sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

UMA VIAGEM INESQUECÍVEL - QUARTA PARTE



         Retornamos ao Hotel, e lá pelo meio dia, por fim, chega o filho do meu amigo que havia permanecido em São Paulo na tentativa de ajudar seu pai a resolver o imbróglio, resultado do seu impedimento de continuar o vôo para o Chile. Infelizmente as notícias não eram boas. Seu pai ainda permanecia aguardando um posicionamento da TAM, que se recusava a embarcá-lo de volta a Natal, sem que ele adquirisse o equipamento necessário. Soubemos no dia seguinte, três de novembro, portanto, quatro dias após seu desembarque em São Paulo, que retornaria para Natal. Para tanto, a Companhia Aérea - TAM - lhe cobrou R$ 850,00 (oitocentos e cinquenta reais) para instalar em sua poltrona uma garrafa de oxigênio para que lhe fosse útil em caso de desconforto. Por ironia, durante o vôo Guarulhos/Natal, em nenhum momento precisou fazer uso do mesmo.

         Com a chegada do filho desse amigo, fiquei aliviado. Era mais uma pessoa para me auxiliar nas difíceis decisões, daquela interminável sequência de situações inusitadas, que continuávamos passando, desde que resolvemos fazer essa bendita viagem.

                                                       Mercado Central  - Santiago

          Após relatar toda a odisséia vivida nos últimos dias no aeroporto de Osasco-SP voltamos a nos concentrar na viagem. Programamos para a tarde daquele mesmo dia, uma visita ao famoso Mercado Central, uma obra arquitetônica construída em ferro fundido e inaugurada em 1872.
                                         Mercado Central 

         O Mercado Central, famoso pela sua gastronomia requintada, é um dos pontos turísticos mais visitados. Mescla restaurante onde são servidos pratos sofisticados, executados pelos mais famosos chefs da culinária chilena, com simples bancas onde se encontra peixes de vários tipos e os mais estranhos habitantes das profundezas do pacífico.  Os pratos são preparados à base de antigas receitas, só conhecidas pelos chefs locais e guardadas a sete chaves. 
                                               Caranguejo Centolla
        
Nossa intenção era degustar o famoso “centolla”, um caranguejo gigante que é pescado nas águas geladas do Oceano Pacífico, mas que nada tem a ver com o caranguejo do ártico ou caranguejo real, pescados no mar gelado da Noruega.
                                     Mercado Central - Frutos do mar

         Dentro do mercado, os restaurantes sempre muito concorridos, o “centolla” é o prato mais anunciado para os turistas e também o mais caro. Os garçons circulam por entre as mesas exibindo a iguaria e provocando o desejo dos visitantes.

                                Mercado Central - Restaurantes sofisticados

         Depois de muito sacrifício, conseguimos uma mesa a custo de vários safanões do nosso garçom, que nos “pescou” ainda do lado de fora do mercado, e a nossa frente, abria caminho cheio de moral, como se fosse um segurança de candidato, aqui em nossa “Terra Brasílis”.

         Após nos acomodar em uma das mesa, ele nos apresenta o tal caranguejo que, pelo preço cobrado, cerca de R$ 300,00 a unidade, não nos atraiu, principalmente pra quem vive na terra de grandes manguezais, habitat natural dos caranguejos-uçá e o gostoso goiamum, obviamente, bem menores, porém de sabor inigualável. Eu particularmente tenho dúvidas quanto ao sabor de caranguejo que não é cozinhado no leite de coco e com muito coentro e cebola, o que não era o caso. Não me arrependo de não ter provado o “centolla”. Não devia ser lá grande coisa.
                                         Caranguejo-uçá

        Optamos então por degustar outros dois pratos: um à base de carne e o outro de peixe. Foi grande a demora para servir os pratos solicitados, principalmente para nós que havíamos tomado café muito cedo.

