domingo, 31 de maio de 2009

A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS

Oi, primo,

Muito obrigada pelo envio. Acompanho sempre suas crônicas com muito carinho e saudades. A Pipa também faz parte de minha infância e juventude, quer dizer, a Pipa de nossos avós, não a de hoje. Continue a preservar nossa memória.Vovô Benjamin e vovó Milinha lhe agradecem. Nós também.

Bjs. Aldinha.
Recife-Pe

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Instituto Historico e Geografico do Espirito Santo

Instituto Historico e Geografico do Espirito Santo
A casa do Espírito Santo - (Fundado em 12 de junho de 1916)



Paulo Stuck Moraes disse...


Caro Ormuz
Benvindo à Rede. Ontem, seu nome foi aprovado para sócio correspondente. A posse se dará a 17 de Junho. Se puder comparecer, será benvindo.

Saudações.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS - MATÉRIA PUBLICADA NA TRIBUNA DO NORTE EM 24.05.2009

Pipa, os currais-de-peixe

Ormuz Barbalho Simonetti - (Genealogista e historiador)

O primeiro curral-de-peixe da Praia da Pipa foi construído no local denominado Praia do Canto e pertencia a Miguel Moreira. Mais na frente, havia outro curral que era de três donos: Manoel de Hemétério, Antônio Marcelino e Miguel. No Madeiro, pelo lado do Hotel Natureza, onde o mar é calmo, havia dois currais: o de João Pegado e o de Antônio Pegado. Em frente à “Pedra do Santo”, também existiu um curral que pertencia a Chico Marcelino, e no “Porto de Baixo”, outro de Manoel Castelo.

Em frente à casa de meu irmão, Dante Simonetti, tinha o curral de José Bidium. Em 1982 esse curral foi comprado por Dante e depois demolido. Pouco mais adiante, havia o curral de Manoel Estevão, onde ainda hoje é possível ver o local onde foram construídas as salas desse curral. Os dois últimos currais ficavam na Ponta do Moleque, um de Manoel Estevão e o outro de Antônio Pegado. A técnica na construção dessas armadilhas para a captura de peixes é lusitana.

Os nossos parentes de além mar, que tinham na pesca uma de suas principais atividades, já se utilizavam dessas armadilhas há varias gerações. Sua provável origem é no arquipélago dos Açores e a técnica foi aperfeiçoada pelos nossos irmãos lusitanos. São construídos, de preferência, em baías e enseadas onde as águas são rasas e tranquilas.Existem registros que no ano 1869 os imigrantes portugueses que se estabeleceram nas cidades cearenses de Acaraú e Camocim, percebendo o mar tranqüilo e a plataforma continental larga e baixa, introduziram naquela região a pesca de curral.

A construção dessas estruturas é feita de maneira que, por ocasião da baixa mar, não exista dificuldades em chegar até suas salas e chiqueiros, onde os peixes são aprisionados.No Brasil existem vários tipos de currais-de-peixes. Os construídos na praia da Pipa eram formados por uma espia, duas salas e dois chiqueiros. No final da espia localizam-se as salas, em seguida o chiqueiro grande e por último o chiqueirinho. As salas e chiqueiros são dependências circulares ou ovaladas onde os peixes são aprisionados.

O seu funcionamento é muito simples. Os peixes são obrigados a nadar para dentro de suas salas quando o seu percurso é interrompido pela espia. Ao penetrar no primeiro compartimento e contorná-lo procurando saída, é conduzido para o chiqueiro grande e em seguida para o chiqueirinho. Quando chegam nesse último compartimento, cessam todas as possibilidades de saída. Para a construção de um curral-de-peixe, inicialmente são afixados na praia, partindo da parte mais rasa da maré, mourões de madeira que são martelados até obter uma boa fixação. Após estarem bem firmes no solo, e obedecendo a uma distância de um a dois metros entre as peças, são colocadas as esteiras de varas.

