quinta-feira, 16 de outubro de 2014
quinta-feira, 25 de setembro de 2014
sexta-feira, 19 de setembro de 2014
A IGREJA DE JESUS CRISTO DOS SANTOS DOS ÚLTIMOS DIAS - (IGREJA DOS MORMÓNS)
O INSTITUTO NORTE-RIOGRANDENSE DE GENEALOGIA E O INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RN ESTARÃO PRESENTE A FEIRA.
PROGAMA
quinta-feira, 7 de agosto de 2014
OS PÁSSAROS VOLTARAM
Na minha infância, na cidade de Natal, recordo que gostava de admirar, nas
manhãs ensolaradas, uma grande diversidade de pássaros que cantavam nos pés de
ficus benjamina que adornavam e arborizavam a Av. Deodoro da Fonseca, onde residia
com minha família na casa de número 622. Cantavam e nidificavam naquelas
árvores, entretanto, eram bem mais “ariscos” dos que os de hoje. Naquela época,
os garotos se divertiam puxando “carrinhos” feitos com latas de leite vazias que
eram cheias com areia, ou com carros feitos de madeira que eram confeccionados
por nós mesmos. A madeira era obtida no antigo Armazém Natal que ficava na esquina
da Av. Rio Branco com a Rua Ulisses Caldas. Esse tipo de trabalho de fazer os
próprios brinquedos ajudava a desenvolver a criatividade e a habilidade com as
primeiras ferramentas, além do apego e amor aquele brinquedo. Os carros ou
caminhões mais sofisticados tinham as rodas cobertas com tiras de borracha e os
feixes de molas eram feitos com aspas de ferro, muito utilizadas na época, nas embalagens
que chegavam ao comércio. Recordo de Alzir, um garoto mais velho que nós, morador
da Rua Coronel Cascudo, que se tornara exímio artesão, confeccionando belos
jeeps e caminhões de duas “boleias”. Também brincávamos de bolinhas do gude (bolinha
à vera!); com rodas de ferro, que eram empurradas e equilibradas com um arame de
ponta envergada etc., porém, o brinquedo mais utilizado eram as temidas
baladeiras.
Estilingue ou
baladeira compunha-se de um gancho de madeira em forma de Y que eram retirados
de árvores como o fícus Benjamina e das goiabeiras, considerados os melhores.
Nas extremidades superiores amarravam-se duas tiras de borracha com média de 20
cm de comprimento por 1,5 cm de largura, retiradas de velhas câmaras de ar ou
compradas no antigo mercado municipal na Av. Rio Branco, onde hoje funciona o
Banco do Brasil. Na outra extremidade as tiras eram presas a um pedaço de couro
ou sola, que conseguíamos com um antigo sapateiro que tinha sua oficina na Rua
Princesa Isabel. A baladeira era um
brinquedo possuído e desejado pela maioria dos garotos daquela época. Tinha
lugar de destaque nas perigosas guerras que fazíamos contra meninos de outras
ruas. Por exemplo: Av. Deodoro versus Rua Felipe Camarão. Av. Deodoro contra a
Travessa Camboim, do temido “Canteiro”, famoso personagem que metia medo nos
garotos da época, por ser muito brigão, e diziam que sempre andava armado com
um canivete.
Nesses combates utilizávamos seixos
(pedra rolada) que considerávamos “munição real”. Quando a disputa era apenas
diversão entre meninos da Av. Deodoro, utilizávamos apenas munição de “festim”
que era os frutos ainda verdes da mamona – carrapateira -, muito abundantes nos
terrenos baldios e que nunca machucavam, pois só podiam ser atiradas a
distâncias consideradas seguras. Mas, aqui confesso envergonhado “mea culpa”,
pois, também a utilizei em diversas ocasiões, contra as indefesas aves, pois, o
único pecado que elas cometiam era cantar. E ao fazê-lo, eram facilmente localizadas
entre as folhagens das árvores e abatidas com as certeiras pedras que atirávamos
pelo simples fato de testar a pontaria, nas inconsequentes brincadeiras de
criança.
Naquela época as residências
costumavam ter em seus quintais, além dos galinheiros onde as “penosas” eram
cevadas para os dias de festa, daquela visita inesperada ou ainda durante os 30
dias de resguardo das mulheres parideiras, muitas árvores frutíferas. Pitombeiras,
abacateiros, sapotizeiros, mangueiras, mamoeiros, goiabeiras, só para citar as
mais comuns. Devido à grande quantidade dessas árvores, esses quintais eram
freqüentados por pássaros que, na amanhecência do dia, nos despertava com seus
gorjeios melodiosos.
Na década de 70, por volta dos anos
de 1973/74, nossa fauna local sofreria uma grande mudança. Nessas mesmas
árvores já podiam ser vistos os famigerados pardais. Inicialmente em casais, e
pouco tempo depois em enormes bandos. Fui apresentado a esses pequenos predadores,
quando ainda morava no Rio de Janeiro, onde iniciei minha vida profissional, no
Banco do Brasil.
A chegada desses pássaros em nossa
cidade, a exemplo do que aconteceu em outras cidades do nosso país, constituiu-se
num verdadeiro desastre para nossa fauna alada de pequeno porte. Infelizmente,
na época, ainda não havia esse apelo ecológico em defesa da natureza, sua fauna
e flora. Porém, tenho minhas dúvidas que se o fato tivesse ocorrido em nossos
dias, algo fosse feito para evitar o desastre diante de todas as agressões sofridas
pela natureza, que diariamente presenciamos por esse Brasil a fora.
Predadores destemidos, obstinados,
oportunista e territorialistas, os pardais não demoraram a expulsar de nossas
árvores, a grande maioria dos pássaros de seu porte, e até mesmo os de porte
mais avantajado, como os anuns.
