domingo, 14 de outubro de 2012

CARTA DO POETA FÉLIX CONTRERAS AO PRESIDENTE DA UBE AGRADECENDO SUA ESTADIA EM NATAL


Em minha já longa vida literária, cultural, intelectual por tantos povos, cidades e países, nunca antes tinha recebido tamanha demonstração de  afeto, expressões de alto espírito, arte e sensibilidade, como as recebidas na cidade de Natal/RN.
Aqui deixo meus agradecimentos saídos desta grande saudade que já sinto muito próxima aos grandes poetas Horácio Paiva, Eduardo Gosson e Diógenes da Cunha Lima, Lúcia Helena, Alberto Cícero (na sua Douce France), à Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, Carlos Gomes, Ormuz Simonetti, Betânia Ramalho (Secretária de Educação e  Cultura do Estado), Zelma Furtado (presidenta da Academia Feminina de Letras do RN – tão bonita na mesa de honra), Geralda Efigênia, Rubens Azevedo, Auzê Freitas, Janilson Carvalho e seus “Devaneios.”Teresinha Rosso Gomes, a  Gianine Costa que me presenteou com o maravilho livro sobre o seu pai, meu conterrâneo Isauro, ao pianista Humberto Muniz e suas mãos mágicas, a Natal, minha adorada cidade bela, hospitaleira e ao seu povo bom, Ormuz Simonetti (presidente do Instituto Norte-Rio-Grandense de Genealogia) Ana Maria Melo, Simone Silva e Mariana, também a Prefeitura Municipal de Ceará Mirim(Antonio Peixoto, e Edilson Rodrigues), Tribuna do Norte (Yuri e outros), Diário de Natal (Sérgio e outros), ao Toinho Silveira,  ao Hotel Holyday Inn (George Gosson) com suas janelas abertas a olhar o Atlãntico, Liége Barbalho que com muito amor e profissionalismo divulgaram este evento que ficará na memória desta região que olha o mundo desde A TORRE AZUL do poeta Horácio Paiva. Para todos de corpo presentes e não, meus beijos, abraços, mãos, pés, olhos e saudades.
                       
                                 FContreras

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

SAUDOSAS LEMBRANÇAS





Hoje eu lembro com saudade o tempo que passou
O tempo passa tão depressa, mas em mim deixou
Jovens tardes de domingo tantas alegrias
Velhos tempos, belos dias
(Roberto Carlos)


Tenho saudade dos veraneios das décadas de 70 e 80. Vez por outra, pego-me em saudoso devaneio, lembrando-me daquela época. Isso ocorre principalmente quando vejo a praia sendo tão maltratada por aqueles que teriam a responsabilidade dela cuidar. As falésias, invadidas pelas pousadas, estão pontilhadas de cano de esgoto, propiciando aos que por ali passam uma triste visão e a sensação de que estamos perdendo a guerra contra esse tipo de pessoa. Em alguns pontos os canos são bem visíveis. Indicam que ali não se tem nenhum respeito pela natureza nem pelo próprio lugar onde se vive com a família.

Quando vejo aquele pequeno pedaço de praia, que com certeza é a menor do Brasil, sem espaço para os banhistas, apinhada de sombrinhas e de vendedores, causa-me um extremo desconforto. É um verdadeiro mercado persa, onde se vende todo tipo de mercadoria, desde alimentos de duvidosa higiene a roupas, artesanatos e, ultimamente, mais uma modalidade de exploração comercial: o aluguel de cadeiras e sombrinhas. A desorganização é total. Não existem regras para nada, ou pelo menos não as percebemos. As sombrinhas de praia tomam conta de toda a pequena orla. Os comerciantes do local, no afã de ganhar mais dinheiro, invadem o pequeno espaço que os banhistas têm para se locomover, chegando a ponto de colocar as sombrinhas até dentro d’água, acompanhando a vazante da maré.  E tudo isso sob os olhos complacentes do poder público, que nada faz para modificar essa situação.

Tenho saudade, sim, daqueles veraneios de outrora, quando podíamos andar pela praia sem termos que nos deparar com esse tipo de situação. Não quero, com isso, dizer que sou contra o progresso, principalmente aquele que traz benefícios à população. Todavia, sou terminantemente contra o progresso a qualquer custo – aquele que é feito sem o mínimo planejamento, desorganizado, poluidor e destruidor, que passa por cima de tudo e de todos, contanto que atinja seus objetivos mercantilistas.

De uns tempos para cá, o lema na Pipa constitui-se em: dinheiro e lucro a qualquer custo!

