Ormuz,
Realmente foi muito triste escrever sobre a vidade sua mãe. Mas a lembrança fica para sempre.
Abraços fraternos,
Magnalda Fontoura
Natal/RN
domingo, 28 de fevereiro de 2010
A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS
Grandes recordações. É reconfortante para qualquer pessoa quando temos o sentimento do dever cumprido, a consciência em paz por termos feito tudo que era possível, e, principalmente, termos convivido e dado assistência aos nossos pais no momento em que eles mais precisavam. Com certeza ela hoje repousa o sono dos justos, ao lado dos seus que já se foram e que já desfrutam da presença do nosso Criador.
Carlos Cabral Freitas
Natal/RN
Carlos Cabral Freitas
Natal/RN
A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS
PUBLICANA EM “O JORNALDEHOJE” EDIÇÃO DE 26 DE FEVEREIRO DE 2010.
Pipa, saudosos veranista – Minha homenagem
Dona Cirene Barbalho Simonetti era a mais antiga e assídua veranistas da Praia da Pipa. Contava apenas três anos de idade quando chegou nesta praia pela primeira vez, em companhia de seus pais no distante ano 1926. Não podendo continuar com os veraneios na praia de Tibau do Sul, em virtude da cheia de 1924, meus avós escolheram a praia da Pipa, poucos quilômetros ao Sul, como substituta. Desde então, retornou religiosamente, todo meses de janeiro, pelos últimos 83 anos.
Tinha por essa praia um amor incondicional. Seu último veraneio foi em janeiro de 2009, quando sofreu uma isquemia e precisei socorrê-la às pressas pra Natal. Foi a mais longa viagem da minha vida, dado as dificuldades que enfrentei durante todo o percurso. Depois desse incidente, nunca mais retornou à praia que tanto amava.
Nasceu no dia 19 de abril de 1923 na cidade de Goianinha-RN. Passou sua infância entre o verdor dos canaviais que ondeavam o vale do engenho “Bem Fica” e a cidade onde nascera. Como toda criança nascida nos antigos engenhos de cana-de-açúcar, passava boa parte do dia brincando com os irmãos entre a bagaceira, a casa das moendas, e as formas de açúcar dispostas na “casa de purgar”.
Quando criança, por várias vezes viajou dentro de caçuá em lombo de animal, do engenho “Bem Fica” até a praia da Pipa, onde passava com a família, os meses de janeiro. Fazia dupla com seu irmão Antônio (Tio Tonho) que adorava dizer que era como irmãos gêmeos. Sendo praticamente da mesma idade, com apenas um ano de diferença, partilhavam alguns pertences. Um par de alpargatas servia para os dois. Quando um ia à cidade, o outro, resignado, ficava em casa.
Na adolescência, já demonstrava uma grande habilidade quando cavalgava do engenho à Goianinha, distante poucos quilômetros. Nos períodos de férias da Escola Doméstica, onde estudou por vários anos, retornava ao engenho e livre da rigidez disciplinar, entregava-se de corpo e alma as mesmas brincadeiras de menina de engenho. Gostava de “pegar parelha” com os irmãos em desabaladas corridas no pátio, em frente à casa-grande, onde se lia no alto em letras graúdas “Vila Elvira”, em homenagem à minha avó, Elvira Macionila Barbalho. Nesta brincadeira, ela quase sempre saia vencedora o que era motivo de zombaria aos que perdiam.
Na época, em que as viagens para a Pipa eram feitas a cavalo, mamãe ganhara de meu avô Odilon Barbalho, um cavalo e lhe deu o nome de “trinta e um”. Montada em cilhão desafiava os irmãos ou primos para disputar corridas ao longo de toda a viagem.
Nas longas conversas que tivemos sempre recordava saudosa, momentos felizes de sua infância. Contava que gostava de procurar ninhos de pássaros nos arvoredos próximos a casa grande, tomar banho nas tapagens – barragens feitas nas levadas para aguar os partidos de canas-de-açucar -, ou simplesmente de contemplar o céu em dias ensolarados, tentando adivinhar figuras que se formavam nas nuvens de algodão. À noite, procurava no céu escuro, estrelas cadentes para a elas fazer pedidos ou lhe contar seus segredos de criança.
Falava do quintal da casa grande cheio de mangueiras, goiabeiras, araçazeiros, laranjeiras e uma jabuticabeiras que freqüentemente subia para se esconder dos irmãos, ou quando queria simplesmente ficar sozinha. Lá mais pro fim do quintal, perto do rio, torceiras de cana Caiana e Flor de Cuba, onde gostava de chupar seus roletes molinhos e doces. Ao lado da casa, um grande pé de cajá-manga onde todas as manhãs, reuniam-se sanhaços, xexéus, galos de campinas, canários da terra e tantos outros pássaros que gorjeavam, saudando o milagre do amanhecer de mais um dia.
Dizia que ainda podia sentir o cheiro doce do caldo da cana, cozinhando nos grandes tachos de bronze para fazer o açúcar mascavo. Logo as lembranças lhe chegavam com tamanha intensidade que, por diversas vezes, pude observar em seu semblante, que em devaneios, revivia aqueles momentos, ao tempo em que os pensamentos voavam para o velho engenho.
Falava do rangido das moendas amassando a cana, o caldo escuro escorrendo para os tanques de armazenamento, o bagaço sendo transportado pelos animais que arrastando um couro de boi, levavam para o pátio o que sobrava das moendas. Quantas vezes, em brincadeiras com outras crianças, subia naquele couro junto com o monte de bagaço para ser levada também até o pátio. Recordava o feitor que aos berros, dirigia homens e animais, naquele frenético vai e vem de burros, cambiteiros e puxadores de bagaço. Lembrava do mestre de açúcar e descrevia seus movimentos precisos, transportando de um tacho pra outro, o caldo quente que cada vez mais apurado, ia se transformando em açúcar. O cheiro doce do “mel de furo”, escorrendo das formas de açúcar, que descansavam na “casa de purgar”.
