Em
uma noite do mês junho de 1972, despedi-me da turma da Princesa Isabel, dos
meus amigos do Atheneu, da minha cidade de Natal, e rumei para São Paulo onde iria
assumir no Banco do Brasil, o que seria o meu primeiro emprego.
Pouco
me recordo daquela última semana passada junto com essa turma. A expectativa de
viver e trabalhar em outra cidade, não me deixava pensar em mais nada. O foco
era a viagem. O desconhecido me assustava, ao tempo que também me atraia. Como
seria morar sozinho? O que me esperava naquela cidade grande? A verdade é que eu
pouco conhecia além das fronteiras de minha cidade, já que meu vôo fora de
Natal tinha apenas conseguido alcançar
as cidades de João Pessoa, com os pic-nic
do professor Humberto do Atheneu, que de tanto fazer esse tipo de viajem, terminou
recebendo o apelido de “Humberto Pic-nic”
e a cidade do Recife, onde fui assistir o casamento de um primo.
Hoje
escrevendo essas crônicas, vagas lembranças fragmentadas daquela época, chegam-me
à memória como fleches daqueles últimos dias que antecederam a minha viagem a
São Paulo. Recordo que saímos pelos bares da vida, tomamos umas cervejas e,
como de costume, tudo terminou em serenatas.
Ao
retornar nos anos seguintes, o tempo era curto para dividi-lo entre os
familiares e os velhos amigos. E como sequência natural das coisas, cada um foi
tomando o seu rumo pela vida. Uns mudaram-se para outros estados, outros para
ruas mais afastadas e lá formaram novas turmas. O ensino superior, outra fase
importante na vida dos jovens, obrigatoriamente abriria espaço para a
convivência com novos amigos que estudariam e se divertiriam juntos.
Quando deixei Natal em
1972, a turma de frequentadores da “Bodega de Floriano” já estava se
dissipando. Faço aqui uma retrospectiva dos que me chegam à memória e as
profissões que abraçaram pela vida: Jairo (engenheiro); Adauto (advogado e
escritor); Levi (artista plástico); Jaime Ninho (economista); Adilson Gurgel
(advogado); Hamilton Gurgel (bancário); Chiquinho (serviços de
telecomunicação); Leonardo Naná (engenheiro); Rominho (comerciante); Leo Leite
(matemático); Gilson Leite (bancário); Beto Coronado (psicólogo e professor); Zé
Ivo (odontólogo); Jorge Chopp (médico); João Bosco (professor universitário);
Cacá (pintor), Paulinho (médico); Alberto (engenheiro); Carlos Castim
(advogado) e Thales (engenheiro), todos morando atualmente em Natal.
Barroca, Carlinhos,
Mario Maromba e Sérgio China faleceram. Josemar (odontólogo) mora em (Brasília;
Zezé (bancário) mora em Caruaru-Pe; Maninho mora em Maceió; Túlio e Calabé
moram em Recife.
Quanto
a essas reuniões, tudo começou quando no final da década de 80, por ocasião das
festividades natalinas, Beto e Jairo se encontraram e, pela primeira vez,
trataram do assunto. Comentaram sobre a possibilidade de reunir alguns
componentes da turma, para uma confraternização na época natalina. Dez anos
depois, em 1999, meia dúzia dos amigos daquela época reuniu-se no hotel
Barreira Rocha para um almoço de reencontro. Aquele almoço seria o pontapé
inicial para a sucessão ininterruptas dessas reuniões, que no próximo sábado completam
15 anos.
Nesse
dia faremos uma homenagem especial ao nosso patrono Floriano, proprietário da
bodega, que deu nome a nossa confraria, onde essa e outras turmas no passado se
reuniam diariamente para conversar, fazer amigos e beber na fonte do
conhecimento de um dos bodegueiros mais festejados e admirados de nossa cidade.
Viva
Floriano “El Bodegero”!
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