domingo, 18 de maio de 2014

VERGONHA – PARA NÃO CAIR NO ESQUECIMENTO



Foi com muita tristeza que, pela segunda vez, nesses últimos três meses, visitei as ruínas do que foi, há bem pouco tempo, o Museu Nilo Pereira em Ceará-Mirim RN. No último mês de maio, lá estive no finalzinho de tarde quando voltava de minha chácara, que fica no vizinho município de Maxaranguape. Naquela ocasião fui atraído pela beleza da lua cheia que surgia por trás do casarão do antigo Engenho Guaporé. Construído em meados do Século XIX, mais precisamente em 1850, em estilo neoclássico, o casarão foi residência do segundo vice-presidente da província do Rio Grande do Norte, Vicente Ignácio Pereira, genro do Barão de Ceará-Mirim.


Fazia algum tempo que não percorria aquela estradinha que lava ao casarão. Costumava visitá-lo nos anos 80 e 90, quando trabalhava no Banco do Brasil e fazia fiscalização nas propriedades rurais da região.


Aproveitei o ensejo para ver de perto, a situação em que o mesmo se encontrava, pois naquela semana havia me chegado, por e-mail, uma filmagem de vândalos atirando pedras nos vidros que adornavam portas e janelas. Era uma cena deplorável. Uns rapazes filmavam os outros, que naquela euforia bestial, se revezavam em atirar pedras, ao tempo que deliciavam-se com a destruição do patrimônio público e a memória da cidade. Fiquei horrorizado pela cena e lamentei que aquilo estivesse sendo praticado por jovens, que pareciam ser estudantes que para ali tinham se dirigido com esse propósito, já que o museu está localizado em uma área que não é passagem para lugar nenhum.




Infelizmente a situação em que se encontrava o Museu, era pior do que eu havia imaginado. A guarita que fica na entrada, estava em ruínas.  Suas portas e janelas foram arrancadas, e parte o telhado já havia caído. A estrada, calçada com blocos de cimento, que dá acesso ao Solar, estava totalmente coberta pelo mato, assim como o estacionamento.


Aproximei-me da porta, mas não tive coragem de entrar, pois como disse, já estava escuro e as casas de marimbondos caboclos, pendiam das portas e janelas em posição ameaçadora. Eram eles, junto com morcegos os guardiões daquele patrimônio. Na entrada principal, impávido, lá estava um grande sapo cururu, bem postado na soleira, como se fosse o mordomo a espera do visitante. 


Esperava, talvez, alguma mariposa descuidada que por ali passasse em busca dos canaviais, que lhe complementaria sua refeição diária. Fiz algumas fotografias e prossegui viagem.


Hoje, como retornei da chácara mais cedo e estava acompanhado por alguns amigos, resolvi percorrer novamente aquele caminho coberto de mato, que leva ao Museu, com a intenção de mostrar aos amigos que me acompanhavam a situação de abandono que se encontrava aquele patrimônio de inestimável valor histórico. Novamente me senti desconfortável diante daquelas ruínas, principalmente por ele ser parte da história da cidade de Ceará-Mirim, cidade que aprendi a amar e respeitar desde que lá cheguei no início dos anos 80, para inaugurar a Agência do Banco do Brasil. Fiz e faço parte dessa cidade onde trabalhei durante 23 longos anos e conquistei grandes amigos.


Diante daquele quadro desolador, não pudemos deixar de nos perguntar: onde estão os Órgãos Públicos encarregados de manter e conservar aquele patrimônio? Por que deixaram a situação chegar até esse ponto?  Que foi feito do mobiliário antigo que lá existia? Onde estão as várias peças, confeccionadas em jacarandá, e o belo piano de cauda que adornava a sala principal? É bem provável que hoje faça parte da mobília da casa de algum esperto, do tipo que considera o patrimônio público, como privado.


Adentramos ao casarão e pudemos constatar o que já imaginávamos quando chagamos próximos a entrada principal. Um verdadeiro espetáculo de destruição. Para todos os lados que olhávamos e por todos os cômodos que passávamos a visão era a mesma. Cheguei ao pé da bela escada de madeira que lava ao sótão e resolvi subir. Temeroso pela minha segurança, pois não sabia o estado que ela se encontrava, prossegui degrau por degrau até chegar lá em cima. A todo tempo me desviando de morcegos e marimbondos, consegui chegar são e salvo até a parte mais alta do velho casarão.


O sótão, composto por vários cubículos, é beneficiado por uma boa ventilação. Uns compartimentos com mais altura e outros, acompanhando o telhado, terminam em locais tão baixos que não permitem uma pessoa ficar em pé. No centro, onde fica a parte mais alta, uma janela para o nascente e outra para o poente, compõem sua arquitetura. Daquele local a visão é deslumbrante. Para o nascente se descortina o verde vale com seus canaviais ondulados ao sabor do vento. Para o poente vemos alguns coqueiros centenários e por trás deles o verde escuro da mata, que esconde aos pouco o crepúsculo que chega com o final da tarde, também constitui uma visão maravilhosa.


