domingo, 28 de junho de 2009

A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS - Depoimentos

Caro amigo Ormuz:

Tenho recebido e lido, com grande deleite e prazer. São muito boas e me fazem lembrar as viagens que meu avô e a família faziam, ns anos 20, para a, então distante Praia de Tambaú, em João Pessoa Paraíba, que me eram contadas pelos meus pais e por meus tios. . .
Parabéns e continue, estou ansiosos pelas próximas crônicas.
Eu as dei a minha irmã caçula, pois ela é apaixonada pelas praias do Rio Grande do Norte. Um grande abraço

Sérgio Roberto Cirne de Toledo
São Paulo-SP.

sábado, 27 de junho de 2009

GENEALOGIA - FAMÍLIA VALE

O JORNAL DE HOJE

A ilustre genealogia dos Vale

Artigo,

Valério Mesquita (Escritor)

As genealogias das famílias tradicionais do Rio Grande do Norte estão na ordem do dia, basta ver o enorme sucesso que fez ano passado o livro "Genealogia”: dos troncos familiares de Goianinha/RN", de Ormuz Barbalho Simonetti, abordando as origens de sete famílias potiguares. Chegou agora a vez da família Vale, com seu brasão de três punhais sobre fundo vermelho, cuja ascendência mais remota se situa no solo de Portugal. Com a chegada a Natal, RN, nos albores do século XIX, do casal João Maria Valle e Maria Joaquina de Aguiar, a família Valle deita raízes em definitivo na terra potiguar.
Quem conta a história é o pesquisador José Hélio de Medeiros, neste "Breve Genealogia da Família Vale", fruto de longas e demoradas entrevistas com familiares próximos e distantes, reforçadas pela pesquisa de documentos muitos dos quais jaziam relegados em gavetas e pastas de móveis pouco utilizados de casas de parentes há muito distanciados, ou esquecidos em estantes empoeiradas de cartórios e batistérios de lugarejos muitas vezes inexistentes sob suas denominações originais.
O livro mostra o quanto foi importante a chegada do casal Vale ao nosso estado, pois sendo o sr. João Valle agrimensor por profissão, não tardou a adentrar o interior potiguar, instalando-se em Caicó, cidade da qual foi também o primeiro tabelião, graças ao fato de ter conhecimentos de gramática e aritmética. A prolífica descendência do casal, traduzida em seis homens e quatro mulheres, fixou-se firmemente na região, multiplicando-se bíblica e produtivamente. A partir de seu entroncamento em Caicó, a família Vale expandiu seus laços na região oeste, mediante relações matrimoniais com os Xavier, os Oliveira, os Medeiros, os Patriota, os Costa, os Dantas e outras tradicionais famílias do RN.
Desses laços, se originaram homens e mulheres ilustres que vêm contribuindo há dois séculos para o engrandecimento do nosso Estado. Foram e prosseguem sendo comerciantes, fazendeiros, militares, profissionais liberais, políticos etc., que vêm dando o melhor de si em cada uma das profissões que abraçam.Vale ressaltar o trabalho minucioso e persistente executado por José Hélio em busca de suas origens. A propósito, quem não tem o desejo de conhecer melhor suas raízes familiares, ou não se sente mais rico existencialmente ao tomar conhecimento de um parente até então desconhecido? Informações dessa ordem parece que redimensionam nosso espaço pessoal no mundo, delimitando com mais precisão o papel que nos cabe enquanto membros de um clã socialmente reconhecido.
Foi assim na antiguidade e assim continua hoje, mostrando a regularidade das aspirações humanas, especialmente quando as relações de família estão em evidência.Encerrada uma vida laboral bem-sucedida no comércio natalense, José Hélio dá um exemplo de desprendimento e desvelo filial ao se debruçar sobre as raízes de sua família, devolvendo à apreciação dos seus contemporâneos a contribuição que seus antepassados deram para que o presente no qual vivemos seja o nosso presente: aquele no qual nos reconhecemos como parte de uma família e de uma sociedade irmanados por um ideal comum.
Esta Genealogia dos Vale é, por isso mesmo, parte da nossa própria história, na medida em que identificamos, aqui e ali, um nome familiar, uma referência próxima ou longínqua, um eco que nos traz de volta, à sua simples menção, uma passagem até então esquecida da nossa vida. Por essas razões é que recomendo a leitura deste livro de José Hélio de Medeiros lançado dia dezessete de junho com pleno sucesso em Natal.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS - Depoimentos

Ormuz,
muito bom recordar e reviver essas 02 histórias reais sobre papai, essa grande figura humana, de gestos simples e de coração grandioso, que você conseguiu, tão bem relatar.
Agradeço de coração.