         Dentro do marcado o frenesi era intenso. Garçons aos gritos anunciavam os melhores pratos servidos em seus restaurantes, pessoas procurando mesas, o ambiente superlotado com gente falando vários idiomas, tudo isso mais parecia um grande Mercado Persa. Enquanto bebericávamos um chope, eu espichava os olhos para as mesas vizinhas, repletas de comidas de todos os tipos, na procura de algo que me atraísse, eis que surge do nada um “violonista de bar”. Aquele indivíduo que ganha à vida se apresentando nos restaurantes em troca de algum dinheiro. Quando notou que éramos brasileiros, não teve dúvidas: sapecou nos nossos pobres ouvidos, em alto e bom som, um AÍ SE EU TE PEGO, do Miclhel Teló. Depois da surpresa, veio à reação: meu estômago, já maltratado pela mudança para o tempero andino, dava sinais de revolta.  A fome que havia sido aplacada com algumas canecas de bom chope Cristal, voltou feito furacão. O pior é que o menestrel, empolgado pelas palmas e risos de brasileiros que ocupavam as mesas em sua volta, toda vez que gritava o refrão, o fazia ainda mais alto. Só nos deu sossego quando conseguiu nos arrancar alguns pesos. Foi uma verdadeira tortura chinesa. Aquele chileno cantando num portunhol medonho, uma música, mais medonha ainda. Não houve jeito, pagamos pra nos livrar do cantor e, com o devido respeito, também da música.

         Após o “almoço musical”, e com nossas forças já restabelecidas, aproveitamos para conhecer a bela e imponente Catedral Metropolitana, o maior templo da igreja católica no país, localizada em frente a Plaza das Armas, na zona histórica da cidade.  A catedral é dedicada a Assunção da Santíssima Virgem. Sua construção foi iniciada em1748, no governo do espanhol Domingo Ortiz de Rozas. Em estilo neoclássico italiano deixa o visitante deslumbrado, ante de tanta beleza, perfeição e harmonia. Possui três naves. Na direita encontram-se as tumbas de grandes personalidades do Chile. Na esquerda, está o Museu da Catedral, e na nave central fica o altar-mor. Este, construído em Munique, na Alemanha, foi esculpido em mármore branco com aplicações de bronze e lápis-lazúli. Na nave central é exibido um magnífico órgão de tubos, que data do ano de 1756, juntamente com os púlpitos do século XIX.

         Antes dela, já existiram nesse mesmo local, outras quatro igrejas. Duas delas foram derrubadas pelos indígenas e as outras por forças da natureza - terremotos. A construção da última das duas torres, somente foi concluída no ano de 1800.
                                                         Catedral de Santiago

                                                           Catedral de Santiago

                                                           Catedral de Santiago


                                                          Catedral de Santiago


                                           Orgão de Tubos - 1756

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

UMA VIAGEM INESQUECÍVEL – Terceira Parte




         . . . Por fim, chegamos ao hotel e após retirada a bagagem, fomos à recepção para as providências de praxe. Naquela ocasião já sonhando com um banho quente que certamente nos traria alguns momentos de merecido relaxamento. Passados alguns instantes, notamos a ansiedade da recepcionista que, não obstante intensa procura, não conseguia encontrar nossos vouchers. Mais uma vez, fomos tomados pela preocupação. Alguns minutos depois, a recepcionista nos informava que infelizmente estávamos no hotel errado. Ao questionar quanto ao nome do hotel que constava em nossos vouchers, descobrimos que o taxista havia nos deixado no endereço solicitado: Hotel Neruda. Entretanto, para nossa surpresa, a reserva havia sido feita para o hotel Neruda Express, localizado do outro lado da cidade.
         Em nossos rostos, o semblante da decepção. A recepcionista muito gentilmente, providenciou outro taxi, e finalmente conseguimos chegar ao hotel correto. 
     
    No dia seguinte, saímos pra o único local que, como já disse, encontrava-se em pleno funcionamento. O Costanera Center, um shopping moderno e com muitas lojas, entre elas a famosa Falabella, a maior loja de departamento do país. Além de se situar próximo ao hotel em que estávamos hospedados, sua localização era facilitada, pois faz parte do complexo que inclui um centro comercial, dois hotéis e 2 torres de escritórios. A maior delas, denominada Gran Costaneral, que encontra-se em fase de acabamento é considerada a mais alta da América Latina, com mais de 300 metros de alturas e setenta andares, e pode ser vista de quase toda a cidade.
                                             Complexo Costanera
  
      De volta para o hotel, encontramos um barzinho, que contrariando todas nossas expectativas, encontrava-se funcionando. Aproveitamos para “afogar” nossas mágoas com um bom chope da marca Cristal, de ótimo sabor e leveza. Naquele momento, o bendito barzinho nos pareceu, um oásis em pleno deserto de Atacama, ou mesmo aquela tábua de salvação do naufrago em desespero.