Quando criança chegou a morar um tempo na casa do meu pai, e seu cunhado, Arnaldo Barbalho Simonetti, na cidade de Macaíba, recém casado com sua irmã mais velha, Inaldy Barbalho. Com apenas 11 anos de idade, foi ajudar a irmã que descansara de seu primeiro e único filho Dante Simonetti. Quis o destino que tempos depois, com a morte prematura da irmã, viesse a se casar com ele, que também era seu primo legítimo.
No início de seu casamento, morou em São José de Mipibu, onde nasceram três de seus filhos, inclusive eu. Os outros dois nasceram em Natal. Gostava de recordar o tempo das campanhas políticas, quando em 1947 meu pai elegeu-se deputado à Assembléia Constituinte.
Teve cinco filhos e foi muito feliz durante cinqüenta anos que permaneceu ao lado daquele homem, treze anos mais velho, que a amou e respeitou até o último dia de sua existência aqui na terra.
Não gostava de seu nome. Dizia ter sido um viajante, que em passagem pelo engenho, vendo minha avó grávida, sugeriu o nome. Ela ainda completava: “Que falta de sorte!” Ultimamente, por brincadeira, eu só a chamava de CIRLENE e ela dizia: ”Esse sim é mais bonito!”
A alegria era sua principal característica que, embora contrapondo com a sisudez de papai, nunca foi por ele reprimida. Nos veraneios da Pipa, sempre promovia brincadeiras para distrair a família. Incentivava o roubo de galinhas nas casas dos parentes que virada em tira-gosto de uma boa cachaça, animava os banhos de mar à luz de lampiões ou em noites de lua clara. Todos os veraneios, volta e meia, gostava de reunir no alpendre de sua casa amigos e parentes para degustar seu maravilhoso “arroz doce”, feito com açúcar mascavo.
Como todo ser humano, também teve suas dores e decepções. A perda do meu pai foi um grande golpe em sua vida. Tempos depois perdia dois dos seus amados filhos. Ninguém deveria sepultar os filhos. A recíproca é verdadeira. O caminho natural é que os filhos sepultem seus pais. Quando a mão de Deus interfere nessa trajetória, a dor é incomensurável. Só alguém que a sentiu, pode avaliá-la. Rogo a Deus, para que nunca me aconteça tal infortúnio.
Nos últimos 10 anos estive muito presente na vida de minha mãe. Durante esse tempo, pelo menos cinco dias da semana, almoçávamos junto. Após as refeições, ficávamos a conversar. Ela gostava de lembrar a infância na casa-grande do engenho Bem Fica, dos meses de julho que, passava na fazenda Lagoa Nova, propriedade que meu avô possuía no município de Santo Antônio.
Adorava cantar e ouvir músicas. Tinha uma grande coleção de CDs e gostava de dormir ouvindo seus cantores preferidos, entre eles Roberto Carlos e o Trio Iraquitã. Declamava poesias aprendidas quando criança nos bancos do Grupo Escolar Moreira Brandão. Lembro que nos emocionava quando recitava, sem tropeços, a poesia que mais gostava: “Pássaro Cativo”.
“Arma-se em um galho de árvore um alçapão e em breve uma avezinha descuidada, batendo as azas cai na escravidão”. . .
Depois da isquemia ela foi ficando mais calada. Já não tinha a vivacidade de outrora. Sempre que terminávamos o almoço, pedia pra se deitar. Às vezes ficava calada durante toda a refeição. Eu sempre procurei entende-la e respeitar aquele momento, muito embora me doesse profundamente vê-la com o olhar perdido, mergulhada em seus pensamentos. Entretanto eu sabia que a minha simples presença ao seu lado, lhe trazia conforto e segurança. Ficávamos ali, sentados, em silêncio, até que ela pedisse pra se deitar.
Ultimamente, vez por outra, dizia que estava com muita saudade de papai e que tinha sido muito feliz no casamento. Lembrava dos parentes já falecidos e coisas dessa natureza. Outras vezes apenas dizia: “Meu filho, estou muito velha e cansada”! Parece que Deus, na sua divina sapiência, dota as pessoas, em momentos de suas vidas, de conformação. A idéia da morte já não as assusta. Inconscientemente ela sabia que já tinha cumprido aqui na terra, sua missão.
No último dia 8 de fevereiro ela partiu. Seu semblante era tranqüilo e refletia a paz dos justos. Não se observava em seu rosto nenhum traço de sofrimento. Dormia como tantas vezes a vi dormir em seu quarto, que há algum tempo tinha se transformado em seu refugio preferido. A exemplo de meu pai e meus dois irmão, foi contemplada com a partida sem sofrimento e hoje, está reunida em comunhão com todos os parentes e amigos, ao lado do Criador.
Obrigado mãe, pelo amor que nos dedicou, pela alegria que nos contagiou, pelo exemplo que nos deixou e por todos esses anos felizes que vivemos ao seu lado.
Pipa, fevereiro de 2010.
Pipa, saudosos veranista – Minha homenagem
Dona Cirene Barbalho Simonetti era a mais antiga e assídua veranistas da Praia da Pipa. Contava apenas três anos de idade quando chegou nesta praia pela primeira vez, em companhia de seus pais no distante ano 1926. Não podendo continuar com os veraneios na praia de Tibau do Sul, em virtude da cheia de 1924, meus avós escolheram a praia da Pipa, poucos quilômetros ao Sul, como substituta. Desde então, retornou religiosamente, todo meses de janeiro, pelos últimos 83 anos.
Tinha por essa praia um amor incondicional. Seu último veraneio foi em janeiro de 2009, quando sofreu uma isquemia e precisei socorrê-la às pressas pra Natal. Foi a mais longa viagem da minha vida, dado as dificuldades que enfrentei durante todo o percurso. Depois desse incidente, nunca mais retornou à praia que tanto amava.
Nasceu no dia 19 de abril de 1923 na cidade de Goianinha-RN. Passou sua infância entre o verdor dos canaviais que ondeavam o vale do engenho “Bem Fica” e a cidade onde nascera. Como toda criança nascida nos antigos engenhos de cana-de-açúcar, passava boa parte do dia brincando com os irmãos entre a bagaceira, a casa das moendas, e as formas de açúcar dispostas na “casa de purgar”.