Ione Simonetti Alves
Natal-RN

segunda-feira, 22 de junho de 2009

A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS - Depoimentos

Ormuz,
obrigada pela homenagem ao meu pai e parabéns, pois sua maneira de contar a história, que me fez reviver, na íntegra, um fato real. Fiquei super emocionada, minha saudade só fez aumentar...

Kátia Simonetti Bousquet
Natal-RN

INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO ESPÍRITO SANTO


MILTON JOSÉ LYRIO SIMONETTI(esquerda) REPRESENTANDO O SÓCIO ORMUZ BARBALHO SIMONETTI, POR OCASIÃO DO RECEBIMENTO DO DIPLOMA DE SÓCIO CORRESPONDENTE DAS MÃO DE PAULO STUCK MORAIS.

Foi realizada a 17 de junho de 2009, a Sessão solene anual do Instituto. Com a participação de mais de 110 pessoas, a cerimônia foi aberta com a execução do Hino do Espírito Santo, pelo quarteto de cordas da Fames. Gabriel Bittencourt fez o elogio a Domingos Martins, patrono do Instituto e o elogio aos associados falecidos no último ano. Após, é realizada a entrega dos diplomas aos novos associados efetivos, em número de 13, além de 2 associados correspondentes, Ormuz Barbalho Simonetti e Carlos Tasso de Saxe-Coburgo e Bragança.
A nova associada Regina Menezes Loureiro fez o juramento em nome de todos, ficando a cargo de Sérgio Dias o discurso de posse. A secretária de Cultura do estado, Dayse Maria Oslegher Lemos foi condecorada com a Medalha do Mérito Cultural Prof. Renato Pacheco, pelos relevantes serviços prestados à cultura do estado. Após elogio a Carlos Xavier Paes Barreto, cujo quadragésimo aniversário de falecimento decorrem este ano, foi inaugurada uma foto do homenageado, com a presença de sua filha Noêmia e outros familiares.
São chamadas as duas autoras que estão lançando livros, Viviane Mosé (A resistência tapuia na capitania do Espírito Santo) e Juçara Luzia Leite (Maria Stella de Novaes) que discorrem rapidamente sobre as obras, seguindo-se sessão de autógrafos e um coquetel, dando-se por encerrada a cerimônia.

A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS - Depoimentos

Caro Ormuz.
Fui lá e li seu relato sobre a Pipa, que conheço já plena de turistas, pizzarias, pousadas e coisas mais. A praia continua bela tal qual no tempo do teu primo, mas as pessoas mudaram. Dificilmente hoje, infelizmente, pode-se acolher sem qualquer temor, um desconhecido. Teu relato é uma leitura correta de tempos mais humanamente ricos.

Gelza Rocha Carvalho
João Pessoa-PB

A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS - Depoimentos

Primo Ormuz:
Que crônica primorosa! Senti-me transportada, por alguns minutos, a essa terra de nossos ancestrais!

Parabéns, um abraço.

Maria do Carmo Simonetti de O. Maia
Jaraguá do Sul- SC

A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS - Depoimentos

Painho,
este foi um dos relatos que eu mais gostei.
Parabéns!

Beijos.
Te amo.Pri

Priscilla Simonetti Iglesias
Natal-RN

A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS - Depoimentos

Distante dos Meus e da minha amada Natal, sinto-me como o Assum Preto que, cego, canta de dor...Ler sua crônica é como conversar com um conterraneo comendo carne de sol com feijão verde e farofa de bolão... Fico com o coração dilacerado esta êpoca do ano com os festejos juninos. Infelizmente este ano não pude estar presente.Sua alma nordestina em sintonia com a minha transporta-me a Natal e comungamos recordações que apesar de não pertencerm ao meu passado, trazem-me momentos deliciosos!Parabéns e obrigada pela felicidade de começar uma semana de trabalho tão próxima de vocês.

Abraços,
Clivia Bulhões
Rio de Janeiro-RJ

22 de Junho de 2009 10:04

A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS - Depoimentos

Excelente, Ormuz.
Gostaria de haver conhecido esse primo. Sangue-bom, alma cheirosa, das que sobem pro céu maneiras e ligeiras, que nem foguetão sem bomba.

Bartolomeu Correia de Melo (Bartola)
Natal-RN

domingo, 21 de junho de 2009

A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS - Depoimentos

Caro Primo,

Fico feliz em vê-lo narrar de forma prosaica, as histórias da velha Pipa com muita genialidade e inteligencia.