                                         Deserto de Atacama-Chile

         Após conversas amenas e algumas incertezas quanto ao dia seguinte, solicitei ao simpático garçom que nos atendia, a “dolorosa”, denominação perfeitamente entendida por ele e que também é utilizada naquele país. Em seguida, dirigi-me ao caixa onde pretendia pagar a conta, utilizaria cartão de crédito. Ao receber a nota para pagamento, notei que ele havia me entregue dois papeis. Verificando um deles, tive um susto! Estava escrito em grandes letras PROPINA. Imediatamente pensei! Será que voltei para o Brasil e não percebi? Ou será que foram as canecas de chope avidamente consumidas que me deixaram aturdido? Mas eu não havia bebido tanto assim. Lembrei que alguém havia dito que o álcool consumido a grandes altitude, potencializa o seu efeito. Como a cidade de Santiago fica a 576 metros, acima do nível do mar, seria uma explicação razoável. Enquanto me questionava com aquele papel na mão, o garçom se apressa em informar: Señhor, isso é a taxa de serviço. Então, aliviado, percebi que ainda continuava no Chile e que a tal PROPINA, tão praticada em nosso Brasil, era apenas o nome usado pelos chilenos, para definir taxa de serviço.

                                        Restaurante do Hotel Neruda Express

        No outro dia, tomávamos o café da manhã quando notei que minha esposa esmerava-se em gestos, na tentativa de fazer o garçom entender o que ela procurava em meio à diversidade de guloseimas dispostas na mesa do restaurante. A procura era por um simples saquinho de chá. Após alguns trejeitos, contudo sem obter sucesso, eis que surge uma brasileira, que estava no restaurante, e acompanhava de sua mesa, todo o esforço de minha esposa, na tentativa de se faze entender. Logo a acode com seus conhecimentos lingüísticos e lhe explica a pronuncia correta. No espanhol o “ch” se pronuncia “tche”. Impasse resolvido, mais um conhecimento que lhe foi útil quando desembarcou na Argentina.

                                                Maurício - o guia

    A intervenção dessa mineira de Uberlândia, que estava acompanhada de mais três outras amigas em viagem de turismo, terminou por nos prestou uma grande ajuda. Com a continuação da conversa e as devidas apresentações, ela nos informa que havia contratado, quando ainda estava no Brasil, um guia turístico que fora recomendado por outras amigas, que utilizaram seus serviços quando estiveram em Santiago. Foram muito bem atendidas e por esse motivo o recomendara. Foi então que conhecemos o Maurício, um simpático chileno, proprietário de uma van, que há vários anos trabalha por conta própria, como guia turístico. O mais importante é que era de total confiança.

                                    Estrada para a comuna de Pirque

    Acertamos com ele, para o dia seguinte, já que as amigas embarcariam de volta ao Brasil naquela madrugada, uma visita a vinícola Concha y Toro, um dos passeios mais solicitados pelos turistas em visita aquele país. No dia seguinte após o café da manhã, desta feita sem nenhum atropelo quanto à solicitação do chá, partimos para o passeio. O caminho que nos leva até a vinícola é muito interessante. Primeiro tivemos a oportunidade de conhecer as “comunas”, mais pobres de Santiago.      

                                                   Comuna de Pirque
     Quando saímos dessa área, o cenário mudou radicalmente. A todo instante nos deparamos com belíssimas paisagens que se sucedem durante todo o percurso. Após 45 minutos de viagem, chegamos em Pirque, uma “comuna”- como são denominados os bairros naquele país -, situada na região metropolitana de Santiago, no Valle del Maipo, residência da família Concha y Toro. Neste lugar nascia há mais de 100 anos, o que hoje é a maior companhia vinícola do Chile.  Foi nesta localidade que se deu a redescoberta da uva Carménère, originária da região de Bordéus, França, considerada extinta nos parreirais europeus, dizimados por praga. Sua condição de sanidade no Chile, onde hoje é exclusividade, deveu-se a situação geográfica do país, cercado por cordilheiras e o oceano pacífico.