Esse predador da espécime (Passer domesticus) que tem origem
européia foi trazido para o Brasil no
início do século XX, e teve como porta de entrada a cidade do Rio de Janeiro. A
sua introdução tinha como objetivo de reduzir a proliferação de moscas e
mosquitos que infestavam a cidade. Apesar de também serem predadores de
insetos, a base de sua alimentação se constitui de grãos, o que resultou na
pouca eficiência no controle da população desses invertebrados. Essa decisão
precipitada e irresponsável que introduziu em nosso território, uma espécie
endêmica do continente europeu, sem as devidas avaliações do impacto que
causaria, constituiu-se num verdadeiro desastre para nossa fauna.
Na luta por territórios, os pardais utilizam
várias técnicas para expulsar seus concorrentes. Uma delas se constitui no
ataque em bandos, deixando suas vítimas em desvantagem numérica e obrigando-os,
consequentemente, a fuga. Praticam, também, a invasão de ninhos e destruição dos
ovos não eclodidos ou simplesmente a matança dos filhotes recém-nascidos. Como
os pardais são aves com hábitos urbanos, e convive bem com a presença do homem,
é bem possível que nossos pássaros, que não pereceram diante dos invasores, tenham
encontrado refúgio seguro nas matas que cobrem as dunas que circundam parte de
nossa cidade.
Entretanto, como a natureza é sábia e
quase sempre resolve os problemas causados pela bestialidade dos homens, ao
longo dos anos nossos pássaros foram se adaptando a presença do invasor e aprendendo
a se defender com maior eficiência, e assim conseguiram conviver com os
invasores.
Há algum tempo, todas as manhãs,
caminho com um grupo de amigos pela Av. Rodrigues Alves. Sinto-me feliz em observar
que há alguns anos os pássaros estão voltando para nossas árvores. Ao contrário
da década de 70, é bem inferior o número de pardais encontrados. Durante as
caminhadas vemos muitas rolinhas andarem em nossa frente à cata de pedrinhas e
migalhas, sem temer os transeuntes. Ficaram tão mansinhas que às vezes precisamos
desviar o caminho para não pisá-las. Em frente à capela de São Judas Tadeu, no
final da Av. Rodrigues Alves, as inúmeras rolinhas empoleiradas nos fios da
rede elétrica, lembram as linhas de uma partitura musical com todas as notas de
um brasileiríssimo chorinho, quem sabe, o Tico-Tico no Fubá.
Os Bem-ti-vis, sanhaços, anuns,
sibites, rouxinóis, colibris e até os bico-de-lacre, este último endêmico do
continente africano, mas que não tem causado nenhum dano a nossa delicada fauna
alada, desfilam por entre as árvores de nossa cidade cantando animadamente,
para o deleite dos que cedo madrugam.
A mansidão e a excelente proliferação dessas
aves devem-se, principalmente, a consciência ecológica despertada “ainda que
tardia”, e atualmente muito valorizada. Infelizmente em nome dessa bandeira, alguns
fanáticos têm cometidos excessos o que terminam por prejudicar toda a comunidade.
Mas essa mesma tranqüilidade, também se deve ao desaparecimento dos tais meninos
munidos com suas terríveis baladeiras.
Um dia resolvi trazer um pedacinho dessa
natureza livre, pra dentro da minha morada. Comprei um alimentador de
beija-flor, enchi-o com uma mistura de água com açúcar, coloquei na sacada do
meu apartamento, e pacientemente esperei. Ao fim do quinto dia tive a alegria
de receber o primeiro visitante. Era um beija-flor de cor negra, chamado
popularmente de tesourão, pois, tem suas penas da calda em forma de tesoura
aberta. A partir desse dia, a todo instante, recebo a visita de várias
espécimes, de tamanho e plumagens variadas. É uma delícia para os olhos e a
mente. Depois de algum tempo de observação, já posso identificar cada um dos
visitantes e até mesmo nominá-los.
Hoje, sempre que entro em casa logo me sento
na varanda para observa esses pequenos seres que, além de desempenhar
importante papel na polinização das plantas, se constitui numa das mais belas
criação da natureza.
sábado, 14 de junho de 2014
VISITA DA GOVERNADORA ROSALBA CIARLINI AO PRÉDIO DO I.H.G.R.N.
Presidente do IHGRN Valério Mesquita, Dione Caldas Diretora do Teatro Alberto Maranhão, Governadora Rosalba Ciarlini, Vice-Presidente do IHGRN Ormuz Simonetti, tesoureiro George Câmara, Secretária Extraordinária de Cultura Isaura Rosado, Presidente do Academia Norte Riograndense de Letras Diógenes da Cunha Lima e Iapery Araújo, presidente do Conselho de Cultura.
O vice-presidente e responsável pelas obras de reforma no IHGRN, Ormuz Simonetti, faz um pequeno relato à Governadora sobre o andamento do serviços no Salão Nobre, recuperação de janelas e pintura do prédio.
Ocasião em que a Governadora recebe das mãos de Ormuz Simonetti o livro de sua autoria A PRAIA DA PIPA DO TEMPO DOS MEUS AVÓS, que se prepara para a segunda edição.
domingo, 18 de maio de 2014
VERGONHA – PARA NÃO CAIR NO ESQUECIMENTO
Foi com
muita tristeza que, pela segunda vez, nesses últimos três meses, visitei as
ruínas do que foi, há bem pouco tempo, o Museu Nilo Pereira em Ceará-Mirim RN.
No último mês de maio, lá estive no finalzinho de tarde quando voltava de minha
chácara, que fica no vizinho município de Maxaranguape. Naquela ocasião fui
atraído pela beleza da lua cheia que surgia por trás do casarão do antigo
Engenho Guaporé. Construído em meados do Século XIX, mais precisamente em 1850,
em estilo neoclássico, o casarão foi residência do segundo vice-presidente da
província do Rio Grande do Norte, Vicente Ignácio Pereira, genro do Barão de
Ceará-Mirim.