Tenho saudade de quando andava pela praia, pisando na areia branca que, de tão alva e macia, dava vontade de se deitar. Ainda posso ouvir o rangido fino que ela produzia, quando pisávamos com mais força ou então quando corríamos sobre ela. Quantas vezes, depois de uma noite de “serenatas”, ficávamos a conversar até alta madrugada naquela areia... Por vezes, dormíamos ali mesmo. Não tínhamos medo, pois não havia motivo para tal. Até o final da década de 90, não me lembro ter acontecido na Pipa qualquer fato que envolvesse violência. Era comum pessoas dormirem em suas casas com as janelas abertas, sem nenhum receio. E como era bonito acordar bem cedinho e olhar os botes ancorados no porto! Naquele seu indolente balançar. Quando os primeiros raios do sol surgiam por cima do morro do Cruzeiro, revelavam toda a exuberância de um pedacinho da Mata Atlântica, naquele tempo, totalmente preservada. Infelizmente, não posso dizer o mesmo nos dias de hoje. Basta dar uma olhada à noite, para ver o foco das luzes dentro da mata que cobre o morro, para que se percebam as construções que lá existem. Irregulares? ... Não sei!

Quantas vezes eu vi a amanhecença naquela areia, contemplando a imensidão do oceano iluminado pelos primeiros raios do sol... Logo era invadido por uma profunda paz de espírito, como se sentisse a presença divina. A contemplação da natureza em todas as suas formas nos propicia esse estado de paz e bonança com o Criador.

Sim, tenho muita saudade das noites dormidas nos alpendres, das brincadeiras de dar “nó de jabá” no punho das redes dos mais descuidados ou dos incautos “visitantes”. Os namorados das nossas primas eram os nossos principais alvos. Alguns dos rapazes mais afoitos, além de darem o famigerado nó, colocavam a rede de volta nos armadores e, com o peso de seu corpo, arrochavam o máximo que pudiam. Depois, ainda urinavam em cima para que o infeliz não pudesse usar os dentes para desatá-lo. Que maldade! O coitado tinha que se arrumar lá pela areia da praia e, certamente, amanhecia o dia sem pregar olhos.

Essa era a Pipa dos anos dourados. Ocorreu-me agora a lembrança dos versos de uma música do poeta Dorival Caymmi, eterno apaixonado por sua terra. Diz muito da Pipa daquela época, do tempo da beleza, talvez do tempo da delicadeza.

[...] É quando o sol vai quebrando, lá pra o fim do mundo pra a noite chegar
É quando se ouve mais forte o ronco das ondas na beira do mar
É quando a cansaço da vida, da lida obriga João se sentar
É quando a morena se enrosca, se chega pro lado querendo agradar
Se a noite é de lua, a vontade é contar mentiras, é se espreguiçar
Deitar na areia da praia que acaba onde a vista não pode alcançar
E assim adormece esse homem que nunca precisa dormir pra sonhar
Porque não há sonho mais lindo do que sua terra, não há
(Dorival Caymmi)

Pipa, junho de 2009.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012


Caros amigos e leitores:

Dia no próximo dia 25 de outubro estarei lançando o livro “A PRAIA DA PIPA DO TEMPO DOS MEUS AVÓS”. O  lançamento se dará na Academia Norte-Riograndense de Letras.

                             Clique em cima da foto para ampliá-la.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

TERCEIRO ANO DO INSTITUTO DE GENEALOGIA




É com satisfação que registramos na data de hoje, o TERCEIRO ANIVERSÁRIO de fundação do INSTITUTO NORTE-RIOGRANDENSE DE GENEALOGIA, nascida da ideia de vários genealogistas e concretizada pelo esforço de ORMUZ BARBALHO SIMONETTI.
Justifica ele, em um dos seus dos seus artigos, que ao longo dos anos "foi constatado o grande o interesse da população pela pesquisa genealógica. A genealogia ou Ciência da História da Família é uma ciência de grande valor para o estudo da História. Registra, sob forma de texto ou árvore genealógica, a história de nossos ancestrais, com nomes, datas, e lugares por onde eles passaram, mantendo-os vivos na memória de seus descendentes, ou de quem interessar possa. O historiador vê a massa como um verde ondear de selva; já o genealogista exuma-lhe a raiz em busca do seu mistério.
            O filósofo italiano Norberto Bobbio refere-se à genealogia com a seguinte citação: “Se o mundo do futuro se abre para a imaginação, mas não nos pertence mais, o mundo do passado é aquele no qual, recorrendo a nossas lembranças, podemos buscar refúgio dentro de nós mesmo. Cada um olha o passado à sua maneira. Uns com nostalgia, outros, com a certeza de que nele se encontra fonte de conhecimento e de meio de passagem de testemunho, da herança cultural de um povo e, na generalidade, de toda a Humanidade”.
Então na noite do dia 17 de setembro de 2009, na sede da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, em Assembléia aberta pelo seu presidente - acadêmico Diógenes da Cunha Lima, que em seguida nos passou o comando dos trabalhos, foi criado o Instituto Norte-Riograndense de Genealogia. Naquela ocasião estavam presentes 40 personalidades do meio literário e cultural do nosso Estado, que em apoio à nossa causa passaram a fazer parte como sócios fundadores da novel instituição.
            O Instituto tem por finalidade, segundo o nosso Estatuto, promover e estimular estudos sobre genealogia, especialmente, a norte-rio-grandense, e sua interação com a história do país, estudos esses que poderão estender-se a disciplinas afins, tais como, história, heráldica, paleografia, informática e arquivística, aplicadas à genealogia.
            Logo em seguida, participamos do Primeiro Encontro Norte-rio-grandense de Genealogia na cidade de Caicó-RN, promovido pelo prefeito Rivaldo Costa, um apaixonado pela genealogia, e também sócio fundador de nossa Instituição.
            Esses eventos se sucederam nos anos seguintes de 2010 e 2011, com grande participação de vários genealogistas do nosso Estado, inclusive alguns procedentes de outros estados da federação como Paraíba, Pernambuco e Ceará. A população também teve participação bastante expressiva e com notório interesse aos temas abordados, principalmente nas mesas de debates, onde eram frequentes os apartes da plateia." 
                  É relevante registrar que conseguimos editar a nossa PRIMEIRA REVISTA, cuja distribuição se pretendia fazer nas comemorações do 3º aniversário, no próximo dia 21, no salão do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, grande parceiro e que nos permitiu utilizar uma sala do seu anexo. Contudo, enfermidade ocorrida com nosso sócio fundador JOSÉ HÉLIO DE MEDEIROS, colaborador dos mais assíduos, resolvemos adiar o evento para melhor oportunidade, rogando a DEUS que lhe conceda a graça de uma breve recuperação. 
                PARABÉNS COMPANHEIROS. Lembrem-se das nossas reuniões informais das quartas-feiras, a partir das 16 horas.
 (Carlos Roberto de Miranda Gomes)


