segunda-feira, 27 de setembro de 2010

GRITO DE ALERTA - MUSEU NILO PEREIRA














CAROS AMIGOS E LEITORES. O "GRITO DE ALERTA" AO QUE PARECE JÁ COMEÇA A SURTIR ALGUM EFEITO, CHAMANDO A ATENÇÃO DAS AUTORIDADES RESPONSÁVEIS DESSE PAÍS. REPASSO E-MAIL QUE RECEBI DO PRESIDENTE DO COLÉGIO BRASILEIRO DE GENEALOGIA, PROFESSOR CARLOS BARATA, QUE ALIOU-SE A NOSSA LUTA.


---------- Mensagem encaminhada ----------
De: Conselho Regional de Museologia
Data: 27 de setembro de 2010 20:31
Assunto: Re: URGENTE AO IBRAM: Grito de alerta - Ainda sobre o museu Nilo Pereira - O VÍDEO ANEXO É UM ABSURDO (Cau Barata)

Para: Conselho Regional de Museologia COREM
Cc: Mario Chagas , nascimento@iphan.gov.br, Julio Chaves , olimpia , Raimundo Cova Figueiredo , Raimundo Cova Figueiredo , Raimundo Figueiredo , Ana Claudia dos Santos , Rafaela Caroline Noronha Almeida , caubarat@globo.com


Carlos,
Agradeço sua pronta resposta e também devido ao encaminhamento a quem possa, talvez, agir da melhor forma para salvaguardar esse patrimônio.

Att.
Magda Beatriz Vilela
Presidente COREM 2ª Região-RJ,ES e MG
Telefax: (21) 2233-2357

Em 26 de setembro de 2010 23:05, Conselho Regional de Museologia COREM escreveu:

Prezada colega Magda Vilela,

De fato, trata-se de uma situação lamentável. Como bem observa, não sei se teremos como agir, frente aos parcos recursos que dispomos e as forças políticas que existem por trás da situação. Por outro lado, não nos parece que seja atribuição legal do sistema COFEM/COREMs, frente ao que versa os Arts. 7º e 8º da Lei nº 7.287/84. Tendo em vista dispormos de um instituto federal que trata de museus, encaminharei a situação ao IBRAM, através deste e-mail, especialmente ao Mário Chagas e ao Nascimento Júnior, para avaliarem a questão e indicarem um encaminhamento.

Cordialmente,

Carlos Costa.
Museólogo - COREM 1R 0211-I
Presidente do COREM 1R


---------- Mensagem encaminhada ----------
De: Conselho Regional de Museologia
Data: 26 de setembro de 2010 10:24
Assunto: Grito de alerta - Ainda sobre o museu Nilo Pereira - O VÍDEO ANEXO É UM ABSURDO (Cau Barata)
Para: corem1r@gmail.com
Cc: caubarat@globo.com


Prezado Carlos,
Encaminho o email que recebi a fim de que você possa tomar conhecimento do alerta/ denúncia lançado pelo Sr. Ormuz Barbalho Simonetti, o qual me fora encaminhado pelo Prof. Carlos Barata. Não sei se terás como agir nesse caso em especial, pois me parece tratar-se de um caso onde a há, nitidamente, a influência da política imunda de nosso país que tem força maior do que qualquer lei. Me senti na obrigação de repassar para você.
Desde já agradeço sua atenção.

Att.
Magda Beatriz Vilela
Presidente COREM 2ª Região-RJ,ES e MG
Museóloga responsável do Museu do IHGB - Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro
Telefax: (21) 2233-2357
Tel cel.: (21) 8182-7810
---------- Mensagem encaminhada ----------
D
e: Cau Barata
Data: 23 de setembro de 2010 19:52
Assunto: Grito de alerta - Ainda sobre o museu Nilo Pereira - O VÍDEO ANEXO É UM ABSURDO (Cau Barata)
Para: Cau Barata

Grito de alerta - Ainda sobre o museu Nilo Pereira -
O VÍDEO ANEXO É UM ABSURDO (Cau Barata)
________________________________________
Prezados amigos museólogos e estudantes de museologia,
segue mensagem que foi enviada, por e-mail, pelo amigo Ormuz Barbalho Simonetti, Presidente do Instituto Norte-Rio-Grandense de Genealogia.
Matéria será publicada em O JORNAL DE HOJE edição de sexta feira dia 24/09/2010
ORMUZ BARBALHO SIMONETTI (Presidente do Instituto Norte-Rio-Grandense de Genealogia e membro do IHGRN e da UBE-RN)

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

GRITO DE ALERTA - MUSEU NILO PEREIRA


























ORMUZ BARBALHO SIMONETTI (Presidente do Instituto Norte-Rio-Grandense de Genealogia e membro do IHGRN e da UBE-RN)

GRITO DE ALERTA - AINDA SOBRE O MUSEU NILO PEREIRA

Semana passada novamente estive de passagem pelos escombros do museu Nilo Pereira, como sempre acontece quando retorno de minha chácara, e algo me chamou a atenção. Pude ver ao longe algumas barracas armadas junto ao muro do casarão, que se destacavam por serem de lona azul. Otimista, imaginei que podia está sendo iniciada a tão sonhada recuperação do casarão. A vegetação em volta havia sido podada dando a impressão que seria instalado um canteiro de obras.

Como tive notícia recente que havia sido alocada uma verba no valor de R$ 300 mil para as obras de recuperação do museu, não tive dúvidas: manobrei o carro e rumei pela estradinha de acesso e fui ver de perto o que me parecia ser o início das obras.
Quando me aproximei do local pude perceber o meu engano e logo a esperança se transformou em mais uma decepção. As barraquinhas que eu pensava tratar-se do início de um canteiro de obras eram a cobertura de um “refeitório” improvisado para os bóias-frias, contratados pela usina, que estavam trabalhando no plantio de cana-de-açúcar nas terras em volta do velho casarão.

Desci do carro, me aproximei das barracas que coladas ao muro estavam vazias. Fiz questão de registrar tudo com fotografias. Poucos metros ao lado do “refeitório” outra barraca foi armada para ser utilizada como latrina. Chamou-me a atenção um forte cheiro de fumaça que vinha da parte de trás da casa e resolvi investigar. No alpendre, em cima do piso de ladrilhos centenário, foi improvisado um fogão com trempe de pedras que havia sido utilizado recentemente. Ainda havia restos de lenha queimada e muita sujeira em redor.

Quando cheguei ao museu tinha esperança de encontrar pelo menos o local limpo e vigiado. Esta simples providência já inibiria a ação dos vândalos que por ali passam e sempre encontra um jeito de maltratar ainda mais aquele patrimônio cultural.
A minha maior preocupação com o Guaporé é que os novos donos da Usina, empresários de Fortaleza, que além de não ter nenhum compromisso com aquele monumento histórico, talvez não conheçam a história nem a importância do Guaporé. E isso deixa espaço para num ato de desatino ou ignorância, algum capataz da usina, querendo mostrar serviço ou agradar ao patrão, possa com suas máquinas pesadas, destruí-lo num abrir e fechar de olhos, alegando que “aquela casa velha” estava atrapalhando o plantio da cana; a distribuição dos canos para irrigação da área ou mesmo a movimentação dos tratores. Não é difícil conseguir motivos para justificar atos insanos.