Ainda foi possível observar que a última seção do corrimão da escada, que também servia de parapeito, havia desaparecido.  O piso ainda apresenta bom estado, em virtude de ter sido feito com madeira de lei. Entretanto, não pude deixar de notar que algumas tábuas estavam soltas, como se alguém as tivesse “preparado” para lavá-las em outra oportunidade. Talvez a mesma pessoa que se apropriou indevidamente do corrimão da escada.

Quando já me preparava para descer, fui surpreendido com uma visão inusitada. Num canto do corredor, que separa as duas extremidades da casa, quase despercebido, lá estava imóvel e bem acomodado, o velho cururu. Não sei como o batráquio conseguiu chegar até aquele local, pois para isso, teve que vencer três lances de uma escada íngreme e de degraus muito estreitos.


Mas, o importante é que ele conseguiu, pelo simples fato de ter tentado. E nós porque não tomamos o exemplo daquele velho morador do museu e também tentamos fazer algo para salvar aquele monumento enquanto as paredes ainda resistem ao abandono, ao descaso das autoridades e ao ataque dos vândalos?

Por que não tentamos conseguir um pouquinho do nosso suado dinheiro, que principalmente nessa época, é usado na compra de votos e consciências desse nosso povo sofrido e culturalmente ignorante, para recuperar uma parte da nossa memória? É justamente MEMÓRIA o que mais nos falta. Está literalmente em nossas mãos a oportunidade de mudar, escolhendo administradores comprometidos com a melhoria da Nação, principalmente no que se refere à educação. Um povo sem educação é presa fácil e sempre será refém de políticos espertalhões.

Natal, 13 de agosto de 2010. 







domingo, 11 de maio de 2014

UMA LINDA MULHER - CIRENE BARBALHO SIMONETTI – HOMENAGEM AO DIA DAS MÃES

                      Aniversário de 80 anos de Cirene Barbalho Simonetti

Dona Cirene Barbalho Simonetti era a mais antiga e assídua veranistas da Praia da Pipa. Contava apenas três anos de idade quando chegou nesta praia pela primeira vez, em companhia de seus pais no distante ano 1926. Não podendo continuar com os veraneios na praia de Tibau do Sul, em virtude da cheia de 1924, meus avós escolheram a praia da Pipa, poucos quilômetros ao Sul, como substituta. Desde então, retornou religiosamente, todo meses de janeiro, pelos últimos 83 anos.
Tinha por essa praia um amor incondicional. Seu último veraneio foi em janeiro de 2009, quando sofreu uma isquemia e precisei socorrê-la às pressas pra Natal. Foi a mais longa viagem da minha vida, dado as dificuldades que enfrentei durante todo o percurso. Depois desse incidente, nunca mais retornou à praia que tanto amava.

Nasceu no dia 19 de abril de 1923 na cidade de Goianinha-RN. Passou sua infância entre o verdor dos canaviais que ondeavam o vale do engenho “Bem Fica” e a cidade onde nascera.  Como toda criança nascida nos antigos engenhos de cana-de-açúcar, passava boa parte do dia brincando com os irmãos entre a bagaceira, a casa das moendas, e as formas de açúcar dispostas na “casa de purgar”.

Quando criança, por várias vezes viajou dentro de caçuá em lombo de animal, do engenho “Bem Fica” até a praia da Pipa, onde passava com a família, os meses de janeiro. Fazia dupla com seu irmão Antônio (Tio Tonho) que adorava dizer que era como irmãos gêmeos. Sendo praticamente da mesma idade, com apenas um ano de diferença, partilhavam alguns pertences. Um par de alpargatas servia para os dois. Quando um ia à cidade, o outro, resignado, ficava em casa.

Na adolescência, já demonstrava uma grande habilidade quando cavalgava do engenho à Goianinha, distante poucos quilômetros. Nos períodos de férias da Escola Doméstica, onde estudou por vários anos, retornava ao engenho e livre da rigidez disciplinar, entregava-se de corpo e alma as mesmas brincadeiras de menina de engenho. Gostava de “pegar parelha” com os irmãos em desabaladas corridas no pátio, em frente à casa-grande, onde se lia no alto em letras graúdas “Vila Elvira”, em homenagem à minha avó, Elvira Macionila Barbalho. Nesta brincadeira, ela quase sempre saia vencedora o que era motivo de zombaria aos que perdiam.

Na época, em que as viagens para a Pipa eram feitas a cavalo, mamãe ganhara de meu avô Odilon Barbalho, um cavalo e lhe deu o nome de “trinta e um”. Montada em cilhão desafiava os irmãos ou primos para disputar corridas ao longo de toda a viagem.