sábado, 15 de setembro de 2012

O INSTITUTO HISTÓRIO E GEOGRÁFICO DO RN TEM NOVO ESTATUTO





A mais vetusta entidade privada do Rio Grande do Norte, o INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO NORTE, como associação civil sem fins econômicos, foi fundado em 29 de março de 1902, cujo Estatuto original data de 26 de abril de 1927, apontado no livro de Protocolo nº 1, sob o nº 620, pág. 51, e registrado, por extrato, no livro nº 3, das Sociedades Civis, sob o nº 34, às fls. 23 e 24 e feitas as respectivas indicações e referências nos demais livros do Cartório do Oficial do Registro de Títulos e Documentos da Comarca de Natal/RN, ao tempo em que era titular o escrivão Miguel Leandro, com personalidade jurídica de direito privado.

Ao longo dos seus 110 anos a Casa da Memória, como a batizou Câmara Cascudo, tem vivido momentos de glórias e de apreensões, notadamente pelas dificuldades de sua manutenção a exigir custos elevados.
Carente de novos instrumentos tecnológicos, carece de cuidados especiais para evitar os efeitos erosivos do tempo e adentrar no século 21 como instrumento de preservação da história.
Sem nenhum desprezo pelos que por ali passaram e tiveram mandatos quase que eternos, o atual Presidente Jurandyr Navarro da Costa está atento às necessidades de mudanças urgentes, tanto que como tarefa inicial, nomeou comissão de sócios, comandada pelo confrade Carlos Roberto de Miranda Gomes e mais os sócios efetivos Ormuz Barbalho Simonetti e João Felipe da Trindade, que elaboraram uma nova Carta de Princípios – o novo Estatuto, que mereceu aprovação unânime na memorável assembleia geral extraordinária realizada no dia 02 de maio do ano corrente e, no dia 13 do corrente mês,  mereceu registro no cartório competente, dando início a uma nova era para a Instituição modelar da preservação histórica do Estado Potiguar.
Agora, em fase de eleição de uma nova Diretoria, deverá traçar os rumos definitivos na direção do futuro, esperando gestos de colaboração, na mesma dimensão de grandeza com que proporcionou a escritora Ana Angélica Timbó com a doação de um imóvel, hoje denominado de anexo e do desvelo da representante do Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (IPHAN), Senhora Jeanne Nesi.
Vamos dar as mãos para um trabalho único na direção da total recuperação do IHGRN, em sua estrutura física, patrimonial e humana, deixado à margem eventuais disputas pelo poder.
Honra e Mérito para os nove Presidentes da Instituição: Olympio Vital (1902-1910); Vicente Lemos (1910-1916); Pedro Soares de Araújo (1916-1926); João Dionísio Filgueira (interino entre fevereirto e maio de 1926); Hemetério Fernandes (1926-1927); Nestor dos Santos Lima (1927-1959); Aldo Fernandes (1959-1963); Enélio Lima Petrovich (1963-2012); Jurandyr Navarro da Costa (2012, atual gestor).
A nova estrutura administrativa está estatutariamente assim composta: Diretoria constituída de 08 (oito) membros, escolhidos dentre os sócios fundadores e/ou efetivos, para o exercício dos cargos de: Presidente, Vice-Presidente, Secretário-Geral, Secretário-Adjunto, Tesoureiro-Geral, Tesoureiro Adjunto, Orador e Diretor da Biblioteca, arquivo e museu, eleitos para um mandato de 3 (três) anos, em Assembléia Geral Ordinária realizada entre a última quinzena do mês de outubro e a primeira quinzena do mês de novembro do último ano de mandato. Duas Comissões Permanentes escolhidas pelo Presidente: A Comissão de Redação e Cultura, constituída de 5 (cinco membros), um dos quais podendo ser o próprio Presidente do Instituto, e a Comissão de Admissão e Sindicância, constituída de 3 (três) membros, incumbida de pronunciar-se sobre a admissão e exclusão de sócios, sem prejuízo da criação de outras comissões para fins especiais, cujos mandatos acompanharão o mesmo período atribuído à Diretoria. Conselho Fiscal, constituído de 3 (três) membros  titulares, e 1 (um) suplente, eleitos pela Assembleia Geral, dentre os sócios efetivos, desde que não sejam parentes até o terceiro grau dos membros da Diretoria, para mandato de igual período ao da Diretoria, podendo ser reeleitos por igual período, mediante renovação de, pelo menos, 1/3 (um terço) dos seus integrantes.