Na tarde de 13 de março de 1979, foi entregue oficialmente a população, totalmente recuperado, o solar do Guaporé. A cerimônia foi presidida pelo governado do Estado do Rio Grande o Norte, Dr. Tarcísio de Vasconcelos Maia, que estava encerrando o mandato. Também compareceram o vice-governador Geraldo José Melo, o Prefeito do Ceará Mirim, Edgar Varella, o professor e acadêmico Onofre Lopes, presidente da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, o advogado e historiador Enélio Lima Petrovich, presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, o escritor e poeta Franco Jasiello, presidente da Fundação José Augusto, o escritor e poeta Homero Homem, os poetas e acadêmicos Diógenes da Cunha Lima e Sanderson Negreiros, ex-presidente da Fundação José Augusto, o Cônego Rui Miranda, vigário do Ceará Mirim, o deputado Ruy Pereira Júnior, o senador Aluísio Chaves, do Pará, os advogados Heitor Varella e Hélio Dantas, e tantas outras pessoas do povo que acorreram ao solar para prestigiar o grande acontecimento sociocultural.

No discurso de entrega, após sua restauração, o saudoso e visionário Nilo Pereira já prognosticava: “Se a casa não tiver uso, voltará à ruína”. Sábias palavras. Como podemos ver, não demorou muito para acontecer o que ele temia.
Em 1978 o ex-governador Geraldo José de Melo, então proprietário da Companhia Açucareira Vale do Ceará-Mirim- Usina São Francisco - a quem as terras pertenciam, repassou por comodato, a Fundação José Augusto e a Prefeitura de Ceará-Mirim pelo período de 99 anos, tempo máximo permitido, a área que compreende o antigo casarão e a casa de banhos. Tanto a Fundação José Augusto como a Prefeitura de Ceará-Mirim foram totalmente negligentes em suas responsabilidades permitindo que a situação chegasse a esse ponto.

Essa destruição e abandono das belas construções dos antigos engenhos de cana-de-açúcar no vale do Ceará-Mirim constitui-se em prática bastante comum. Basta ver o que resta do que outrora foram as casas grande dos engenhos Ilha Bela, fundado em 1888; Diamante, que teve sua casa grande derrubada logo após ter sido vendido pelos seus proprietários; a casa grande e a capela do engenho Cruzeiro; a casa grande do Barão de Ceará-Mirim; a do engenho Carnaubal, fundado em 1840; do engenho Capela, fundado em 1868; do engenho Oiteiro, fundado em 1889 e tantos outros engenhos que desapareceram totalmente da paisagem do vale.

Quem anda pela região do baixo vale, a todo instante descobre dentro da vegetação crescida, restos de chaminés dos antigos engenhos que vencidos pelo tempo não resistiram ao abandono dos herdeiros de seus fundadores. Melancólica visão. Outrora aquelas chaminés propiciavam rara beleza quando suas fumaças turvavam o azul do céu nas tardes preguiçosas nos períodos de moagem. O ar se enchia do cheiro doce que vinha tanto das casas de purgar onde o açúcar mascavo descansava nas formas de madeira, purgando “mel de furo”, como da bagaceira que secava nos pátios dos engenhos para alimentar as caldeiras. Eram esses engenhos responsáveis pelo enriquecimento da região que além de empregar centenas de famílias, davam charme e beleza a quem visitava o vale de Ceará-Mirim.

Esse “grito de alerta” sobre o museu Nilo Pereira tem como objetivo continuar denunciando o descaso das autoridades e também chamar a atenção para que algo urgente seja feito no sentido de, pelo menos, não permitir que se deprede ainda mais aquele patrimônio, para que haja tempo de aplicar os recursos conseguidos.
Estou fazendo a minha parte. Denunciarei todas as vezes que for necessário. Semanalmente estarei visitando o local e rogo a Deus e aos “homens de boa vontade e também de responsabilidade” que em breve possa transformar essas visitas que atualmente só trazem tristeza e decepção em visitas de esperança e júbilo.

Espero sinceramente que em muito breve, ao passar em frente ao casarão do Guaporé, possa visualizar ao invés de latadas e latrinas, pedreiros e restauradores trabalhando na recuperação daquele belo monumento, orgulho de todos Norte-Riograndense, principalmente os nascidos em Ceará-Mirim ou os que com eu, tomaram por sua, a bela terra dos verdes canaviais.
Natal 17 de setembro de 2010.

Vídeo de vândalos depredando o museu - youtube:

http://www.youtube.com/watch?v=lE5lMb7DvNc

domingo, 19 de setembro de 2010










DISCURSO PROFERIDO POR ORMUZ BARBALHO SIMONETTI, PELA COMEMORAÇÃO DO PRIMEIRO ANO DO INRG

Ilustríssimo Senhor Escritor Jurandyr Navarro da Costa, presidente da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras Jurídicas, em nome de quem cumprimentamos os demais membros da mesa, já referidos no cerimonial.

Estimados associados deste Instituto, Minhas Senhoras e meus Senhores:
Um dia eu tive um sonho. Sonhei que poderia criar em nosso Estado, uma casa de cultura, onde genealogistas, historiadores e pesquisadores de nossa história, pudessem se encontrar e dividir suas experiências e informações.

Esse sonho começou a se realizar, quando em uma das minhas visitas ao gabinete do Conselheiro Valério Mesquita, grande incentivador da cultura em nosso Estado, tive o prazer de conhecer, em um encontro promovido por ele, um jovem pesquisador, o genealogista e historiador e também seu conterrâneo, Anderson Tavares.
Começava naquele instante uma parceria de sonhos e idéias que vieram a culminar na criação do INRG. Ao lhe confidenciar minhas pretensões, encontrei nele a força que precisava para realizar a difícil tarefa que estava por vir.

No início de setembro de 2009, recebemos um convite para participar do I Encontro Norte-Rio-Grandense de Genealogia que se realizaria na cidade de Caicó-RN. Esse encontro seria promovido pelo Prefeito da cidade Sr. Bibi Costa, também um apaixonado pela genealogia, que ao lado de seu irmão Sinval Costa, se dedicam há vários anos a destrinchar e organizar as ligações genealógicas das famílias do Seridó, da qual fazem parte.

Fomos, eu e Anderson, ao encontro do também pesquisador Arysson Soares, que ao lado do prefeito Bibi, organizava esse evento. Após algum tempo de conversa, ficou decidido que a criação do INRG, que estava prevista para o final de outubro, deveria acontecer antes do encontro de Caicó, para que pudéssemos, durante o evento, anunciar a criação do Instituto e oportunizar aos vários pesquisadores presentes, a participarem da Instituição.

