Querido amigo, gostei muito desta crônica. Precisamos de pessoas como você, capaz de dizer a verdade sem importar em agradar pessoas, empresas ou instituições.
Socorro Cabral
Natal-RN
domingo, 3 de janeiro de 2010
A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS
ORMUZ BARBALHO SIMONETTI (Presidente do Instituto Norte-Riograndense de Genealogia-INRG e membro do IHGRN) www.ormuzsimonetti@yahoo.com.br
PUBLICADA EM “O JORNAL DE HOJE” EDIÇÃO DE 02.01.2010
PIPA, PORQUE ESCREVO ESSAS CRÔNICAS
Tenho sido constantemente questionado a respeito das crônicas que escrevo sobre a Praia da Pipa. A pergunta mais freqüente é “por que?”. Outros perguntam se essas crônicas vão retratar a Pipa até os dias de hoje. A Pipa dos belos hotéis e pousadas, cosmopolita, apinhada de turistas de todas as partes do mundo, dos restaurantes de diversas nacionalidades com suas cozinhas típicas, de uma vida noturna em constante ebulição que só começa após as 22 horas e termina com os primeiros raios do sol.
A Pipa que tenho tentado retratar através das crônicas já publicadas e as que ainda serão refere-se principalmente à Pipa de antigamente. Essas crônicas não irão além dos anos 90, mesmo porque o meu propósito é fazer um registro da época em que a praia era somente uma colônia de pescadores onde algumas poucas famílias de Goianinha, passavam férias nos meses de janeiro. É da praia daquela época que costumo me referir como “à Pipa do tempo da delicadeza”.
Iniciei essas crônicas quase como um desafio, pois minha área preferida é a genealogia. Nunca havia me imaginado como escritor de crônicas. Certa vez, em conversa com o meu amigo, o escritor Valério Mesquita, sobre a praia da Pipa, lhe falava da minha preocupação quanto às matérias que, volta e meia, eram abordadas na imprensa escrita e televisiva. Sempre aparecia alguém falando bobagens ou relatando invencionices. Esses depoimentos geralmente eram dados por pessoas sem nenhum conhecimento da história e tradições do lugar. Indivíduos que, pelo simples fato de morar ou terem morado na Pipa, na maioria das vezes por um curto período, já se arvorava a ser um grande conhecedor da terra, da sua gente e de seus costumes.
Chegou-se ao ponto de modificar os nomes primitivos de algumas praias. Outras, por não serem muito freqüentadas pelos “turistas”, tiveram seus nomes totalmente esquecidos, e pasmem, até mesmo pela população nativa.
O “Morro dos amores” de belas tradições e histórias registradas na memória oral dos veranistas e nativos, transformou-se mais que de repente, em “Praia do amor”. A história dessa praia é além de bonita, um tanto pitoresca. Recebeu esse nome porque na década de 40 e 50, nossos ancestrais se aventuravam naqueles morros para desfrutar, junto com suas amadas, da tranqüilidade e da rara beleza daquele lugar. Declarações e juras apaixonadas ali foram trocadas por nossos pais e avós nos momento mais sublime de suas vidas. Dizem até que, alguns de nós, fomos gerados naquelas areias encantadas.
Hoje esses morros já não são mais os guardiões de segredos e estórias dos amantes e futuros amantes.
A poesia deu lugar à especulação e ao afã de alguns pelo lucro a qualquer custo. Degradados e agredidos das mais diversas formas, estão repletos de toscos barracos. Suas areias e falésias invadidas por bares de toda espécie, sem nenhum critério de ocupação, e alguns por mais absurdo que seja, foram construídos escavando as paredes das falésias. A pouca vegetação existente, vem sendo sistematicamente cortada para dar espaço a mais uma construção, das muitas que se multiplicam a uma velocidade impressionante, sem nenhum tipo de fiscalização.
A praia “Curral do Canto”, sempre foi cultuada pelos nativos e veranistas por sua beleza singular. A enseada rodeada por gigantescas falésias de cor avermelhada constitui visão maravilhosa ao tempo que transmite uma agradável sensação de paz interior, somente sentida por aqueles que por lá, já estiveram. Esse nome, que teve origem nos antigos currais de peixes que existiram até a década de 90, infelizmente foi transformado em “Baia dos Golfinhos”, menos tradicional e mais comercial.