quarta-feira, 12 de setembro de 2012

I.H.G.R.N - TEM NOVO ESTATUTO


PRESIDENTE JURANDYR NAVARRO E O SÓCIO EFETIVO ORMUZ SIMONETTI



NOVO ESTATUTO DO 
INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO NORTE


APÓS 85 ANOS FOI APROVADO EM ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA E REGISTRADO NO 2° OFICIO DE NOTAS EM NATAL RN O NOVO ESTATUTO DO I.H.G.R.N.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

UMA LUZ NO FIM DO TÚNEL


         



      Recebi, através da imprensa, a informação que nesse pleito teremos a oportunidade de escolher candidatos ainda não contaminados pelos vícios da política. Pessoas que podem apresentar um currículo de prestação de serviços à comunidade, com tempo suficiente para se dedicar totalmente às atividades parlamentares, curso superior, com boa situação financeira, fato esse de muita relevância, pois diminui o risco de cair em tentação e, principalmente, poder apresentar aos eleitores sua FICHA LIMPA, componente tão sonhado pelos cidadãos de bem deste país.         
         
         O ideal seria que o cidadão quando se lançasse a um cargo eletivo, por um determinado partido político, procurasse, em primeiro lugar, conhecer e se identificar com ideologia do partido escolhido.
     
     Os dogmas partidários, ultimamente sempre relegados, consistem num conjunto de orientações políticas que o partido define por ocasião de sua fundação, que o torna de esquerda, de centro ou de direita. Essas idéias podem mudar de acordo com o crescimento do próprio partido, decorrente de mudanças no contexto social.      
   
       A ideologia dos partidos políticos em nosso país resume-se a um simples calhamaço de papéis, que na maioria das vezes não é de conhecimento nem de seus dirigentes, tampouco dos seus filiados.
      
         E com a incrível quantidade de 30 partidos políticos atualmente existentes em nosso país, em sua maioria, “de aluguel”, a ideologia partidária transforma-se em um verdadeiro samba do crioulo doido.
     
    Os partidos menores tentam pegar carona se filiando a uma orientação política, que no meio de tantas legendas, terminam por não se definirem se, de centro, de direita ou de esquerda, o que para eles, não tem a menor importância, uma vez que as legendas são meras manifestações de interesse pessoais.
  
       Nos programas eleitorais apresentados, principalmente os televisivos, quase nada se aproveita como informação ou mesmo orientação ao eleitor. Na maioria das vezes observa-se uma verdadeira  lavagem de roupa suja recheada de acusações de corrupção, peculato, mau uso do dinheiro público, demonstrando que aqueles que lá estiveram exercendo seus mandatos foram maus administradores. Mesmo assim fazem de tudo para ludibriar a população, na pretensão de poder retornar. Para isso, os candidatos contam com a inegável famigerada falta de memória da população. E, pasmem, para justificar e conquistar a admiração do eleitor, costumam exibir, como principal troféu aos apáticos (INACAUTOS) eleitores, apenas uma administração pior que a sua, como se esse comparativo lhe credenciasse a novamente exercer o cargo, naquela velha máxima que diz:ruim por ruim, votem em mim.
    
     Além do mais, o que costumamos ver no horário eleitoral gratuito em sua maioria se assemelha a um espetáculo de circo mambembe. Os nomes acompanhados de apelidos grotescos dão o tom dos pretensos administradores.  Fulano do pão doce; cicrano borracheiro; beltrano prestanista, e assim por diante. Um absurdo!
    
     Portanto, se pretendemos mudanças no país, essas mudanças passam, inevitavelmente, pela política. Como não conseguimos mudar os políticos, vamos tentar mudar o sistema, elegendo pessoas descomprometidas e descontaminadas dos vícios que impregnam o nosso atual sistema político.

     Tenho esperança que num futuro próximo, nossas cidades sejam administradas por pessoas em condições de exercerem, na íntegra, as obrigações para as quais foram eleitas. Sem corporativismo, sem negociatas, sem troca de favores, enfim, respeitando aqueles que lhes confiaram o mandato.