Fazia
algum tempo que não percorria aquela estradinha que lava ao casarão. Costumava
visitá-lo nos anos 80 e 90, quando trabalhava no Banco do Brasil e fazia
fiscalização nas propriedades rurais da região.
Infelizmente
a situação em que se encontrava o Museu, era pior do que eu havia imaginado. A
guarita que fica na entrada, estava em ruínas.
Suas portas e janelas foram arrancadas, e parte o telhado já havia
caído. A estrada, calçada com blocos de cimento, que dá acesso ao Solar, estava
totalmente coberta pelo mato, assim como o estacionamento.
Aproximei-me
da porta, mas não tive coragem de entrar, pois como disse, já estava escuro e
as casas de marimbondos caboclos, pendiam das portas e janelas em posição
ameaçadora. Eram eles, junto com morcegos os guardiões daquele patrimônio. Na
entrada principal, impávido, lá estava um grande sapo cururu, bem postado na
soleira, como se fosse o mordomo a espera do visitante.
Esperava, talvez, alguma
mariposa descuidada que por ali passasse em busca dos canaviais, que lhe
complementaria sua refeição diária. Fiz algumas fotografias e prossegui viagem.
Hoje,
como retornei da chácara mais cedo e estava acompanhado por alguns amigos,
resolvi percorrer novamente aquele caminho coberto de mato, que leva ao Museu,
com a intenção de mostrar aos amigos que me acompanhavam a situação de abandono
que se encontrava aquele patrimônio de inestimável valor histórico. Novamente me senti desconfortável diante daquelas
ruínas, principalmente por ele ser parte da história da cidade de Ceará-Mirim,
cidade que aprendi a amar e respeitar desde que lá cheguei no início dos anos
80, para inaugurar a Agência do Banco do Brasil. Fiz e faço parte dessa cidade
onde trabalhei durante 23 longos anos e conquistei grandes amigos.
Diante
daquele quadro desolador, não pudemos deixar de nos perguntar: onde estão os
Órgãos Públicos encarregados de manter e conservar aquele patrimônio? Por que
deixaram a situação chegar até esse ponto?
Que foi feito do mobiliário antigo que lá existia? Onde estão as várias
peças, confeccionadas em jacarandá, e o belo piano de cauda que adornava a sala
principal? É bem provável que hoje faça parte da mobília da casa de algum
esperto, do tipo que considera o patrimônio público, como privado.
Adentramos
ao casarão e pudemos constatar o que já imaginávamos quando chagamos próximos a
entrada principal. Um verdadeiro espetáculo de destruição. Para todos os lados
que olhávamos e por todos os cômodos que passávamos a visão era a mesma.
Cheguei ao pé da bela escada de madeira que lava ao sótão e resolvi subir.
Temeroso pela minha segurança, pois não sabia o estado que ela se encontrava,
prossegui degrau por degrau até chegar lá em cima. A todo tempo me desviando de
morcegos e marimbondos, consegui chegar são e salvo até a parte mais alta do
velho casarão.
O
sótão, composto por vários cubículos, é beneficiado por uma boa ventilação. Uns
compartimentos com mais altura e outros, acompanhando o telhado, terminam em
locais tão baixos que não permitem uma pessoa ficar em pé. No centro, onde fica
a parte mais alta, uma janela para o nascente e outra para o poente, compõem
sua arquitetura. Daquele local a visão é deslumbrante. Para o nascente se
descortina o verde vale com seus canaviais ondulados ao sabor do vento. Para o
poente vemos alguns coqueiros centenários e por trás deles o verde escuro da
mata, que esconde aos pouco o crepúsculo que chega com o final da tarde, também
constitui uma visão maravilhosa.
Ainda
foi possível observar que a última seção do corrimão da escada, que também
servia de parapeito, havia desaparecido.
O piso ainda apresenta bom estado, em virtude de ter sido feito com
madeira de lei. Entretanto, não pude deixar de notar que algumas tábuas estavam
soltas, como se alguém as tivesse “preparado” para lavá-las em outra
oportunidade. Talvez a mesma pessoa que se apropriou indevidamente do corrimão
da escada.
Quando
já me preparava para descer, fui surpreendido com uma visão inusitada. Num
canto do corredor, que separa as duas extremidades da casa, quase despercebido,
lá estava imóvel e bem acomodado, o velho cururu. Não sei como o batráquio
conseguiu chegar até aquele local, pois para isso, teve que vencer três lances
de uma escada íngreme e de degraus muito estreitos.
Mas, o
importante é que ele conseguiu, pelo simples fato de ter tentado. E nós porque
não tomamos o exemplo daquele velho morador do museu e também tentamos fazer
algo para salvar aquele monumento enquanto as paredes ainda resistem ao abandono,
ao descaso das autoridades e ao ataque dos vândalos?
Por que
não tentamos conseguir um pouquinho do nosso suado dinheiro, que principalmente
nessa época, é usado na compra de votos e consciências desse nosso povo sofrido
e culturalmente ignorante, para recuperar uma parte da nossa memória? É
justamente MEMÓRIA o que mais nos falta. Está literalmente em nossas mãos a
oportunidade de mudar, escolhendo administradores comprometidos com a melhoria
da Nação, principalmente no que se refere à educação. Um povo sem educação é
presa fácil e sempre será refém de políticos espertalhões.
Natal,
13 de agosto de 2010.
domingo, 11 de maio de 2014
UMA LINDA MULHER - CIRENE BARBALHO SIMONETTI – HOMENAGEM AO DIA DAS MÃES
Dona Cirene Barbalho Simonetti era a mais
antiga e assídua veranistas da Praia da Pipa. Contava apenas três anos de idade
quando chegou nesta praia pela primeira vez, em companhia de seus pais no distante
ano 1926. Não podendo continuar com os veraneios na praia de Tibau do Sul, em
virtude da cheia de 1924, meus avós escolheram a praia da Pipa, poucos
quilômetros ao Sul, como substituta. Desde então, retornou religiosamente, todo
meses de janeiro, pelos últimos 83 anos.
