quinta-feira, 12 de maio de 2011

DO BLOG DE LUCIA HELENA PEREIRA



ROBERTO PEREIRA, FILHO DE NILO PEREIRA, JÁ SE ENCONTRA EM NATAL PARA A 20ª BNTM. APROVEITO PARA POSTAR SUA CARTA A ORMUZ SIMONETTI, POSTADO EM 05-05.

"Meu caro Ormuz:

Emocionado, apesar da tardança do horário e, à Drummond, cansado das canseiras desta vida, em plena madrugada, acessando o seu site, eis a surpresa do Guaporé, onde se situa, teimosa e resistentemente, o Museu Nilo Pereira, ocorreram-me somente palavras de agradecimento à sua sensibilidade e a sua “eterna vigilância” em clamar/preservar o patrimônio material e imaterial do Ceará Mirim de saudosas lembranças para a família Pereira, porque, cidade mágica e por ser a Pátria espiritual do meu saudoso pai, como assim se referiu o escritor Edgar Barbosa, passou a ser também pátria de todo o seu rebento, “filhos do sol, netos da lua”.

O poema do escritor Diógenes da Cunha Lima, deveria ser editado em poster e distribuído nas escolas, ofertado, também, aos visitantes do nosso Ceará - Mirim. Conversando com a prima e escritora Lúcia Helena - arte e talento na preservação da memória de Nilo Pereira - é o que costumo ouvir da lavra intelectual dela, que, nilopereirianamente, tem sido uma intérprete da obra de papai, da identidade deste com a cidade, onde “verde nasceu no engenho Verde Nasce”.

...muito, muitíssimo grato a esse espaço que você disponibiliza ao RN, à região Nordeste, ao Brasil e ao mundo, enfocando Nilo Pereira, o Guaporé, o Ceará Mirim.
Nesta semana, de 11 a 15 de maio, estarei em Natal, assoberbado por um evento internacional, a 20ª BNTM - Brazil National Tourism Mart -promovido pela Fundação CTI Nordeste que, há 12 anos, me tem como secretário executivo. Vou adequar a minha agenda para andar os bons caminhos do Ceará Mirim, como a refazer as inúmeras visitas feitas ao lado de Nilo, que, ao adentrar a cidade, exclamava/declamava: “esta é a ditosa pátria minha amada”, do poeta maior, Camões, no seu poema épico Os Lusíadas. Para, em seguida, ele puxar Os engenhos de minha terra, que, na primeira estrofe, dizia: “Dos engenhos de minha terra, só os nomes fazem sonhar: Esperança! Estrela d'Alva! Flôr do Bosque! Bom-Mirar!”

"...irei com a minha mulher, Elaine, que vai levando o meu/nosso netário, Mariana, Marcela e Rafaela, que, na parte do lazer, já me entregaram uma programação que contempla as dunas, as falésias, passeios de bugre etc, mas ainda não se reportaram à terra do bisavô, tampouco - são crianças - à civilização do açúcar, tão inerente ao Ceará - Mirim..." etc, Roberto.
O Filme que todos temos que assistir !!!
VAMOS MELHORAR 2011!

Uma das maiores empresas de marketing do mundo, resolveu passar uma mensagem para todos, através de um vídeo criado pela TAC (Transport Accident Commission) e que teve um efeito drastico na inglaterra. Depois desta mensagem, 40% da população da inglaterra, deixaram de usar drogas e se alcoolizar, pelo menos nas datas comemorativas. Não temos este tipo de iniciativa aqui no Brasil. Espero que todos assistam, mesmo que não se alcoolizem ou usem algum tipo de drogas, e que reflitam e passem para os seus contatos.

Link do video:

http://www.youtube.com/watch?v=Z2mf8DtWWd8

domingo, 8 de maio de 2011

MÃE, A MAIS BELA DAS PALAVRAS

Perguntaram a uma mãe qual dos filhos que mais amava e ela respondeu:

o pequenino até que cresça;
o enfermo até que cure;
o ausente até que volte

(Al-Asfahani)



Quanta saudade!!

POEMA DAS MÃES (Giuseppe Ghiaroni)

Mãe! hoje eu volto a te ver na antiga sala
onde uma noite te deixei sem fala
dizendo adeus como quem vai morrer.
E me viste sumir pela neblina,
porque a sina das mães é esta sina:
amar, cuidar, criar e depois perder.
Perder o filho é como achar a morte.
Perder o filho quando, grande e forte,
já podia ampará-la e compensá-la.

Mas nesse instante uma mulher bonita,
sorrindo, o rouba, e a velha mãe aflita
ainda se volta para abençoá-la.
Assim parti, e nos abençoaste.
Fui esquecer o bem que me ensinaste,
fui para o mundo me deseducar.
E tu ficaste num silêncio frio,
olhando o leito que eu deixei vazio,
cantando uma cantiga de ninar.

