MATÉRIA PUBLICANA EM "O JORNAL DE HOJE", EDIÇÃO DE 06.08.2010
AINDA SOBRE A FAMÍLIA SIMONETTI
Foram muitas as surpresas que tive durante o tempo que durou a pesquisa genealógica que resultou no livro “Genealogia dos Troncos Familiares de Goianinha-RN”, lançado em agosto de 2008. Uma delas, e talvez a que mais me emocionou, foi a descoberta de uma parte de minha família, pelo lado SIMONETTI, que residia em Santos/SP. Para eles a emoção foi ainda maior, pois imaginavam ser apenas um pequeno grupo familiar com raízes no distante nordeste do país.
Pois bem, certo dia chegou à caixa de e-mail de minha prima, Daniela Simonetti, uma mensagem de um internauta de nome Daniel Simonetti Campos, que residia naquela ocasião em Curitiba, solicitando informação sobre a família, pois soube através de seus pais que suas raízes tinham origem no Rio Grande do Norte.
Sabendo da pesquisa genealógica que eu desenvolvia em busca dos meus ancestrais, Daniela me encaminhou o e-mail. Imediatamente enviei uma mensagem para o possível primo, solicitando que me informasse algum fato ou história que pudesse ligar nossas famílias, já que no Estado de São Paulo existiam várias pessoas como o nosso sobrenome, mas sem ligação direta conosco. Muitos indivíduos como o sobrenome Simonetti haviam imigrado para o nosso país, procedentes da Itália, fugindo das duas grandes guerras, a primeira ocorrida entre 1914 e 1918 e a segunda entre 1939 e 1945 e também durante o pós-guerra. No nosso caso, o desembarque do primeiro Simonetti no Brasil, ocorreu por volta do ano de 1820, portanto, muito antes desses dois catastróficos eventos que envergonharam e ainda envergonham a humanidade.
Então ele me relatou que a sua avó, que se chamava Maria Simonetti, nascida em 1905, dizia ser filha de Benjamim Constant Simonetti (1885/1962) com Maria dos Anjos (1887/1927). Contou sua avó que durante a adolescência, quando morava em Natal, encontrava-se como seu pai, sem conhecimento da sua atual família, nesse tempo já casado com Emília Simonetti (minha avó), na estação ferroviária da Ribeira. Certo dia, em um desses encontros, Maria conversava com seu pai, quando um jovem passou no outro lado da rua sem os ver. Foi então que vovô disse a sua filha: “Aquele rapaz ali é meu filho. O nome dele é Arnaldo e estuda Direito em Recife. Se Deus quiser, quando ele se formar vai regularizar sua situação!”
Daniel relata ainda que anos após esse encontro, ela foi morar na casa do professor Clementino Câmara. Era uma espécie de governanta e gozava de toda a confiança e apreço do velho professor. Por ser uma família protestante, logo a jovem Maria Simonetti se tornou fiel discípula dos preceitos e doutrinas da nova religião.
Certa vez, o professor Clementino foi convidado para um congresso religioso que se realizaria na cidade de São Paulo. Impossibilitado de comparecer ao evento, enviou como sua representante Maria Simonetti, que na ocasião já gozava de boa formação religiosa e estava habilitada a bem representar o professor naquele congresso. Viajou a São Paulo e nunca mais retornou ao seu Estado. Em 15 de fevereiro de 1941, casou-se com Antônio Sebastião Pereira e tiveram três filhos: Azenati, nascida em 1941; Ezequiel, nascido em 1943 e Ezequias, em 1944.
Depois de ler várias vezes aquele impressionante relato, não tive mais dúvidas de que estava diante de um “elo perdido” de minha família. É esse tipo de emoção, o prêmio pelas noites solitárias e indormidas, dos que labutam na pesquisa genealógica.