Na construção de um curral de porte médio, eram utilizados de 400 a 600 mourões e, de uma extremidade a outra, chegava a medir até 100 metros. As esteiras eram previamente armadas na praia e as varas, conseguidas na própria região, que tinham altura que variava entre 2,0 e 2,50 metros. Essas varas eram ligadas umas nas outras com cintas de cipó vegetal, onde os mais utilizados eram o cipó-brocha e o cururú. Antigamente os cipós eram retirados das matas que existiam acima das falésias.

Com a escassez desse material, ocorrida na década de 80, o mesmo passou a ser trazido das matas do Engenho Cametá, que fica no município de Ares, e pertencia a Felipe Ferreira. As esteiras eram então amarradas com o mesmo cipó aos mourões, desde a primeira peça, até circular todas as salas e chiqueiros. Em cada entrada de salas, as varas eram dispostas de maneira a dificultar a saída do peixe, logo após sua entrada. É por ocasião das enchentes que geralmente ocorre à entrada dos peixes no curral.

Para a despesca, o indivíduo utiliza pequenas redes e puçás. Quando ocorre a entrada de algum peixe de maior tamanho, utilizam porretes de madeira para imobilizá-los e facilitar a sua retirada. Há casos em que o peixe capturado, por ser muito grande, é preciso desmontar parte da entrada dos chiqueiros para a sua retirada. A despesca ocorre duas vezes durante o dia, por ocasião da baixa-mar.Na nossa costa, os peixes mais comuns pescados em currais são: carapeba, camurim (robalo), espada, tainha, pirambú e xaréu.

Na Pipa, os maiores peixes capturados em currais foram: um mero, com mais de 100kg e dois camurupins, pesando 80kg cada. Contou João Peixinho, nativo da praia e pescador desde criança, que na década de 40, assistiu juntamente com seu pai e seu tio, a captura de um cardume com mais de 2000 xaréus, no curral da Praia do Canto. Devido à falta de comércio na Pipa para essa quantidade de peixes, o pescador conta que todo o cardume capturado foi enviado a Natal, em dois botes, abarrotados de peixes, onde havia maior possibilidade de comercialização.

Hoje não existe mais nenhum curral-de-peixes na praia da Pipa. O último foi o de Antônio Pequeno lá na Praia do Canto, contudo o mesmo foi demolido em 1998. O avanço do mar sobre a falésia, aliado a infiltração das águas de chuvas, facilitada pelo desmatamento da vegetação nativa para a construção de um hotel, vem provocando o constante desmoronamento dessas falésias. Isso facilitou a ação dos ventos sobre o curral, encarecendo sua manutenção. Cada ano que passa, o mar arranca mais um pedaço da falésia, deixando à mostra partes da mesma, prestes a cair. Expondo ao perigo todos os que por ali passam quando se dirigem a Praia dos Golfinhos. É visível e preocupante o avanço do mar em toda a costa potiguar.

Essa crônica faz parte do livro “A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS, a sua verdadeira história”. De autoria de Ormuz Barbalho Simonetti, tem publicação prevista para o ano de 2010. ormuzsimonetti@yahoo.com.br

segunda-feira, 11 de maio de 2009

SÃO SEBASTIÃO PADROEIRO DA PIPA APÓS A 2° RESTAURAÇÃO


PRAIA DA PIPA-RN


PRAIA DA PIPA-RN


A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS

Olá Ormuz,
Recebi sua mensagem com os 4 artigos. Gostei muito. Minha mãe sabia fazer renda com bilro; ela me dizia que aprendeu vendo as mulheres fazendo. Tenho comigo alguns bilros. Certa ocasião ela fez umas rendas só para eu ver.

Parabéns pelo seu trabalho. Gosto muito da História do nossoBrasil.
Abraços a todos.
Azenati e Daniel.

Santos – São Paulo

A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS

Obrigado Ormuz, pelo envio de mais uma crônica do livro “ A PRAIA DA PIPA DOS MEU AVÓS”.

A crônica de hoje traz uma profissão, das mais puras e bonitas, de mãe para filhas que hoje quase não se ver. Parabéns pelo resgate que faz.

Abração

Martorano Rêgo
Natal-RN

A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS

Ormuz,
Adorei a crônica
Bjos,
Tânia Marinho

A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS

Ormuz,

Lá pelo interior da Paraíba se usava também bilros com caroços de macaíba (ou macaúba, como dizem alguns)...