        Nossa sociedade não precisa de políticos profissionais. Precisamos, sim, de homens de boa vontade que queiram lutar pela melhoria de seus concidadãos tornando a sociedade mais justa e igualitária.   

       Atualmente, nosso sistema político assemelha-se ao passado sombrio ocorrido na Grécia Antiga quando, a sociedade ateniense padecia da total corrupção dos costumes. Fazia-se mister providências urgentes para salvar aquela alquebrada sociedade. Em discussão acalorada dos anciãos em busca de uma solução, surge a figura de Parrásio,(400 anos a.C.) que sacando das pregas da toga uma maçã podre, a esmaga contra o polido chão de mármore. E, à interrogação que se lia em todos os olhares, respondeu: a maçã está podre, porém boa estão as sementes. Cuidemos da juventude.
  
       Portanto, enquanto esperamos que se forme uma juventude livre da contaminação e dos maus costumes que assola de maneira avassaladora a nossa célula social, procuremos votar com responsabilidade, pois não temos o direito de continuar errando em nossas escolhas.

       Utopia? Devaneio? Talvez. Mas, o que seria de nós, pobres eleitores, constantemente ludibriados pelos falsos salvadores da pátria, se não tivéssemos, pelo menos, o simples direito de sonhar?

        A democracia talvez não seja o melhor dos sistemas políticos, porém nos permite, de tempos em tempos, continuar escolhendo nossos administradores, na eterna procura de homens honrados para dirigir com altivez e competência o nosso amado país.

Natal/RN setembro 2012.

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

PERSONAGENS GOIANIENSE


                                                          GOIANINHA-RN  -  1943

         O município de Goianinha no Rio Grande do Norte foi, durante os séculos XIX e XX, celeiro de grandes personalidades da história jurídica do nosso estado e do nosso país. Dentre eles, destacamos o Dr. Augusto Carlos de Vasconcellos Monteiro nascido em Goianinha no dia 12 de outubro de 1881.

         Filho de Mathias Carlos de Vasconcellos Monteiro, bisneto do italiano Pietro Nicolau Villa e de Genuína Adelaide Pedroza Galvão. Descendente de seu patrício e companheiro de viagem, da Itália para o Brasil, no século XVIII Giovanni Baptista Simonetti.
      
      Iniciou o curso preparatório no Colégio Militar do Ceará, porém o abandonou por absoluta falta de vocação. Volta para Natal e no ano de 1897 conclui o curso de humanidade no velho Atheneu.

        No ano seguinte foi para o Recife e se matriculou na Faculdade de Direito. No dia 13 de dezembro de 1902, conclui o curso de Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais da daquela tradicional faculdade.

         Em janeiro de 1903, casa-se com sua prima em 4° grau, Amália Adelaide de Vasconcellos Monteiro, que nasceu em 1884, sua prima legítima, filha de João Baptista Constant Simonetti e Primênia Pedroza Simonetti.

         Dessa união nasceram os filhos: Belkiss Monteiro de Medeiros que se casou com Eloi Cesino de Medeiros; Haydee Simonetti Monteiro que casou com Ubaldo Bezerra de Melo, Interventor Federal, nomeado em fevereiro de 1946 pelo Presidente da República, General Eurico Gaspar Dutra, tendo tomado posse no Ministério da Justiça no Rio de Janeiro. Ubaldo Bezerra de Melo era proprietário das Usinas Ilha Bela e Santa Terezinha em Ceará-Mirim-RN. O terceiro e último filho foi Carlos Simonetti Monteiro casado com Nazaré Nascimento Monteiro.

         Nesse mesmo ano, já era promotor público da comarca de Canguaretama. Em 1906, muda-se para a região do Seridó, em virtude de sua nomeação para Juiz de Direito da Comarca de Acari. No ano seguinte foi exercer a mesma função na cidade de Caicó, onde permaneceu por de cinco anos.

         Com o falecimento de sua primeira esposa, que também era sua prima, Amália Adelaide de Vasconcellos Monteiro, em 30 de março de 1911, casa-se pela segunda vez com a caicoense Maria Valle Monteiro (1896-1979) com quem teve duas filhas: Eunice Valle Monteiro, nascida em Goianinha em 1915, tendo falecido em Caicó em 27 de maio de 1944, vítima de um desastre quando viajava com destino a Natal. Cléa Valle Monteiro nascida no Acre em 1917, falecida em 1926 em Caicó com apenas oito anos de idade.






















         Desde muito cedo, já demonstrava interesse pela política. Como na época era permitido aos magistrados exercerem a atividade política partidária, chegou a dirigir por alguns anos o partido situacionista local. Em 1912 foi eleito Deputado Federal pelo Rio Grande do Norte para o triênio 1912/1914.