Muito emocionado e sem nenhuma dúvida de que aquela era minha família, retornei a mensagem informando que o “Arnaldo” a que ele se referia, era o meu pai e que havia falecido em 1972, na cidade de São Paulo, após ter se submetido a uma cirurgia cardíaca. Informei que ele havia nascido em 1910, isto é, cinco anos após Maria Simonetti, sua irmã por parte de pai.
A princípio os e-mails frios e desconfiados, logo se transformaram em longos e emocionados telefonemas, até que, para minha surpresa, naquele mesmo ano recebemos a visita de um neto de Maria Simonetti, filho de Ezequiel, Luiz Fernando Simonetti Pereira e sua jovem esposa Daniela Bruschetta Simonetti, por coincidência, filha de italianos. Aqui chegaram com os olhos e a emoção dos antigos navegantes, que após meses enxergando apenas céu e mar, avistavam as primeiras árvores de uma terra distante e desconhecida.
Em agosto, chegaram a Natal seus pais e tios. Vieram para o lançamento do meu livro e por aqui ficaram uma semana. Foram dias inesquecíveis para todos nós. Conheceram Goianinha, cidade onde tudo começou e também Tibau do Sul, aonde Giovanni Baptista Simonetti chegou náufrago entre 1822 e 1824. Conheceram também a praia da Pipa e ficaram maravilhados com suas águas cálidas e transparentes, bem diferente das praias de Santos onde moram. Conheceram as antigas histórias da praia da Pipa e suas belezas naturais desenhadas pelas falésias e os recifes de coral que ponteiam toda aquela costa.
Aquela família que se imaginava tão pequena, de repente, descobriu extasiados, que não estão sozinhos como imaginavam. Muito pelo contrário, conheceram em um só dia, centenas de parentes que como eles, também aproveitavam aquele evento para se descobrirem e se reconhecerem como família. Comparecera naquela noite chuvosa do dia 8 de agosto de 2008, ao Boulevard Recepções, mais de 600 pessoas, na sua imensa maioria interligadas geneticamente. Como aquela família, muitas foram as que se descobriram e se conheceram naquela ocasião.
Com esse encontro muitas dúvidas foram esclarecidas. Questionada porque em todos esses anos não havia procurado a família no Rio Grande do Norte, Azenati informou que sua mãe pensava não existir mais ninguém da sua origem por esses lados. No final da década de 30, teve noticias, possivelmente através da família do professor Clementino, que o pai havia falecido em 1936. Naquela época, a precariedade dos meios de comunicação ajudaram a confundir e distorcer a notícia enviada. Na realidade, quem faleceu nessa data foi o filho de Benjamin, e seu irmão por parte de pai, Ormuz Barbalho Simonetti, do qual em sua homenagem, me puseram o mesmo nome. Vovô faleceu 26 anos depois, em 1962.
Em 2009 tivemos novamente o prazer da visita desses queridos parentes, que sempre nos proporciona muita alegria. Nesse ano estamos aguardando com ansiedade a chegada, lá em São Paulo capital, de mais um membro da família. Dessa vez apurando o sangue carcamano, nascerá ainda esse ano o varão, Enrico Bruschetta Simonetti. Que venha com muita saúde para o regozijo de todo o clã.
Natal, agosto/2010.
sexta-feira, 6 de agosto de 2010
terça-feira, 27 de julho de 2010
ARTIGO GENEALÓGICO
Matéria publicada no JORNAL DE HOJE, edição do dia 23 de julho de 2010
ORIGEM DAS FAMILIAS SIMONETTI E VILLA
A família Simonetti tem origem na pessoa do cidadão genovês, Giovanni Baptista Simonetti que desembarcou no porto do Recife, por volta do ano de 1820, na companhia do Pietro Nicoláu Villa, seu compatriota, também, da mesma região da Itália. Esses dois jovens aventureiros, na casa dos seus 20 anos, possivelmente fugiam da falta de empregos em seu país. Aqui chegaram cheios de esperanças de encontrar no distante Brasil, uma nova e próspera vida para si e seus descendentes.