Outras praias como Ponta do Pirambú, Cacimbinha, Madeirinho, Madeiro, Baixinha, Porto de baixo, Afogados, Cancelas, Pedra d’água e praia das Minas, não se falam mais, foram totalmente esquecidas por não estarem inseridas no roteiro turístico. Felizmente seus nomes ainda continuam preservados, porém esquecidos. Até quando? É verdade que na Praia do Curral do Canto a sua maior atração turística são os cetáceos peixes-boto, também conhecidos por toninhas ou golfinhos, que se exibem quando em perseguição às tainhas, que constituem seu principal alimento. Entretanto, não era necessário que se mudasse o tradicional nome da praia, para poder apreciá-los em seu habitat natural.
Mas os guias turísticos logo criaram um nome, mais atrativo, e porque não dizer, mais comercial. E assim, juntamente com os que chegam, vão modificando tanto os nomes primitivos como a sua própria geografia com os desmatamentos, construções irregulares, costumes e hábitos nem sempre saudáveis à população, e se não houver providências urgentes, só Deus sabe o que ainda será modificado.
E assim vão aos poucos, sorrateiros, transformando o que o um povo tem de mais importante: sua cultura e tradições. E o que preocupa é a aceitação passiva pelos nativos das gerações mais recentes, deslumbrados com o novo estilo de vida imposto pelos que chegam. Não quero com isso me colocar na contramão do desenvolvimento, apenas alertar para como esta sendo feito, pois considero a atual situação, no mínimo preocupante.
Pois bem, foi motivado por tudo isso que resolvi aceitar o desafio na tentativa de preservar a memória da Pipa e alertar as pessoas quanto à manutenção de suas raízes e tradições.Procurei dividi o que iria escrever de maneira que pudesse iniciar pelo estudo etnológico resgatando sua história desde que lá chegaram os franceses, atraídos pelo nosso Pau Brasil. Prossegui contando a saga dos primeiros veranistas que viajavam de Goianinha até a Pipa em charretes, cabriolés e carros de bois.
Procuro fazer um relato de suas histórias pitorescas durante os veraneios. Abri espaço pra fazer uma justa homenagem aos que já não se encontram entre nós com a série “saudosos veranistas”. Essas, porém são as mais difíceis de serem escritas, pois me remetem a um tempo que, junto com eles, participei da maioria das brincadeiras relatadas, e isso inevitavelmente, me traz uma enorme e dolorida saudade.
PUBLICADA EM “O JORNAL DE HOJE” EDIÇÃO DE 02.01.2010
PIPA, PORQUE ESCREVO ESSAS CRÔNICAS
Tenho sido constantemente questionado a respeito das crônicas que escrevo sobre a Praia da Pipa. A pergunta mais freqüente é “por que?”. Outros perguntam se essas crônicas vão retratar a Pipa até os dias de hoje. A Pipa dos belos hotéis e pousadas, cosmopolita, apinhada de turistas de todas as partes do mundo, dos restaurantes de diversas nacionalidades com suas cozinhas típicas, de uma vida noturna em constante ebulição que só começa após as 22 horas e termina com os primeiros raios do sol.
A Pipa que tenho tentado retratar através das crônicas já publicadas e as que ainda serão refere-se principalmente à Pipa de antigamente. Essas crônicas não irão além dos anos 90, mesmo porque o meu propósito é fazer um registro da época em que a praia era somente uma colônia de pescadores onde algumas poucas famílias de Goianinha, passavam férias nos meses de janeiro. É da praia daquela época que costumo me referir como “à Pipa do tempo da delicadeza”.
Iniciei essas crônicas quase como um desafio, pois minha área preferida é a genealogia. Nunca havia me imaginado como escritor de crônicas. Certa vez, em conversa com o meu amigo, o escritor Valério Mesquita, sobre a praia da Pipa, lhe falava da minha preocupação quanto às matérias que, volta e meia, eram abordadas na imprensa escrita e televisiva. Sempre aparecia alguém falando bobagens ou relatando invencionices. Esses depoimentos geralmente eram dados por pessoas sem nenhum conhecimento da história e tradições do lugar. Indivíduos que, pelo simples fato de morar ou terem morado na Pipa, na maioria das vezes por um curto período, já se arvorava a ser um grande conhecedor da terra, da sua gente e de seus costumes.