Quando criança, por várias vezes viajou dentro de caçuá em lombo de animal, do engenho “Bem Fica” até a praia da Pipa, onde passava com a família, os meses de janeiro. Fazia dupla com seu irmão Antônio (Tio Tonho) que adorava dizer que era como irmãos gêmeos. Sendo praticamente da mesma idade, com apenas um ano de diferença, partilhavam alguns pertences. Um par de alpargatas servia para os dois. Quando um ia à cidade, o outro, resignado, ficava em casa.
Na adolescência, já demonstrava uma grande habilidade quando cavalgava do engenho à Goianinha, distante poucos quilômetros. Nos períodos de férias da Escola Doméstica, onde estudou por vários anos, retornava ao engenho e livre da rigidez disciplinar, entregava-se de corpo e alma as mesmas brincadeiras de menina de engenho. Gostava de “pegar parelha” com os irmãos em desabaladas corridas no pátio, em frente à casa-grande, onde se lia no alto em letras graúdas “Vila Elvira”, em homenagem à minha avó, Elvira Macionila Barbalho. Nesta brincadeira, ela quase sempre saia vencedora o que era motivo de zombaria aos que perdiam.
Na época, em que as viagens para a Pipa eram feitas a cavalo, mamãe ganhara de meu avô Odilon Barbalho, um cavalo e lhe deu o nome de “trinta e um”. Montada em cilhão desafiava os irmãos ou primos para disputar corridas ao longo de toda a viagem.
Nas longas conversas que tivemos sempre recordava saudosa, momentos felizes de sua infância. Contava que gostava de procurar ninhos de pássaros nos arvoredos próximos a casa grande, tomar banho nas tapagens – barragens feitas nas levadas para aguar os partidos de canas-de-açucar -, ou simplesmente de contemplar o céu em dias ensolarados, tentando adivinhar figuras que se formavam nas nuvens de algodão. À noite, procurava no céu escuro, estrelas cadentes para a elas fazer pedidos ou lhe contar seus segredos de criança.
Falava do quintal da casa grande cheio de mangueiras, goiabeiras, araçazeiros, laranjeiras e uma jabuticabeiras que freqüentemente subia para se esconder dos irmãos, ou quando queria simplesmente ficar sozinha. Lá mais pro fim do quintal, perto do rio, torceiras de cana Caiana e Flor de Cuba, onde gostava de chupar seus roletes molinhos e doces. Ao lado da casa, um grande pé de cajá-manga onde todas as manhãs, reuniam-se sanhaços, xexéus, galos de campinas, canários da terra e tantos outros pássaros que gorjeavam, saudando o milagre do amanhecer de mais um dia.
Dizia que ainda podia sentir o cheiro doce do caldo da cana, cozinhando nos grandes tachos de bronze para fazer o açúcar mascavo. Logo as lembranças lhe chegavam com tamanha intensidade que, por diversas vezes, pude observar em seu semblante, que em devaneios, revivia aqueles momentos, ao tempo em que os pensamentos voavam para o velho engenho.
Falava do rangido das moendas amassando a cana, o caldo escuro escorrendo para os tanques de armazenamento, o bagaço sendo transportado pelos animais que arrastando um couro de boi, levavam para o pátio o que sobrava das moendas. Quantas vezes, em brincadeiras com outras crianças, subia naquele couro junto com o monte de bagaço para ser levada também até o pátio. Recordava o feitor que aos berros, dirigia homens e animais, naquele frenético vai e vem de burros, cambiteiros e puxadores de bagaço. Lembrava do mestre de açúcar e descrevia seus movimentos precisos, transportando de um tacho pra outro, o caldo quente que cada vez mais apurado, ia se transformando em açúcar. O cheiro doce do “mel de furo”, escorrendo das formas de açúcar, que descansavam na “casa de purgar”.
Quando criança chegou a morar um tempo na casa do meu pai, e seu cunhado, Arnaldo Barbalho Simonetti, na cidade de Macaíba, recém casado com sua irmã mais velha, Inaldy Barbalho. Com apenas 11 anos de idade, foi ajudar a irmã que descansara de seu primeiro e único filho Dante Simonetti. Quis o destino que tempos depois, com a morte prematura da irmã, viesse a se casar com ele, que também era seu primo legítimo.
No início de seu casamento, morou em São José de Mipibu, onde nasceram três de seus filhos, inclusive eu. Os outros dois nasceram em Natal. Gostava de recordar o tempo das campanhas políticas, quando em 1947 meu pai elegeu-se deputado à Assembléia Constituinte.
Teve cinco filhos e foi muito feliz durante cinqüenta anos que permaneceu ao lado daquele homem, treze anos mais velho, que a amou e respeitou até o último dia de sua existência aqui na terra.
Não gostava de seu nome. Dizia ter sido um viajante, que em passagem pelo engenho, vendo minha avó grávida, sugeriu o nome. Ela ainda completava: “Que falta de sorte!” Ultimamente, por brincadeira, eu só a chamava de CIRLENE e ela dizia: ”Esse sim é mais bonito!”
A alegria era sua principal característica que, embora contrapondo com a sisudez de papai, nunca foi por ele reprimida. Nos veraneios da Pipa, sempre promovia brincadeiras para distrair a família. Incentivava o roubo de galinhas nas casas dos parentes que virada em tira-gosto de uma boa cachaça, animava os banhos de mar à luz de lampiões ou em noites de lua clara. Todos os veraneios, volta e meia, gostava de reunir no alpendre de sua casa amigos e parentes para degustar seu maravilhoso “arroz doce”, feito com açúcar mascavo.
Como todo ser humano, também teve suas dores e decepções. A perda do meu pai foi um grande golpe em sua vida. Tempos depois perdia dois dos seus amados filhos. Ninguém deveria sepultar os filhos. A recíproca é verdadeira. O caminho natural é que os filhos sepultem seus pais. Quando a mão de Deus interfere nessa trajetória, a dor é incomensurável. Só alguém que a sentiu, pode avaliá-la. Rogo a Deus, para que nunca me aconteça tal infortúnio.