                                     Entrada da vinícola Concha Y Toro 

       Durante a visita, fomos acompanhados por uma guia, que primeiro nos conduz a uma reserva florestal de propriedade da vinícola e em seguida aos parreirais onde tivemos a oportunidade de ver as uvas ainda em formação. A guia nos explicava em um “portunhol” bastante compreensivo, todo o processo de confecção do vinho, desde o plantio das parreiras, que inclusive tivemos a oportunidade de caminhar entre elas, até o seu armazenamento nas grandes adegas.
         Após o esmagamento das uvas, a fermentação é feita em tanques de inox com remontagens regulares para conseguir a melhor cor, taninos e extração. A maturação é feito em pipas de carvalho americano ou francês, de acordo com o tipo de vinho que se deseja envelhecer. O Cabernet Sauvignon, por exemplo, descansa e amadurece por um período de oito a doze meses nos famosos tonéis de carvalho francês.

                                            Adega - Concha Y Toro 

       Por ocasião da visita ao porão da adega, em meio a milhares de barris, dispostas sistematicamente lado a lado, em dado momento o visitante é surpreendido com uma pequena história teatralizada, no mais autêntico estilo fantasmagórico, da origem do vinho Casillero del Diabolo.

                                                      Adega

   Após deixar o ambiente totalmente escuro, imagens são projetadas em um canto da adega. Acompanhadas de sons estereofônicos, uma gravação narra ao estilo, Mister M, personagem narrado por Cid Moreira, a lenda desse famoso vinho. A altura do som propagada naquele ambiente escuro e fechado foi capaz de assustar incautas senhoras.
(continua na próxima sexta-feira)




















sexta-feira, 30 de novembro de 2012

UMA VIAGEM INESQUECÍVEL – Parte II

-continuação -

         ... Seu filho resolve que acompanharia o pai, para ajudá-lo nas providências, na certeza que chegariam ao Chile no dia seguinte. Enquanto a aeronave taxiava, recebe uma mensagem do guichê da TAM para interromper a manobra e aguardar. Na confusão criada por não poder embarcar, meu amigo esqueceu que o documento de identidade de sua esposa estava com ele. Sem a posse desse documento, ela não passaria pelo balcão da emigração no Chile, e teria que retornar ao Brasil. Poucos minutos depois, um dos tripulantes dirige-se a ela e lhe entrega o documento que um funcionário da companhia viera às pressas entregar no avião. Inicia-se novo taxiamento e mais uma vez é interrompido. Os passageiros já começavam a se perguntar o que estaria acontecendo quando novamente o mesmo tripulante, com cara de poucos amigos, entrega a esposa do meu outro amigo sua identidade, que também havia ficado com ele e que certamente acarretaria o mesmo problema no desembarque.
         
         Ufa! Enfim partimos. Lá estava eu, com a cabeça a mil, me perguntando como seria o desembarque em Santiago, já que eu era cego de guia, em se tratando de outro país. Mas, nada podia fazer. Dentro daquele enorme avião, me sentia menor que um grão de mostarda diante do que me aguardava. E, como se diz lá pelo interior do mato, estava literalmente pelo beiço. Como não adiantava estrebuchar, entreguei a Deus!
       
     As horas se passavam e a preocupação me atormentava. Eu, no papel de “Cadinho”, personagem da novela Avenida Brasil, responsável pelas três mulheres sem saber o rumo que tomaria.
         
      De repente, não mais que de repente, o local foi tomado por um enorme mau cheiro. Minha esposa que sofre de cefaléia e não pode sentir fortes odores, logo ficou preocupada. Depois de curta investigação, notamos que a passageira sentada na poltrona ao lado, uma americana de aspecto sinistro, que tinha embarcado em São Paulo, havia tirado as meias dos pés e as brandia como se quisesse secá-las. O odor era tão forte que os passageiros mais próximos, entreolhavam-se como se não acreditassem na cena grotesca que presenciavam.
        
        Isso nos fez lembrar outro episódio semelhante quando embarcamos de Natal para São Paulo. Minha esposa, que integra a estatística de 42% da população brasileira que tem medo de voar de avião, ficou mais tranqüila quando identificou, no passageiro que sentou na poltrona do seu lado, um provável pastor evangélico. O homem ao se sentar, sacou de uma bíblia e começou a lê-la mentalmente. Com uma hora de vôo o indivíduo já dormia profundamente. Começamos então a sentir um forte mau cheiro, que mais lembrava comida estragada. Instantes depois, descobrimos que o responsável por exalar aquele mau cheiro era o pastor, que de boca aberta e dormindo a sono solto, incontinenti, impregnava o ambiente com um hálito devastador, daqueles capazes de acabam comício de interior.
        
