme quando, em pequenino, lhe tomava a benção. Fiquei feliz por agora conhecê-lo em mais detalhes. Era meu padrinho e grande amigo do meu pai.

Em dado momento, você fala dos livros que eram lidos pela família. Essa informação me remeteu aos anos de 1957/58, eu com 6 ou 7 anos de idade, morando na avenida Deodoro nº 622. Foi a estória de Robson Crusoé, o livro que ganhei de presente numa das frequentes visitas dos meus padrinhos Ubaldo e Haydée. E ainda restam na minha lembrança: o livro, a estória, seus sorrisos e minha grata alegria. Tempos depois pude entender o real significado daquele presente. Era natural que se presenteasse uma criança daquela idade com um brinquedo qualquer. Porém, sempre enxergando adiante do seu tempo, ele deu-me algo mais valioso: sonho e conhecimento.

A sua narrativa sobre as usinas Ilha Bela e Santa Terezinha, o rio Água Azul, a verde visão dos canaviais e outras saudades muito me emocionaram, pois, de certo modo, em outras épocas, fazem parte também de minha estória. No ano de 1978, quando da inauguração da agência do Banco do Brasil em Ceará-Mirim, fui convidado para atuar como Fiscal de Operações Rurais onde permaneci até o dia de minha aposentadoria, em 04 de junho 2001. Portanto, foram 23 anos de minha vida dedicados àquela região, virada em terra adotiva, que recordo com carinho. Ainda hoje sinto o cheiro do açúcar mascavo descansando nas formas de madeira purgando mel-de-furo, vejo os pátios cobertos com bagaço de cana secando para alimentar as caldeiras, a fumaça dos bueiros turvando o azul das tardes, ouço o apito dos engenhos, o tropel da burrarada com cambitos cheios de cana, o estalido do chicote dos cambiteiros açoitando a beleza das manhãs.

Um grato e comovido abraço de
Ormuz, filho de Arnaldo.