Tinha por essa praia um amor
incondicional. Seu último veraneio foi em janeiro de 2009, quando sofreu uma
isquemia e precisei socorrê-la às pressas pra Natal. Foi a mais longa viagem da
minha vida, dado as dificuldades que enfrentei durante todo o percurso. Depois
desse incidente, nunca mais retornou à praia que tanto amava.
Nasceu no dia 19 de abril de 1923 na
cidade de Goianinha-RN. Passou sua infância entre o verdor dos canaviais que
ondeavam o vale do engenho “Bem Fica” e a cidade onde nascera. Como toda
criança nascida nos antigos engenhos de cana-de-açúcar, passava boa parte do
dia brincando com os irmãos entre a bagaceira, a casa das moendas, e as formas de açúcar dispostas na “casa de purgar”.
Quando criança, por várias vezes viajou
dentro de caçuá em lombo de animal, do engenho “Bem Fica” até a praia da Pipa,
onde passava com a família, os meses de janeiro. Fazia dupla com seu irmão
Antônio (Tio Tonho) que adorava dizer que era como irmãos gêmeos. Sendo
praticamente da mesma idade, com apenas um ano de diferença, partilhavam alguns
pertences. Um par de alpargatas servia para os dois. Quando um ia à cidade, o
outro, resignado, ficava em casa.
Na adolescência, já demonstrava uma grande
habilidade quando cavalgava do engenho à Goianinha, distante poucos
quilômetros. Nos períodos de férias da Escola Doméstica, onde estudou por
vários anos, retornava ao engenho e livre da rigidez disciplinar, entregava-se
de corpo e alma as mesmas brincadeiras de menina de engenho. Gostava de “pegar parelha”
com os irmãos em desabaladas corridas no pátio, em frente à casa-grande, onde
se lia no alto em letras graúdas “Vila Elvira”, em homenagem à minha avó,
Elvira Macionila Barbalho. Nesta brincadeira, ela quase sempre saia vencedora o
que era motivo de zombaria aos que perdiam.
Na época, em que as viagens para a Pipa
eram feitas a cavalo, mamãe ganhara de meu avô Odilon Barbalho, um cavalo e lhe
deu o nome de “trinta e um”. Montada em cilhão desafiava os irmãos ou primos
para disputar corridas ao longo de toda a viagem.
Nas longas conversas que tivemos sempre
recordava saudosa, momentos felizes de sua infância. Contava que gostava de
procurar ninhos de pássaros nos arvoredos próximos a casa grande, tomar banho
nas tapagens – barragens feitas nas levadas para aguar os partidos de
canas-de-açucar -, ou simplesmente de contemplar o céu em dias ensolarados,
tentando adivinhar figuras que se formavam nas nuvens de algodão. À noite,
procurava no céu escuro, estrelas cadentes para a elas fazer pedidos ou lhe
contar seus segredos de criança.
Falava do quintal da casa grande cheio de
mangueiras, goiabeiras, araçazeiros, laranjeiras e uma jabuticabeiras que
freqüentemente subia para se esconder dos irmãos, ou quando queria simplesmente
ficar sozinha. Lá mais pro fim do quintal, perto do rio, torceiras de cana
Caiana e Flor de Cuba, onde gostava de chupar seus roletes molinhos e doces.
Ao lado da casa, um grande pé de cajá-manga onde todas as manhãs,
reuniam-se sanhaços, xexéus, galos de campinas, canários da terra e tantos
outros pássaros que gorjeavam, saudando o milagre do amanhecer de mais um
dia.
Dizia que ainda podia sentir o cheiro doce
do caldo da cana, cozinhando nos grandes tachos de bronze para fazer o açúcar
mascavo. Logo as lembranças lhe chegavam com tamanha intensidade que, por
diversas vezes, pude observar em seu semblante, que em devaneios, revivia
aqueles momentos, ao tempo em que os pensamentos voavam para o velho engenho.
Falava do rangido das moendas amassando a cana, o caldo escuro escorrendo para
os tanques de armazenamento, o bagaço sendo transportado pelos animais que
arrastando um couro de boi, levavam para o pátio o que sobrava das moendas.
Quantas vezes, em brincadeiras com outras crianças, subia naquele couro junto
com o monte de bagaço para ser levada também até o pátio. Recordava o feitor
que aos berros, dirigia homens e animais, naquele frenético vai e vem de
burros, cambiteiros e puxadores de bagaço. Lembrava do mestre de açúcar e
descrevia seus movimentos precisos, transportando de um tacho pra outro, o
caldo quente que cada vez mais apurado, ia se transformando em açúcar. O cheiro
doce do “mel de furo”, escorrendo das formas de açúcar, que descansavam na
“casa de purgar”.
Quando criança chegou a morar um tempo na
casa do meu pai, e seu cunhado, Arnaldo Barbalho Simonetti, na cidade de
Macaíba, recém casado com sua irmã mais velha, Inaldy Barbalho. Com apenas 11
anos de idade, foi ajudar a irmã que descansara de seu primeiro e único filho
Dante Simonetti. Quis o destino que tempos depois, com a morte prematura da
irmã, viesse a se casar com ele, que também era seu primo legítimo.
No início de seu casamento, morou em São
José de Mipibu, onde nasceram três de seus filhos, inclusive eu. Os outros dois
nasceram em Natal. Gostava de recordar o tempo das campanhas políticas, quando
em 1947 meu pai elegeu-se deputado à Assembléia Constituinte.
Teve cinco filhos e foi muito feliz
durante cinqüenta anos que permaneceu ao lado daquele homem, treze anos mais
velho, que a amou e respeitou até o último dia de sua existência aqui na terra.
Não gostava de seu nome. Dizia ter sido um
viajante, que em passagem pelo engenho, vendo minha avó grávida, sugeriu o
nome. Ela ainda completava: “Que falta de sorte!” Ultimamente, por brincadeira,
eu só a chamava de CIRLENE e ela dizia: ”Esse sim é mais bonito!”
