GOIANINHA-RN - 1943
O município de Goianinha no Rio Grande do Norte foi, durante
os séculos XIX e XX, celeiro de grandes personalidades da história jurídica do
nosso estado e do nosso país. Dentre eles, destacamos o Dr. Augusto Carlos de
Vasconcellos Monteiro nascido em Goianinha no dia 12 de outubro de 1881.
Filho de Mathias Carlos de Vasconcellos Monteiro, bisneto do
italiano Pietro Nicolau Villa e de Genuína Adelaide Pedroza Galvão. Descendente
de seu patrício e companheiro de viagem, da Itália para o Brasil, no século
XVIII Giovanni Baptista Simonetti.
Iniciou o curso preparatório no Colégio Militar do Ceará,
porém o abandonou por absoluta falta de vocação. Volta para Natal e no ano de
1897 conclui o curso de humanidade no velho Atheneu.
No ano seguinte foi para o Recife e se matriculou na
Faculdade de Direito. No dia 13 de dezembro de 1902, conclui o curso de
Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais da daquela tradicional faculdade.
Em janeiro de 1903, casa-se com sua prima em 4° grau, Amália
Adelaide de Vasconcellos Monteiro, que nasceu em 1884, sua prima legítima,
filha de João Baptista Constant Simonetti e Primênia Pedroza Simonetti.
Dessa união nasceram os filhos: Belkiss Monteiro de Medeiros
que se casou com Eloi Cesino de Medeiros; Haydee Simonetti Monteiro que casou
com Ubaldo Bezerra de Melo, Interventor Federal, nomeado em fevereiro de 1946
pelo Presidente da República, General Eurico Gaspar Dutra, tendo tomado posse
no Ministério da Justiça no Rio de Janeiro. Ubaldo Bezerra de Melo era
proprietário das Usinas Ilha Bela e Santa Terezinha em Ceará-Mirim-RN. O
terceiro e último filho foi Carlos Simonetti Monteiro casado com Nazaré
Nascimento Monteiro.
Nesse mesmo ano, já era promotor público da comarca de Canguaretama.
Em 1906, muda-se para a região do Seridó, em virtude de sua nomeação para Juiz
de Direito da Comarca de Acari. No ano seguinte foi exercer a mesma função na
cidade de Caicó, onde permaneceu por de cinco anos.
Com o falecimento de sua primeira esposa, que também era sua
prima, Amália Adelaide de Vasconcellos Monteiro, em 30 de março de 1911,
casa-se pela segunda vez com a caicoense Maria Valle Monteiro (1896-1979) com
quem teve duas filhas: Eunice Valle Monteiro, nascida em Goianinha em 1915,
tendo falecido em Caicó em 27 de maio de 1944, vítima de um desastre quando
viajava com destino a Natal. Cléa Valle Monteiro nascida no Acre em 1917, falecida
em 1926 em Caicó com apenas oito anos de idade.
Desde muito cedo, já demonstrava interesse pela política.
Como na época era permitido aos magistrados exercerem a atividade política
partidária, chegou a dirigir por alguns anos o partido situacionista local. Em
1912 foi eleito Deputado Federal pelo Rio Grande do Norte para o triênio
1912/1914.
UMA NOVA ADMINISTRAÇÃO DO ACRE
RIO DE JANEIRO
IMPRENSA NACIONAL
1915
A sua mais importante contribuição para nosso país foi o projeto
de Lei à Câmara dos Deputados, n° 257 – 1914, intitulado REORGANIZAÇAO A ADMINISTRAÇÃO DO TERRITÓRIO DO ACRE, composto de sete
capítulos e quarenta e oito artigos. Em 29 de dezembro de 1914, defende no Congresso
Nacional o projeto apresentado, publicado em 1915, com ampla repercussão na
imprensa da Capital Federal.
Em 6 de janeiro de 1915, por Decreto Presidencial foi nomeado prefeito do Alto Acre, onde exerceu o cargo que lhe foi confiado pelo Chefe da Nação, com isenção e espírito público. Prestou, na medida do possível com muito esforço e dedicação, relevantes serviços ao povo daquela região esquecida do país.
Termo de Posse
Transcrevo abaixo o termo
de posse, conforme cópia do Documento Oficial.
“BRASÃO
DAS ARMAS
REPÚBLICA
DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL
O Presidente da
República:
Resolve nomear o Dr.
Augusto Carlos de Vasconcellos Monteiro para o cargo de Prefeito do Alto Acre.
Rio de Janeiro, seis de
janeiro de mil novecentos e quinze, nonagésimo quarto da Independência e
vigésimo sétimo da República.
Carlos Maximiliano
Pereira dos Santos”
Durante o seu mandato governamental que se estendeu de 1915
a 1918, realizou naquela distante região do nosso país, obras de grande
importância que muito contribuiu para o desenvolvimento regional.
Em maio de 1915, criou o Grupo Escolar “24 de Janeiro”
atualmente “Sete de Setembro” em Rio Branco, atual capital daquele Estado. Em
29 de agosto de 1915, cria em Xapuri, o Grupo Escolar “Seis de Agosto”. Em 13
de maio de 1916, instala o Serviço de Luz Elétrica em Rio Branco. Em 07 de
setembro de 1917 instala na mesma cidade, o Serviço de Telefonia público e
particular. Em 13 de maio do ano seguinte inaugura o primeiro hospital de
caridade, atualmente denominado Santa Casa de Misericórdia do Acre, ainda em
Rio Branco.
Vitimado pela “gripe espanhola”
contraída no Acre, que assolava todo o país faleceu aos 37 anos de idade, na
cidade de Belém-PA, após desembarcar do navio que viajava com destino ao Rio de
Janeiro, então Capital Federal, onde assistiria a posse do Presidente Epitácio
Lindolfo da Silva Pessoa. Nessa viagem estava em companhia de sua irmã mais
nova Alzira Adelaide Vasconcelos Monteiro.
O Rio Grande do Norte também padeceu
com a terrível peste. Estórias transmitidas pela oralidade informam que a
doença foi responsável por dizimar famílias inteiras. Os corpos eram jogados em
valas a céu aberto, tão grande era o número de mortos. As avenidas Rio Branco,
Princesa Isabel e Deodoro da Fonseca (com as respectivas denominações daquela
época), tornaram-se cemitérios obrigatórios. Como não havia pavimentação, as
fortes chuvas da época abriam nessas ruas, grandes valas que foram usadas para
sepultamento dos corpos.
Augusto Carlos de Vasconcellos Monteiro
não retornou ao seu amado torrão. Devido às dificuldades existentes na época,
foi sepultado, possivelmente no Cemitério de Santa Isabel, por ser o mais
antigo da cidade de Belém do Pará.
(matéria publicada em O JORNAL DE HOJE, desta sexta-feira)
RIO DE JANEIRO
IMPRENSA NACIONAL
A sua mais importante contribuição para nosso país foi o projeto de Lei à Câmara dos Deputados, n° 257 – 1914, intitulado REORGANIZAÇAO A ADMINISTRAÇÃO DO TERRITÓRIO DO ACRE, composto de sete capítulos e quarenta e oito artigos. Em 29 de dezembro de 1914, defende no Congresso Nacional o projeto apresentado, publicado em 1915, com ampla repercussão na imprensa da Capital Federal.