Parabéns pelo trabalho.
Abraços.
Antônio Gouveia

A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS

Ormuz,
Belo texto. Desenrolar todos estes fios, de maneira tão poética e lírica não é fácil. Coisas de aposentado e escritor.
Parabéns.
Um abraço,

Flávio Almeida
Natal-RN

A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS

Bom dia Ormuz,

A primeira e única vez que vi alguém fazer renda de bilro, foi quando era criança. Minha avó (Maria Simonetti) , dizia também que era costume, cantar uma cantiga enquanto se fazia a renda. Pena que eu não me lembro da cantiga.

Um grande abraço.


Daniel Simonetti Avenida Cândido de Abreu, 526, Conjunto 209 A Centro Cívico Curitiba-Paraná CEP: 80530-000 Fone/Fax: 55 41-3352-4517 Cel 9925-9082 - Nextel 92*20498 daniel@panlogistica.com.br www.panlogistica.com.br

domingo, 10 de maio de 2009

A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS - MATÉRIA PUBLICADA NA TRIBUNA DO NORTE EM 10.05.2009

ORMUZ BARBALHO SIMONETTI (Genealogista e historiador)

PIPA, rendeiras de bilro

A renda de bilros é, sem dúvida, uma das mais antigas e mais ricas manifestações da arte do nosso povo. Surgiu no século XV na Itália, posteriormente chegou à França e depois a Portugal. É uma arte praticada exclusivamente por mulheres. Chegou ao Brasil com a colonização trazida pelas esposas e filhas dos portugueses. Estremadura, Minho, Algarve e Alentejo, são as regiões que mais tradição tem na renda de bilro e eram feitas geralmente no âmbito doméstico.

No Brasil a atividade desenvolveu-se nas comunidades interioranas, particularmente nas faixas litorâneas. Na Pipa, como na maioria das comunidades praianas, as rendeiras gostavam de se reunir para “bater bilros” na sombra dos coqueirais que se estendiam por toda a beira da praia. Lá debruçadas sobre suas almofadas, teciam belas rendas animadas por intermináveis conversas de comadres. Também cantavam antigas canções e hinos religiosos. Tudo ao som do inconfundível gemido melódico que vinha das palhas dos coqueiros fustigadas pelos ventos.

À noite, iluminadas pelas chamas de lamparinas e candeeiros, lá estavam elas na incansável labuta na arte que suas mães e avós lhe ensinaram. Às vezes, dependendo das encomendas, trabalhavam madrugada a dentro até o amanhecer do dia. As peças eram vendidas nas cidades mais próximas como Goianinha, Vila Flor, Canguaretama e Ares. Por vezes, apenas uma delas seguia para a cidade levando o trabalho das outras, que era oferecido de porta em porta. Era comum as encomendas para enxoval de noiva. Das pessoas mais afortunadas, recebiam encomendas de toalhas de banquetes, caminhos de mesa, cochas para cama e toalhas para altar que eram doadas as igrejas.

Em Cabeceiras, havia um sujeito de nome Chico Bem-te-vi, uma espécie de corretor das rendeiras, que em troco de uma comissão, levava os trabalhos das rendeiras da Pipa para vendê-los em Natal. Com o dinheiro conseguido, elas compravam além das linhas utilizadas na confecção das rendas, produtos que consumiam no dia-a-dia com a família. Os pescadores sempre contavam com esse dinheiro extra do trabalho de suas mulheres e filhas, principalmente nas entressafras ou quando as safras de peixes não lhes eram favorável. Na praia da Pipa, a renda de bilros era praticada pela maioria das mulheres. Algumas delas se tornaram famosas pela delicadeza com que faziam suas peças. Zulmira, Maria Alves, Zilda, Maria Segunda, Zelda, Geralda, Isaura e Francisca Martins eram as mais conhecidas.