E assim, uma semana depois, no dia 17 de setembro de 2009, em reunião realizada aqui nessa casa, que atualmente ainda é nosso endereço provisório, foi criado o INRG.
A Assembléia foi aberta pelo presidente da Casa, professor Diógenes da Cunha Lima, que em seguida nos passou o comando dos trabalhos. Dando continuidade à cerimônia, fizemos a composição da mesa com os pesquisadores Arlyson Soares, Anderson Tavares e Bibi Costa, eleitos naquela ocasião para formarem uma diretoria provisória.

Tivemos a assessoria do escritor e advogado, membro da Academia Norte Rio-Grandense de Letras Jurídica, Dr. Carlos Roberto de Miranda Gomes, que assessorou o primeiro secretário, Anderson Tavares na elaboração da Ata de Criação do Instituto. Desde essa data o Dr. Carlos Gomes, tornou-se o nosso grande esteio, no intrincado e difícil caminho que tivemos que percorrer para levar a frente nossas pretensões, inclusive cedendo o seu escritório para as reuniões do Instituto e elaborando a minuta do nosso Estatuto, que foi aprovado após convocação dos sócios, na forma da lei.
Na ocasião da fundação e da aprovação do Estatuto, tivemos o prazer de contar com a presença de diversos intelectuais: genealogistas, escritores e historiadores, que nos prestigiaram com suas presenças naqueles momentos históricos, tornando-se sócios fundadores, da mais nova Instituição cultural de nosso Estado.

Durante o evento de Caicó, já comparecemos com a existência do Instituto e na condição de seu Presidente e ficamos certos de que todo aquele esforço havia valido a pena. Tivemos o prazer de presenciar e compartilhar com o entusiasmo dos que lá compareceram, tanto os pesquisadores de nosso Estado como os convidados dos estados de Pernambuco e do Ceará.

Foram dois dias que transcorreram num clima de total harmonia e dedicação, tanto de ouvintes como de palestrantes. Durante as palestras, foram feitos vários apartes pelos presentes, numa clara demonstração do interesse pelo tema, como também pelo total envolvimento dos participantes.

Ainda não nos foi possível a realização de grande parte do que desejamos, em virtude das dificuldades, que a todo instante tivemos que enfrentar. Mas temos com um dos nossos principais objetivos a criação de algumas representações, espalhadas pelo nosso estado, a partir da região do Seridó, grande celeiro de genealogistas e historiadores.

Para que os senhores tenham uma vaga idéia, o simples registro do nosso Instituto transformou-se em uma verdadeira via-crúcis. A cada passo que dávamos no sentido de vencer as exigências impostas, éramos surpreendidos com mais um obstáculo a ser transposto.

Na repartição cartorária, fomos sistematicamente obstaculizados, pois se insistia na prosaica exigência para que apresentássemos, dentre os vários documentos exigidos por Lei, pasmem, dois “originais” da Ata de Fundação, como se isso fosse possível.
Nossas explicações não foram suficientes para demover a exigência. Fizemos o possível para que se entendesse que “original” refere-se apenas de uma única coisa. Se tivesse perdido alguns minutos recorrendo a qualquer dicionário, poderia ter evitado todo nosso sofrimento. Lá pode ser encontrada com facilidade a palavra Original, descrita da seguinte maneira: “Que foi feito pela primeira vez, em primeiro lugar, sem ser copiado de nenhum modelo”.

Mais uma vez nos valemos dos conhecimentos jurídicos do Dr. Carlos Gomes que nos orientou a recorrer a Corregedoria Geral de Justiça, por também já ter sido vítima nesse mesmo cartório, de exigência semelhante, quando tentava registrar a ASSOCIAÇÃO DOS AMIGOS DO INSTITUTO INTERNACIONAL DE NEUROCIÊNCIAS.

Fomos gentilmente recebidos pelo Juiz Dr. Bruno Bezerra, que fez as anotações devidas, se comprometendo a resolver o assunto tão logo retornasse a Natal o Desembargador João Rebouças. Felizmente tivemos êxito em nossa reclamação, e no dia 22 de junho de 2010, foi baixado pelo Desembargador João Rebouças, Corregedor Geral de Justiça, o Provimento 57, que passou a dirimir todas as possíveis dúvidas quanto à documentação exigida, por ocasião do Registro Civil das Pessoas Jurídicas.
Tal situação gerou comentários no meio jurídico, tanto que o Setor de Comunicação do Tribunal de Justiça produziu uma matéria jornalística sobre o assunto, onde fomos entrevistado e durante a entrevista tivemos a oportunidade de relatar todo o acontecido. Dias depois a matéria foi veiculada na TV Câmara Estadual e na TV Justiça a nível nacional.

Estamos vencendo com tenacidade todos os obstáculos que se apresentam. E hoje, para a surpresa de alguns que não acreditavam e até debochavam de nossa capacidade de prosseguirmos com o esse objetivo, comunicamos que vencemos.
Há exatamente um ano atrás, estava sendo eleita para gerir a mais nova instituição cultural de nosso Estado, uma Diretoria formada por homens responsáveis e abnegados, que tinham e têm como único objetivo, contribuir para o melhoramento e engrandecimento da nossa cultura.

No mês de junho, encomendamos ao artista plástico Levi Bulhões, aqui presente, que criasse um Brasão para o nosso Instituto. Dois meses depois, o artista nos apresentou o modelo aqui exposto. É um dos mais belos Brasões de toda a heráldica que conheço.

No sublime momento de criação o artista esmerou-se. Colocou o sol simbolizando nossa cidade conhecida internacionalmente como “Cidade do Sol”. O mar, as nossas belas praias e a jangada, representam os nossos destemidos pescadores. As pirâmides de sal com o moinho de vento, a mais antiga fonte econômica de nosso Estado e ainda a manutenção do título de maior produtor de sal do mundo. Os coqueiros, a carnaúba e a cana-de-açucar, são nossa riquezas agrícolas. A bela flor de algodão mocó com os dois capulhos, além da agricultura, representam também a região do seridó. As cores utilizadas são da nossa bandeira.

Tudo isso harmonicamente disposto dentro das linhas da Fortaleza dos Reis Magos, o maior símbolo de nossa Cidade, tendo como complementos o monitor de um computador representando a modernidade e o teclado, que transformado em um livro, representa as principais fontes da pesquisa dos registros genealógicos. Ao final a complementação de uma faixa com o nosso lema: AD PERPETUAM FAMILIAE MEMORIAM. Daqui por diante, esse belo brasão será definitivamente nossa identidade visual.

No dia 17 de julho de 2010, finalmente conseguimos por força judicial, o registro do Instituto Norte-Rio-Grandense de Genealogia, em seguida a nossa inscrição no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas-CNPJ.