                               UMA NOVA ADMINISTRAÇÃO DO ACRE
                                                   RIO DE JANEIRO
                                                  IMPRENSA NACIONAL
                                                           1915


        A sua mais importante contribuição para nosso país foi o projeto de Lei à Câmara dos Deputados, n° 257 – 1914, intitulado REORGANIZAÇAO A ADMINISTRAÇÃO DO TERRITÓRIO DO ACRE, composto de sete capítulos e quarenta e oito artigos. Em 29 de dezembro de 1914, defende no Congresso Nacional o projeto apresentado, publicado em 1915, com ampla repercussão na imprensa da Capital Federal.


Em 6 de janeiro de 1915, por Decreto Presidencial foi nomeado prefeito do Alto Acre, onde exerceu o cargo que lhe foi confiado pelo Chefe da Nação, com isenção e espírito público. Prestou, na medida do possível com muito esforço e dedicação, relevantes serviços ao povo daquela região esquecida do país.




                                                   Termo de Posse
         

Transcrevo abaixo o termo de posse, conforme cópia do Documento Oficial.

“BRASÃO DAS ARMAS
REPÚBLICA DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL
O Presidente da República:
Resolve nomear o Dr. Augusto Carlos de Vasconcellos Monteiro para o cargo de Prefeito do Alto Acre.
Rio de Janeiro, seis de janeiro de mil novecentos e quinze, nonagésimo quarto da Independência e vigésimo sétimo da República.
Carlos Maximiliano Pereira dos Santos”

         Durante o seu mandato governamental que se estendeu de 1915 a 1918, realizou naquela distante região do nosso país, obras de grande importância que muito contribuiu para o desenvolvimento regional.


         Em maio de 1915, criou o Grupo Escolar “24 de Janeiro” atualmente “Sete de Setembro” em Rio Branco, atual capital daquele Estado. Em 29 de agosto de 1915, cria em Xapuri, o Grupo Escolar “Seis de Agosto”. Em 13 de maio de 1916, instala o Serviço de Luz Elétrica em Rio Branco. Em 07 de setembro de 1917 instala na mesma cidade, o Serviço de Telefonia público e particular. Em 13 de maio do ano seguinte inaugura o primeiro hospital de caridade, atualmente denominado Santa Casa de Misericórdia do Acre, ainda em Rio Branco.

         Vitimado pela “gripe espanhola” contraída no Acre, que assolava todo o país faleceu aos 37 anos de idade, na cidade de Belém-PA, após desembarcar do navio que viajava com destino ao Rio de Janeiro, então Capital Federal, onde assistiria a posse do Presidente Epitácio Lindolfo da Silva Pessoa. Nessa viagem estava em companhia de sua irmã mais nova Alzira Adelaide Vasconcelos Monteiro.

         O Rio Grande do Norte também padeceu com a terrível peste. Estórias transmitidas pela oralidade informam que a doença foi responsável por dizimar famílias inteiras. Os corpos eram jogados em valas a céu aberto, tão grande era o número de mortos. As avenidas Rio Branco, Princesa Isabel e Deodoro da Fonseca (com as respectivas denominações daquela época), tornaram-se cemitérios obrigatórios. Como não havia pavimentação, as fortes chuvas da época abriam nessas ruas, grandes valas que foram usadas para sepultamento dos corpos.  


         Augusto Carlos de Vasconcellos Monteiro não retornou ao seu amado torrão. Devido às dificuldades existentes na época, foi sepultado, possivelmente no Cemitério de Santa Isabel, por ser o mais antigo da cidade de Belém do Pará.

   (matéria publicada em O JORNAL DE HOJE, desta sexta-feira)




        


segunda-feira, 20 de agosto de 2012

YES, NÓS TAMBÉM TEMOS UMA ROCINHA



O IBAMA é aquela instituição ambiental que no ano passado, entre um caçador e um ninho de arribaçãs, atirou e matou o caçador. Como se a vida humana valesse menos que as aves.
(SEREJO, Vicente. Jornal de Hoje, Natal-RN, 02 de fev. 2010. Cena Urbana)

No dia 22 de maio de 2009, o agricultor Emanoel Josian Barbosa, no vigor de seus 19 anos de idade, fazia um “facho” – caça de pássaros à noite – armado apenas com um pedaço de pau e uma lanterna, quando foi cruelmente abatido com um tiro de escopeta.

O disparo foi feito por um bravo fiscal do IBAMA que, “em cumprimento de seu dever”, junto com outros colegas, dava proteção a um “pombeiro” – local de postura de aves de arribação. O fato aconteceu no assentamento Boa Vista, no município de Jandaíra-RN. No seu bornal foram encontradas apenas duas aves que ele havia abatido naquela fatídica noite, e que seriam utilizadas para o consumo de sua família. A vida desse jovem trabalhador brasileiro foi brutalmente interrompida com um tiro à queima roupa. Seu crime, “inafiançável”, foi matar, para comer com sua família, uma parelha de arribação. Rápida foi sua morte e também rápido foi o esquecimento do fato, que na época fora amplamente divulgado pelos meios de comunicação. Até esta data tudo continua “como dantes no quartel de Abrantes”.