Hoje volto coberto de poeira
e te encontro quietinha na cadeira,
a cabeça pendida sobre o peito.
Quero beijar-te a fronte, e não me atrevo.
Quero acordar-te, mas não sei se devo,
não sinto que me caiba este direito.
O direito de dar-te este desgosto,
de te mostrar nas rugas do meu rosto
toda a miséria que me aconteceu.

E quando vires e expressão horrível
da minha máscara irreconhecível,
minha voz rouca murmurar:”Sou eu!”
Eu bebi na taberna dos cretinos,
eu brandi o punhal dos assassinos,
eu andei pelo braço dos canalhas.
Eu fui jogral em todas as comédias,
eu fui vilão em todas as tragédias,
eu fui covarde em todas as batalhas.
Eu te esqueci: as mães são esquecidas.

Vivi a vida, vivi muitas vidas,
e só agora, quando chego ao fim,
traído pela última esperança,
e só agora quando a dor me alcança
lembro quem nunca se esqueceu de mim.
Não! Eu devo voltar, ser esquecido.
Mas que foi? De repente ouço um ruído;
a cadeira rangeu; é tarde agora!

Minha mãe se levanta abrindo os braços
e, me envolvendo num milhão de abraços,
rendendo graças, diz:
“Meu filho!”, e chora.
E chora e treme como fala e ri,
e parece que Deus entrou aqui,
em vez de o último dos condenados.
E o seu pranto rolando em minha face
quase é como se o Céu me perdoasse,
me limpasse de todos os pecados.
Mãe! Nos teus braços eu me transfiguro.

Lembro que fui criança, que fui puro.
Sim, tenho mãe! E esta ventura é tanta
que eu compreendo o que significa:
o filho é pobre, mas a mãe é rica!
O filho é homem, mas a mãe é santa!
Santa que eu fiz envelhecer sofrendo,
mas que me beija como agradecendo

toda a dor que por mim lhe foi causada.
Dos mundos onde andei nada te trouxe,
mas tu me olhas num olhar tão doce
que , nada tendo, não te falta nada.
Dia das Mães! É o dia da bondade
maior que todo o mal da humanidade
purificada num amor fecundo.
Por mais que o homem seja um mesquinho,
enquanto a Mãe cantar junto a um bercinho
cantará a esperança para o mundo!

terça-feira, 3 de maio de 2011

AINDA SOBRE O MUSEU NILO PEREIRA 2
















NILO PEREIRA E O BARÃO DO GUAPORÉ




POEMA DO PRESIDENTE DA ACADEMIA NORTE-RIOGRANDENSE DE LETRAS, PROF. DIÓGENES DA CUNHA LIMA SOBRE O CASARÃO DO GUAPORÉ (MUSEU NILO PEREIRA) - CEARÁ-MIRIM RN.


O VELHO SOLAR

Diógenes da Cunha Lima



Guaporé, velho solar
Abandonado nas sombras,
Afrancesado, ruínas,
Visíveis galgos de louça
Vigiam homens de outrora.
Um repuxo d'água canta
Sua cantiga molhada,
As estátuas lá em cima
Simbolizando o Trabalho,
Agricultura e Comércio,
Lampiões de cada lado.
Da porta quase desfeita
Um jardim, verde sem fim,
Ladeia a sóbria mansão.


Em frente, a casa de banhos
Semelha simples igreja
Paredes encobrem a nudez
Banhista d'água corrente.
A brisa toma a manhã
E cobre o canavial,
Cambiteiro descoberto
Cantando, vem bem-ti-vi.
E o neto da casa, sábio,
Os olhos vazando o tempo
Vê coisas, paisagens, gente,
Presenças de antigas eras.
Na solidão animada,
Nos verdes do vale sonho,
Vicente Ignácio Pereira,
Barba à Pedro II,
Reconstrói sua morada.
Suas botas de Senhor
(Desenhos no couro cru)


Pisam o chão encharcado.
Às suas ordens tijolos
E argamassa se casam,
Enquanto a cana açucara
No parol, a almanjarra,
Garapa, mel, rapadura,
Rolete, canavial,
Cachaça de bagaceira.
Vicente Ignácio Pereira
Cuida de muitos doentes,
Escreve de experiência
Sobre a cólera mortal,
Lê contos, faz jornalismo,
E assegura a vitória
Do Partido Liberal.