No Recife, Giovanni passou pouco tempo. Sobreviveu nesse curto período realizando pequenos serviços e se utilizando das poucas economias que amealhou antes de atravessar o Atlântico. Os dois amigos permaneceram sempre na cidade, ao contrário de outros imigrantes que adentraram ao interior para trabalhar nas lavouras de cana-de-açúcar.
Em conversas com outros imigrantes, Giovanni ficou sabendo que no Norte do país havia muitas terras devolutas e as possibilidades de ganhar dinheiro eram maiores do que na agitada Recife da época. Resolveu se aventurar naquela região, ainda pouco habitada, principalmente por imigrantes. As imigrações no Brasil ocorreram principalmente em três regiões do País. Na região Sul, através do porto de Santos; na região Leste, pelo porto do Rio de Janeiro e no Nordeste, nos portos de Salvador e Recife.
Entre os anos de 1822 e 1824, o italiano Giovanni despede-se do amigo Pietro e toma uma barcaça no porto de Recife com destino ao Norte do país, possivelmente para cidade de Belém do Pará. Em uma noite chuvosa na altura das praias de Tibau do Sul e Pipa, a barcaça em que viajava naufragou. Giovanni conseguiu se salvar e chegou até a praia de Tibau do Sul, naquela época, uma pequena aldeia de pescadores.
Dias depois e já recuperado, partiu para a cidade de Goianinha, 25 kms ao Leste, e lá permaneceu por toda sua vida. Em 1825, contraiu matrimônio com Gertrudes Guilhermina Barbalho, filha do casal Antônio José da Costa Barbalho e Maria Germana Freire do Revoredo, esta, filha do capitão-mor Bento Freire do Revoredo, o mais rico proprietário da região com terras que se estendiam pelos municípios de Goianinha, São José de Mipibú e Papary, hoje Nísia Floresta.
Dessa união entre Giovenni e Gertrudes nasceram nove filhos: Antônio Temístocles Simonetti; João Baptista Simonetti; Benjamin Constant Simonetti, meu trisavô; Américo Vespúcio Simonetti, ramo da família que se desenvolveu nas cidades de Açu e Mossoró, da qual descende monsenhor Américo Vespúcio Simonetti, pároco da Igreja de Santa Luzia, em Mossoró, falecido aos 79 anos em junho de 2009; Genuíno Ibraim Simonetti; Adelina Simonetti; Rosália Simonetti; Maria Amélia Simonetti e Anna Augusta Simonetti.
Giovanni iniciou sua vida em Goianinha mascateando, profissão muito comum na época e que foi exercida também, pelo meu avô materno Odilon Ernestino Barbalho. Adquiria mercadorias em Recife, onde já havia morado, e as revendia tanto no caminho de volta, como na vila de Goianinha e arruados adjacentes. O amigo e companheiro de viagem Pietro Nicoláu, permaneceu em Recife vivendo de pequenos negócios. Em uma dessas viagens a Recife para se abastecer de mercadorias, Giovanni o convida a mudar-se para Goianinha, e convence o amigo Pietro com o argumento de que a vila é famosa por suas mulheres bonitas e casadouras.
Pietro Nicoláu Villa aceita o convite e, ao que parece não se arrependeu. Tempos depois se casou com Francisca Ferreira da Silva, que era prima de Gertrudes, esposa de Giovanni, filha de Félix Ferreira da Silva e Joaquina Ferreira da Silva, neta do casal Félix Ferreira da Silva, segundo do nome, e Francisca Freire do Revoredo, bisneta do capitão-mor Bento Freire do Revoredo. Dessa união teve início a família Villa, no Rio Grande do Norte, que ao longo do tempo perdeu um dos “L” passando ser grafada apenas “VILA".