No dia 27 de agosto último, entramos com a documentação para que o INRG seja reconhecido como de utilidade pública estadual, através do Deputado Fernando Mineiro e no dia 30 do mesmo mês, entregamos no gabinete do vereador Franklin Capistrano, a mesma documentação para o reconhecimento da utilidade pública a nível municipal. No momento oportuno, faremos o mesmo para torná-lo também de utilidade pública federal.
Hoje comemoramos um ano da realização daquele sonho e temos a certeza, que também era um sonho acalentado por muitos anônimos genealogistas e pesquisadores de nossa história, espalhados por todo o nosso Estado.

Temos a profunda gratidão pelo apoio de todos vocês e a certeza que doravante vamos preparar um plano de trabalho para o desenvolvimento das nossas atividades culturais, já registrando que em outubro estaremos participando do III Encontro de Escritores do Rio Grande do Norte, promovido pela UNIÃO BRASILEIRA DE ESCRITORES/RN, atualmente presidida pelo escritor Eduardo Gosson, Entidade à qual nos filiamos pela identidade de propósitos.

Com tais considerações somente temos motivos para comemorar.
Certos de que continuaremos a contar com o apoio de todos, deixamos aqui o nosso abraço e as expressões do nosso apreço e consideração.

Muito OBRIGADO.

sábado, 18 de setembro de 2010

PRIMEIRO ANIVERSÁRIO DO I.N.R.G.








Do BLOG de Carlos Gomes


Na data de ontem, na Academia Norte-Rio-Grandense de Letras foi comemorado o 1° aniversário do INSTITUTO NORTE-RIOGRANDENSE DE GENEALOGIA, com uma festa bem organizada pelo seu Presidente Ormuz Barbalho Simonetti e que deixou em todos uma excelente impressão.

Tivemos pronunciamentos do próprio Ormuz e mais de João Felipe da Trindade, representando todos os sócios fundadores, efetivos e correspondente que receberam os seus diplomas na ocasião e do genealogista Joaquim José de Medeiros Neto que, de improviso, brindou a platéia com uma homenagem a Tomaz de Araújo Pereira, o Patriarca do Seridó, impressionando a todos pela sua prodigiosa memória. O Presidente Ormuz apresentou aos presentes o brasão do INRG, dando a explicação de sua simbologia, enaltecendo ter sido um trabalho esmerado da autoria do artísta plástico Levi Bulhões que se encontrava no auditório.

Presenças ilustres compareceram à sessão e o cerimonial foi conduzido pelo escritor Carlos Gomes, titular deste blog.
Após a solenidade foi servido um coquetel e efetivado um grande congraçamento entre os sócios.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

CONVITE




























INSTITUTO NORTE-RIOGRANDENSE DE GENEALOGIA - INRG

C O N V I T E

O Instituto Norte-Rio-Grandense de Genealogia tem a satisfação de convidar Vossa Senhoria para a sessão solene comemorativa do seu primeiro ano de atividades, a ocorrer no próximo dia 17 de setembro, pelas 19 horas, no Salão Nobre da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras.

Na ocasião, será feita a entrega dos DIPLOMAS aos Sócios Fundadores e Efetivos e em seguida será servido um coquetel aos presentes.

Ormuz Barbalho Simonetti
Presidente

terça-feira, 7 de setembro de 2010

ORIGEM DA FAMÍLIA GURGEL

ORMUZ BARBALHO SIMONETTI (Presidente do Instituto Norte-Rio-Grandense de Genealogia e membro do IHGRN e da UBE-RN)

ORIGEM DA FAMÍLIA GURGEL DO AMARAL E AMARAL GURGEL

Em 1595, chegou ao Brasil o corsário francês TOUS-SAINT GURGEL, capitaneando algumas naus, com o propósito de realizar contrabando de madeira de lei, principalmente o pau brasil. Nessa época ainda havia lutas de portugueses com franceses que se refugiaram em Cabo Frio, remanescentes do sonho de Nicolas Duran de Villeganion, em fundar em território brasileiro, mais precisamente onde hoje se localiza a cidade do Rio de Janeiro, a sonhada França Antártica. Essa região havia sido escolhida porque era habitada pelos temidos índios Tamoios e Tupinambás, que eram evitados pelos portugueses devido a sua ferocidade e hostilidade.

Nascido em Alsácia, a leste da França, junto às fronteiras da Alemanha e da Suíça, Tous-Saint era filho de pai alemão da Baviera e mãe francesa. Era homem letrado, pois havia estudado no Liceu do Strasbourg, em París. Em Saint Malo, na Normandia Francesa, concluiu o curso de Hidrografia e Ciências Náuticas.

No vigor de seus 25 anos de idade, e com grande experiência no comando de navios, visto já ter navegado por todo o Mediterrâneo. Desembarcou na região de Cabo Frio onde esperava ganhar dinheiro fácil, negociando com traficantes franceses e holandeses que habitavam aquela região e oportunamente realizando pilhagem em outras embarcações que por ali navegavam.

Pouco tempo depois de sua chegada a Cabo Frio, o corsário teve que enfrentar forças enviadas pelo então governador do Rio de Janeiro, Salvador Correia de Sá, sob o comando do coronel João Pereira de Souza Botafogo, encarregado de desalojar os franceses daquela região. Travou-se uma feroz batalha que culminou com a prisão de Tous-Saint Gurgel, que a frente de marinheiros franceses e alguns tamoios, lutaram até o fim. Com um número bastante inferior de homens e armas logo foi feito prisioneiro, não obstante ter lutado com toda bravura, despertando admiração e simpatia do Coronal Botafogo, que logo se afeiçoou aquele valente aventureiro.
Trazido para o Rio de Janeiro, ficou encarcerado por algum tempo e com a ajuda do seu captor, que gozava de grande prestigio junto ao Governador, conseguiu ficar na cidade do Rio de Janeiro por menagem. Tempos depois conseguiu a liberação de suas naus e tripulantes, aprisionados juntos com ele em Cabo Frio, e passa a dedicar-se a pesca de baleias na baía da Guanabara.

O cetáceo, muito freqüente nos meses frios, era capturado com facilidade e sua carne vendida no comércio local. O azeite, as barbatanas e a gordura exportados para o Reino, rendiam um bom dinheiro nas terras d’além-mar. Sempre contando com a proteção do Coronel Botafogo, participou de diversos negócios, ganhou bastante dinheiro, e em pouco tempo torna-se um homem muito rico.

Em janeiro de 1598 casou-se com a brasileira Domingas de Arão Amaral, filha do casal lusitano D. Antônio Diogo do Amaral e Micaela de Jesus Arão. Nascia naquela ocasião, e posteriormente através de seus descendentes, a família “Gurgel do Amaral” ou “Amaral Gurgel”. Tiveram oito filhos sendo sete filhas e um varão, nascidos e registrados na Sé, entre 1607 e 1619.