Lembra que foi presidente
Da Província Rio Grande
Na seca mor dos Dois Sete,
Victor de Castro Barroca
Vai por seu mando ajudar
Aos retirantes, no vale.
Vicente Ignácio Pereira
Dá ordens para o passado
E o Guaporé logo expulsa
Seu silêncio espectral.
O salão nobre se enche
Da melhor gente da terra
Em faustos, recepções.
Augusto Meira recita
Seu romantismo, amores,
Juvenal louva com graça


As virtudes da preguiça.
No salão nobre os Barões
Do Ceará-Mirim assistem
A toda festa, ar sisudo,
Nos retratos da parede
Iluminada do espanto
Das arandelas azuis.
Dobé, Izabel Augusta,
Tão caridosa, tão santa,
Interroga: onde é que está
Meu neto Nilo? O engenho
Desmorona com a vida?
Vou morar na Rua Grande?
Na sala azul e conversa
São as cenas da moagem.
História do "São Francisco"
Repetida a toda gente:


No ano sessenta e oito
Insistiram com o Barão
Toda a vantagem haveria
De assumir a presidência
Da Província potiguar.
Demais, estando em Natal
Evitaria a doença
Um surto de catapora
Que assolava no vale.
O Barão pouco pensou
Pra responder, afirmando:
Eu prefiro as cataporas.
E ficou na Casa Grande.


Anoitecendo no vale
Os sinos de uma capela
Tocam chamando o silêncio.
Tia Augusta vai cantar
Para o menino dormir
Cantigas de antigamente.
A vida, a sorte, a madrasta
Carinho de mãe não tem:
"Carpinteiro de meu pai
Não me cortes os cabelos
Que minha mãe penteou,
Minha madrasta cortou
Pelo figo da figueira
Que o passarim beliscou".


Na sala de rosa cor
Explode o riso das moças
Tia Augusta Vaz Pereira
Toca valsas no piano
De cauda, sons multicores.
Retrato de sinhá-moça
Belinha, Pacheco Dantas,
Encantada mas risonha,
Ama os saraus da família.

Tio Riquete Pereira
Levemente aborrecido
Com leitura interrompida
Fecha o volume de Eça
No sofá, frisos dourados,
De repente, tudo volta:
Pára a moenda, alambiques,
Uma procissão de sombras
Se mistura a todos nós
No mistério da ausência,
Os pirilampos do vale
São círios da noite escura,
O Guaporé remergulha
Na quietude da morte.
O tempo, velho alquimista,
Joga o verde em nossos olhos,
Dá outra vida ao-que-foi
Na beleza restaurada:
Deus caprichou neste vale
Na manhã da criação
Em verde, luz, soledade.

sábado, 30 de abril de 2011

GARRAFINHAS DE AREIA COLORIDA

ORMUZ BARBALHO SIMONETTI (Presidente do Instituto Norte-Riograndense de Genealogia-INRG, membro do IHGRN ) www.ormuzsimonetti@yahoo.com.br

AINDA SOBRE AS GARRAFINHAS DE AREIA COLORIDA

Da última vez que estive na residência do poeta Deífilo Gurgel, entre uma conversa e outra, disse-lhe que estava fazendo uma pesquisa, para escrever um artigo sobre a origem das garrafinhas de areia colorida. Na ocasião ele lembrou-se haver lido uma plaqueta feita por Veríssimo de Melo, que tratava do assunto e fazia referência à praia de Tibau do Norte.

Procurei então o meu amigo e contemporâneo do velho Atheneu Norte-Riograndense, Fernando de Melo, filho de Veríssimo. Por sorte depois de algumas buscas ele encontrou e me enviou a tal plaqueta, intitulada GARRAFINHAS DE AREIA DE TIBAU. Essa pesquisa foi feito em 1962 e publicado pela Coleção Mossoroense em 1983, com desenhos e capa de Newton Navarro. Transcrevo na íntegra as anotações, para conhecimento dos leitores,.

“O presente trabalho sobre as areias de Tibau foi feito pelo Diretor do Departamento de Cultura Popular do Instituto de Antropologia da Universidade do Rio Grande do Norte, Prof. VERÍSSIMO DE MELO. Atendendo solicitação do Sr. LUIZ G.M. Bezerra, presidente da Federação Norte-Riograndense de Pesca Amadora, vai agora publicar especialmente para acompanhar as amostras das garrafas de areia que foram enviadas, como lembrança de nossa terra, ao IV Congresso Sul-Americano de Pesca, em Asunción, Paraguái.”

Relata o professor Veríssimo: “O aproveitamento de vasilhame com enchimento de objetos ou cobertura externa com palha ou fibra, com finalidade de ornamentação doméstica, é processo conhecido entre as manifestações da Arte Popular brasileira.