Na minha querida Pipa também é grande a “eficiência” dos chamados Órgãos de Proteção do meio ambiente. O morro principal conhecido como Morro de Vicência Castelo, cartão postal da Pipa, vem sendo agredido de diversas formas. Construções irregulares ponteiam a parte mais visível do morro que está virando uma verdadeira Rocinha, pela aglomeração desordenada de casas que se penduram em suas frágeis areias. O que deveria ser protegido por tais Órgãos Ambientais que, no cumprimento de seu dever, não hesitam em atirar em cidadãos desarmados, está totalmente abandonado, à mercê da ousadia de alguns espertalhões.
Com uma fiscalização praticamente inexistente, a falta de atenção estimula a multiplicação das construções clandestinas, ao velho estilo do “se colar, colou”.

À noite, quem passeia pela beira da praia pode ver, dentro do morro, pontos de luz onde a escuridão da mata denuncia que ali tem uma casa já construída ou em construção. Em cima ainda é pior. Longe das vistas dos que passeiam pela praia, e naturalmente dos bravos fiscais do IBAMA, as construções se desenvolvem sem a menor preocupação, pois na Pipa como se sabe, tudo pode. É bem verdade que nesse morro também existem construções feitas há vários anos, em terreno adquirido regularmente, sem que tenha havido desmatamento e com as devidas autorizações dos órgãos competentes.

Há pouco tempo, vimos pela televisão imagens chocantes da destruição de construções erguidas no sopé de um morro em Angra dos Reis. Lá o prejuízo foi além do material. Vidas foram ceifadas em decorrência da insensibilidade e irresponsabilidade do Homem. Tudo começa com o desmatamento para a ocupação irregular de locais que deveriam ser rigorosamente protegidos. A natureza sempre vai buscar o que lhe tomaram. Na Pipa, temos várias casas nessa mesma situação.

Na praia principal, os sombreiros se multiplicam a uma velocidade espantosa, sem nenhum critério. Cada dono de barraca quer colocar o maior número de sombreiros, no afã de arrebanhar para si a maior quantidade de clientes. Para isso, contam com a ajuda das empresas de bebidas que doam, além dos sombreiros, mesas e cadeiras, com tanto que vendam o seu produto. E assim, a beira da praia, que deveria ser de livre acesso aos banhistas no direito de ir e vir, fica entupida com tanta barraca, que mais parece uma feira livre.
Se você caminha em direção a Praia do Amor, nome atual do Morro dos Amores, já pode verificar a multiplicação das barracas e, consequentemente, das areias invadidas por uma quantidade cada vez maior de sombreiros de praia e suas cadeiras.
As falésias estão sendo escavadas para a construção de mais um bar, tudo isso acontecendo sob as vistas complacentes do poder público municipal e dos Órgãos de Proteção do meio ambiente.

O abandono da Pipa é tão grande, que outro dia um amigo escutou a seguinte conversa em um banco de praça:

– Vamos passar o verão na Praia da Pipa. Leve churrasqueira, fritadeira, isopor. Che­gando lá, vamos à praia escolher o local para o nosso comércio. Lá nós armamos nossas mesas e cadeiras e as espreguiçadeiras, fazemos de tábuas de caixa de sabão. Os sombreiros a gente arranja com as empresas de bebida ou de cartão de crédito, e vamos esperar os turistas chegarem para vendermos nossa cerveja ou a caipirinha que a gente faz ali mesmo, de qualquer jeito.
– Como é que eu lavo a louça?
– A gente pega uma bacia com água e dá para usar o dia todo.
– E a gente pode chegar assim, se instalar e ninguém fala nada?
– Pode, na Pipa pode tudo, ninguém vai incomodar. Mas não pode nem pensar em re­gularizar, tirar CNPJ, inscrição. Senão vem alguém cobrar pelo Alvará, IPTU, ICMS, ISS. Você tem que ser clandestino, assim a COVISA não pode fiscalizar, nem o Ministério do Trabalho.
– Mas pode ser num lugar fixo?
– Pode. Você vai para a Praia dos Afogados (Praia do Amor), corta um pedaço da barreira, coloca freezer, geladeira, fogão. Assim a maré não vai atrapalhar.
– E pode ter água e luz?
– Pode, a gente dá um trocado para vizinho mais perto e puxa um “gato”.
– E as cervejas geladas que não venderem?
– Tem nada não, no dia seguinte a gente gela de novo e ninguém reclama não.
– Mas, e meu filho vai trabalhar de quê?
– Ah, ele pode ser pastorador de carros na ladeira. Quando o turista chega, ele já entrega o papelzinho dizendo que custa R$ 5,00 e que o dono do carro terá a certeza de não ter o carro arranhado.
– E a noite, o que a gente pode faturar?
– À noite, a gente escolhe um lugar na rua principal, onde os otários pagam alvará, IPTU, ICMS, ISS o ano todo, e monta uma barra­quinha de caipirinha, hula-hula, cerveja. Ou então a gente tira uma onda de hippie e expõe umas bugigangas na frente de qualquer loja bacana, no chão mesmo. Tem até fornecedor que traz um carro cheio de coisas de outros estados.
– Mas eu tive um probleminha com a polícia lá na minha cidade.
– Tem nada não. Na Pipa ninguém pergunta de onde você veio, o que você fazia lá, ninguém quer saber do seu passado e origem, nem pra onde você vai no próximo verão.
– Ah! Desse jeito é bom demais!
Por onde andamos aqui em Pipa, ouvimos conversas como esta que um amigo ouviu num banco de praça.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012