A primeira filha do casal chamava-se Maria do Amaral Gurgel (1607/1671) que se casou duas vezes. A primeira com Antônio Ramalho e tiveram cinco filhos. Em segundas núpcias, casou com Diogo da Fonseca e foram pais de quatro filhos sendo dois homens que se tronaram padres e duas mulheres.

O segundo filho chamava-se Francisco do Amaral Gurgel que torna-se religioso, ordenando-se padre. Era comum nas famílias mais abastarda da época a escolha de um dos filhos para seguir a carreira religiosa. Nasceu em 1610 e faleceu em 17.09.1654, na cidade do Rio de Janeiro.

A terceira filha do casal, Isabel do Amaral Gurgel, nasceu no Rio de Janeiro em 1613. Casou-se com Claudie Antoine Besançon, nove anos mais moço que ela, nascido na França, em 1604. Não temos registro de filhos do casal.
Ângela do Amaral Gurgel (1616/1695), a quarta filha do casal, casou-se com o português Capitão João Batista Jordão. O casal teve sete filhos entre os quais Cláudio Gurgel do Amaral, que se ordenou padre depois que ficou viúvo e já com bastante idade.

A quinta filha do casal, Barbara Amaral Gurgel, nascida em 1617, casou-se com João Nogueira e tiveram diversos filhos, entre eles um chamado Bartolomeu.
Já a sexta filha do casal, Antônia do Amaral Gurgel, nascida em 1619, casou-se duas vezes: a primeira com João de Azevedo Roxas e tiveram cinco filhos, entre eles um padre de nome Francisco do Amaral Roxas. Em segundas núpcias, casou-se com o capitão Antônio Rodrigues Tourinho. Não temos registro de filhos desse casal.
E a sétima filha, Méssia do Amaral Gurgel, falecida em 1687, casou-se com José Nunes da Silva e tiveram quatro filhos entre eles o Frei Antônio de Santa Clara. E por última, Domingas do Amaral Gurgel que faleceu em tenra idade.

Quando Tous-Saint morreu em 1651, já viúvo, aos 84 anos de idade, além dos filhos, netos e bisnetos gerados a partir de sua esposa Domingas de Arão do Amaral, deixou também vários descendentes mestiços, nascidos de suas constantes viagens pelo interior, onde passava várias semanas caçando e pescando, sempre acompanhado por amigos, escravos e índios mansos. Por ocasião de sua morte, os descendentes do seu casamento já somavam mais de uma centena e se espalhavam pelos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Bahia.

sábado, 21 de agosto de 2010

PERFIL - CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES

CARLOS GOMES - UM PEQUENO GRANDE HOMEM


“Quem acende uma luz é o primeiro a se beneficiar da claridade”. (G.K. Chesterton)

Ele me diz, com voz muito grave e pousada nas palavras (como o pássaro no fio do telégrafo), que está cansado e desanimado e que agora quer descansar. Escrever suas memórias, talvez, realizar, quem sabe, um velho projeto de gravar um disco com as músicas prediletas, coisas da juventude, recolhidas nos programas da Rádio Poti...
Mas a voz sugestivamente musical que se vale da pauta no imaginário fio, é sem propósito, cavilosa, um lamento, um instante de distração do viés alinhavado da idade. Porque, percebe-se o brilho nos olhos, a firmeza da voz, a severidade com que trata a si mesmo. Até quando pede arrego, esgrima com uma retórica que nada mais é que o repositório das muitas decepções e indignações recolhidas no seu longo caminho de aprendizagem existencial.

Ele está com os braços apoiados no birô do seu escritório e olha, distraidamente, como um cacoete ou uma fuga para divagação, o retrato do seu velho pai. Percebo que desvia o olhar, certamente, permito-me a ilação, para não encarar a expressão de censura, somente captada por sua imaginação, desse notável jurista e homem público que nunca transigiu em questões de princípio, nem fugiu da liça dos bons combates.
Como se dissesse: “Que é isso, meu filho?” Ou não dissesse absolutamente nada e o olhar de censura pesasse mais que as palavras. Sei do que estou dizendo, porque era a maneira como o meu próprio pai me punia – com um olhar de doce censura, tristonho, frustrado, magoado.

No retrato, o desembargador José Gomes confronta a máquina fotográfica com serenidade, com um destemor natural, sem afetações. Talvez quisesse registrar a própria personalidade de homem simples que se conduzia segundo a sua própria essência, não quisesse aparentar algo diferente, distante daquele moço de Taipu, criado para ser um “homem de bem” segundo a cartilha dos antigamentes , especialmente do velho João Gomes.

Seu filho, Carlos Roberto de Miranda Gomes, Carlos Gomes, (Carlinhos para meia dúzia de amigos mais chegados) segue-lhe as pisadas na areia movediça da contemporaneidade, em que os valores se subvertem e a filosofia moderna se alicerça no propósito de “ter” ao invés do “ser”. Mesmo assim, ou talvez por isso, acompanha os passos do pai, evitando justapor às dele, as marcas do seu caminhar, porque embora seguindo as pisadas, marcadas indelévelmente no solo imemorial da mesma cidade onde viveram, com o mesmo norte magnético esmo balizado por Themis, a deusa da justiça, o filho forjou o própria molde, usando a mesma têmpera do pai.
Carlos Gomes é um pequeno grande homem – vou brindá-lo com o mesmo epíteto com que designei o meu pai, porque ele não comporta outra qualificação. De altura modesta, é um transcendente no seu íntimo, fato que compensa a baixa estatura, ou talvez a estatura seja um artifício, um engodo, ou um ato de humildade para não fazê-lo vaidoso por ser quem é.

Não temos uma biografia conjunta de longas jornadas. De fato, demos um com o outro na velha faculdade da Ribeira, quando cursávamos direito. Quando ele ingressou, eu estava no segundo ano. Alguém o apontou e me disse tratar-se do filho do desembargador José Gomes, um dos nossos professores de Direito Civil. E que o novo colega era um rapaz muito estudioso e esforçado. O “esforçado” ficava por conta do encargo adicional de uma ocupação formal no mercado de trabalho e de uma vida planejada para compromissos mais duradouros e efetivos.
Sinceramente, deu-me a impressão de um tipo que chamávamos de “Caxias”, equivalente, hoje, guardadas as proporções de tempo, espaço e recursos tecnológicos, a CDF ou NERD. Talvez tenha sido uma avaliação apressada e algo antipática da minha parte, que, áquela época me ocupava com coisas tão diferentes entre si e tão fascinantes quanto a filosofia existencialista, a literatura, a prática de esportes e as atividades sociais. Como me levei muito a sério na infância e na adolescência, descobrindo quem era e o que pretendia ser, realizava então a minha temporada adolescente, na contramão do meu amigo, um engajado nos batalhões da responsabilidade precoce. Alguém enredado nas malhas do exercício da maturidade enquanto os iguais viviam sonhos infanto-juvenis

Cruzávamos um pelo outro e nos cumprimentávamos formalmente. Éramos diferentes, saídos de mundos diferentes emoldurados, entretanto, pelos mesmos valores morais e intelectuais. Derivávamos. Ele, de criação rígida, disciplinada, cartesiana e positivista. Eu, oscilando entre o autoritarismo compensatório de minha mãe e o liberalismo arroubado do meu pai. Sobretudo no tocante à liberdade de pensamento, no descompromisso com doutrinas e dogmas, não apenas permitido, mas sugerido pelo meu pai, que se admitia materialista e ateu.
Mas, confesso, fascinava-me a postura de uma rigidez sem sossego do meu futuro grande amigo Carlinhos. A sua austeridade, o modo como pontificava entre os seus colegas de turma, sempre senhor de uma opinião ponderada, honesta e clarividente. Ele era estimado e respeitado, embora não cultivasse qualquer estratégia para conquistar uma ou outra posição. Nele essas qualificações eram tão espontâneas como o ato de respirar.