Nos últimos 10 anos estive muito presente na vida de minha mãe. Durante esse tempo, pelo menos cinco dias da semana, almoçávamos junto. Após as refeições, ficávamos a conversar. Ela gostava de lembrar a infância na casa-grande do engenho Bem Fica, dos meses de julho que, passava na fazenda Lagoa Nova, propriedade que meu avô possuía no município de Santo Antônio.
Adorava cantar e ouvir músicas. Tinha uma grande coleção de CDs e gostava de dormir ouvindo seus cantores preferidos, entre eles Roberto Carlos e o Trio Iraquitã. Declamava poesias aprendidas quando criança nos bancos do Grupo Escolar Moreira Brandão. Lembro que nos emocionava quando recitava, sem tropeços, a poesia que mais gostava: “Pássaro Cativo”.
“Arma-se em um galho de árvore um alçapão e em breve uma avezinha descuidada, batendo as azas cai na escravidão”. . .
Depois da isquemia ela foi ficando mais calada. Já não tinha a vivacidade de outrora. Sempre que terminávamos o almoço, pedia pra se deitar. Às vezes ficava calada durante toda a refeição. Eu sempre procurei entende-la e respeitar aquele momento, muito embora me doesse profundamente vê-la com o olhar perdido, mergulhada em seus pensamentos. Entretanto eu sabia que a minha simples presença ao seu lado, lhe trazia conforto e segurança. Ficávamos ali, sentados, em silêncio, até que ela pedisse pra se deitar.
Ultimamente, vez por outra, dizia que estava com muita saudade de papai e que tinha sido muito feliz no casamento. Lembrava dos parentes já falecidos e coisas dessa natureza. Outras vezes apenas dizia: “Meu filho, estou muito velha e cansada”! Parece que Deus, na sua divina sapiência, dota as pessoas, em momentos de suas vidas, de conformação. A idéia da morte já não as assusta. Inconscientemente ela sabia que já tinha cumprido aqui na terra, sua missão.
No último dia 8 de fevereiro ela partiu. Seu semblante era tranqüilo e refletia a paz dos justos. Não se observava em seu rosto nenhum traço de sofrimento. Dormia como tantas vezes a vi dormir em seu quarto, que há algum tempo tinha se transformado em seu refugio preferido. A exemplo de meu pai e meus dois irmão, foi contemplada com a partida sem sofrimento e hoje, está reunida em comunhão com todos os parentes e amigos, ao lado do Criador.
Obrigado mãe, pelo amor que nos dedicou, pela alegria que nos contagiou, pelo exemplo que nos deixou e por todos esses anos felizes que vivemos ao seu lado.
Pipa, fevereiro de 2010.
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
ACTA DIURNA
Amigo Ormuz, fiquei muito satisfeito com essa ACTA DIURNA. Imprimi.
Meu diploma pela Escola Técina de Comercio de Natal, foi no dia 08/12/1950.
Acompanhado do Professor Ulisses de Góis, a turma foi fazer uma visita a Dom Marcolino e convidá-lo para celebrar nossa missa. Fomos muito bem recebidos e ele perguntava nosso nome, e dizia sempre alguma coisa sobre a família de cada um.
Abraço, j. hélio
Natal RN
Meu diploma pela Escola Técina de Comercio de Natal, foi no dia 08/12/1950.
Acompanhado do Professor Ulisses de Góis, a turma foi fazer uma visita a Dom Marcolino e convidá-lo para celebrar nossa missa. Fomos muito bem recebidos e ele perguntava nosso nome, e dizia sempre alguma coisa sobre a família de cada um.
Abraço, j. hélio
Natal RN
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS
ORMUZ BARBALHO SIMONETTI (Presidente do Instituto Norte-Riograndense de Genealogia-INRG, membro do IHGRN e da UBE-RN)
www.ormuzsimonetti@yahoo.com.br
Pipa, os jogos de cartas (coisas daquele tempo).
Nas longas noites dos meses de janeiro, sempre estávamos descobrindo coisas para matar o tempo. Vez por outra organizávamos um jogo de cartas no alpendre da casa de alguém. Esses carteados eram bastante concorridos, pois o número de “perus” era bem maior que o de jogadores. Um dos jogos mais comuns entre nós eram o pif-paf e o poker, efêmeros, deixavam os que jogavam muito excitados. A peruada, sempre ficava de prontidão pra sacanear com os que perdiam. Os jogadores preocupavam-se por estar arriscando algum dinheiro e principalmente por temerem a gozação, caso alisasse - perder todo o dinheiro - o que sempre acontecia com alguém. No caso dos perus, durante as partidas ficavam de boca calada, sob pena de serem escorraçados do local ou até mesmo levar umas “bolachas” do perdedor inconformado.
O jogo dos adultos, que sempre acontecia na casa de tio Aguinaldo, também era muito movimentado. Este, por sua vez, tinha por característica, falar muito alto e ter razão em tudo. Aplicava a velha técnica conhecida por “ganhar no grito”. Quando Edinaldo, seu filho, estava presente à mesa, que tinha o mesmo temperamento e lições apreendidas com o pai, não havia a menor dúvida: o jogo terminaria em briga. A platéia se encarregava de atiçar. No outro dia, pazes feitas, começavam tudo novamente.
Participavam dessa mesa, o próprio tio Aguinaldo, Jaime Simonetti (Soberano), Georgenor Barbalho, João Primênio Simonetti, Dante Simonetti e muitos outros. Numa dessas noites também participou do jogo o Dr. Djalma Marinho. No Natal Clube que sempre freqüentava quando estava na terra, era tido como “doador de sangue” aquele que sempre perdia. Quando ganhava, o que era raro, gozava os adversários.
Tinha ido a Pipa a convite do meu pai, Arnaldo Simonetti, então sogro de seu filho Valério Marinho, passar um fim de semana na longínqua praia da Pipa naqueles anos 70 Nessa noite, a concorrência no “pano verde” era enorme. Todos queriam jogar com o visitante ilustre e o carteado estendeu-se madrugada adentro.