Um abraço.
Herculano Barbalho (Chicó)
9 de Junho de 2009 23:36

A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS - MATÉRIA PUBLICADA NA TRIBUNA DO NORTE EM 21.06.2009

ORMUZ BARBALHO SIMONETTI (Genealogista e historiador)

PIPA, saudosos veranistas

São muitas as estórias que podemos contar sobre a praia da Pipa nos anos 80. Nessa época o turismo ainda era pouco praticado em virtude da ausência de hotéis, e as poucas pousadas que começavam a surgir, mal atendiam ao turismo regional. Uma dessas estórias teve como protagonistas o meu saudoso primo João Primênio Barbalho Simonetti.

Vanvão, como era carinhosamente chamado pelos mais íntimos, era uma pessoa desprovida de qualquer vaidade. Era amigo de todas as horas, respeitado e admirado por aqueles que o conheciam, principalmente no judiciário, onde exerceu por vários anos o cargo de Juiz de Direito. Ele sempre estava bem humorado e disposto a colaborar na solução dos problemas de quem o procurasse.

Numa dessas ensolaradas manhãs de janeiro, estava ele, como era de costume, no prédio anexo a sua casa, aguardando as primeiras visitas. Esse anexo era uma estrutura com alguns apartamentos, utilizados pelos filhos e convidados nas épocas de veraneio. Entre a casa principal e o anexo, existia uma rua sem saída que terminava no mar.

Batia papo com seu fiel funcionário “Totinha” e sorvia sem pressa, em pequenos goles, o seu whisky preferido. Sentado debaixo do sapotizeiro, aguardava pacientemente os amigos e parentes, fiéis freqüentadores daquele bate-papo. A espera não seria grande, pois a churrasqueira pilotada por Totinha e bem recheada, já começava a emitir os primeiros aromas das picanhas, maminhas e linguiças bem assadas, que certamente logo chegariam às atentas narinas da vizinhança.

Foi nesse cenário que, de repente, aparece aquele carro. Vinha entrando na rua sem saída e não podendo prosseguir, pára bem em frente à porteira da casa anexa. Olha em direção a João na tentativa de obter alguma informação e vê tudo o que estava procurando: mesa, cadeiras, whisky e churrasqueira acesa. Não teve dúvidas! Levantou o polegar da mão esquerda em sinal de positivo e foi imediatamente correspondido, com o mesmo sinal, pelo anfitrião.

Estava estabelecido o contato. . . – Tem vaga? Perguntou já descendo do carro. – Sim! . . . Pode descer e fique à vontade. Tomou assento nas cadeiras que rodeavam a mesa junto com a esposa e os filhos. As crianças, logo trataram de explorar o lugar bastante amplo, com varias fruteiras e um gostoso banho de bica. O nosso visitante indaga mais uma vez. . . – Tem refrigerante para as crianças? João respondeu: – Sim! Vou mandar providenciar. E Totinha, ainda meio confuso, corre pra buscar os refrigerantes. Já acomodado, continua a conversa: – Lugar bonito esse aqui! Pensei de não encontrar vagas. – Pois é, você teve sorte, devolveu João, com a tranqüilidade que lhe era peculiar. Totinha, agora já refeito, tentava entender aquela situação.

A cada pergunta respondida por João, seu funcionário arregalava os olhos demonstrando com isso toda sua preocupação. Nessa ocasião, começam a chegar os parentes, atraídos pelo cheirinho do churrasco que a essa altura, já se espalhava pela redondeza, levado pelos ventos. Papo vai, papo vem e nosso inocente visitante, que já havia sido apresentado a todos como um “um amigo”, sentia-se com o passar das horas, cada vez mais à vontade. Conversavam animadamente, e entre uma dose e outra de whisky, abocanhava generosos pedaços de churrasco.

Lá pelo cair da tarde, o visitante se dirige a João e visivelmente contrariado, anuncia que está indo embora, pois a esposa resolvera dormir em Natal. Entre abraços e agradecimentos pela boa acolhida e naquele dia maravilhoso, solicita “a conta”. João, meio sem jeito diz baixinho para o interlocutor, evitando que as outras pessoas escutassem: – Você não me deve nada amigo, aqui é a minha residência. Não precisa dizer com que cara o pobre homem ficou depois de ouvir o que ele jamais esperava. Pediu mil desculpas e queria, a todo custo, pagar uma conta que não sabia em quanto importava. Demovido da idéia, agradeceu novamente, despediu-se e foi embora.