     Faltando pouco tempo para a aterrissagem, passa um comissário de bordo e distribui com os “passageiros estrangeiros” que desembarcariam em Santiago, um formulário escrito em espanhol. Depois vim saber que se tratava de uma DECLARAÇÃO DE ADUANAS. Embora identificando algumas palavras, não conseguia entender completamente o que estava escrito naquele papel.
        
       Quando se viaja para outro país, os amigos que por ventura lá já estiveram, logo se apressam em informar o endereço de onde se faz boas compras, onde se localizam os bons restaurantes, os locais de visitas indispensáveis, os melhores passeios etc. Infelizmente, não se preocupam em informar ao passageiro de primeira viagem, como era o nosso caso, e ainda por cima viajando por conta própria, isto é, sem contar com os serviços de uma agência de viagens, que, para se adentrar em outro país, é necessário passar pela policia de emigração. Aquele papel entregue pelo comissário de bordo - Declaração de Aduanas -, é justamente para ser preenchido com os dados do viajante, e que serão confrontados com os documentos de identidade, no guichê da emigração. Após esse procedimento, a entrada é autorizada através de um carimbo, que determinará inclusive, os dias que o indivíduo poderá permanecer no país. A guarda desse documento é de vital importância, pois, por ocasião da saída do país, o mesmo documento será exigido. O seu extravio acarretará enormes problemas e nesse caso, a solução passará inevitavelmente pela Embaixada.
      
        Preenchemos o documento da maneira que achávamos ser o mais correto, porém, isso teve lá suas conseqüências, quando apresentado no guichê da emigração. A policial chilena, muito mal humorada, talvez fosse uma solteirona mal resolvida, pois era desprovida de qualquer sinal de beleza estética, terminou por se aborrecer, em virtude da falta de alguns dados, que tiveram que ser refeitos ou complementados. Até que fosse estabelecido um mínimo de comunicação com aquela chilena raivosa, falando apressadamente e em um espanhol de difícil compreensão, passamos por alguns momentos de estresse.
        
     Enfim, resolvido mais esse problema, tomamos um taxi, que tive o cuidado de contratá-lo dentro do aeroporto, evitando assim problemas futuros. Depois de nos acomodarmos na van, já que éramos quatro passageiros e bagagem de seis pessoas, me dirigi ao motorista com ares de viajante experiente: Hotel Neruda, por favor! Sim señhor, respondeu o chileno.
       
       Durante o percurso, uma distância de 35 a 40 quilômetros, procurei manter algum diálogo com o taxista, para ir me familiarizando com o idioma. Perguntei-lhe sobre a distância até o centro da cidade, sobre a temperatura e por fim sobre os pontos turísticos mais visitados. Ele, ao contrário da policial truculenta, muito educado, procurava de todas as maneiras atender aos meus questionamentos e satisfazer, a medida do possível, minhas curiosidades. Foi então que atônito, descobri mais uma das nossas trapalhadas.
     
        O dia 1 de novembro, Dia de Todos os Santos, é feriado nacional. Em seguida, o dia 2 – dia de finados -, igualmente feriado, onde se reverencia a memória dos mortos, como na maioria dos países que têm como predominância, a religião católica. E o dia 3, sábado, nos informava que o comércio funcionaria precariamente em razão dos feriados anteriores, ou como costumamos chamar por aqui de feriadão. Resultado: três dias com praticamente tudo fechado em Santiago. Somente os Shoppings, como de costume, estariam em pleno funcionamento. No afã da viagem, esquecemos do mais importante: o planejamento. E como se diz aqui em nossa terra “além de queda, coice!
 - continua na próxima sexta-feira-

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

UMA VIAGEM INESQUECÍVEL - Primeira capítulo



          Tudo começou quando resolvi descansar por uns dias, após o lançamento do meu livro “A Praia da Pipa do tempo dos meus avós”, em outro país, já que nunca havia atravessado nossas fronteiras.
         
         Entretanto, o primeiro desafio era convencer minha esposa a fazer a viagem de avião. Vários pousos e decolagens a esperavam, e só em comentar o fato, ela ficava deveras apavorada. 