A alegria era sua principal característica
que, embora contrapondo com a sisudez de papai, nunca foi por ele reprimida.
Nos veraneios da Pipa, sempre promovia brincadeiras para distrair a família.
Incentivava o roubo de galinhas nas casas dos parentes que virada em tira-gosto
de uma boa cachaça, animava os banhos de mar à luz de lampiões ou em noites de
lua clara. Todos os veraneios, volta e meia, gostava de reunir no alpendre de
sua casa amigos e parentes para degustar seu maravilhoso “arroz doce”, feito
com açúcar mascavo.
Como todo ser humano, também teve suas
dores e decepções. A perda do meu pai foi um grande golpe em sua vida. Tempos
depois perdia dois dos seus amados filhos. Ninguém deveria sepultar os filhos.
A recíproca é verdadeira. O caminho natural é que os filhos sepultem seus pais.
Quando a mão de Deus interfere nessa trajetória, a dor é incomensurável. Só
alguém que a sentiu, pode avaliá-la. Rogo a Deus, para que nunca me aconteça
tal infortúnio.
Nos últimos 10 anos estive muito presente
na vida de minha mãe. Durante esse tempo, pelo menos cinco dias da semana,
almoçávamos junto. Após as refeições, ficávamos a conversar. Ela gostava de
lembrar a infância na casa-grande do engenho Bem Fica, dos meses de julho que,
passava na fazenda Lagoa Nova, propriedade que meu avô possuía no município de
Santo Antônio.
Adorava cantar e ouvir músicas. Tinha uma
grande coleção de CDs e gostava de dormir ouvindo seus cantores preferidos,
entre eles Roberto Carlos e o Trio Iraquitã. Declamava poesias aprendidas
quando criança nos bancos do Grupo Escolar Moreira Brandão. Lembro que nos
emocionava quando recitava, sem tropeços, a poesia que mais gostava:
“Pássaro Cativo”.
“Arma-se
em um galho de árvore um alçapão e em breve uma avezinha descuidada, batendo as
azas cai na escravidão”. . .
Depois da isquemia ela foi ficando mais
calada. Já não tinha a vivacidade de outrora. Sempre que terminávamos o almoço,
pedia pra se deitar. Às vezes ficava calada durante toda a refeição. Eu sempre
procurei entende-la e respeitar aquele momento, muito embora me doesse
profundamente vê-la com o olhar perdido, mergulhada em seus pensamentos.
Entretanto eu sabia que a minha simples presença ao seu lado, lhe trazia
conforto e segurança. Ficávamos ali, sentados, em silêncio, até que ela pedisse
pra se deitar.
Ultimamente, vez por outra, dizia que
estava com muita saudade de papai e que tinha sido muito feliz no casamento.
Lembrava dos parentes já falecidos e coisas dessa natureza. Outras vezes apenas
dizia: “Meu filho, estou muito velha e cansada”! Parece que Deus, na sua divina
sapiência, dota as pessoas, em momentos de suas vidas, de conformação. A idéia
da morte já não as assusta. Inconscientemente ela sabia que já tinha cumprido
aqui na terra, sua missão.
No último dia 8 de fevereiro ela partiu.
Seu semblante era tranqüilo e refletia a paz dos justos. Não se observava em
seu rosto nenhum traço de sofrimento. Dormia como tantas vezes a vi dormir em
seu quarto, que há algum tempo tinha se transformado em seu refugio preferido.
A exemplo de meu pai e meus dois irmão, foi contemplada com a partida sem
sofrimento e hoje, está reunida em comunhão com todos os parentes e amigos, ao
lado do Criador.
Obrigado mãe,
pelo amor que nos dedicou, pela alegria que nos contagiou, pelo exemplo que nos
deixou e por todos esses anos felizes que vivemos ao seu lado.
Pipa, fevereiro de 2010.
sábado, 10 de maio de 2014
VELHO ENGENHO Edgar Barbosa - Imagens do Tempo - 1966
Dentro do nevoeiro do vale mal se
entrevem os despojos do velho engenho morto. A casa está em ruínas e uma erva
hostil cresce, silenciosa, por toda a bagaceira, invadiu os alpendres e
assenhoreou-se do chão onde nunca mais pisou o pé humano.
Que fim levaram os antigos moradores?
Onde os meninos trêfegos, os mestres, os cambiteiros, os animais e as aves que
alertavam as madrugadas?
Tudo parece morto, não há sinal de vida
dentro do grande vale onde outrora ecoavam os rumores do trabalho e as alegrias
das safras exuberantes. Os próprios caminhos estão ocultos ou se tornaram
sendas misteriosas de um mundo perdido. As chuvas os transformaram em
barrancos, as formigas, às suas margens, construíram sossegadamente o seu
reino. E à noite, sob as estrelas, as corujas desferem o seu canto soturno e
imprimem ao velho engenho um aspecto de câmara ardente.
Entretanto, a terra, em redor, clama
por que a fecundem. As árvores, embora maltratadas e esquecidas, guardam no
porte a majestade dos dias que foram belas. Coroando o outeiro, como um penacho
real, ergue-se um pau d’arco de cem anos, que ainda floresce como no tempo de
jovem. E tudo isso paira, ali, no exílio, como se fosse um continente ignorado,
lembrando a terra depois do dilúvio.
Eis um crime para o qual não há pena.
Esse êxodo de ingratos e de emasculados, que arrancaram suas próprias raízes
para ir vegetar adiante, como parasitas, mereciam um castigo. Eles, os
senhores, meninos que se tornaram velhos, perderam-se nas ruas, passeiam
displicentemente pelo asfalto das cidades, entretêm-se com as músicas e os
cinemas, dançam e cantam nos clubes. A sua vida parece a dos presidiários que
se consolam com o simples passar dos dias e das noites. A diferença é que esses
fugitivos, sem alma nunca têm remorsos.