Um fato curioso é que o neto de Giovanni de nome João Baptista Simonetti Filho, resolveu, a exemplo do avô, procurar melhores condições de vida em outra região do País e para isso escolheu o Sul como destino. Em 1887, partiu do Recife a bordo do vapor Bahia comandado pelo Tente Aureliano, e na noite de 24 de março por volta das 23:30 horas, quando se encontrava em alto mar, em frente a Praia de Ponta de Pedras, foi abalroado pelo vapor Pirapora que era comandado pelo Capitão Carvalho. Especula-se que nesse incidente não houve a circunstância acidental, e sim um ato criminoso do capitão Carvalho, que tinha diferenças pessoais com o capitão do Bahia e, num ato tresloucado, jogou a proa de sua embarcação de encontro ao costado do vapor Bahia, provocando seu afundamento em apenas 10 minutos. O Bahia conduzia 200 passageiros inclusive o 15° Batalhão de Infantaria do Exército que seguia com destino ao Rio de Janeiro. Desse ato insano, terminou por ceifar vidas, sonhos e esperanças de homens e mulheres em uma noite clara de mar calmo no meio do oceano. O nosso grande poeta Manoel Segundo Wanderley publicou em 1887 no Diário de Pernambuco, o poema “O Naufrágio do Vapor Bahia” .
Porém, João Batista, curiosamente teve o mesmo destino do avô, só que com rumos diferentes. O avô seguia para o Norte e ele para o Sul. Milagrosamente e bastante ferido, conseguiu chegar à praia. Pescadores pernambucanos, o acolheu dando-lhe comida, abrigo e tratando de seus ferimentos. Quando se recuperou, telegrafou para o avô pedindo instruções e orientação. Como um bom Simonetti o velho Giovanni respondeu sem maiores delongas: “Prossiga para seu destino!” Em obediência a determinação do patriarca, seguiu viagem e tempos depois chegou a Vitória do Espírito Santo de onde nunca mais saiu.
Casou-se com Carolina da Rocha e tiveram os seguintes filhos: Simonides da Rocha Simonetti que se casou com Aurora Penna; Jandyra Simonetti Costa que casou com Nelson Costa; Gercina Simonetti Bahiense que se casou com Norbertino dos Santos Bahiensea; Argentina Simonetti Abreu que se casou com Agenor Abreu; Floriano da Rocha Simonetti que se casou com Nadyr de Melo e Edison da Rocha Simonetti que se casou com Maria Motta. Tive o imenso prazer de conversar por telefone e através de e-mail com diversos descendentes dessa irmandade que ainda vivem em Vitória. Outros foram localizados nos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo, com os quais também mantive contado.
Em 2009, quando fui admitido como sócio do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo, impossibilitado de comparecer a cerimônia de entrega do diploma, tive a honra de ser representado por Milton José Lyrio Simonetti, um simpático primo capixaba, filho de Milton Penna Simonetti, neto de Simonides da Rocha Simonetti e bisneto do náufrago João Batista Simonetti Filho.
ORIGEM DAS FAMILIAS SIMONETTI E VILLA
A família Simonetti tem origem na pessoa do cidadão genovês, Giovanni Baptista Simonetti que desembarcou no porto do Recife, por volta do ano de 1820, na companhia do Pietro Nicoláu Villa, seu compatriota, também, da mesma região da Itália. Esses dois jovens aventureiros, na casa dos seus 20 anos, possivelmente fugiam da falta de empregos em seu país. Aqui chegaram cheios de esperanças de encontrar no distante Brasil, uma nova e próspera vida para si e seus descendentes.
No Recife, Giovanni passou pouco tempo. Sobreviveu nesse curto período realizando pequenos serviços e se utilizando das poucas economias que amealhou antes de atravessar o Atlântico. Os dois amigos permaneceram sempre na cidade, ao contrário de outros imigrantes que adentraram ao interior para trabalhar nas lavouras de cana-de-açúcar.