        Depois de muita conversa ao pé do ouvido, recheadas de promessas em sua maioria, impossíveis de serem cumpridas, lhe convenci a ir para o “sacrifício”. Resolvida a primeira etapa, tive a grata surpresa da companhia de dois casais amigos, que se juntaria a nós, nessa aventura além-fronteiras, em terras de língua espanhola. Um dos casais, pais do meu genro, e o outro, seu filho, que viajava com sua esposa. Não poderia haver melhores companhias. Minha esposa, por sua vez, ficou mais confiante e eu, agradecido pela sorte de ter aquelas pessoas conosco, numa aventura com duração prevista para 10 dias.
       
       Parecia que tudo estava se encaixando como uma luva. Seria uma viagem inesquecível, já que para mim, minha esposa e um dos casais, fazíamos nossa primeira viagem internacional.
      
        Realmente foi “inesquecível” em todos os sentidos. Começou quando adquirimos, através do site da TAM, as seis passagens Natal/São Paulo/Chile. Na ocasião de confirmar a compra, nos enganamos quanto à data do embarque. Descobrimos depois que havíamos adquirido os bilhetes 30 dias antes do dia em que pretendíamos viajar. Resultado: perdemos todas as passagens, pois como os bilhetes foram adquiridos em uma promoção, mesmo comunicando com antecedência, como foi o nosso caso, a TAM não permitiu fazer troca, substituição ou remarcação para o dia do embarque.
      
         No dia que antecedeu a viagem amanheci com uma enorme dor no calcanhar direito. Logo suspeitei da famosa “gota”, pois, vez por outra, quando me excedo nos miúdos e carne vermelha, ela logo se apresenta. Felizmente depois de uma consulta ao médico, constatamos que se tratava apenas de uma tendinite, enfermidade não menos preocupante, principalmente para quem vai fazer uma viagem de turismo e normalmente precisa caminhar grandes distâncias. Explicada ao médico a minha condição de viajante naquela madrugada, o problema foi equacionado com uma potente injeção à base de corticóide. Enfim, na madrugada do dia 1 de novembro, partimos de Natal com destino a São Paulo.
         
          Após uma hora e meia de voo, de repente o silêncio da aeronave era rompido por um grito de pavor. Depressa! Depressa! ... era a esposa de um dos meus amigos, que muito aflita, chamava a aeromoça. Olhei para trás e também me assustei com a cena. Com a cabeça pendendo para um dos lados, seu marido desfalecia. Passou mal e veio a desmaiar por falta de oxigênio. Seu organismo, por problemas pulmonares, às vezes não consegue fazer a troca do oxigênio respirado no ambiente pressurizado da aeronave, o que provocou o seu desfalecimento.
          
        Tínhamos conhecimento do seu problema pulmonar, pois a mesma situação já havia acontecido em outro voo, quando íamos para Gramado-RS, onde fomos assistir ao espetáculo do Natal Luz. Nesse episódio, só tivemos conhecimento do fato, quando pousamos em Natal, e nos revelou que havia sofrido do mesmo desconforto durante o vôo, só tornando quando a aeronave se preparava para o pouso. Como era um vôo noturno, nem mesmo sua esposa percebeu o ocorrido.
          
          Entretanto, nessa viagem, não tivemos maiores preocupação, pois dias antes ele havia feito todos os exames e, consultando do seu médico acerca do problema, dele obteve um atestado que foi apresentado à tripulação, por ocasião do embarque, informando que o mesmo sofria de problemas respiratórios, (hipóxia hipobárica: deficiência de oxigênio nos tecidos consequente à diminuição da pressão parcial do oxigênio no ar respirado), e recomendava que ele fosse ofertado oxigênio, caso houvesse necessidade. Ficou previamente acertado com a tripulação, que se houvesse necessidade ele acionaria um dispositivo localizado acima de seu assento.
      
    O dispositivo foi aceso e imediatamente é socorrido pela tripulação, que prontamente lhe atende com uma garrafa de oxigênio. Dez minutos depois que retoma a respiração normal, um dos tripulantes solicita a presença de algum médico, que por acaso estivesse a bordo. Apresentou-se uma médica, que por sinal era do seu circulo de amizade, e gentilmente lhe faz companhia até o desembarque em São Paulo.
    
    Desembarcamos em Guarulhos pouco mais das seis horas, de uma manhã ensolarada. Três horas depois, reembarcávamos com destino a Santiago do Chile. Após tomarmos assento, sentimos a falta do nosso companheiro. Depois de algum tempo, fomos informados pelo seu filho que ele havia sido impedido de embarcar, sob a alegação de que a aeronave não dispunha de oxigênio suficiente, caso houvesse necessidade durante o voo Guarulhos-Santiago. A tripulação recusava-se terminantemente a autorizar seu embarque, temendo a repetição do ocorrido no voo entre Natal e São Paulo.   