Nas longas conversas que tivemos sempre recordava saudosa, momentos felizes de sua infância. Contava que gostava de procurar ninhos de pássaros nos arvoredos próximos a casa grande, tomar banho nas tapagens – barragens feitas nas levadas para aguar os partidos de canas-de-açucar -, ou simplesmente de contemplar o céu em dias ensolarados, tentando adivinhar figuras que se formavam nas nuvens de algodão. À noite, procurava no céu escuro, estrelas cadentes para a elas fazer pedidos ou lhe contar seus segredos de criança. 

Falava do quintal da casa grande cheio de mangueiras, goiabeiras, araçazeiros, laranjeiras e uma jabuticabeiras que freqüentemente subia para se esconder dos irmãos, ou quando queria simplesmente ficar sozinha. Lá mais pro fim do quintal, perto do rio, torceiras de cana Caiana e Flor de Cuba, onde gostava de chupar seus roletes molinhos e doces.  Ao lado da casa, um grande pé de cajá-manga onde todas as manhãs, reuniam-se sanhaços, xexéus, galos de campinas, canários da terra e tantos outros pássaros que gorjeavam, saudando o milagre do amanhecer de mais um dia. 

Dizia que ainda podia sentir o cheiro doce do caldo da cana, cozinhando nos grandes tachos de bronze para fazer o açúcar mascavo. Logo as lembranças lhe chegavam com tamanha intensidade que, por diversas vezes, pude observar em seu semblante, que em devaneios, revivia aqueles momentos, ao tempo em que os pensamentos voavam para o velho engenho. Falava do rangido das moendas amassando a cana, o caldo escuro escorrendo para os tanques de armazenamento, o bagaço sendo transportado pelos animais que arrastando um couro de boi, levavam para o pátio o que sobrava das moendas. Quantas vezes, em brincadeiras com outras crianças, subia naquele couro junto com o monte de bagaço para ser levada também até o pátio. Recordava o feitor que aos berros, dirigia homens e animais, naquele frenético vai e vem de burros, cambiteiros e puxadores de bagaço. Lembrava do mestre de açúcar e descrevia seus movimentos precisos, transportando de um tacho pra outro, o caldo quente que cada vez mais apurado, ia se transformando em açúcar. O cheiro doce do “mel de furo”, escorrendo das formas de açúcar, que descansavam na “casa de purgar”.

Quando criança chegou a morar um tempo na casa do meu pai, e seu cunhado, Arnaldo Barbalho Simonetti, na cidade de Macaíba, recém casado com sua irmã mais velha, Inaldy Barbalho. Com apenas 11 anos de idade, foi ajudar a irmã que descansara de seu primeiro e único filho Dante Simonetti. Quis o destino que tempos depois, com a morte prematura da irmã, viesse a se casar com ele, que também era seu primo legítimo.
No início de seu casamento, morou em São José de Mipibu, onde nasceram três de seus filhos, inclusive eu. Os outros dois nasceram em Natal. Gostava de recordar o tempo das campanhas políticas, quando em 1947 meu pai elegeu-se deputado à Assembléia Constituinte.

Teve cinco filhos e foi muito feliz durante cinqüenta anos que permaneceu ao lado daquele homem, treze anos mais velho, que a amou e respeitou até o último dia de sua existência aqui na terra.
Não gostava de seu nome. Dizia ter sido um viajante, que em passagem pelo engenho, vendo minha avó grávida, sugeriu o nome. Ela ainda completava: “Que falta de sorte!” Ultimamente, por brincadeira, eu só a chamava de CIRLENE e ela dizia: ”Esse sim é mais bonito!”

A alegria era sua principal característica que, embora contrapondo com a sisudez de papai, nunca foi por ele reprimida. Nos veraneios da Pipa, sempre promovia brincadeiras para distrair a família. Incentivava o roubo de galinhas nas casas dos parentes que virada em tira-gosto de uma boa cachaça, animava os banhos de mar à luz de lampiões ou em noites de lua clara. Todos os veraneios, volta e meia, gostava de reunir no alpendre de sua casa amigos e parentes para degustar seu maravilhoso “arroz doce”, feito com açúcar mascavo.

Como todo ser humano, também teve suas dores e decepções. A perda do meu pai foi um grande golpe em sua vida. Tempos depois perdia dois dos seus amados filhos. Ninguém deveria sepultar os filhos. A recíproca é verdadeira. O caminho natural é que os filhos sepultem seus pais. Quando a mão de Deus interfere nessa trajetória, a dor é incomensurável. Só alguém que a sentiu, pode avaliá-la. Rogo a Deus, para que nunca me aconteça tal infortúnio.