Em conversas com outros imigrantes, Giovanni ficou sabendo que no Norte do país havia muitas terras devolutas e as possibilidades de ganhar dinheiro eram maiores do que na agitada Recife da época. Resolveu se aventurar naquela região, ainda pouco habitada, principalmente por imigrantes. As imigrações no Brasil ocorreram principalmente em três regiões do País. Na região Sul, através do porto de Santos; na região Leste, pelo porto do Rio de Janeiro e no Nordeste, nos portos de Salvador e Recife.
Entre os anos de 1822 e 1824, o italiano Giovanni despede-se do amigo Pietro e toma uma barcaça no porto de Recife com destino ao Norte do país, possivelmente para cidade de Belém do Pará. Em uma noite chuvosa na altura das praias de Tibau do Sul e Pipa, a barcaça em que viajava naufragou. Giovanni conseguiu se salvar e chegou até a praia de Tibau do Sul, naquela época, uma pequena aldeia de pescadores.
Dias depois e já recuperado, partiu para a cidade de Goianinha, 25 kms ao Leste, e lá permaneceu por toda sua vida. Em 1825, contraiu matrimônio com Gertrudes Guilhermina Barbalho, filha do casal Antônio José da Costa Barbalho e Maria Germana Freire do Revoredo, esta, filha do capitão-mor Bento Freire do Revoredo, o mais rico proprietário da região com terras que se estendiam pelos municípios de Goianinha, São José de Mipibú e Papary, hoje Nísia Floresta.
Dessa união entre Giovenni e Gertrudes nasceram nove filhos: Antônio Temístocles Simonetti; João Baptista Simonetti; Benjamin Constant Simonetti, meu trisavô; Américo Vespúcio Simonetti, ramo da família que se desenvolveu nas cidades de Açu e Mossoró, da qual descende monsenhor Américo Vespúcio Simonetti, pároco da Igreja de Santa Luzia, em Mossoró, falecido aos 79 anos em junho de 2009; Genuíno Ibraim Simonetti; Adelina Simonetti; Rosália Simonetti; Maria Amélia Simonetti e Anna Augusta Simonetti.
Giovanni iniciou sua vida em Goianinha mascateando, profissão muito comum na época e que foi exercida também, pelo meu avô materno Odilon Ernestino Barbalho. Adquiria mercadorias em Recife, onde já havia morado, e as revendia tanto no caminho de volta, como na vila de Goianinha e arruados adjacentes. O amigo e companheiro de viagem Pietro Nicoláu, permaneceu em Recife vivendo de pequenos negócios. Em uma dessas viagens a Recife para se abastecer de mercadorias, Giovanni o convida a mudar-se para Goianinha, e convence o amigo Pietro com o argumento de que a vila é famosa por suas mulheres bonitas e casadouras.
Pietro Nicoláu Villa aceita o convite e, ao que parece não se arrependeu. Tempos depois se casou com Francisca Ferreira da Silva, que era prima de Gertrudes, esposa de Giovanni, filha de Félix Ferreira da Silva e Joaquina Ferreira da Silva, neta do casal Félix Ferreira da Silva, segundo do nome, e Francisca Freire do Revoredo, bisneta do capitão-mor Bento Freire do Revoredo. Dessa união teve início a família Villa, no Rio Grande do Norte, que ao longo do tempo perdeu um dos “L” passando ser grafada apenas “VILA".