Meu caro Ormuz, parabéns e obrigado pela gentileza de me fazer um privilegiado integrante de seu mundo genealógico. Sua obstinação é admirável. Gostei de ver, aqui em São Paulo, onde já visitei a bienal do livro, as fotos reunindo bons e queridos amigos, entre os quais destaco o Professor Carlos Gomes. Também merece registro a bem postada crônica de Odúlio. Enfim, desejo-lhe sucesso na empreitada, tão bem conduzida desde o nascedouro. 
Com um forte abraço, 

Assis Câmara

quarta-feira, 15 de agosto de 2012


INSTITUTO NORTE RIO-GRANDENSE DE GENEALOGIA -INRG



PRIMEIRA REUNIÃO NA NOVA SALA DO INSTITUTO NORTE-RIOGRANDENSE DE GENEALOGIA  - I.N.R.G
Fotografado por Anibal Barbalho 


Cortez Gomes, Joaquim Neto, Antônio Luiz, José Hélio, Carlos Gomes, Albérico da Conceição, Anibal Barbalho e Felipe Trindade.
                                                 Fotografados por Ormuz Simonetti

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

SE EU TIVESSE CONVIVIDO COM O MEU PAI


                                                         Odulio Botelho Medeiros

           
                             Se eu tivesse convivido com o meu pai, certamente eu seria mais feliz. A minha infância teria sido diferente, sem timidez, tristezas ou desencantos. Se eu tivesse convivido com o meu pai, os percalços teriam sido menores, pois o seu ombro fraterno teria me consolado. Se eu tivesse convivido com o meu pai, não teria os pesadelos que ainda hoje os tenho: dormiria um sono mais profundo e reparador.
                 
              Se eu tivesse convivido com o meu pai, o medo não existiria e uma fortaleza interior guardaria comigo até hoje. Se eu tivesse convivido com o meu pai, teria ouvido e recebido os seus conselhos, as suas lições, e a vida teria sido mais leve, mais benevolente, e, inegavelmente mais virtuosa.
                                
           Se eu tivesse convivido com o meu pai, teriam sido destruídas todas as fragilidades interiores e, com certeza, haveria de olhar para frente e sempre para o alto. Se eu tivesse convivido com o meu pai eu seria muito mais alegre, ameno e mais tolerante.

          Se eu tivesse convivido com o meu pai, enfrentaria as dúvidas que ainda restam e as desconfianças que ainda carrego. Se eu tivesse convivido com o meu pai, me revelaria mais humano e mais compreensivo. Se eu tivesse convivido com o meu pai, teria tido mais condições para entender os semelhantes e amá-los com maior profundidade.

          Se eu tivesse convivido com o meu pai, a minha gratidão seria mais reconhecida e eu poderia noticiar a todos o meu agradecimento. Se eu tivesse convivido com o meu pai, teria jogado mais peladas de futebol, teria cantado mais, e estudado muito mais e hoje falaria o idioma inglês e teria feito versos como o poeta Castro Alves.

             Se eu tivesse convivido com o meu pai, não teria trabalhado tanto, desde os dez anos de idade. Se eu tivesse convivido com o meu pai, acreditaria mais nas pessoas e não haveria desconfiança. Se eu tivesse convivido com o meu pai, possivelmente, assistiria novela de televisão e valorizaria mais as manifestações do povo e entenderia melhor a sua angústia.

          Se eu tivesse convivido com o meu pai, teria sido melhor filho, melhor pai, melhor avô, melhor marido, melhor irmão, melhor amigo e até melhor de coração. Se eu tivesse convivido com o meu pai, teria tido infindáveis palavras de agradecimento pelo dom da vida.

            Se eu tivesse convivido com meu pai, o levaria ao futebol nas tardes dos domingos, aos bares da vida, armaria para ele a melhor rede de dormir e ficaria a ouvir a sua voz e os seus lamentos. Se eu tivesse convivido com meu pai, o deixaria bem à vontade, contanto que ele ficasse de bem com a vida.

              Se eu tivesse convivido com o meu pai, não desperdiçaria o seu convívio, sairia sempre com ele para beber e até namorar. Se eu tivesse convivido com o meu pai, acreditaria mais na sorte, na vida, nas pessoas, no destino e muito mais em DEUS.
                                        
Parabéns ao meu amigo Odúlio Botelho Medeiros. Esse belo e comovente artigo é exatamente tudo que eu desejaria ter escrito.