Destacava-se, na sua aparência, uns olhos vivos que pareciam captar tudo numa perspectiva de grande angular; o aprumo formal das suas roupas e uns bigodes negros e bem aparados. Pisava firme e decidido. Notei que tinha o hábito de falar, perscrutando ao seu redor, embora concentrado no interlocutor, como quisesse estar certo das suas possibilidades de defesa contra o imponderável, ou buscasse no vácuo uma linha de raciocínio adequada à argumentação.
Soube que trabalhava no Tribunal Regional Eleitoral, era exímio datilógrafo e dono de uma memória prodigiosa, capaz, por exemplo, de referir qualquer lei, decreto, regulamento ou ato normativo, sem consulta a qualquer texto ou repositório. E também que era casado e pai de uma filha. Já assentado no mundo, embora começasse a planejar a sua carreira.
Depois, os anos de chumbo nos afastaram. Perdi-me na voragem do desencanto e do medo, tolhendo-me, por vontade própria, a ânsia de explorar horizontes e de voar livre por espaços inexplorados. Vi-me, em 1965, no Rio de Janeiro, na Fundação Getúlio Vargas , e, retornando, fui contratado pela Prefeitura Municipal de Natal, no governo de Agnelo Alves, como Técnico em Organização e Orçamento, mercê do curso que fizera na FGV.

Em 1967 graduei-me, abandonando a velha faculdade e a convivência à distância com o meu notável colega.
(Nesse meio tempo, entre o pós-golpe militar e a ida ao Rio de Janeiro, apaixonei-me por uma colega de turma de Carlinhos com quem quase me casei, e ela reforçava a versão corrente que dava conta da inteligência, da aplicação aos estudos jurídicos e da integridade do meu amigo.)

Faço uma pausa providencial e necessária, para confessar que o cansaço existencial que atribuo como cavilação necessária ao meu dinâmico e tenaz amigo, é de fato, meu, genuinamente meu. Talvez tenha havido uma transposição motivada por uma sub-reptícia inveja do denodo e da persistência de Carlos Gomes. Cansei-me, porque me dei conta que o ser humano claudica pelo hábito de perseguir as mesmas imperfeições, e de cometer os mesmos erros. Fataliza-se à danação por conta própria.
Eis que, às vezes falta-me alento para animar os meus filhos, como muitas vezes careci de argumentos convincentes para estimular os meus alunos. Nunca Rui de Haia foi tão citado e o desalento tão incorporado ao leguleio dos desesperançados. O crime e os igualmente importantes e temerários pecados veniais das transgressões são composições triviais, empobrecendo as leituras do jornais e as audiências dos rádios e televisões. As tragédias são banalizadas. Os humanos parecem alimentar-se, como os urubus e os vampiros, da carniça e do sangue. E parecem não se importar com a corrupção e o declínio da moral.

Por isso tive a urgência de publicar uma série de perfis de criaturas que reputo comumente extraordinárias, porque conseguem permanecer pessoas comuns, alçando-se sobre os seus pares por praticarem conduta regularmente exigida pela ética, mas desprezada pela maioria.
É necessário essa amostra de modelagem para asseptizar os monturos de lixo, tonificar as mentes em crescimento e formação com exemplos dos que valem a pena, daqueles que, mesmo em minoria, valem por uma multidão.
Carlos Roberto de Miranda Gomes é um desses, dos mais destacados. Íntegro, no sentido de ser um feixe de fibras morais de incrível resistência, capaz de repelir as agressões fisiológicas dos corruptos e corruptores. Correto, na justa medida em que é capaz de aplicar a dosagem certa para cada uma das patologias sociais enfermiças e o justo incentivo à sanidade cívica.

É leal. Os que o conhecem, sabem da sua natureza solidária, fraterna, e, sobremodo combativa, quando se ombreia a alguém na veemente defesa das injustas ofensas e agressões. Eis porque a sua mediação é sempre solicitada nos conflitos corporativos e porque as suas opiniões são respeitadas como editos de sapiente jurisconsulto.
Casado há quase cinqüenta anos com a sua vizinha de ascendência italiana, Therezinha Rosso, mantém com a sua consorte uma relação de amor e de amizade, de um companheirismo bem sucedido. Pai de Rosa Lígia (de quem tive a honra de ser professor na UFRN), Teresa Raquel, Carlinhos (que é colega e amigo do meu filho mais velho, Marcos Frederico) e Rocco – todos graduados em Direito - deles recebeu outros filhos, tornando-se pai duas vezes, feito de açúcar candy, com cobertura de caramelo: Raphael, Gabriela, Lucas e Carlos Víctor, Carlos Neto e Maria Clara, que são as suas alegrias.

Família numerosa e unida, coesa, como aquele feixe de varas que o patriarca mandou os filhos quebrarem, sem sucesso, para amostrar o valor da união. Assim também o fizeram o pai, José Gomes e a mãe, Dona Lígia. Seis irmãos solidários: Moacyr, Fernando (falecido), Leda e Elza (que foram colegas de minha mãe no TRE), Socorro e José Gomes Filho (Zézinho).
Que ampliaram o patrimônio familiar com dezoito sobrinhos: José Neto, Flávio, Eduardo, Maria da Graça, Lúcia Maria, Renato, Maria Lígia, Fernando Filho, Clemente José, Gracia Maria, Tereza Cristina, José Júnior, José Henrique, Patrícia, Isaac Bruno, Flávia Luciana, Greenfell Filho, Rodrigo e Daniel.
Quem poderia aspirar uma riqueza maior?

Mantém-se como uma espécie de patriarca da família, menos por tradição e mais pelo espírito de clã, solidário, disponível, bom ouvinte e conselheiro, é também aquele cujo socorro é solicitado antes do recurso médico-hospitalar. É o enfermeiro experiente, o curandeiro milagroso que às vezes com a simples presença é capaz de afastar as idiossincrasias da saúde e do infortúnio.