Do saudoso Djalma contam a seguinte história: Quando retornava para sua querida Natal nos intervalos de suas atividades em Brasília, onde exercia o mandato de deputado federal, gostava de uma partidinha de pif-paf no Natal Clube, ponto de encontro de políticos da época. Aproveito o ensejo para lembrar alguns dos seus amigos, freqüentadores assíduos daquela casa, que lá compareciam para jogar um carteado e também “traçar os destinos do nosso Estado”. O anfitrião era João Medeiros, proprietário do local. Freqüentavam também, Leonel Mesquita, o major Theodorico Bezerra, Luiz de Barros, Jesse Pinto Freire, João Aureliano (Coleguinha), Jarbas Bezerra, Roberto Freira, Sandoval Capistrano, Romildo Gurgel, Joca Melo e tantos outros. Além de se divertir no jogo, tinha a oportunidade de encontrar com amigos e correligionários.
Certa vez, num desses carteados que sempre rolava muito dinheiro, lá estava um costumado “peru”, do tipo extremamente nervoso. De pé, por trás da cadeira de Djalma, estava pondo a prova uma das principais características do velho parlamentar: a paciência. O jogo, embora entre amigos, era disputado sempre com gordas quantias em dinheiro. O “peru”, estrategicamente sentado por trás de sua cadeira, cada vez mais demonstrava toda sua inquietação e descontrole com o desenrolar das partidas, principalmente quando as apostas subiam e a mesa ficava repleta com fichas de alto valor. O experiente Djalma, querendo se livrar daquele incômodo encosto preparou-lhe uma surpresa.
Lá pelo meio de uma disputada partida, estava armado, ou seja, com dois jogos feitos e o terceiro faltando apenas uma carta para bater. Naquela ocasião, estava em jogo uma grande quantidade de dinheiro. As fichas se multiplicavam em cima da mesa e o “peru”, por conhecer o jogo de Djalma, suava em bicas. Quase perdendo o controle, com os olhos colados na mesa, aguardava a carta que dava a Dr. Djalma o direito a por a mão em toda aquela bolada. Nesse momento, o parceiro ao lado descarta justamente aquela que completaria seu jogo.
O silêncio era sepulcral! Ninguém ousava emitir nenhum ruído, pois outras pessoas que acompanhavam o jogo sabiam da situação privilegiada de Djalma. Então, aconteceu o que ninguém esperava. Com toda a calma que lhe era peculiar, não pega a carta que lhe daria a vitória naquela partida. Bem devagar, olhava por trás dos óculos para as cartas que tinha na mão e em seguida para o baralho, dando a impressão que não havia percebido a carta soltada pelo parceiro, o que provocava o “peru” que de respiração presa, esperando o grande desfecho. Em seguida vai ao baralho e, bem devagar, puxa uma carta que por sinal, não completou o par que tinha na mão.
Naquele momento regozija-se de toda aquela tormenta. Rejeitou ganhar a partida e todo aquele dinheiro, simplesmente para dar uma lição no inconveniente peru. Este por sua vez, não agüentou a pressão, caiu desmaiado. O chilique rendeu aos freqüentadores do Natal Clube, vários meses de total ausência daquele inconveniente peru. Depois do acontecido com toda calma explicou: perdi a parada mais me livrei do peru!
Houve época em que o jogo mais comum entre nós era o king. Esse jogo nos foi ensinado pelo saudoso João Primênio Simonetti, também mestre nas cartas e freqüentador do Natal Clube. Às vezes reunia os sobrinhos em sua casa para se divertir jogando o King ou mesmo um pif- paf.
Davi Simonetti ficou de tal maneira viciado nesse jogo que quando não arranjava parceiros, dispunha-se a fazer alguns agrados aos que concordassem em participar do jogo. Embora não fumasse, oferecia cigarros de graça para os que fumavam e até emprestava dinheiro aos que não tinham na ocasião, contanto que formasse uma mesa com os quatro participantes. Graças a Deus, esse “vício” ficou adormecido na Pipa daquela época.
Pipa, fevereiro de 2010.
www.ormuzsimonetti@yahoo.com.br
Pipa, os jogos de cartas (coisas daquele tempo).
Nas longas noites dos meses de janeiro, sempre estávamos descobrindo coisas para matar o tempo. Vez por outra organizávamos um jogo de cartas no alpendre da casa de alguém. Esses carteados eram bastante concorridos, pois o número de “perus” era bem maior que o de jogadores. Um dos jogos mais comuns entre nós eram o pif-paf e o poker, efêmeros, deixavam os que jogavam muito excitados. A peruada, sempre ficava de prontidão pra sacanear com os que perdiam. Os jogadores preocupavam-se por estar arriscando algum dinheiro e principalmente por temerem a gozação, caso alisasse - perder todo o dinheiro - o que sempre acontecia com alguém. No caso dos perus, durante as partidas ficavam de boca calada, sob pena de serem escorraçados do local ou até mesmo levar umas “bolachas” do perdedor inconformado.
O jogo dos adultos, que sempre acontecia na casa de tio Aguinaldo, também era muito movimentado. Este, por sua vez, tinha por característica, falar muito alto e ter razão em tudo. Aplicava a velha técnica conhecida por “ganhar no grito”. Quando Edinaldo, seu filho, estava presente à mesa, que tinha o mesmo temperamento e lições apreendidas com o pai, não havia a menor dúvida: o jogo terminaria em briga. A platéia se encarregava de atiçar. No outro dia, pazes feitas, começavam tudo novamente.
Participavam dessa mesa, o próprio tio Aguinaldo, Jaime Simonetti (Soberano), Georgenor Barbalho, João Primênio Simonetti, Dante Simonetti e muitos outros. Numa dessas noites também participou do jogo o Dr. Djalma Marinho. No Natal Clube que sempre freqüentava quando estava na terra, era tido como “doador de sangue” aquele que sempre perdia. Quando ganhava, o que era raro, gozava os adversários.
Tinha ido a Pipa a convite do meu pai, Arnaldo Simonetti, então sogro de seu filho Valério Marinho, passar um fim de semana na longínqua praia da Pipa naqueles anos 70 Nessa noite, a concorrência no “pano verde” era enorme. Todos queriam jogar com o visitante ilustre e o carteado estendeu-se madrugada adentro.