Chegou-se ao ponto de modificar os nomes primitivos de algumas praias. Outras, por não serem muito freqüentadas pelos “turistas”, tiveram seus nomes totalmente esquecidos, e pasmem, até mesmo pela população nativa.
O “Morro dos amores” de belas tradições e histórias registradas na memória oral dos veranistas e nativos, transformou-se mais que de repente, em “Praia do amor”. A história dessa praia é além de bonita, um tanto pitoresca. Recebeu esse nome porque na década de 40 e 50, nossos ancestrais se aventuravam naqueles morros para desfrutar, junto com suas amadas, da tranqüilidade e da rara beleza daquele lugar. Declarações e juras apaixonadas ali foram trocadas por nossos pais e avós nos momento mais sublime de suas vidas. Dizem até que, alguns de nós, fomos gerados naquelas areias encantadas.
Hoje esses morros já não são mais os guardiões de segredos e estórias dos amantes e futuros amantes.
A poesia deu lugar à especulação e ao afã de alguns pelo lucro a qualquer custo. Degradados e agredidos das mais diversas formas, estão repletos de toscos barracos. Suas areias e falésias invadidas por bares de toda espécie, sem nenhum critério de ocupação, e alguns por mais absurdo que seja, foram construídos escavando as paredes das falésias. A pouca vegetação existente, vem sendo sistematicamente cortada para dar espaço a mais uma construção, das muitas que se multiplicam a uma velocidade impressionante, sem nenhum tipo de fiscalização.
A praia “Curral do Canto”, sempre foi cultuada pelos nativos e veranistas por sua beleza singular. A enseada rodeada por gigantescas falésias de cor avermelhada constitui visão maravilhosa ao tempo que transmite uma agradável sensação de paz interior, somente sentida por aqueles que por lá, já estiveram. Esse nome, que teve origem nos antigos currais de peixes que existiram até a década de 90, infelizmente foi transformado em “Baia dos Golfinhos”, menos tradicional e mais comercial.
Outras praias como Ponta do Pirambú, Cacimbinha, Madeirinho, Madeiro, Baixinha, Porto de baixo, Afogados, Cancelas, Pedra d’água e praia das Minas, não se falam mais, foram totalmente esquecidas por não estarem inseridas no roteiro turístico. Felizmente seus nomes ainda continuam preservados, porém esquecidos. Até quando? É verdade que na Praia do Curral do Canto a sua maior atração turística são os cetáceos peixes-boto, também conhecidos por toninhas ou golfinhos, que se exibem quando em perseguição às tainhas, que constituem seu principal alimento. Entretanto, não era necessário que se mudasse o tradicional nome da praia, para poder apreciá-los em seu habitat natural.
Mas os guias turísticos logo criaram um nome, mais atrativo, e porque não dizer, mais comercial. E assim, juntamente com os que chegam, vão modificando tanto os nomes primitivos como a sua própria geografia com os desmatamentos, construções irregulares, costumes e hábitos nem sempre saudáveis à população, e se não houver providências urgentes, só Deus sabe o que ainda será modificado.
E assim vão aos poucos, sorrateiros, transformando o que o um povo tem de mais importante: sua cultura e tradições. E o que preocupa é a aceitação passiva pelos nativos das gerações mais recentes, deslumbrados com o novo estilo de vida imposto pelos que chegam. Não quero com isso me colocar na contramão do desenvolvimento, apenas alertar para como esta sendo feito, pois considero a atual situação, no mínimo preocupante.
Pois bem, foi motivado por tudo isso que resolvi aceitar o desafio na tentativa de preservar a memória da Pipa e alertar as pessoas quanto à manutenção de suas raízes e tradições.Procurei dividi o que iria escrever de maneira que pudesse iniciar pelo estudo etnológico resgatando sua história desde que lá chegaram os franceses, atraídos pelo nosso Pau Brasil. Prossegui contando a saga dos primeiros veranistas que viajavam de Goianinha até a Pipa em charretes, cabriolés e carros de bois.