Essa personalidade de João foi forjada ainda criança quando morava com seus pais no engenho Mourisco, em Goianinha. Certa vez, quando contava entre 6 e 7 anos de idade, resolveu ir a casa de um amigo, filho de um dos moradores de seu pai, convidá-lo para brincar. Do lado de fora da casa, gritou pelo amigo que prontamente respondeu dizendo não podia sair de casa, pois estava nu. A mãe havia ido para o rio lavar roupa e como não tinha outra pra vestir, aguardava o seu regresso, para então sair de casa. Sem pensar duas vezes, João tirou a roupa que vestia e deu ao amigo.

Retornando pra casa completamente nu. Tia Isaura vendo aquela situação lhe perguntou: - Menino, cadê sua roupa? Depois de relatar o acontecido, a bondosa tia Isaura disse que ele deveria ter pedido a ela uma roupa para dar ao amigo, pois aquela era uma roupa nova. Escutando o diálogo, tio David atalhou dizendo: - Isaura, depois de uma atitude como essa nada podemos questionar.

João Primênio era assim mesmo. Tranquilo, solidário, amigo, sempre com uma palavra de carinho e conforto para todos. Tive o prazer de conviver com ele e constatar todas essas qualidades. Que Deus o tenha em um bom lugar.

sábado, 20 de junho de 2009

Natal/RN, Sábado, 20 de Junho de 2009 • Atualizado 20/06 às 10h47 • 110436 notícias • 1754 anúncios

Colunas
Jornal de WM

Por Woden Madruga Esta coluna é atualizada diariamente

Ormuz
O escritor e pesquisador Ormuz Barbalho Simonetti, autor de "Genealogia dos troncos familiares de Goianinha-RN", acaba de tomar posse como sócio do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo. Ele já integra os quadros do Instituto Histórico do Distrito Federal e do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano, além de pertencer, derna do ano passado, ao Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Do livro "A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS" - Depoimentos

Caro Ormuz.
Gostei e até me comovi muito com a sua crônica sobre o nosso amigo Francisquinho. Você como bom escritor , soube sintetizar a sua vida e me fez lembrar uma época que já não existe e que só traz recordações boas e ao mesmo tempo para mim dolorosas. Esta semana remexendo meus "guardados", encontrei uma relação enorme de nomes de pessoas da "Pipa", dos seus apelidos, isto é, como eles eram conhecidos. É interessante, depois mandarei para você.

Abraços

Dina Fagundes
Goianinha-RN

Do livro "A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS" - Depoimentos

Obrigado, Ormuz.
Que deliciosa leitura!Vi tambem que voce agora e membro do INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO ESPÍRITO SANTO (possse no proximo dia 17/06). Muito nos honra, e mais honrados ainda se voce pudesse comparecer. Caso decida, informe-nos, que providenciaremos a recepcao.
Abraco,
Milton José Lyrio Simonetti
Vitória- ES

domingo, 7 de junho de 2009

A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS - MATÉRIA PUBLICADA NA TRIBUNA DO NORTE EM 07.06.2009



TRIBUNA DO NORTE

QUADRANTES
07/06/2009


ORMUZ BARBALHO SIMONETTI (Genealogista e historiador)

Pipa – morre o mestre Francisquinho

Em 1939 chega à praia da Pipa, vindo do norte, mais precisamente da praia de Galinhos (RN), Francisco Caetano do Nascimento, mais conhecido por Francisquinho. Aos 16 anos de idade, o jovem pescador veio acompanhando seu tio, mestre de um barco, para uma temporada de pesca da albacora.
A Pipa vinha se tornando famosa pela grande quantidade de peixes que se capturavam em suas águas, atraindo pescadores de várias praias do nosso estado e até mesmo de outros vizinhos, como a Paraíba e Ceará. Ao retornar para Galinhos, após o final da safra de albacora, Francisquinho informou a sua mãe que tinha gostado muito do lugar e que voltaria pra morar. Então, no mesmo ano, o adolescente chega à Pipa, e dessa vez, para ficar.

No início, começou a pescar em barcos de outras pessoas e como já entendia um pouco da carpintaria naval, aventurou-se no conserto de botes. Em Galinhos, onde morava, costumava realizar pequenos consertos em embarcações que chegavam avariadas. Posteriormente, veio a se tornar o maior carpinteiro naval das praias do litoral sul, como são conhecidas as praias que se situam a direita da cidade de Natal. Anos depois, Francisquinho conheceu a viúva Maria da Conceição Borges, e com ela se casou. Dessa união tiveram cinco filhos, sendo dois homens, três mulheres e um sexto filho que foi adotado.

Os dois primeiros botes que construiu foram: Taubaté e Baluarte. A partir daí, até o último bote construído, Malembá II, foram mais de quinhentas embarcações entre botes a pano, a motor e jangadas de compensado naval. Eu, juntamente com meu irmão Dante, tivemos a oportunidade de, em 2004, ter uma dessas jangadas construída por ele. O Malemba II, a última e maior embarcação que construiu, tinha 16,5m x 6,5m e destinava-se ao transporte de turistas em passeios pelas praias do norte. Foi projetado para levar 150 passageiros, em dois andares.