Do saudoso Djalma contam a seguinte história: Quando retornava para sua querida Natal nos intervalos de suas atividades em Brasília, onde exercia o mandato de deputado federal, gostava de uma partidinha de pif-paf no Natal Clube, ponto de encontro de políticos da época. Aproveito o ensejo para lembrar alguns dos seus amigos, freqüentadores assíduos daquela casa, que lá compareciam para jogar um carteado e também “traçar os destinos do nosso Estado”. O anfitrião era João Medeiros, proprietário do local. Freqüentavam também, Leonel Mesquita, o major Theodorico Bezerra, Luiz de Barros, Jesse Pinto Freire, João Aureliano (Coleguinha), Jarbas Bezerra, Roberto Freira, Sandoval Capistrano, Romildo Gurgel, Joca Melo e tantos outros. Além de se divertir no jogo, tinha a oportunidade de encontrar com amigos e correligionários.
Certa vez, num desses carteados que sempre rolava muito dinheiro, lá estava um costumado “peru”, do tipo extremamente nervoso. De pé, por trás da cadeira de Djalma, estava pondo a prova uma das principais características do velho parlamentar: a paciência. O jogo, embora entre amigos, era disputado sempre com gordas quantias em dinheiro. O “peru”, estrategicamente sentado por trás de sua cadeira, cada vez mais demonstrava toda sua inquietação e descontrole com o desenrolar das partidas, principalmente quando as apostas subiam e a mesa ficava repleta com fichas de alto valor. O experiente Djalma, querendo se livrar daquele incômodo encosto preparou-lhe uma surpresa.
Lá pelo meio de uma disputada partida, estava armado, ou seja, com dois jogos feitos e o terceiro faltando apenas uma carta para bater. Naquela ocasião, estava em jogo uma grande quantidade de dinheiro. As fichas se multiplicavam em cima da mesa e o “peru”, por conhecer o jogo de Djalma, suava em bicas. Quase perdendo o controle, com os olhos colados na mesa, aguardava a carta que dava a Dr. Djalma o direito a por a mão em toda aquela bolada. Nesse momento, o parceiro ao lado descarta justamente aquela que completaria seu jogo.
O silêncio era sepulcral! Ninguém ousava emitir nenhum ruído, pois outras pessoas que acompanhavam o jogo sabiam da situação privilegiada de Djalma. Então, aconteceu o que ninguém esperava. Com toda a calma que lhe era peculiar, não pega a carta que lhe daria a vitória naquela partida. Bem devagar, olhava por trás dos óculos para as cartas que tinha na mão e em seguida para o baralho, dando a impressão que não havia percebido a carta soltada pelo parceiro, o que provocava o “peru” que de respiração presa, esperando o grande desfecho. Em seguida vai ao baralho e, bem devagar, puxa uma carta que por sinal, não completou o par que tinha na mão.
Naquele momento regozija-se de toda aquela tormenta. Rejeitou ganhar a partida e todo aquele dinheiro, simplesmente para dar uma lição no inconveniente peru. Este por sua vez, não agüentou a pressão, caiu desmaiado. O chilique rendeu aos freqüentadores do Natal Clube, vários meses de total ausência daquele inconveniente peru. Depois do acontecido com toda calma explicou: perdi a parada mais me livrei do peru!
Houve época em que o jogo mais comum entre nós era o king. Esse jogo nos foi ensinado pelo saudoso João Primênio Simonetti, também mestre nas cartas e freqüentador do Natal Clube. Às vezes reunia os sobrinhos em sua casa para se divertir jogando o King ou mesmo um pif- paf.
Davi Simonetti ficou de tal maneira viciado nesse jogo que quando não arranjava parceiros, dispunha-se a fazer alguns agrados aos que concordassem em participar do jogo. Embora não fumasse, oferecia cigarros de graça para os que fumavam e até emprestava dinheiro aos que não tinham na ocasião, contanto que formasse uma mesa com os quatro participantes. Graças a Deus, esse “vício” ficou adormecido na Pipa daquela época.
Pipa, fevereiro de 2010.
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010
BIOGRAFIA DE BACHARÉIS NORTE-RIOGRANDENSES
Senhor Ormuz,
Tenho recebido com felicidade suas mensagens. E, mais ainda que passarei a conhecer as biografias de potiguares do bacharelado em Recife/OIinda.
Com certeza terá algum acariense entre os citados.
Leio com muito entusiasmo todas as Actas Diurnas e mensagens recebidas..
Muito Obrigado pela gentileza,
Sérgio Eniton
Acari - RN
Tenho recebido com felicidade suas mensagens. E, mais ainda que passarei a conhecer as biografias de potiguares do bacharelado em Recife/OIinda.
Com certeza terá algum acariense entre os citados.
Leio com muito entusiasmo todas as Actas Diurnas e mensagens recebidas..
Muito Obrigado pela gentileza,
Sérgio Eniton
Acari - RN
terça-feira, 9 de fevereiro de 2010
BIOGRAFIAS DE BACHARÉIS NORTE-RIOGRANDENSES
Caros amigos e leitores, a partir do mês de fevereiro, estaremos transcrevendo nesse blog, algumas biografias de bacharéis norte-riograndense formados em Recife/Olinda entre 1832 e 1932.
As biografias são transcritas do livro “Bacharéis de Recife e Olinda” de Raimundo Nonato.
Algumas informações sobre a Faculdade de Direito do Recife.
Lúcia Gaspar
Por Carta de Lei do Imperador Pedro I foram criados em 11 de agosto de 1827, simultaneamente, dois cursos de ciências jurídicas e sociais, um na cidade de São Paulo outro na de Olinda.
Conhecidos como Cursos Jurídicos, o de Olinda foi a origem da Faculdade de Direito do Recife, instalado no dia 15 de maio de 1828, no mosteiro de São Bento, passando a funcionar em dependências cedidas pelos monges beneditinos.
Na inauguração do Curso foi realizada uma grande solenidade, com a presença de autoridades civis e eclesiásticas, salvas de artilharia e a celebração de um Te-Deum em ação de graças, sendo a cidade iluminada durante três dias.