Da Bahia, conhecemos as garrafas com pequenos veleiros metidos lá dentro. Da Paraíba, vidros com santos. Do Pará, lindas garrafas cobertas com fibras de várias cores. Do Rio Grande do Norte, talvez a mais original de todas as nossas atividades artísticas populares seja o enchimento de garrafinhas com areias coloridas de Tibau.
Verdadeiras obras de arte, pelos seus desenhos, distribuição e variedades de cores, essas garrafinhas de areia são muito estimadas como elementos decorativos. Vendidas nos mercados e feiras do Estado, representam curiosidade sui-generis para visitantes ou turistas, que nunca as dispensam como lembrança de nossa terra.

Praia de pesca e veraneio, pertencente hoje ao município de Grossos, extremo-norte do nosso Estado, vizinha do Ceará, Tibau é também recanto pitoresco preferido pelos veranistas do próspero município de Mossoró.
Lá estivemos em julho de 1962, a serviço do Instituto de Antropologia da Universidade do Rio Grande do Norte, tendo oportunidade de observar e conversar com exímia fabricante dessas garrafinhas. Colaborou conosco o Dr. Tércio Miranda Rosado, nosso cicerone e que nos forneceu dados mais amplos sobre o assunto, através de questionário e contacto direto com moradores daquela praia.

AS AREIAS

As areias são retiradas das dunas, que estão bem à vista, diante da praia. Algumas tonalidades são retiradas das camadas superpostas, no subsolo. Sua variedade de cores é impressionante: vinte e cinco tonalidades podem ser colhidas facilmente. Segundo nos informou Josefina Fonseca, são as seguintes as cores de areia de Tibau. Amarelo, Marrom, Preto, Prateado, Cinza, Cinza-Claro, Cinza-Escuro, Encarnado, Encarnado-Escuro, Encarnadão, Areia, Róseo, Verde-Claro, Verde-Escuro, Laranja, Roxo, Roxo-Clara, Roxo-Escuro, Amarelo-Claro, Amarelo-Queimado, Creme, Grená, Branco, Branco-Goma e Cáqui.

Não conhecemos outras aplicações da natureza artística ou industrial das areias de Tibau, a não ser o que nos informou o Dr. Tércio Miranda Rosado: Seu tio Dr. Vingt-Um Rosado usou duas variedades de cores dessas areias na construção de um cinema, em Mossoró. Por outro lado, soubemos que norte-americanos teriam declarado, a respeito das areias de Tibau, que uma das variedades seria semelhante às que foram encontradas na Barra do Ceará (Fortaleza) e Aracati, inflamáveis ao contato de um cigarro aceso.

UMA ARTESÃ

Josefina Fonseca, com quem conversamos, fabricante de garrafinhas de areia, é senhora de quarenta e poucos anos de idade. Aprendeu a técnica do enchimento, há trinta anos, com sua tia Belisa, e logo se aperfeiçoou. Informou-nos que outras pessoas de sua família e moradores da praia também se dedicam a mesma atividade, mas unicamente mulheres.
Mulata escura, Josefina é pessoa bastante cordial, tendo prontamente nos atendido, quando lhe pedimos para encher uma garrafinha em nossa presença.

A TÉCNICA

Josefina foi lá dentro de casa e trouxe vários pacotes de papel, contendo areia de várias cores. Sentou-se no chão, no terraço, pondo de lado uma garrafa vazia (tipo vinho branco), e um arame um pouco maior, talvez de uns quarenta centímetros de ponta a curva.

Inicialmente, apanhou um punhado de areia alaranjada, com a mão direita, despejou-o, lentamente, pelo gargalo da garrafa. Munida do arame, começou a fazer uma série de movimentos por dentro do vasilhame, em sentido circular. Após delinear o primeiro desenho, - um animal – colocou novo punhado de areia e repetiu o mesmo desenho, agora já noutra cor. Seguiram-se, então, nove cores ao todo, nesta ordem: Alaranjada, branca, preta, marrom, grená, cinzenta, roxo e róseo. Em menos de meia hora concluiu o seu trabalho, enchendo uma garrafa de litro, dividida em doze camadas de areia, com o mesmo desenho.

Os motivos artísticos que escolhe não são feitos arbitrariamente. São desenhos tradicionais, que aprendeu de Belisa. Por sua vez, esta já aprendeu de outras pessoas. Uns são mais fáceis de executar, outros mais difíceis. Os motivos que considera mais complicados são os que aparecem “peixinhos” ou “Passarinhos”.
Outro detalhe de técnica interessante é a distribuição das cores nas garrafas. Também não é feita à vontade. Obedece a um padrão tradicional: Cor clara, de início, e cor mais escura em seguida.