O proprietário desta embarcação dizia que se por acaso não desse o resultado esperado com os passeios turísticos, o barco seria destinado ao transporte de cargas para a ilha de Fernando de Noronha. Fui informado que se encontra no norte, na praia de Galinhos, fazendo o que? Não sei.
Por muitos anos o estaleiro de Francisquinho funcionou na praia da Pipa, próximo a casa onde morava, na rua de cima. Com o tempo e a fama de bom construtor, aqui chegavam, de várias regiões, pessoas interessadas em contratar a construção de barcos no estaleiro do mestre. Essa fama perdurou enquanto esteve à frente da administração do seu estaleiro.

No início, a construção de um bote levava muitos dias, pois faltavam ferramentas e havia a dificuldade em conseguir a principal matéria prima: a madeira. As árvores eram retiradas das matas que ficavam a uma boa distância da praia. Dependendo da sua utilização elas podiam ser cortadas de maneira bastante rudimentar, e após isso, abertas em forma de pranchas ou moldadas em “cavernas”. Em seguida, este material era transportado em lombo de animais ou na cabeça dos homens.

O machado era utilizado para derrubar a árvore escolhida e depois dois homens operavam um grande serrote para abrir a madeira em pranchas, que mediam três polegadas de espessura. Levavam-se dias para transformar em pranchas uma árvore de bom porte. As “cavernas”, peças em forma de “U”, que juntamente com a quilha forma o esqueleto do bote, muitas vezes eram lavradas na própria mata. Quando transportadas para o estaleiro, já estavam no ponto de acabamento.
O processo era concluído com a ajuda de plainas e inchós. O trabalho era penoso. Conseguiam moldar peças enormes de madeira bruta em robustas “cavernas”, dando-lhes as formas necessárias utilizando apenas o machado e a inchó.

Para armar o bote era preciso primeiro situar a quilha. Depois a roda de proa, a espinha e em seguida a colocação do cavername. Após a colocação das “cavernas”, seguia o terço de proa e o terço de popa. O próximo passo era “envedubar” o barco, ou seja, dar a forma que vai ficar depois de pronto. Em seguida, vinha o "enlatamento”, operação que consiste em pregar barrotes, ligando as duas extremidades das “cavernas”, em preparação para o taboamento do convés.

Essa operação era realizada logo que aprontavam as escotilhas de porão. Somente na fixação das tábuas do convés é que utilizavam pregos.
Nas outras operações, como também no tabuamento dos costados, eram utilizadas cavilhas. Em seguida, eram feitas as bordas e os corrimãos de bordas. A última operação antes da pintura era o calafetamento, que é a vedação do barco. Para isso eram utilizadas estopas feitas com a casca da Sapucaia.

Procurei aqui, da melhor forma que me foi possível, descrever o que foi para o mestre Francisquinho, a paixão de toda sua vida: construir barcos. Para exercer tão nobre profissão, teve que passar por muitos desafios que lhe foram impostos durante o tempo em que pode manobrar com maestria, as ferramentas que lhe permitiam, usando somente a intuição e a vontade de vencer desafios. Ao longo de sua vida, o mestre produziu verdadeiras obras de arte, da nossa construção naval, de pequeno porte.

No último dia 22 de maio, descansou para sempre o mestre Francisquinho. Acometido de vários derrames, viveu os últimos anos recluso em seu sítio, nos arredores da Pipa. Tinha perdido a condição de falar e andava com muita dificuldade. Mas, quando encontrava os amigos, seus olhos miúdos brilhavam de satisfação e felicidade. Diziam o que sua voz, levada pela doença, já não lhe permitia dizer. Morreu o homem, o profissional, o mestre, o amigo, o religioso e o pai de família que soube criar os seus filhos com dignidade. Teve ainda, junto com sua esposa, espaço em seu coração para o sublime ato de amor ao próximo, a adoção. Descanse em paz, amigo.
Natal, 30 de maio de 2009.

Essa crônica faz parte do livro “A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS, a sua verdadeira história”. De autoria de Ormuz Barbalho Simonetti, tem publicação prevista para o ano de 2010.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO ESPÍRITO SANTO

Prezado Senhor,

É com prazer que informamos sua aprovação para sócio correspondente desta Instituição. A posse esta marcada para o dia 17/06/2009, às 17h, contamos com sua presença.

Secretaria

INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO ESPÍRITO SANTO
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