As aulas foram iniciadas no dia 2 de junho do mesmo ano, com 41 alunos oriundos de vários estados brasileiros e de outros países como Angola e Portugal, matriculados após terem sido aprovados nos exames preparatórios. A primeira turma de bacharéis em ciências jurídicas formou-se em 1832.
Em 1852, o Curso foi transferido do mosteiro de São Bento para o palácio dos antigos governadores, prédio reformado situado no alto da Ladeira do Varadouro, em Olinda, que ficou conhecido pelo nome de Academia.
Em 1854, a Academia transferiu-se para a rua do Hospício, no Recife, ocupando um velho casarão pouco adequado para as suas funções e por isso apelidado de Pardieiro.
Em 1912, mudou-se para o prédio onde funciona até hoje, na Praça Dr. Adolfo Cirne, no Recife, depois de concluídas as obras Governo da República.
O prédio construído por José de Almeida Pernambuco, ocupa uma área de 3.600 metros quadrados, no centro de uma área ajardinada e seu projeto arquitetônico, eclético, com predominância do estilo neo-clássico é de autoria do arquiteto francês Gustave Varin.
A Faculdade de Direito do Recife desde os seus primeiros anos de existência atuava não apenas como um centro de formação de bacharéis, mas, principalmente, como escola de Filosofia, Ciências e Letras, tornando-se célebre pelas discussões e polêmicas que empolgavam a sociedade da época.
A instituição viveu tempos gloriosos sob a influência de Tobias Barreto, Joaquim Nabuco e Castro Alves.
Foi na Faculdade de Direito do Recife onde nasceu e floresceu o movimento intelectual poético, crítico, filosófico, sociológico, folclórico e jurídico conhecido como a Escola do Recife, nos anos de 1860 e 1880 e cujo líder era o sergipano Tobias Barreto de Meneses. Outras figuras importantes do movimento foram Sílvio Romero, Artur Orlando, Clovis Bevilaqua, Capistrano de Abreu, Graça Aranha, Martins Júnior, Faelante da Câmara, Urbano Santos, Abelardo Lobo, Vitoriano Palhares, José Higino, Araripe Júnior, Gumercindo Bessa.
Possui uma grande biblioteca com mais de 100.000 volumes, muitos deles raros e preciosos, nas áreas de direito, filosofia, história e literatura, tendo sob sua guarda, inclusive, a biblioteca que pertenceu a Tobias Barreto. Publica, desde 1891, sua Revista Acadêmica.
Em 1922, como parte das comemorações do centenário da independência nacional houve sessão solene no salão nobre e foram plantadas quatro árvores no parque ao redor do prédio: dois visgueiros e duas palmeiras, as quais foram dados os nomes de Epitácio Pessoa, presidente da República, lembrado pelos relevantes serviços prestados à região Nordeste do país; Otávio Tavares, professor da Faculdade e prefeito da cidade do Recife; Neto Campelo, diretor e professor e Samuel Hardmann, doador das árvores plantadas.
Em 1924, o eminente pernambucano Manuel de Oliveira Lima foi eleito professor honorário da Faculdade.
Muitos dos seus professores tornaram-se famosos pela oratória, conhecimentos jurídicos e cultura geral.
Nilo Pereira, um dos muitos intelectuais que se formou na instituição, no seu livro Pernambucanidade (Recife, 1983, v.1, p.252) diz:
A Faculdade é germinal. Que se irradiou por todo o Nordeste. E que esteve e está presente nas Universidades Regionais que se criaram. Formou os bacharéis saídos dos Recife ... que ergueram, sobre os alicerces do humanismo jurídico, as Faculdades de Direito dos Estados vizinhos. Para ela vinham as gerações ansiosas de saber, futuros magistrados, advogados, juristas, jornalistas, diplomatas, estadistas, parlamentares, ministros de Estado, conselheiros do Império, escritores, poetas, tribunos, políticos [...]
A Faculdade de Direito do Recife hoje pertence à Universidade Federal de Pernambuco.
As biografias são transcritas do livro “Bacharéis de Recife e Olinda” de Raimundo Nonato.
Algumas informações sobre a Faculdade de Direito do Recife.
Lúcia Gaspar
Por Carta de Lei do Imperador Pedro I foram criados em 11 de agosto de 1827, simultaneamente, dois cursos de ciências jurídicas e sociais, um na cidade de São Paulo outro na de Olinda.
Conhecidos como Cursos Jurídicos, o de Olinda foi a origem da Faculdade de Direito do Recife, instalado no dia 15 de maio de 1828, no mosteiro de São Bento, passando a funcionar em dependências cedidas pelos monges beneditinos.
Na inauguração do Curso foi realizada uma grande solenidade, com a presença de autoridades civis e eclesiásticas, salvas de artilharia e a celebração de um Te-Deum em ação de graças, sendo a cidade iluminada durante três dias.
As aulas foram iniciadas no dia 2 de junho do mesmo ano, com 41 alunos oriundos de vários estados brasileiros e de outros países como Angola e Portugal, matriculados após terem sido aprovados nos exames preparatórios. A primeira turma de bacharéis em ciências jurídicas formou-se em 1832.
Em 1852, o Curso foi transferido do mosteiro de São Bento para o palácio dos antigos governadores, prédio reformado situado no alto da Ladeira do Varadouro, em Olinda, que ficou conhecido pelo nome de Academia.
Em 1854, a Academia transferiu-se para a rua do Hospício, no Recife, ocupando um velho casarão pouco adequado para as suas funções e por isso apelidado de Pardieiro.
Em 1912, mudou-se para o prédio onde funciona até hoje, na Praça Dr. Adolfo Cirne, no Recife, depois de concluídas as obras Governo da República.
O prédio construído por José de Almeida Pernambuco, ocupa uma área de 3.600 metros quadrados, no centro de uma área ajardinada e seu projeto arquitetônico, eclético, com predominância do estilo neo-clássico é de autoria do arquiteto francês Gustave Varin.
A Faculdade de Direito do Recife desde os seus primeiros anos de existência atuava não apenas como um centro de formação de bacharéis, mas, principalmente, como escola de Filosofia, Ciências e Letras, tornando-se célebre pelas discussões e polêmicas que empolgavam a sociedade da época.