Um fato curioso é que o neto de Giovanni de nome João Baptista Simonetti Filho, resolveu, a exemplo do avô, procurar melhores condições de vida em outra região do País e para isso escolheu o Sul como destino. Em 1887, partiu do Recife a bordo do vapor Bahia comandado pelo Tente Aureliano, e na noite de 24 de março por volta das 23:30 horas, quando se encontrava em alto mar, em frente a Praia de Ponta de Pedras, foi abalroado pelo vapor Pirapora que era comandado pelo Capitão Carvalho. Especula-se que nesse incidente não houve a circunstância acidental, e sim um ato criminoso do capitão Carvalho, que tinha diferenças pessoais com o capitão do Bahia e, num ato tresloucado, jogou a proa de sua embarcação de encontro ao costado do vapor Bahia, provocando seu afundamento em apenas 10 minutos. O Bahia conduzia 200 passageiros inclusive o 15° Batalhão de Infantaria do Exército que seguia com destino ao Rio de Janeiro. Desse ato insano, terminou por ceifar vidas, sonhos e esperanças de homens e mulheres em uma noite clara de mar calmo no meio do oceano. O nosso grande poeta Manoel Segundo Wanderley publicou em 1887 no Diário de Pernambuco, o poema “O Naufrágio do Vapor Bahia” .
Porém, João Batista, curiosamente teve o mesmo destino do avô, só que com rumos diferentes. O avô seguia para o Norte e ele para o Sul. Milagrosamente e bastante ferido, conseguiu chegar à praia. Pescadores pernambucanos, o acolheu dando-lhe comida, abrigo e tratando de seus ferimentos. Quando se recuperou, telegrafou para o avô pedindo instruções e orientação. Como um bom Simonetti o velho Giovanni respondeu sem maiores delongas: “Prossiga para seu destino!” Em obediência a determinação do patriarca, seguiu viagem e tempos depois chegou a Vitória do Espírito Santo de onde nunca mais saiu.
Casou-se com Carolina da Rocha e tiveram os seguintes filhos: Simonides da Rocha Simonetti que se casou com Aurora Penna; Jandyra Simonetti Costa que casou com Nelson Costa; Gercina Simonetti Bahiense que se casou com Norbertino dos Santos Bahiensea; Argentina Simonetti Abreu que se casou com Agenor Abreu; Floriano da Rocha Simonetti que se casou com Nadyr de Melo e Edison da Rocha Simonetti que se casou com Maria Motta. Tive o imenso prazer de conversar por telefone e através de e-mail com diversos descendentes dessa irmandade que ainda vivem em Vitória. Outros foram localizados nos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo, com os quais também mantive contado.
Em 2009, quando fui admitido como sócio do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo, impossibilitado de comparecer a cerimônia de entrega do diploma, tive a honra de ser representado por Milton José Lyrio Simonetti, um simpático primo capixaba, filho de Milton Penna Simonetti, neto de Simonides da Rocha Simonetti e bisneto do náufrago João Batista Simonetti Filho.
quarta-feira, 14 de julho de 2010
A castanholeira do Viaduto Quarto Centenário
Ormuz, gostei muito de seu artigo e oportuno.
Abraço,
José Hélio
Abraço,
José Hélio
A castanholeira do Viaduto Quarto Centenário
Pois é Ormuz, vc localizou num local impensável uma castanholeira...só Deus sabe como ela foi plantada ali em? Incrivel, mas como vc bem disse, não vai durar muito ali. A sua ideia é genial, quem sabe toma vulto, e se muda para a Ribeira e para o mesmo local da outra, esta árvore teimosa e ainda sadia.
abraços
felipe.
abraços
felipe.
A castanholeira do Viaduto Quarto Centenário
Lindo texto, tio Ormuz.
Vamos salvar a castanholeira.
Beijos,
Juliana
Vamos salvar a castanholeira.
Beijos,
Juliana
A castanholeira do Viaduto Quarto Centenário
Caro Ormuz,
Acredito que aquela castanholeira viva por muito tempo moldando seu caule àquela estrutura de concreto e ainda por cima que no futuro levante o asfalto daquela BR.
Bruno Bulhões
Acredito que aquela castanholeira viva por muito tempo moldando seu caule àquela estrutura de concreto e ainda por cima que no futuro levante o asfalto daquela BR.
Bruno Bulhões
segunda-feira, 12 de julho de 2010
sexta-feira, 9 de julho de 2010
A CASTANHOLEIRA DA ESPLANADA SILVA JARDIM
CARTA ENVIADA AO JORNALISTA VICENTE SEREJO
Caros amigos e leitores,segue texto publicado no JORNAL DE HOJE edição de ontem, na Coluna CENA URBANA do Escritor e Jornalista Vicente Serejo.