         A aeronave continuava estacionada aguardando a solução da pendência. Logo, fomos informados que ele só poderia viajar no dia seguinte e com equipamento próprio (Concentrador de Oxigênio para uso aeronáutico). Teria que adquirir, por sua conta, uma garrafa de oxigênio. Esse equipamento ainda teria que ser submetido a analise da TAM. Também foi exigido a compra de outro bilhete, pois o equipamento – uma garrafa de oxigênio -, viajaria na poltrona vizinha.

 (continua na próxima semana)

terça-feira, 20 de novembro de 2012

O fotógrafo do jornal Tribuna do Norte,Adriano Abreu, fez a foto no momento em que o Presidente do Tribunal do Contas do Estado do Rio Grande do Norte, Conselheiro Valério Alfredo Mesquita, deixava a sede do TCE  em direção ao IHGRN- Instituto Histórico e Geográfico do RN, instituição que irá presidir no triênio 2013/2015, ladeado pelos confrades eleitos: Carlos Roberto de Miranda Gomes, Secretário Geral e Ormuz Barbalho Simonetti, Vice-Presidente.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

O FLIPIPA E A AUSÊNCIA DE NOSSOS VALORES

Gostaria que no próximo FLIPIPA fosse criado um espaço para se debater a obra do grande jurista, pesquisador,memorialista e escritor HELIO MAMEDE DE FREITAS GALVÃO. Afinal este homem escreveu muito sobre o nosso estado e principalmente sobre o lugar onde nasceu, PERNAMBUQUINHO, no município de Tibau do Sul, que na época pertencia a Goianinha-RN e que tem a Praia da Pipa como seu principal distrito. O dr. Hélio Galvão vem a ser o pai do curador do FLIPIPA, Dácio Galvão. Seria uma boa oportunidade de mostrar aos que chegar que também temos nossos VALORES e nos orgulhamos deles.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

ORAÇÃO DO MILHO


Oração do Milho
Sou a planta humilde dos quintais pequenos e das lavouras pobres.
Meu grão, perdido por acaso, nasce e cresce na terra descuidada. Ponho folhas e haste e se me ajudares Senhor, mesmo planta de acaso, solitária, dou espigas e devolvo em muitos grãos, o grão perdido inicial, salvo por milagre, que a terra fecundou.
Sou a planta primária da lavoura.
Não me pertence a hierarquia tradicional do trigo. E de mim, não se faz o pão alvo, universal.
O Justo não me consagrou Pão da Vida, nem lugar me foi dado nos altares.
Sou apenas o alimento forte e substancial dos que trabalham a terra, onde não vinga o trigo nobre.
Sou de origem obscura e de ascendência pobre. Alimento de rústicos e animais do jugo.
Fui o angu pesado e constante do escravo na exaustão do eito.
Sou a broa grosseira e modesta do pequeno sitiante. Sou a farinha econômica do proletário.
Sou a polenta do imigrante e a miga dos que começam a vida em terra estranha.
Sou apenas a fartura generosa e despreocupada dos paióis.
Sou o cocho abastecido donde rumina o gado
Sou o canto festivo dos galos na glória do dia que amanhece.
Sou o carcarejo alegre das poedeiras à volta dos seus ninhos.
Sou a pobreza vegetal, agradecida a Vós, Senhor, que me fizeste necessária e humilde
SOU O MILHO

domingo, 11 de novembro de 2012


LANÇADO NO ÚLTIMO DIA 25 DE OUTUBRO O LIVRO "A PAIA DA PIPA DO TEMPO DOS MEUS AVÓS"- JÁ SE ENCONTRA À VENDA NAS PRINCIPAIS LIVRARIAS DE NATAL E NA REDE DE LIVRARIAS SARAIVA. PODEM TAMBÉM SEREM ADQUIRIDOS COM PEDIDO ATRAVÉS DO E-MAIL:ormuzsimonetti@yahoo.com.br ou pelo telefone XX-84-9928-1176, ao preço de R$ 50,00 (cinquenta reais).