Procuro fazer um relato de suas histórias pitorescas durante os veraneios. Abri espaço pra fazer uma justa homenagem aos que já não se encontram entre nós com a série “saudosos veranistas”. Essas, porém são as mais difíceis de serem escritas, pois me remetem a um tempo que, junto com eles, participei da maioria das brincadeiras relatadas, e isso inevitavelmente, me traz uma enorme e dolorida saudade.
ACTAS DIURNAS - MANIFESTAÇÕES
Ormuz
Infelizmente não será possível, mas valeu a intenção. Novas idéias com certeza surgirão.
Cabral
Infelizmente não será possível, mas valeu a intenção. Novas idéias com certeza surgirão.
Cabral
ACTAS DIURNAS - MANIFESTAÇÕES
Não se aborreça com o fato, amigo. Voce está escrevendo a sua própria história e eles o fazem sem mostrar o brilho PESSOAL Precisam do mestre Cascudo para isso. É uma pena... enquanto isso, uma editora do sul publicou várias obras de Cascudo. Será que questionaram? Mas não impediram.....
Toque o seu blog com outras coisas.
Um grande abraço de Ano novo.
Conceição
Toque o seu blog com outras coisas.
Um grande abraço de Ano novo.
Conceição
ACTAS DIURNAS - MANIFESTAÇÕES
Ormuz:
General Castelo Branco dizia que:
... de bem intensionados estão cheios os cemitérios...
O nosso Estado está cheio de jornalistas com crônicas diárias esquecidas no tempo.
Deixe os herdeiros de Cascudinho cuidarem do seu patrimonio, não ache ruim.
Procure no seu entorno e vai achar pedras da mesma qualidade e de quilate maior, talvez.
O resgate dessas matérias está clamando por nossa ajuda.
Sugiro DANILO, Dr. Aderbal de França, só para começar.
E, no final de 2010 daremos a nossa resposta.
Sem mais comentários, feliz por me tornar blogueiro.
Viva Manoel Neto, viva Felipe, viva Anderson, viva Jesus de Miudo, viva o Teorema da Feira e todos os que comprovam que Natal está intelectuamente mais viva do que antes.
Aos seus e aos nossos, afetos genealógicos que estão no nosso DNA Potiguar.
Ouse sempre.
Edgar
General Castelo Branco dizia que:
... de bem intensionados estão cheios os cemitérios...
O nosso Estado está cheio de jornalistas com crônicas diárias esquecidas no tempo.
Deixe os herdeiros de Cascudinho cuidarem do seu patrimonio, não ache ruim.
Procure no seu entorno e vai achar pedras da mesma qualidade e de quilate maior, talvez.
O resgate dessas matérias está clamando por nossa ajuda.
Sugiro DANILO, Dr. Aderbal de França, só para começar.
E, no final de 2010 daremos a nossa resposta.
Sem mais comentários, feliz por me tornar blogueiro.
Viva Manoel Neto, viva Felipe, viva Anderson, viva Jesus de Miudo, viva o Teorema da Feira e todos os que comprovam que Natal está intelectuamente mais viva do que antes.
Aos seus e aos nossos, afetos genealógicos que estão no nosso DNA Potiguar.
Ouse sempre.
Edgar
ACTAS DIURNAS - MANIFESTAÇÕES
Amigo Ormuz:
Bom dia!
Cascudo é um diamante transformado em jóia e, como vê, tem dono.
É roteiro, é caminho e, muitas vezes, fonte.
Quando ele se foi Oswaldo Lamarine, acho, indagava - E agora à quem vamos perguntar
as coisas?
Estão ditas, todas, nos seus escritos, e Zila o dimensionou quase todo.
Tem os seus cultores e herdeiros.
Não é mais para ser o centro das nossas anotações, pesquisas, preocupações.
Temos coisas mais importantes para fazer.
Esta semana Felipe, no rastro de Cascudo, resgata José Borja, e Anderson o Professor
Caetano e Mário Tavares, veja só.
No mais, Paz e Saúde em 2010.
Bom dia!
Cascudo é um diamante transformado em jóia e, como vê, tem dono.
É roteiro, é caminho e, muitas vezes, fonte.
Quando ele se foi Oswaldo Lamarine, acho, indagava - E agora à quem vamos perguntar
as coisas?