O velho engenho lá ficou,
desmanchando-se pedra por pedra. Os maquinismos foram vendidos ou enferrujam,
na sepultura das moitas, enquanto a erva cresce, silenciosa, afogando os
alpendres, cobrindo como um sudário implacável, a bagaceira morta.
quinta-feira, 17 de abril de 2014
O SERMÃO DO CASAMENTO Mario Quintana
Mario Quintana foi um dos maiores poetas brasileiros. Nasceu em Alegrete, no Rio Grande do Sul, em 1906 e morreu em Porto Alegre. Sua poesia foi caracterizada especialmente pela simplicidade, utilização de uma linguagem coloquial e cotidiana, além de exprimir um sutil humor. Neste texto o poeta expressou o que achava do sermão dos padres durante o casamento.
"Em maio de 98, escrevi um texto em que afirmava que achava bonito o ritual do casamento na igreja, com seus vestidos brancos e tapetes vermelhos, mas que a única coisa que me desagradava era o sermão do padre:
'Promete ser fiel na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, amando-lhe e respeitando-lhe até que a morte os separe?'
EU FARIA ASSIM:
'Promete não deixar a paixão fazer de você uma pessoa controladora, e sim respeitar a individualidade do seu amado, lembrando sempre que ele não pertence a você e que está ao seu lado por livre e espontânea vontade?
Promete saber ser amiga(o) e ser amante, sabendo exatamente quando devem entrar em cena uma e outra, sem que isso lhe transforme numa pessoa de dupla identidade ou numa pessoa menos romântica?
Promete fazer da passagem dos anos uma via de amadurecimento e não uma via de cobranças por sonhos idealizados que não chegaram a se concretizar?
Promete sentir prazer de estar com a pessoa que você escolheu e ser feliz ao lado dela pelo simples fato de ela ser a pessoa que melhor conhece você e, portanto a mais bem preparada para lhe ajudar, assim como você a ela?
Promete se deixar conhecer?
Promete que seguirá sendo uma pessoa gentil, carinhosa e educada, que não usará a rotina como desculpa para sua falta de humor?
Promete que fará sexo sem pudores, que fará filhos por amor e por vontade, e não porque é o que esperam de você, e que os educará para serem independentes e bem informados sobre a realidade que os aguarda?
Promete que não falará mal da pessoa com quem casou só para arrancar risadas dos outros?
Promete que a palavra liberdade seguirá tendo a mesma importância que sempre teve na sua vida, que você saberá responsabilizar-se por si mesmo sem ficar escravizado pelo outro e que saberá lidar com sua própria solidão, que casamento algum elimina?
Promete que será tão você mesmo quanto era minutos antes de entrar na igreja?
Sendo assim, declaro-os muito mais que marido e mulher.
Declaro-os maduros!
terça-feira, 1 de abril de 2014
A FESTA DOS 112 ANOS DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RN
Texto do professor Carlos Roberto de Miranda Gomes
Na mesa dos trabalhos a bandeira história do IHGRN, que há muito tempo não era apresentada nas solenidades. Esteve presente o Presidente Honorário Vitalício Jurandyr Navarro da Costa.
Se fizeram
presentes o Governo do Estado (Isaura Rosado), a Prefeitura de Natal (Henrique
Holanda), o Poder Legislativo Estadual (Deputado Hermano Morais), a Igreja
Católica (Padre Francisco Flávio), a Prefeitura de Guamaré, As Academias
Norte-Rio-Grandense de Letras (Paulo Macedo), Cearamirinense de Letras
(Emmanoel Cavalcanti), Macaibense de Letras, (Sheila Ramalho),de Letras
Jurídicas (Adilson Gurgel), o Instituto Ludovicus (Daliana Cascudo), a Academia
Nacional de Folclore (Severino Vicente), o Exército brasileiro (Major Nilo e
Capitão Bastiani), a Polícia Militar (Coronel Angelo Dantas), a UFRN
(Professora Maria da Conceição Fraga), o IPHAN (Onésimo Jerônimo Santos), o
Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano (George Felix
Cabral de Souza), a OAB/RN (Thiago Simonetti), as Secretarias de Educação do
Estado e do Município de Natal (João Oliveira) e o Instituto Norte-Riograndense
de Genealogia (Antônio Luiz).
A solenidade aconteceu no prédio do Centro Pastoral Dom Heitor de Araújo Sales, gentilmente cedido pelo Padre Francisco Flávio Herculano de Oliveira, pároco da Matriz e Nossa Senhora da Apresentação, com o comando do Presidente VALÉRIO ALFREDO MESQUITA, a participação de sua Diretoria e Conselho Fiscal e o cerimonial foi conduzido por Ana Grova.
Casa cheia
de autoridades, muitos amigos e companheiros e até a Banda de Música da
Gloriosa Polícia Militar.
A rua estava iluminada pela Prefeitura e em perfeita segurança.
Foram
apresentados os meus novos sócios, que tiveram seus nomes proclamados: Sócio
Benemérito Antonio Luiz de Medeiros; Sócios Honorários Coronel José Hippólyto
da Costa, Luiz Gonzaga Meira Bezerra e Cleóbulo Cortez Gomes; Sócios
Correspondentes Maria de Lourdes Lauande Lacroix e Alberto Rostand Fernandes
Lanverly de Melo e Sócios Efetivos Aldo Torquato da Silva, Diulinda Garcia de
Medeiros Silva, Francisco Obery Rodrigues, Helder Alexandre Medeiros de Macedo,
José Eduardo Vilar Cunha, José Humberto da Silva, Newton Mousinho de
Albuquerque, Onésimo Jerônimo Santos, Paulo Heider Forte Feijó e Públio Otávio
José de Sousa.
O Professor Cláudio Galvão
trouxe o toque de saudade com a história da Instituição.