A instituição viveu tempos gloriosos sob a influência de Tobias Barreto, Joaquim Nabuco e Castro Alves.
Foi na Faculdade de Direito do Recife onde nasceu e floresceu o movimento intelectual poético, crítico, filosófico, sociológico, folclórico e jurídico conhecido como a Escola do Recife, nos anos de 1860 e 1880 e cujo líder era o sergipano Tobias Barreto de Meneses. Outras figuras importantes do movimento foram Sílvio Romero, Artur Orlando, Clovis Bevilaqua, Capistrano de Abreu, Graça Aranha, Martins Júnior, Faelante da Câmara, Urbano Santos, Abelardo Lobo, Vitoriano Palhares, José Higino, Araripe Júnior, Gumercindo Bessa.
Possui uma grande biblioteca com mais de 100.000 volumes, muitos deles raros e preciosos, nas áreas de direito, filosofia, história e literatura, tendo sob sua guarda, inclusive, a biblioteca que pertenceu a Tobias Barreto. Publica, desde 1891, sua Revista Acadêmica.
Em 1922, como parte das comemorações do centenário da independência nacional houve sessão solene no salão nobre e foram plantadas quatro árvores no parque ao redor do prédio: dois visgueiros e duas palmeiras, as quais foram dados os nomes de Epitácio Pessoa, presidente da República, lembrado pelos relevantes serviços prestados à região Nordeste do país; Otávio Tavares, professor da Faculdade e prefeito da cidade do Recife; Neto Campelo, diretor e professor e Samuel Hardmann, doador das árvores plantadas.
Em 1924, o eminente pernambucano Manuel de Oliveira Lima foi eleito professor honorário da Faculdade.
Muitos dos seus professores tornaram-se famosos pela oratória, conhecimentos jurídicos e cultura geral.
Nilo Pereira, um dos muitos intelectuais que se formou na instituição, no seu livro Pernambucanidade (Recife, 1983, v.1, p.252) diz:
A Faculdade é germinal. Que se irradiou por todo o Nordeste. E que esteve e está presente nas Universidades Regionais que se criaram. Formou os bacharéis saídos dos Recife ... que ergueram, sobre os alicerces do humanismo jurídico, as Faculdades de Direito dos Estados vizinhos. Para ela vinham as gerações ansiosas de saber, futuros magistrados, advogados, juristas, jornalistas, diplomatas, estadistas, parlamentares, ministros de Estado, conselheiros do Império, escritores, poetas, tribunos, políticos [...]
A Faculdade de Direito do Recife hoje pertence à Universidade Federal de Pernambuco.
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
ACTA DIURNA
Ormuz
Mando para alguns pessoas cada Acta Diurna que aparece.Faz um sucesso,
porque muitos não tinham conhecimento delas. É conhecimento, é
história, além da facilidade com que Cascudo escreve.Impressiona.
Um abraço
Felipe Trindade
Natal-RN
Mando para alguns pessoas cada Acta Diurna que aparece.Faz um sucesso,
porque muitos não tinham conhecimento delas. É conhecimento, é
história, além da facilidade com que Cascudo escreve.Impressiona.
Um abraço
Felipe Trindade
Natal-RN
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS
Caro primo Ormuz, sua mais recente crônica me fez tirar do fundo do baú a lembrança do tio Joquinha. Parece que estou vendo sua figura sui generis. Vi-o poucas vêzes, mas sua lembrança ficou tão viva no meu espírito... Com certeza foi um ser incomum. Abraços da prima,
Maria do Carmo Simonetti.
Jaraguar do Sul - SC
Maria do Carmo Simonetti.
Jaraguar do Sul - SC
A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS
Caro Ormuz, bela crônica sobre a Pipa do seu tio João Benjamin Simonetti. Você tem realizado um belo trabalho em prol da memória daquela região.
Roberto Patriota
Natal RN
Roberto Patriota
Natal RN
A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS
Ormuz, seus escritos me levaram de volta a uma época onde não existia IBAMA e a vida era muito mais simples. Hoje se caçar um tatu vai para a cadeia por crime inafiançável. Alguns aspectos de seu relato me remetem a minha infância, bebendo garapa nos ``paróis``, comendo rapadura quente e tomando banho de açude.
Abraços.
Antônio Gouveia
Natal RN
Abraços.
Antônio Gouveia
Natal RN
A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS
Caro Ormuz:
Tenho acompanhado com muito interesse as suas cônicas. Sua fidelidade à Pipa, aos seus nativos e saudosos veranistas, tem rendido para nós leitores, verdadeiras pérolas. Enquanto a grande mídia nos invade com abalos sísmicos, enchentes, violência e escândalos políticos, você, com equilíbrio e sensatez, nos possibilita um olhar sobre as coisas simples do dia a dia, nos devolvendo a paz e o humor. Aquela pedra no meio do caminho das pessoas, vira ouro em suas mãos. Como não sentir na pele, por exemplo, o dilema do seu tio-avô? Joquinha, gordo e de baixa estatura, com dificuldade intestinal em plena caçada, e sem direito a uma calçada alta para voltar ao lombo da sua mula surda... Genial.
Parabéns, amigo!
Carlos Sizenando Rossiter Pinheiro.
Natal-RN
Tenho acompanhado com muito interesse as suas cônicas. Sua fidelidade à Pipa, aos seus nativos e saudosos veranistas, tem rendido para nós leitores, verdadeiras pérolas. Enquanto a grande mídia nos invade com abalos sísmicos, enchentes, violência e escândalos políticos, você, com equilíbrio e sensatez, nos possibilita um olhar sobre as coisas simples do dia a dia, nos devolvendo a paz e o humor. Aquela pedra no meio do caminho das pessoas, vira ouro em suas mãos. Como não sentir na pele, por exemplo, o dilema do seu tio-avô? Joquinha, gordo e de baixa estatura, com dificuldade intestinal em plena caçada, e sem direito a uma calçada alta para voltar ao lombo da sua mula surda... Genial.
Parabéns, amigo!
Carlos Sizenando Rossiter Pinheiro.
Natal-RN