A propósito, o escritor cabo-verdeano Luiz Romano, que viveu mais de treze anos no Marrocos francês, tem apontado semelhanças dos desenhos e distribuições de cores entre as garrafinhas de Tibau e trabalho árabes, principalmente tecidos, colchas de lã, como teve ocasião de nos mostrar. Aliás, não só nessa atividade artística Luiz Romano tem encontrado paralelismo com traços culturais muçulmanos. Em muito outros aspectos da vida nordestina. Influência que teria sido trazida pelos portugueses, na colonização.

MULHER DE AREIA

Em meia hora, como vimos, Josefina enche uma garrafinha com areia de Tibau, artisticamente. Em média, confessou-nos que poderá preparar vinte garrafas por dia.
Em 1932, quando iniciou o aprendizado, cobrava por uma garrafa de areia cinco mil réis. Hoje, o preço normal é de cem cruzeiros por cada unidade. Entretanto, cobra cento e cinqüenta cruzeiros para encher certo tipo de garrafa de licor estrangeiro, em forma de mulher. É dos trabalhos mais interessantes de Josefina, pois a mulher de areia aparece com saia bordada, casaco de outra cor, rosto, olhos, cabelos, tudo colorido. É obra de arte e de paciência.

Também muito procuradas são as garrafas contendo nome de mulher ou expressões significativas, como “Lembrança de Tibau”, “Saudade”, etc.

UMA SUPERTIÇÃO

A perfeição do enchimento de garrafas em Tibau é de tal ordem que provocou, certa vez, atitude estranha de um cidadão: Para certificar-se de que era mesmo areia e não tinta comprou uma garrafa e espatifou-a no chão. Convenceu-se, então. Todavia, - informou-nos Josefina – alguns fabricantes, ultimamente, tem tinturado duas tonalidades de areia, para obter uma terceira. A prática tem provocado protesto de admiradores da manifestação artística. Consideram estas falsificadas.
Curioso! Se toda atividade profissional tem suas superstições, é natural também que o fabrico das garrafinhas tenha a sua: E dizem, então, que a areia de Tibau, engarrafada, da azar! Mas, isso é folclore”.

Diante desse documento do Professor Veríssimo, podemos concluir que as “Garrafinhas de Areia Colorida” surgiram em locais e épocas diferentes, nos vizinhos e irmãos estados do Rio Grande do Norte e Ceará. Porém, temos em comum a existência dessas areias coloridas tanto na praia de Majorlância-CE como na Praia de Tibau do Norte-RN, o que foi determinante para a iniciação dessa arte.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

FRAUDE - A INDIFERENÇA DOS BANCOS

Bom dia!
Muito boa sua iniciativa em alertar os usuarios, ou seja todos nos. Deveriamos nos unir e exigir das instituições financeiras melhores serviços e menos taxas.

Um forte abraço!

Isac Galvão
Natal/RN

FRAUDE - A INDIFERENÇA DOS BANCOS

Senhor Ormuz,

Eu fui pega nesse golpe em um dos caixas do Midway Mall.
Jamais desconfiei que era uma fraude, pois apenas tinha ouvido falar do "chupa cabra", mas não sabia como funcionava, pensei que roubassem apenas informações como senhas.
Concordo com o senhor, os bancos podiam avisar os clientes, mas não estão interessados, pois, segundo funcionários do próprio banco, as fraudes com cartões de crédito e cheques são descobertas depois e não há prejuízo financeiro para o cliente. Discordo, pode até não haver prejuízo financeiro, mas e o estresse e dano psicológico de ficar sem o cartão, não conseguir tirar o dinheiro etc?

Parabéns pela iniciativa do artigo.
Também divulgarei em redes sociais para evitar que outras pessoas caiam no golpe.

Ana Cristina Ávila Paz

segunda-feira, 25 de abril de 2011

FRAUDE - A INDIFERENÇA DOS BANCOS

Parabéns pela sua diligência.
A indiferença geral é que faz proliferarem estas fraudes.
Não é só o Banco que é indiferente.
A maioria das pessoas pouco se importa se se depara com alguma coisa estranha ou diferente e não toma
qualquer medida para evitar que outras pessoas sejam atingidas.

José Augusto de Souza
Garanhuns-PE

FRAUDE - A INDIFERENÇA DOS BANCOS

É bom tomar cuidado nos caixas automáticos. Se ficar retido na máquina, é tentativa de roubo do cartão!!!. O negócio é chamar a polícia (pelo celular), sem se afastar do local, para não deixar o cartão ser levado pelo malandro...
Talvez uma placa chumbada à frente/no alto do caixa automático possa alertar o usuário...
"Seu cartão ficou preso?
Não saia. Chame a polícia".


Abrs...