É um ser Intelectual que, aproveitando a carona, como eu, segue a orientação de Chesterton quando esse nos adverte que a idéia sem a expressão, é idéia ociosa e a expressão, sem a ação é uma expressão inócua. Somos, permitam-me aproveitar novamente essa circunstância, homens de ação, executivos, embora criadores, contemplativos, líricos – numa definição, operários intelectuais.
Foi assim quando fizemos parceria para a criação do IBTJ, realizando o primeiro curso de direito para os cidadãos leigos; quando promovemos a edição de livros didáticos com metodologia inovadora, para circulação nas nossas turmas de direito da UnP; e foi assim na campanha pelas eleições diretas na OAB, já referida nos perfis de Adilson Gurgel e Paulo Lopo Saraiva.

Filiei-me a ele, a Adilson, o seu maior parceiro, e a Jales Costa. Enriqueci-me com essa adesão. Fortaleci-me porque pude dar vazão às convicções que mantinha reservadas na minha própria individualidade e encontrei identidade e ressonância nos propósitos que perseguia.
Posso, com essa série de perfis, e com o revigorante exemplo de Carlinhos, vivificar o legado de esperanças no futuro da minha terra, esmaecido e débil pelo campear das nulidades e das indignidades impunes. Porque esses modelos são contemporâneos, graças a Deus não integram ainda o “Era uma vez...” para que um cético não se refira aos exemplos como coisa passadista, sem viabilidade para sobreviver no “front” do contemporâneo.

É tão assustadora a conjuntura político-sócio-fiosófica que alguém já me disse que de nada adiantaria o retorno de Cristo, pois ele seria desprezado como visionário e inútil porque não traria teres e haveres, mas apenas palavras...
O tempo embarcou numa espaçonave no então Cabo Canaveral e, vencendo a gravidade e as distâncias, nos pôs frente a frente no Campus da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, no final dos anos setenta, já amanhecendo os oitenta. Éramos, ambos, professores do curso de direito. Ele, vinculado ao Departamento de Direito Público e eu, ao de Direito Privado.
Até chegar ao magistério universitário, ele palmilhou muito chão de barro. O pai, juiz, fez a circunavegância no interior do estado - Angicos, Canguaretama e Macaíba - carregando na carroceria dos caminhões a mobília familiar, pois os magistrados de carreira, vocacionados para a função como o Dr. José Gomes da Costa, residiam nas suas comarcas para melhor atenderem aos jurisdicionados.

Por esta circunstância, atrasou-se nos estudos, embora os pais hajam feito fibras do coração, distribuindo-os entre casas de familiares para que pudessem estudar, já que a itinerância interiorana do pai tolhia tal iniciativa, já que cursavam o segundo grau e não existiam colégios desse nível nas cidades da judicatura paterna.
Fez o primário no Instituto Batista de Natal; o segundo grau no Ginásio Natal e o colegial no Atheneu. Graduou-se em Direito em 1968.
Teve um longo e proveitoso aprendizado no trabalho, realizado desde cedo, por decisão pessoal, consciente das dificuldades financeiras familiares, sem que tal empenho fosse solicitado pelo pai. Determinou-se a coadjuvá-lo na provisão de recursos, pela limitação financeira do ganho paterno – juiz daquela época ganhava pouco, e, se não aceitasse o subsídio dos governos municipais para manter-se independente, o salário acabava mal fosse recebido.
Tornou-se radialista, comerciário e comerciante e depois servidor do Tribunal Regional Eleitoral. De posse do título de graduação, foi Auditor do Tribunal de Contas e integrou o quadro de Procuradores do Ministério Público Especial junto ao mesmo órgão.

Foi o primeiro diretor da Escola de Contas Professor Severino Lopes de Oliveira e primeiro Controlador Geral do Estado do Rio Grande do Norte. Juiz do Tribunal Regional Eleitoral.
Por onde passou, deixou a marca do dinamismo, da correção e da eficiência. Por isso, foi tão requisitado para o provimento de outros cargos, não necessariamente remunerados, mas de suma importância para algum segmento do mister profissional a que se dedicava, a exemplo da Presidência do Núcleo de Estudos Jurídicos da UFRN (NEJUR) e do Instituto Brasileiro de Tecnologia Jurídica (IBTJ), além de integrante de diversas comissões e grupos de trabalho.
Foi Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil e membro do Instituto dos Advogados do Rio Grande do Norte. Integra o Instituto Histórico e Geográfico do RN, União Brasileira de Escritores do RN e a Academia de Letras Jurídicas do RN. Foi agraciado com inúmeras honrarias, dentre as quais destacam-se o título de Professor Emérito e Doutor Honoris Causa concedido pela UnP e a Medalha do Mérito Universitário, concedida pela UFRN.

No entanto, confidenciou-me que, a despeito da gratidão e da honra por haver sido agraciado por homenagens tão significativas e importantes, teria sido a exposição de motivos elaborada pelo então Procurador Geral do Ministério Público Especial, professor Múcio Ribeiro Dantas, encaminhada ao governador Geraldo Melo, para concessão da sua aposentadoria, a distinção que mais o sensibilizou.
Foi Professor do Curso de Direito de quase todas as instituições de ensino superior do nosso estado (UFRN, UnP, FARN, FAL, FACEX, ESA, FESMP e ESMARN). É pós-graduado em Direito Civil e Comercial e em Direito Constitucional.

É convidado como consultor e palestrante para assuntos relacionados com a Gestão Pública e se mantém como colaborador de jornais e revistas, além de coordenar um dos endereços eletrônicos mais acessados do nosso Estado, o “Blog do Miranda Gomes”.
É autor dos seguintes livros: Da remuneração dos vereadores, Oração de despedida, A proteção das minorias nas sociedades anônimas, Cadernos de Direito Tributário* (2 vols.), Lei Orgânica dos municípios do Estado do Rio Grande do Norte*, Licitação – teoria, prática e legislação, Curso de Direito tributário*, Cartilha ABC do consumidor, Da imunidade tributária dos aposentados e pensionistas, Manual de direito financeiro e finanças, Licitação – noções elementares, Testemunhos, Cartilha de gestão fiscal e Traços e Perfis da OAB/Rn.

Primeira inconfidência – Pouca gente sabe, mas Carlinhos é dono de uma voz belíssima, que o tempo não descurou. Desde criança era requisitado para se apresentar em festas e nas rádios natalenses. A primeira vez que cantou em público foi no próprio Instituto Batista de Natal e depois no “Domingo Alegre” de Genar Wanderley.

Em 1950 ganhou o concurso da mais bela voz infantil, conquistando o título de “Campeão Vic-Maltema” e com esse galardão, foi contratado pela Rádio Poti, nela permanecendo até 1954. Integrou o elenco de cantores da Sociedade Artística Estudantil e, gravou duas faixas num disco coletivo com os artistas da Rádio Poti e um disco solo na PRE-9, Rádio Clube do Ceará, onde em certa ocasião foi acompanhado por ninguém menos que Evaldo Gouveia.