Nos últimos 10 anos estive muito presente na vida de minha mãe. Durante esse tempo, pelo menos cinco dias da semana, almoçávamos junto. Após as refeições, ficávamos a conversar. Ela gostava de lembrar a infância na casa-grande do engenho Bem Fica, dos meses de julho que, passava na fazenda Lagoa Nova, propriedade que meu avô possuía no município de Santo Antônio.

Adorava cantar e ouvir músicas. Tinha uma grande coleção de CDs e gostava de dormir ouvindo seus cantores preferidos, entre eles Roberto Carlos e o Trio Iraquitã. Declamava poesias aprendidas quando criança nos bancos do Grupo Escolar Moreira Brandão. Lembro que nos emocionava quando recitava, sem tropeços, a poesia que mais gostava:  “Pássaro Cativo”.
 “Arma-se em um galho de árvore um alçapão e em breve uma avezinha descuidada, batendo as azas cai na escravidão”. . .  

Depois da isquemia ela foi ficando mais calada. Já não tinha a vivacidade de outrora. Sempre que terminávamos o almoço, pedia pra se deitar. Às vezes ficava calada durante toda a refeição. Eu sempre procurei entende-la e respeitar aquele momento, muito embora me doesse profundamente vê-la com o olhar perdido, mergulhada em seus pensamentos. Entretanto eu sabia que a minha simples presença ao seu lado, lhe trazia conforto e segurança. Ficávamos ali, sentados, em silêncio, até que ela pedisse pra se deitar.

Ultimamente, vez por outra, dizia que estava com muita saudade de papai e que tinha sido muito feliz no casamento. Lembrava dos parentes já falecidos e coisas dessa natureza. Outras vezes apenas dizia: “Meu filho, estou muito velha e cansada”! Parece que Deus, na sua divina sapiência, dota as pessoas, em momentos de suas vidas, de conformação. A idéia da morte já não as assusta. Inconscientemente ela sabia que já tinha cumprido aqui na terra, sua missão. 

No último dia 8 de fevereiro ela partiu. Seu semblante era tranqüilo e refletia a paz dos justos. Não se observava em seu rosto nenhum traço de sofrimento. Dormia como tantas vezes a vi dormir em seu quarto, que há algum tempo tinha se transformado em seu refugio preferido. A exemplo de meu pai e meus dois irmão, foi contemplada com a partida sem sofrimento e hoje, está reunida em comunhão com todos os parentes e amigos, ao lado do Criador.

Obrigado mãe, pelo amor que nos dedicou, pela alegria que nos contagiou, pelo exemplo que nos deixou e por todos esses anos felizes que vivemos ao seu lado.


Pipa, fevereiro de 2010.



sábado, 10 de maio de 2014

VELHO ENGENHO Edgar Barbosa - Imagens do Tempo - 1966


Dentro do nevoeiro do vale mal se entrevem os despojos do velho engenho morto. A casa está em ruínas e uma erva hostil cresce, silenciosa, por toda a bagaceira, invadiu os alpendres e assenhoreou-se do chão onde nunca mais pisou o pé humano.

Que fim levaram os antigos moradores? Onde os meninos trêfegos, os mestres, os cambiteiros, os animais e as aves que alertavam as madrugadas?

Tudo parece morto, não há sinal de vida dentro do grande vale onde outrora ecoavam os rumores do trabalho e as alegrias das safras exuberantes. Os próprios caminhos estão ocultos ou se tornaram sendas misteriosas de um mundo perdido. As chuvas os transformaram em barrancos, as formigas, às suas margens, construíram sossegadamente o seu reino. E à noite, sob as estrelas, as corujas desferem o seu canto soturno e imprimem ao velho engenho um aspecto de câmara ardente.


Entretanto, a terra, em redor, clama por que a fecundem. As árvores, embora maltratadas e esquecidas, guardam no porte a majestade dos dias que foram belas. Coroando o outeiro, como um penacho real, ergue-se um pau d’arco de cem anos, que ainda floresce como no tempo de jovem. E tudo isso paira, ali, no exílio, como se fosse um continente ignorado, lembrando a terra depois do dilúvio.

Eis um crime para o qual não há pena. Esse êxodo de ingratos e de emasculados, que arrancaram suas próprias raízes para ir vegetar adiante, como parasitas, mereciam um castigo. Eles, os senhores, meninos que se tornaram velhos, perderam-se nas ruas, passeiam displicentemente pelo asfalto das cidades, entretêm-se com as músicas e os cinemas, dançam e cantam nos clubes. A sua vida parece a dos presidiários que se consolam com o simples passar dos dias e das noites. A diferença é que esses fugitivos, sem alma nunca têm remorsos.



O velho engenho lá ficou, desmanchando-se pedra por pedra. Os maquinismos foram vendidos ou enferrujam, na sepultura das moitas, enquanto a erva cresce, silenciosa, afogando os alpendres, cobrindo como um sudário implacável, a bagaceira morta.