Texto produzido e lido por Francisco de ASSIS CÂMARA durante a Missa Solene celebrada na Catedral de Natal, dia 15 de março de 2018, por ocasião do CENTENÁRIO DE DON NIVALDO MONTE.
Senhores e
Senhoras:
Nas vestes da formalidade, aqui
represento o Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, do qual o
homem erudito, Dom Nivaldo Monte, era sócio efetivo. Aqui deveria estar o seu
presidente, Ormuz Barbalho Simonetti, impossibilitado de comparecer em
consequência de uma cirurgia de catarata. Disse-me que seu compromisso com o
passado preserva a lembrança de Dom Nivaldo em sua terra, onde, na condição de
vigário de Goianinha, celebrou o matrimônio de seus pais, Arnaldo e Cirene
Barbalho Simonetti.
Nas vestes
da amizade e da admiração, quase devoção, aqui estou eu, discípulo de um grande
mestre. Dom Nivaldo foi meu professor no Seminário de São Pedro. Observava-nos
a todos, com os olhos de uma paternal psicologia. Gostava de ver nossas
disputas futebolísticas. Sempre de bom humor, motivava-nos a imprimir qualidade
em tudo o que fazíamos.
No decorrer
dos anos, quando a maturidade nos acolhe, mais frequentes tornaram-se nossos
encontros, seja no Serviço de Assistência Rural, então sob a batuta de Dom
Eugênio Sales, seja em solenidades especiais, quando sua palavra imprimia o
selo de qualidade ao evento. Lembro-me bem da força de sua palavra, temperada
de lirismo. Não era assim, pelo encanto da palavra, e da verdade que transmitia,
que o próprio Jesus revelou-se ao mundo?
Ah! Dom
Nivaldo Monte, quanto bem foi plantado! Quantos frutos colhidos!
Certo dia,
em visita ao Sítio onde eu morava, em Monte Alegre, Dom Nivaldo chegou ao meu
escritório de trabalho e me indagou, diante de algumas estantes repletas de
livros: Assis, você lê tantos livros e nada escreve? Sob o impacto da pergunta,
passei-lhe às mãos alguns artigos e razoável número de poesias. Concentrou-se
na leitura de uns poucos textos e me transmitiu a seguinte lição: “Nem todas as árvores são ornamentais.
Muitas delas trazem a destinação de alimentar os homens. Por isso, dão fruto. A
poesia, a música, a literatura, todas as formas de arte são frutos que
alimentam a alma humana. Publique seus poemas. E arrematou: Rasgue o véu de sua
timidez!”
Assim nasceu meu primeiro livro, Asas e Voo. No dia do lançamento, no
Solar Bela Vista, Dom Nivaldo foi o primeiro a comparecer. Que mais posso
dizer?
O espaço da
gratidão é infinito. Em sua homenagem, e após sua bela viagem transcendental, compus
este soneto em sua homenagem:
DOM NIVALDO
MONTE
Sendo a fé um dom de Deus, nele brotou
Muito mais viva do que a Teologia;
E sua palavra de amigo se mostrou
Mais cativante do que a Filosofia.
Nos jardins de Emaús
ele ensinou
Que o melhor fertilizante é a alegria;
Fez do trigo e da uva que plantou,
O pão e o vinho de
sua eucaristia.
Desprezando a
ostentação e a vaidade,
Na enxertia de
exemplo e santidade
Recolhe os frutos da admiração.
Com a força da palavra e do sorriso
Demonstrou que só encontra o Paraíso
Quem semeia o amor e a compaixão.
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