Gravou também com o Trio Irakitan. Teve um programa semanal na mesma Rádio Poti, denominado “Almanaquinho Seta”, onde também se apresentavam Agnaldo e Selma Rayol. Prosseguiu com entusiasmo a sua trajetória artística até que o Desembargador José Gomes decidisse realinhá-lo para projetos mais concretos e duradouros, exatamente quando a jovem revelação musical se preparava para vôos mais ambiciosos: havia sido convidado para integrar, como profissional, o “cast” da Rádio Tamandaré de Recife, com a promessa de gravar um disco na indústria Rozemblit, dona do famoso selo “Mocambo”

Mas esta é outra estória, e tão fascinante, que não quero roubá-la do meu amigo, que fica nos devendo um livro cujo título sugiro tomar de empréstimo do cancioneiro Luiz Vieira: “O Menino Passarinho”.
Segunda inconfidência – É de índole pacífica. Conciliador e homem contido pela educação, é daqueles que conta até mil para não perder a paciência, porque antes de tudo respeita a dignidade e a compostura alheia. Mas, depois que excede a milésima contagem, que me perdoem o despropósito da referência, mas não resisto ao meu ímpeto nordestino: é igual a um siri numa lata.
Querem ver um homem valente e destemperado, que se pise no calo de estimação: a sua honra, a sua dignidade pessoal.

Terceira Inconfidência – Há uma passagem de muita singeleza da vida do meu amigo que ele recorda com muito orgulho. Foi quando serviu ao Exército (1959) no 16º R.I, na Companhia de Comando e Serviços - CCS. O comandante do Regimento era Dióscoro Gonçalves Vale, conterrâneo do Seridó, que depois chegou ao generalato; o comandante da Companhia era Milton Freire de Andrade que muitos anos depois comandou a Polícia Militar do nosso estado.
Disse-me Carlos Gomes que no serviço militar aprendeu muito civismo e a idéia de igualdade. R quer, com muita honra foi distinguido com a Medalha Marechal Hermes, de aplicação e estudo, exatamente no dia da inauguração de Brasília."

Sinto-me lisonjeado e honrado por ser seu amigo. A ligação pessoal me engrandece, é referência curricular e certamente afiançará os seus herdeiros que se valerão dos laços co-sanguíneos para atestar a pureza e a excelência da linhagem.

(*) Vic-Maltema era a marca de um achocolatado dos anos cinquenta que concorria com o Toddy e o Nescau.


PEDRO SIMÕES – Professor de Direito (Aposentado) Escritor e Advogado.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

MUSEU NILO PEREIRA - CEARÁ-MIRIM RN

DO BLOG DE FRANKLIN JORGE

Carlos de Miranda Gomes disse:

18 de agosto de 2010 às 6:21
Franklin,
A publicação do artigo de Ormuz é um serviço relevante à brava terra dos canaviais. É imperioso a cobrança de providências ao Poder Público. Onde estão os Vereadores de Ceará-Mirim? Precisam mostrar as suas responsabilidades. Eo Prefeito, um homem formado em Direito, ficoiu cego?
Não deixem o assunto morrer, vamos PROTESTAR E COBRAR UMA SOLUÇÃO.
Parabéns Franklin pelo engajamento nessa luta sagrada.

MUSEU NILO PEREIRA - CEARÁ-MIRIM RN

DO BLOG DE FRANKLIN JORGE

Sarina Vieira Mota disse:

17 de agosto de 2010 às 17:05
O sr. Ormuz merece nossos parabens pela clareza de firmar posição contra esse desmantelo generalizado.
FJ, seu site é excelente. A prova está na boa qualidade das matérias e da recepção junto aos internautas.

MUSEU NILO PEREIRA - CEARÁ-MIRIM RN

DO BLOG DE FRANKLIN JORGE

Evandro Salles disse:

17 de agosto de 2010 às 12:07
O sr. Ormuz Simonetti foi muito feliz escrevendo esse artigo e mostrando para todo o nosso povo a qualidade dos politicos que nos governam. Considero um verdadeiro escandalo esse descaso com um museu, num estado que carece de equipamentos dessa natureza. Ainda mais um museu instalado num solar histórico, na senhorial cidade do Ceará Mirim, a cidade dos barões, de tanta importancia economica na época do Império e até recentemente, antes da aparição na politica do RN de Geraldo Melo, de quem o povo acabou se livrando e expulsando da politica.
Fica aqui o meu voto de indignação.
Evandro Salles

MUSEU NILO PEREIRA - CEARÁ-MIRIM RN


DO BLOG DE FRANKLIN JORGE


Marliete Moura Lemos disse:

17 de agosto de 2010 às 11:56
Uma vergonha, um museu histórico chegar a esse estado de abandono por parte do governo do Rio G. do Norte! Estou indignada. Deus nos livre desses politicos falastrões e enganadores que de 4 em 4 anos batem às nossas portas mendigando votos.
São pessoas que merecem o nosso repúdio!
Quando vejo o que está acontecendo no Ceará Mirim, que fica nas “barbas” do governador, imagino o que não acontece em lugares mais distantes de Natal, onde o governo sõ vai quando está em jogo algum interesse eleitoreiro…
Meu Deus! Esses últimos anos foram de calamidade para o Brasil: aqui, gente como a ex-governadora e seu substituto e no plano nacional, Lula e o PT.
Ainda bem que temos um espaço como este para protestar e tomarmos conhecimento do que a imprensa comprometida com o poder escodne.

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DO BLOG DE FRANKLIN JORGE

Magnólia Ribeiro disse:

17 de agosto de 2010 às 11:45
Nossos governantes só têm papo eleitoral. Não sáo capazes de fazer nada, aí está a educação do RN na UTI, a segurança na UTI, a saúde na UTI enquanto todos eles folgam e se divertem às nossas custas. Essa ex-governadora e seu substituto são o que tivemos de pior até este momento (sem contar Garibaldi Alves, que não fica atrás desses dois que esatão aí).
Graças a Deus ainda temos jornalistas que publicam os fatos e tem coragem de enfrentar esses estafermos.

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Emilia de Lavor disse:

17 de agosto de 2010 às 8:19
O presente artigo espelha a realidade dos fatos e a má qualidade dos nossos administradores.
O que surpreende é que nos ultimos anos os governantes sempre falaram muito em cultura, mas ninguem vê ação deles nessa área que juntamente com a saúde, a educação e a segurança continuam menosprezadas.
Não sei como ainda tem gente que vota em politicos tão corruptos e despreparados para o exercicio de funções que deviam ser ocupadas por gente qualificada.
Parabéns, sr. Ormuz pela coragem de se opor a esse estado de abandono criminoso contra o patrimônio cultural da nossa terra.
Maria Emilia de Lavor