Estão ditas, todas, nos seus escritos, e Zila o dimensionou quase todo.
Tem os seus cultores e herdeiros.
Não é mais para ser o centro das nossas anotações, pesquisas, preocupações.
Temos coisas mais importantes para fazer.
Esta semana Felipe, no rastro de Cascudo, resgata José Borja, e Anderson o Professor
Caetano e Mário Tavares, veja só.
No mais, Paz e Saúde em 2010.
ACTAS DIURNAS - MANIFESTAÇÕES
Meu Caro Ormuz,
No período em que se dedicou a pesquisa, para tornar possível a publicação dos seus escritos genealógicos, sei que se apaixonou pela obra do mestre Câmara Cascudo. Colecionou seus livros, e tornou-se aprendiz de bibliófilo.
No ano de 1986, um dos jornais de Natal publicava a seguinte manchete: "Há uma vaga de gênio na cultura do RN". Uma manchete impactante para anunciar a morte de um gênio. Chorávamos com a partida de Câmara Cascudo.
Os legítimos representantes da cultura, como gostava de dizer meu professor, Berilo Wanderley, de saudosa memória da “tupiniquim até o sul maravilha”, já falaram - e ainda falarão - sobre o nosso grandioso Cascudo.
Quando jovem, e não faz muito tempo, li, nesse mesmo matutino, uma frase de abertura de um discurso de agradecimento de uma homenagem que recebera no Museu que hoje leva o seu nome. E iniciava assim: "Acabo de fazer uma transformação miraculosa no campo da fisiologia. Estou ouvindo com o coração porque a minha audição anoiteceu, e eu perdi a intimidade do som". É desnecessário lhe dizer o quanto somos iguais, quando o assunto é Cascudo. Por isso, peço-lhe que, ao invés de insistir em publicar seus textos em seu blog, vamos divulgá-lo com os registros que são do conhecimento público, e, portanto, distante das amarras. Se vivo fosse, seguramente, não estaria muito interessado nessas questões menores. A sua satisfação, e eu sei, é apenas divulgar os textos que, quando estamos (re)lendo, nos sentimos privilegiados de tê-lo conhecido, e orgulhosos em podermos dizer: Sou conterrâneo de Câmara Cascudo. O mais, é uma triste confirmação do lamento do Eclesiastes: nada há de novo debaixo do Sol...
Saudações Cascudianas
Arnilton
No período em que se dedicou a pesquisa, para tornar possível a publicação dos seus escritos genealógicos, sei que se apaixonou pela obra do mestre Câmara Cascudo. Colecionou seus livros, e tornou-se aprendiz de bibliófilo.
No ano de 1986, um dos jornais de Natal publicava a seguinte manchete: "Há uma vaga de gênio na cultura do RN". Uma manchete impactante para anunciar a morte de um gênio. Chorávamos com a partida de Câmara Cascudo.
Os legítimos representantes da cultura, como gostava de dizer meu professor, Berilo Wanderley, de saudosa memória da “tupiniquim até o sul maravilha”, já falaram - e ainda falarão - sobre o nosso grandioso Cascudo.
Quando jovem, e não faz muito tempo, li, nesse mesmo matutino, uma frase de abertura de um discurso de agradecimento de uma homenagem que recebera no Museu que hoje leva o seu nome. E iniciava assim: "Acabo de fazer uma transformação miraculosa no campo da fisiologia. Estou ouvindo com o coração porque a minha audição anoiteceu, e eu perdi a intimidade do som". É desnecessário lhe dizer o quanto somos iguais, quando o assunto é Cascudo. Por isso, peço-lhe que, ao invés de insistir em publicar seus textos em seu blog, vamos divulgá-lo com os registros que são do conhecimento público, e, portanto, distante das amarras. Se vivo fosse, seguramente, não estaria muito interessado nessas questões menores. A sua satisfação, e eu sei, é apenas divulgar os textos que, quando estamos (re)lendo, nos sentimos privilegiados de tê-lo conhecido, e orgulhosos em podermos dizer: Sou conterrâneo de Câmara Cascudo. O mais, é uma triste confirmação do lamento do Eclesiastes: nada há de novo debaixo do Sol...
Saudações Cascudianas
Arnilton
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