As arquitetas Dulce Albuquerque e Alenuska Lucena apresentaram as projeções para o que se pretende realizar no futuro.
As arquitetas Dulce Albuquerque e Alenuska Lucena apresentaram as projeções para o que se pretende realizar no futuro.
O Presidente
Valério Mesquita, em noite de grande inspiração, enalteceu a efeméride e
prometeu retomar os serviços de restauração física do prédio e do acervo do
Instituto, graças à suspensão do embargo pelo IPHAN, que considerou o grande
presente ao aniversariante.
Confraternização
marcante, com concorrido coquetel.
Foi realmente
uma comemoração marcante do INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO
NORTE, conhecido como Casa da Memória por Câmara Cascudo.
quarta-feira, 26 de março de 2014
O MAL QUE PODE FAZER UMA DENÚNCIA
Por: Carlos
Roberto de Miranda Gomes - secretário Geral do IHGRN
A propósito do
aniversário dos 112 anos do INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO
NORTE, que transcorrerá no próximo dia 29, vimos tecer algumas considerações esclarecedoras
aos nossos associados e à sociedade em geral.
Há exatamente
um ano assumiu uma nova Diretoria do IHGRN e desde então passou a dar
expediente diário no anexo do Instituto, cuidando dos inúmeros problemas
decorrentes da importância de manter em funcionamento uma Entidade de tão magna
importância, sem contar com uma receita ordinária regular, carecendo de apelos
às pessoas abnegadas e às organizações privadas e públicas, bem assim do
desembolso dos próprios dirigentes.
Em verdade
logramos um relativo êxito conseguindo colocar em dia as obrigações de custeio
e fiscais e obtendo numerário para dar início aos serviços de manutenção
indispensáveis para a preservação física do prédio e do seu rico acervo.
O trabalho foi
iniciado, preparando-se uma sala para abrigar comissão responsável para o
inventário dos documentos, obras e peças do Instituto e dando início aos
serviços de pintura, colocação de vidros quebrados, climatização e recuperação
do auditório que estava sem condições de uso em razão de depressão do piso e
danificação quase total, então não visível, pelo fato de estar coberto com um
carpete.
Feita a remoção
e compactado o aterramento, que estava tão inconsistente a ponto de permitir a
introdução fácil de uma barra de ferro e, quando já se pensava em colocação de
um piso novo eis que surge um “denunciante invisível” e provoca o IPHAN que
logo tratou de lavrar auto de infração e o embargo do serviço, causando um
transtorno inusitado.
Este fato
ocorreu em novembro do ano passado e até agora não teve desfecho, fazendo com
que tenha ficado diminuído o espaço útil do Instituto, causando prejuízos aos
usuários, além de danos patrimoniais, pois já aconteceram três furtos de
equipamentos e a implosão espontânea de uma porta de vidro em razão do fechamento
do recinto e agora se agravando com a chegada o inverno com a penetração de
água pelas janelas sem vidro e infiltração nas paredes sem reparo.
Nosso propósito
era ter tudo pronto em dezembro de 2013, mas não foi possível. Agora as comemorações dos 112 anos e
também não temos condições de realizar a solenidade na nossa Casa da Memória, em
face de ainda persistir o embargo. Também está suspenso o trabalho do
inventário do acervo.
Contudo, decidimos
enfrentar a realidade e vamos comemorar a efeméride em outro local, contando
com a compreensão do Pároco da Matriz de Nossa Senhora da Apresentação que nos
cedeu o prédio do Centro Pastoral Dom Heitor de Araújo Sales, na mesma rua da
Conceição, nº 615, quase em frente ao nosso vetusto prédio.
É bem possível
que esse denunciante incógnito não tenha noção do quanto a sua atitude à
sorrelfa tenha causado em prejuízo para a Secular Instituição de Cultura.
Estamos à mercê
dos porões da burocracia na expectativa de uma graça de que possamos retomar o
sonho de uma gestão profícua e revolucionária para os pesquisadores e
visitantes do velho Instituto.
Ainda não
perdemos a esperança e continuamos firmes no expediente diário, fazendo o que é
possível fazer, sob o comando firme do Presidente Valério Mesquita, mesmo sem
qualquer retribuição financeira, somente pelo amor à cultura e preservação da
documentação histórica da terra potiguar.
PRESTIGIEM A
NOSSA FESTA!
AFINAL, QUEM CUIDARÁ DE MIM!
Por: Carlos Roberto
de Miranda Gomes - Secretário Geral do IHGRN.
Sou um ancião de 112 anos
E vivo em constantes dificuldades
Velado por algumas entidades
Que não compensam os tantos abandonos.
Todos me querem e proclamam o meu valor
Mas não ofertam o socorro que preciso
Neste caminho fico a mercê do improviso
Dos que me amam e conduzem o meu andor.
Ação profunda eu anseio seja notória
Para salvar o meu corpo de riqueza
Que meditem com a necessária profundeza
O destino desta Casa da Memória.
Chegam a dizer que cheguei ao fim da linha
Não tenho forças para continuar nova jornada
Mas não aceito essa fraqueza proclamada
E, como Fênix, farei da luta a vida minha.
sexta-feira, 14 de março de 2014
Morre Dosinho, um dos principais carnavalescos do RN
Ele estava internado há quase 30 dias no hospital
Promater, com quadro de infecção generalizada.
Gerlane Lima, 13 de março de 2014
·
Morreu na
manhã de hoje (13), Claudomiro Batista de Oliveira – Dosinho, um dos principais
carnavalescos do Rio Grande do Norte.
Dosinho
estava internado há quase 30 dias no hospital Promater. Ele estava em coma, com
quadro de infecção generalizada. A família ainda não definiu o horário, nem
local do velório.
Claudionor
Batista de Oliveira nasceu na cidade de Campo Grande no Rio grande do Norte.
Iniciou sua carreira fazendo composições para campanhas publicitárias e
políticas. Foi assistente de orquestra da Rádio Nacional no Rio de Janeiro.