Luiz Bissoli

FRAUDE - A INDIFERENÇA DOS BANCOS







ORMUZ BARBALHO SIMONETTI (Presidente do Instituto Norte-Riograndense de Genealogia-INRG, membro do IHGRN )www.ormuzsimonetti@yahoo.com.br

Matéria publicada no periódico “O JORNAL DE HOJE” edição de 25 de abril de 2011

CHUPA CABRA – POR QUE OS BANCOS NÃO ALERTAM SEUS CLIENTES?

Nessa última sexta-feira, por pouco não fui mais uma vítima desse golpe que vem se proliferando nos terminais de auto-atendimento das agências bancárias. Pela manhã, fui até o hospital PAPI levando meu neto para uma consulta, pois havia passado a noite anterior com muita febre. Deixei minha esposa com ele em frente ao hospital, e como não havia onde estacionar, prossegui e estacionei o carro em frente à agência do Banco do Brasil da Av. Afonso Pena. Como já estava em frente ao Banco, aproveitei para fazer alguns pagamentos.

Logo que adentrei a área onde se encontram as máquinas de auto-atendimento, notei que havia poucos clientes, fato justificado em virtude de ser um dia feriado. Dirigi-me para uma das máquinas e ao introduzir o cartão, coincidentemente, apareceu uma mensagem dizendo haver problemas com a leitura do cartão.

Logo em seguida um indivíduo se aproxima de mim e solícito informa: “somente as duas primeiras máquinas estão funcionando”. Olhei de relance para a pessoa que me prestava à informação, agradeci, e dirigi-me para as máquinas que ela havia indicado. Ao introduzir o cartão no local adequado, este foi totalmente engolido. Por mais que tentasse não consegui retirá-lo do local. Após várias tentativas sem êxito, resolvi telefonar para os números que apareciam na tela da máquina. Fiz várias ligações, infelizmente não consegui fazer contato com ninguém, pois as ligações não se completavam.

Comecei a ficar preocupado, pois havia deixado meu neto no hospital, com possibilidade de ter contraído dengue e fiquei de retornar logo após estacionar o carro. Naquele instante decidi que não deixaria meu cartão preso naquela maquia e resolvi apelar para a força bruta. Bati forte com o punho fechado na peça que prendia o cartão e logo notei que a mesma cedeu um pouco para a lateral. Naquele instante percebi que tinha sido vítima de uma tentativa de fraude.

Daí pra frente foi fácil perceber que estava diante do famoso golpe do “chupa cabra”. Com dificuldade, retirei a peça que é uma cópia perfeita da existente na máquina que encaixa perfeitamente sobre a original. Como está sobreposta, aumenta o ambiente interno e quando o cliente introduz o seu cartão, este desaparece totalmente no espaço vazio, impedindo a recuperação.

Imediatamente telefonei para a polícia e comuniquei o fato. Minutos depois uma viatura compareceu ao local com três policiais e apreenderam o equipamento. Naturalmente, o meliante, percebendo a movimentação policial evadiu-se. Com toda certeza, ele deveria encontrar-se próximo da agência, me observando, para que logo que saísse se apossaria do cartão.

O que mais me impressiona, é a pouca importância que os Bancos dão a esse tipo de golpe. Esse procedimento criminoso deve acontecer por diversos estabelecimentos bancários, principalmente nos fins de semana e feriados quando o correntista, ao ser lesado, não tem a quem recorrer. Centenas de clientes já devem ter caído nesse golpe, em virtude da simplicidade do equipamento e a facilidade com que eles são colocados pelos golpistas.

Uma medida simples, mas que a meu ver traria resultados imediatos eram os estabelecimentos bancários informarem aos seus clientes o “modus operandi” desses golpistas, através de pequenos cartazes apostos nas salas de auto-atendimento. Com isso os clientes pelo menos tomariam conhecimento, e em casos com o que relatei, possam resolver o problema apenas retirando o equipamento criminoso.
Ora, ora. Como bancário aposentado e acostumado a freqüentar estas salas, sabia que naquele tipo de máquina, não havia a mínima possibilidade de o cartão ser engolido e, desconfiado da fraude, apelei para força física. Por sorte, consegui reaver meu cartão e desmontar a armadilha.

Este artigo tem por finalidade alertar a população para esse tipo de fraude, já que as instituições financeiras que são responsáveis pela segurança de seus clientes quando adentram as suas instalações, não o fazem. Entretanto os golpistas podem ser facilmente identificados. Basta que os gestores examinem as fitas de gravação dos equipamentos instalados nas agências, e os identifiquem no momento em que atuam na instalação desses equipamentos fraudulentos.

domingo, 17 de abril de 2011

A PÉROLA RARA

A PÉROLA RARA

Ó paraguaia pérola de marisco
Serias uma exótica raridade?
Ou singela obra do acaso?
Fruto promíscuo duma panela
Onde repousou de ostra, um caldo
e como resíduo aportaste ufana
noutro viscoso e similar petisco!
Qual seja o caldo duma ostra grega
Pródiga em pérolas alvas e brilhantes
Que surgiu qual presente do Olimpo
Para o brilhante ateniense Ormuz.