O aprendizado era passado de mãe pra filha, ainda muito cedo. Começa pela observação, em casa, no trabalho diário das mães rendeiras. Lá pelos oito a nove anos de idade iniciam em pequenas almofadas e com “pontos” mais simples, que além de facilitar o aprendizado, utilizam, no máximo, quatro pares de bilros. Com o tempo, e dependendo da habilidade das meninas, as mães iam introduzindo o aprendizado das rendas mais complexas o que naturalmente aumentava o número de pares de bilros. As rendas são tecidas em cima de uma almofada, que consiste de um cilindro com tamanho médio de 60 a 80 cm. São cheias com capim ou palha de bananeiras. De tempos em tempos esse enchimento tem que ser trocado para dar maior consistência a almofada e melhorar a segurança dos alfinetes.

Estas peças de metal, podem ser substituídos, principalmente em beiras de praia, por espinhos de cardeiro e laranjeira. Os bilros são peças de madeira feitas de ubaia, pau branco ou mamãozinho, madeiras abundante na região, de fácil manuseio e muito resistente. Uma das extremidades tem forma de pêra. O outro lado permanece fino como um lápis e na ponta é enrolado o fio que irá formar a renda. E, finalmente, o cartão perfurado que é a matriz do trabalho a ser feito. Este último é preso na almofada e os bilros são presos na outra extremidade.

Os fios são traçados e enrolados uns sobre os outros e vão formando o desenho estabelecido no cartão. Dependendo do tipo de renda chega-se a utilizar até 30 pares de bilros. São vários os tipos de rendas. Geralmente tem a ver com a região onde habitam. As rendas mais comuns na Pipa eram: olho de pombo, orelha de pano, bico macho, bico fêmea, renda premi, gomo de cana, formozeira e ceará. As iniciantes começam com bicos que são mais fáceis de serem feitos pois utilizam apenas 4 bilros. Com o tempo, e dependendo da habilidade de cada uma, aumenta-se a complexidade da renda e naturalmente o número de bilros.

Em seu livro “Minhas Oitenta Primaveras”, Maria Segunda Marinho conta que aprendeu a fazer rendas, com um coco verde que imitava uma almofada. Enfiava umas varetas nos coquinhos para parecer com os bilros e os alfinetes faziam com os ponteiros da palha seca. As linhas eram os fios retirados dos sacos de estopa. E assim ela fazia pequenos bicos para enfeitar as roupas das bonecas de pano. Maria Segunda, tornou-se uma das mais respeitadas rendeiras da praia da Pipa.
Dona Zilda Marinho, hoje com 74 anos de idade, é uma das poucas rendeiras que ainda trabalha, diariamente, em sua almofada. Ela me relatou um fato bastante curioso. Em 1951, morava e estudava em Natal, na casa de uma madrinha. Através de uma amiga que trabalhava no Palácio do Governo, conseguiu vender algumas de suas rendas aos funcionários do Gabinete do Governador Sílvio Piza Pedrosa. Fico admirado com a vitalidade dessa senhora, que conheço desde quando eu era criança. Criou, junto com seu marido pescador, João Peixinho, 12 filhos.

Foi a tenacidade dessa senhora, aliada ao amor pela sua arte, muitas vezes trabalhando madrugada a dentro, somente com a luz da lua, que ajudou financeiramente a criar tão numerosa família. Também começou como a maioria das filhas de pescadores, observando a mãe trabalhando em sua almofada. Tinha apenas 7 anos de idade e já se preocupava em aprender a profissão de sua mãe para poder ajudá-la. A exemplo de Maria Segunda, também começou a fazer rendas, traçando pequenos bicos, em um coco que imitava uma almofada.

Essa crônica faz parte do livro “A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS, a sua verdadeira história”. De autoria de Ormuz Barbalho Simonetti, tem publicação prevista para o ano de 2010. (ormuzsionetti@yahoo.com.br)


quarta-feira, 6 de maio de 2009

INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO DISTRITO FEDERAL

INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO - DF
Instituto Histórico E Geográfico - Df




Ilmo Sr.
Ormuz Barbalho Simonetti


Prezado Senhor,



Tenho a satisfação de comunicar-lhe que em reunião do dia 18 de março de 2009 seu nome foi aprovado, por unanimidade, para compor o quadro de sócio correspondente deste Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal.



Affonso Heliodoro dos Santos
Presidente