ESTAREMOS, INCLUSIVE, NO FLIPIPA- FESTIVAL LITERÁRIO DA PRAIA DA PIPA EM SUA QUARTA EDIÇÃO, COM LIVROS NA TENDA DA COOPERATIVA CULTURAL DA UFRN (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE)


sábado, 10 de novembro de 2012


INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO NORTE
TEM NOVA DIRETORIA E CONSELHO FISCAL



Em reunião de Assembleia Geral Ordinária na sua tradicional sede da Rua da Conceição, 622 - Cidade Alta, presidida pelo Escritor Jurandyr Navarro da Costa, o IHGRN, por aclamação, elegeu a sua nova Diretoria e Conselho Fiscal para o triênio 2013-2015, assim compostos:


DIRETORIA:
1.Presidente: VALÉRIO ALFREDO MESQUITA;
2.Vice-Presidente: ORMUZ BARBALHO SIMONETTI;
3.Secretário-Geral: CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES;
4.Secretário-Adjunto: ODÚLIO BOTELHO MEDEIROS;
5.Diretor Financeiro: GEORGE ANTÔNIO DE OLIVEIRA VERAS;
6.Diretor Financeiro Adjunto: EDUARDO GOSSON;
7.Orador: JOSÉ ADALBERTO TARGINO ARAÚJO;
8.Diretor da Biblioteca, Arquivo e Museu: EDGAR DANTAS RAMALHO DANTAS;

CONSELHO FISCAL:

1.EIDER FURTADO DE MENDONÇA E MENEZES, Membro titular;
2.PAULO PEREIRA DOS SANTOS, Membro titular;
3.TOMISLAV R. FEMENICK, Membro titular;
4.LÚCIA HELENA PEREIRA, Membro suplente.


A sessão cumpriu precisamente a Convocação publicada no Diário Oficial do Estado, edição do dia 31 de outubro do ano corrente, da Presidência, sob o fundamento das disposições combinadas dos artigos 11 e 15, “b” do Estatuto e ocorreu em total harmonia e confraternização. a posse ocorrerá no dia 29 de março de 2013, data de aniversário da Casa da Memória, em sessão solene na sede da Entidade, conforme oportunamente será divulgado, com a respectiva transmissão do cargo para o novo Presidente Valério Alfredo Mesquita.
Em breves palavras o Presidente Jurandyr Navarro da Costa agradeceu a presença de todos. 

terça-feira, 30 de outubro de 2012

LANÇAMENTO DO LIVRO "A PRAIA DA PIPA DO TEMPO DOS MEUS AVÓS"

                     

Estimados amigos,

Comparo o lançamento de um livro ao nascimento de um filho. Digo isso por ter tido a graça da emoção do nascimento de três lindos filhos e o lançamento do meu segundo livro. Quatro longos anos se passaram para a chegada do segundo livro, intervalo muito menor com relação ao nascimento dos meus filhos. Dos filhos tive pressa, quanto aos livros, não.

O esmero, a paciência, a dedicação que resultaram em horas indormidas para a produção de uma obra literária, são fatores primordiais para o resultado final dessa obra, que culmina com a festa do lançamento, onde partilhamos nossa emoção no abraço aos amigos.

Portanto, gostaria de agradecer a todos os que compareceram a Academia Norte-riograndense de Letras na noite do dia 25 de outubro e partilhar comigo de um dos dias mais felizes de minha vida.

O dia 25 de outubro também é dedicado ao Frei Antônio de Sant’Anna Galvão, primeiro santo brasileiro.  

Abraço carinhoso a todos,

Ormuz Barbalho Simonetti

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

A PRAIA DA PIPA DO TEMPO DOS MEUS AVÓS - O LIVRO

Caros amigos(as)

No próximo dia 25 de outubro - quinta-feira – às 19:00, nas dependências da Academia Norte-Riograndense de Letras, à Rua Mipibu n° 443, Petrópolis - Natal/RN, estarei lançando o livro "A PRAIA DA PIPA DO TEMPO DOS MEUS AVÓS".

O livro é composto de 406 páginas com histórias e estórias reais e interessantes. Adornadas com 428 imagens, entre fotos, telas e ilustrações, ajuda ao leitor a vivenciar as histórias e estórias ocorridas em um tempo que costumo me referir como “tempo da delicadeza”. 

Durante o evento, será servido um coquetel aos presentes.
Solicito aos amigos, que repasse esse CONVITE para todos os seus contatos, ajudando assim a divulgação do evento.

Abraços a todos,

Ormuz Simonetti