15 de abril de 2011 11:28

José Augusto

sexta-feira, 15 de abril de 2011

ORMUZ BARBALHO SIMONETTI (Presidente do Instituto Norte-Riograndense de Genealogia-INRG, membro do IHGRN da UBE-RN e ACLA) – www.ormuzsimonetti@yahoo.com.br

PUBLICADO NO PERIÓDICO “O JORNAL DE HOJE” EDIÇÃO DE 15.04.2011

























A PÉROLA RARA

Na última vez que estive na Praia da Pipa, recebi em minha casa o casal Levi e sua esposa Ana Lucia. Levi é o filho mais novo do saudoso vereador Dioclécio Sérgio de Bulhões, e sua esposa, também nascida de boa cepa, é filha de Ivanildo José da Silva, o Ivanildo Sax de Ouro, pernambucano de nascimento e potiguar por opção.
O meu amigo Levi, considerado por seus pares um dos melhores artistas plástico dessa aldeia de Poti, tem seus trabalhos espalhados por vários Estados de nossa federação, inclusive em outros países. Nessa breve visita, onde retornou a Natal no mesmo dia, aproveitou para observar, com olhos de artista, as belas paisagens da Pipa. Essas observações são fundamentais para dar continuidade ao trabalho de ilustração do meu próximo livro, “A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS”, que ele vem desenvolvendo, desde o ano passado.

O livro será lançado ainda este ano com o selo editorial “NAVE DA PALAVRA”, da UBE-RN - União Brasileira de Escritores, secção Rio Grande do Norte. O trabalho será composto por 30 ilustrações que retratam toda a história da praia da Pipa de antigamente. Nesse trabalho, o artista optou por utilizar a técnica mista, que junta na mesma gravura o bico de pena e a pintura acrílica. Já estou de posse de alguns desses trabalhos e posso adiantar que aos meus olhos e de minha família ficaram como esperávamos: um belo trabalho, a altura do talento do artista.

Foi um dia maravilhoso onde tivemos a oportunidade de recordar nossas travessuras de adolescentes quando eu freqüentava a “turma da Princesa Isabel”, rua onde ele morava. Nessa época, costumávamos a nos reunir em frente à Bodega de Floriano, que ficava nas esquinas das ruas Apodi com a Princesa Isabel. Essas reuniões deram origem a “Confraria de Floriano”, onde anualmente, no mês de novembro, reúnem-se na residência de um dos “confrades”, os integrantes da época para matar um pouco a saudade do tempo que passou, mas isso é outra história que contarei depois.
Como sabia que o casal era apreciador de um bom caranguejo cozinhado no leite de coco, encomendei no dia anterior três cordas de goiamum. Aproveitei a oportunidade para juntar a encomenda 1 Kg de marisco, que igualmente vai muito bem ao tempero.

Essa iguaria se constitui, na minha modéstia opinião, o mais gostoso caldo para tira-gosto, principalmente quando a bebida é uma brasileiríssima cachaça. Esses moluscos, muito utilizados em nossa culinária de frutos do mar, são pequenos animais marinho encontrados principalmente em áreas de manguezais. Os que compramos, foram colhidos nos mangues da Lagoa de Guaraíras. Verdadeiras fontes de nutrientes essenciais, eles são ricos em vitamina B, B1, B2, zinco, selénio, cálcio, magnésio e iodo.

Como o casal não pôde nos visitar no sábado, dia em que os esperávamos, perderam a oportunidade de saborear o goiamum ao leite de coco, feito com todo o carinho pela minha esposa, que tem a habilidade tanto de fazer como de degustar esses crustáceos. Os recebemos então no dia seguinte, e como recompensa, guardei para o casal o sururu que foi servido apenas no domingo, como tira-gosto, em forma de caldo.
Lá pelas tantas, entre um copo e outro, conversávamos amenidades. Ele, grande apreciador de cerveja, sorvia cada copo como se fosse o último. Por minha vez, como de costume, preferi degustar em pequenos goles, uma boa cachaça.