Trabalhou na Gravadora Copacabana como agente e na Mocambo como representante.
Em Natal, nos anos 60, produziu e apresentou um programa na Rádio Trairy, aos
domingos, denominado Fábrica de Melodias, onde tocava os últimos sucessos da
gravadora Mocambo, que ele recebia com exclusividade.
Começou a
compor nos anos 40, mas suas primeiras composições gravadas, datam de 1952: o
samba choro "Há sinceridade nisso" e o baião "Se tocá eu
danço" feitos em parceria com Manezinho Araújo e Carvalhinho e gravados
por César de Alencar. No mesmo ano e com a mesma dupla fez o baião
"Jica-jica" gravado em dueto por Cesar de Alencar e Heleninha Costa.
Por essa época compôs a música de carnaval "Marta Rocha" em
homenagem a então miss Brasil, que visitava a cidade de Natal - essa música
permaneceu inédita.
Em 1962
suas composições falavam da uma paixão maior do povo natalense - o
Futebol. Compôs "O mais querido" - hino do ABC Futebol Clube sucesso
até hoje entre a galera do "frasqueirão". Compôs ainda o hino do
Alecrim Futebol Clube e um segundo Hino do América Futebol Clube de Natal, já
que o primeiro era o mesmo do América Futebol Clube do Rio de Janeiro.
Ainda
esse ano, Gilberto Fernandes gravou o samba-canção "Maltrapilha" e os
Cancioneiros o samba "Sofredor". Em seguida foi a vez do lançamento
do LP "Primeiro Ensaio", com o qual obteve grande sucesso e
elogios de Câmara Cascudo.
Entre
seus LPs destaca-se "Carnaval de norte a sul" com 12 composições em
parceria com Waldir Minone, interpretadas por Claudionor Germano. Albertinho
Fortuna, Expedito Baracho, que cantou solo e como integrante do conjunto Os
Cancioneiros e Carminha Mascarenhas.
Dosinho é
considerado um dos grandes nomes do Carnaval ao lado de Capiba e Nelson
Ferreira. Depois de atuar no Rio de Janeiro e no Recife, voltou pra Natal onde
permaneceu até hoje.
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FONTE: Portal nominuto.com
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Dozinho
Claudomiro Batista de Oliveira
24/12/1927 Augusto Severo, RN

morte: 13/3/2014
Dados Artísticos
Embora
ficasse conhecido como compositor de frevos, sua carreira teve início com
composições para campanhas publicitárias como também políticas. Compôs também
sambas-enredo. Foi assistente de orquestra da Rádio Nacional no Rio de Janeiro.
Trabalhou
na Gravadora Copacabana como agente e na Mocambo como representante. Começou a
compor na década de 1940. Em 1952, teve suas primeiras composições gravadas, o
samba-choro "Há sinceridade nisso?", e o baião "Se tocá eu
danço", feitos em parceria com Manezinho Araújo e Carvalhinho e gravados
por César de Alencar, dois de seus maiores sucessos. No mesmo ano e com a mesma
dupla fez o baião "Jica-jica", gravado em dueto por César de Alencar
e Heleninha Costa. Por essa época compôs a música de carnaval "Marta
Rocha", em homenagem à então miss Brasil, que visitava a cidade de Natal e
que permaneceu inédita.
Em 1955,
Os Cancioneiros gravaram, de sua parceria com Genival Macedo, o baião
"Menino de pobre". No mesmo, ano Déa Soares gravou o samba "Peço
a Deus", parceria com Sebastião Rosendo. Em 1956, o Trio Puraci gravou
dele e Hilário Marcelino a marcha "Vou de reboque" e Expedito Baracho
o samba-canção "Beco da maldição". Em 1957, Os Cancioneiros gravaram
os frevo-canções "Tempero de pobre" e "Fantasia de capim",
que também figuram entre seus maiores sucessos. Em 1959, Gilberto Fernandes
gravou o samba-canção "Trapo", parceria com Zito Limeira, e o samba
"Só depende de você". Em 1962, Gilberto Fernandes gravou o
samba-canção "Maltrapilha" e Os Cancioneiros o samba
"Sofredor". Nesse mesmo ano, obteve grande êxito no lançamento do LP
"Primeiro ensaio", que recebeu as seguintes palavras elogiosas do
historiador Câmara Cascudo: "Dosinho tem a linguagem musical.
Diz todas
as suas emoções na linha melódica, doce, clara, fácil, com uma naturalidade de
fonte. E uma grandeza espontânea de predestinado". Ainda no mesmo ano
compôs "O mais querido", hino do ABC Futebol Clube, popular clube de
futebol de Natal. Compôs ainda o hino do Alecrim Futebol Clube e um segundo
hino do América Futebol Clube de Natal. Em 1963, Roberto Bozzam gravou o bolero
"Se alguém me perguntar" e o frevo-canção "Só presta
quente". Em 1964, Meves Gomes gravou o frevo-canção "Eu quero
mais..." e José Alves "Me deixa em paz".
Entre
seus LPs destaca-se "Carnaval de Norte a sul", com 12 composições em
parceria com Waldir Minone, interpretadas por Claudionor Germano, Albertinho
Fortuna, Expedito Baracho, que cantou solo e como integrinte do conjunto Os
Cancioneiros e Carminha Mascarenhas. Em 1965 lançou o compacto simples "A
vez do morro" e "Ponta negra", como parte da campanha Pró-Frente
de trabalho João XXIII. No mesmo ano Gilberto Ferandes gravou
"Baião". Teve músicas gravadas, entre outros, por Claudionor Germano,
Blecaute, Expedito Baracho, Trio Guarany com Orquestra Tamandaré e Paulo
Marquez. É um considerado um dos grandes do carnaval ao lado de nomes como
Capiba e Nelson Ferreira. Depois de atuar no Rio de Janeiro e no Recife,
retornou para a cidade de Natal.
Fonte
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