Estávamos em animada conversa quando foi servido o caldinho de sururu ao leite de coco. Logo na primeira porção que me foi servida, mastiguei algo estranho. A princípio pensei tratar-se de uma pedra e temi pela possibilidade de ter quebrado algum dente. Mas, ao colocar a mão na boca e retirar aquele corpo estranho, surgiu diante dos meus olhos algo bem diferente do que esperava ver. Fiquei observando na ponta de meu dedo indicador uma bela e minúscula pérola. A princípio não acreditei no que meus olhos viam, ao tempo que meu celebro insistia no que me recusava a acreditar. Até aquela data nunca tinha ouvido falar que alguém tivesse encontrado uma pérola dentro de um marisco, mesmo porque não era de meu conhecimento que fosse possível encontrar pérolas dentro desses moluscos. Sempre ouvia falar que elas são encontradas dentro de ostras.


























Estudando o assunto descobri que as pérolas são materiais orgânicos produzidos por moluscos, principalmente pelas ostras. Formam-se a partir de vermes ou grãos de areia que invadem seu organismo. Valorizadas como gema desde a antiguidade, a jóia é objeto de desejo das mulheres, e sinônimo de glamour. As pérolas de melhor qualidade são encontradas no Golfo Pérsico, porém também são encontradas na Índia, América Central, Austrália e Sri Lanka. No Japão, as que são “cultivadas” em criatórios, a produção é em larga escala, mas o preço é bem inferior. Nesta região e na Coréia, desde a antiguidade, existe um grupo de mulheres apneístas – que consegue prender a respiração por bastante tempo - especialistas na caça de pérolas a grandes profundidades.

O confrade e amigo Edgar Ramalho, geólogo e especialista em gemas, ao ver a notícia juntamente com a foto da pérola no meu blog – www.ormuzsimonetti.blogspot.com, pediu-me para analisá-la. Na última terça-feira, dia 12, levei-a até ele que após minucioso análise comprovou sua autenticidade.
Pois bem, na ocasião o achado causou espanto a todos os presentes e imediatamente lembrei-me de minha filha caçula Priscilla, que havia ficado em Natal. Estava impossibilitada de viajar, pois aguarda para qualquer instante partilhar do milagre da vida, com o nascimento da doce Isabella, sua primeira filha e minha segunda neta.
















Essa pérola, que chegou a mim de uma maneira tão inusitada, certamente foi enviada por interseção de Maria mãe de Deus, de quem é extremamente devota, que cheia de graças, se antecipa em presentear essa outra pérola que logo vai chegar a um mundo de incertezas, mas que terá Sua proteção e o amor incondicional de seus familiares.

Parafraseando o poeta cantor e compositor Chico Buarque de Holanda, desejo que ela seja “pura como o grito mais profano, com a graça do perdão. E que ela faça vir o dia, dia a dia mais feliz e seja da alegria sempre uma aprendiz”.

Natal, 05 de abril 2011.


Em tempo: Isabella nasceu ontem dia 15 com 3,1 kg. Linda e saudável.

terça-feira, 12 de abril de 2011

AS LIÇÕES PERMANENTES DA VIDA




O QUE É VIVER BEM?


Um repórter perguntou à CORA CORALINA (poeta que viveu até 95 anos) o que é viver bem?
Ela disse-lhe: “Eu não tenho medo dos anos e não penso em velhice. E digo prá você, não pense. Nunca diga estou envelhecendo ou estou ficando velha. Eu não digo. Eu não digo que estou ouvindo pouco. É claro que quando preciso de ajuda, eu digo que preciso.

Procuro sempre ler e estar atualizada com os fatos e isso me ajuda a vencer as dificuldades da vida. O melhor roteiro é ler e praticar o que lê. O bom é produzir sempre e não dormir de dia.
Também não diga prá você que está ficando esquecida, porque assim você fica mais. Nunca digo que estou doente, digo sempre: estou ótima. Eu não digo nunca que estou cansada. Nada de palavra negativa. Quanto mais você diz estar ficando cansada e esquecida, mais esquecida fica. Você vai se convencendo daquilo e convence os outros.
Então silêncio! Sei que tenho muitos anos. Sei que venho do século passado, e que trago comigo todas as idades, mas não sei se sou velha não. Você acha que eu sou?

Tenho consciência de ser autêntica e procuro superar todos os dias minha própria personalidade, despedaçando dentro de mim tudo que é velho e morto, pois lutar é a palavra vibrante que levanta os fracos e determina os fortes.
O importante é semear, produzir milhões de sorrisos de solidariedade e amizade. Procuro semear otimismo e plantar sementes de paz e justiça.Digo o que penso, com esperança. Penso no que faço, com fé. Faço o que devo fazer, com amor.Eu me esforço para ser cada dia melhor, pois bondade também se aprende.”

Cora coralina morreu em 1985 aos 95 de idade, cuidou do seu interior mais do que seu exterior, tinha todas as linhas da vida no rosto, e que vida !
Xô Botox! Viva as linhas de expressão e da vida!

Do blog de Carlos Roberto de Miranda Gomes