Abraço a todos,
Ormuz Simonetti.
Logo após o papo agradável que tivemos em sua biblioteca, que entre os vários assuntos abordados, também falamos sobre a famosa e finada castanholeira da Esplanada Silva Jardim, lembrei-me que todas as vezes que passo por sob o viaduto “Quarto Centenário”, visualizo um pé de castanhola - amendoeira-da-índia que, contra todas as probabilidades, teimou em nascer e continuar crescendo, no minúsculo espaço onde findam as muradas de concreto que separam as duas pistas de rolamento da BR 101.
Essa valente árvore, se ser humano fosse, certamente eu a estudaria genealogicamente, pois é bem provável que ela descenda da velha castanhola da Ribeira que, por ser centenária, muitas de suas sementes devem ter germinado por toda a cidade de Natal. A imponente árvore que era símbolo na velha Ribeira boemia, presenciou o vai e vem de muitos dos “respeitados e honestos cidadãos” de nossa sociedade, a caminho dos inúmeros bordeis e casas de recursos que se multiplicavam e agitavam a vida noturna do bairro, nas décadas passadas. Sua frondosa copa era abrigo para homens e pássaros, durante as horas mais quentes do dia.
Ontem, resolvi fazer algo por aquela árvore. Desloquei-me até o local, e com o veículo ainda em movimento, pois naquele trecho não há espaço para pedestre, fotografei a heróica planta.
Talvez a sábia natureza, prevendo o perecimento da centenária castanholeira, tão maltratada pelo tempo e principalmente pelos homens, fez brotar, não se sabe como, uma de sua espécime, num local mais improvável possível, dando uma oportunidade ao poder público, para colocar, no mesmo local da que pereceu, uma de suas prováveis descendentes, que dessa vez, se bem tratada for, poderá inclusive superar a longevidade da ancestral.
Como a tentativa do transplante de um Pau Brasil para aquele local não teve êxito, faço aqui minha humilde sugestão de salvar aquela bela árvore que fincou suas raízes naquele pedaçinho de chão e desafiando a tudo e a todos, mostra-se exuberante sobrevivendo em meio a carros, concreto e asfalto. Infelizmente, naquele local ela não resistirá por muitos anos, pois seu tronco não poderá se expandir em virtude da proximidade com as muretas de concreto e logo vai aparecer alguém alegando que seus galhos estão atrapalhando o trânsito, e usará contra a indefesa árvore, o seu impiedoso facão.
Grande abraço,
Ormuz Simonetti
Caros amigos e leitores,segue texto publicado no JORNAL DE HOJE edição de ontem, na Coluna CENA URBANA do Escritor e Jornalista Vicente Serejo.
Abraço a todos,
Ormuz Simonetti.
Logo após o papo agradável que tivemos em sua biblioteca, que entre os vários assuntos abordados, também falamos sobre a famosa e finada castanholeira da Esplanada Silva Jardim, lembrei-me que todas as vezes que passo por sob o viaduto “Quarto Centenário”, visualizo um pé de castanhola - amendoeira-da-índia que, contra todas as probabilidades, teimou em nascer e continuar crescendo, no minúsculo espaço onde findam as muradas de concreto que separam as duas pistas de rolamento da BR 101.
Essa valente árvore, se ser humano fosse, certamente eu a estudaria genealogicamente, pois é bem provável que ela descenda da velha castanhola da Ribeira que, por ser centenária, muitas de suas sementes devem ter germinado por toda a cidade de Natal. A imponente árvore que era símbolo na velha Ribeira boemia, presenciou o vai e vem de muitos dos “respeitados e honestos cidadãos” de nossa sociedade, a caminho dos inúmeros bordeis e casas de recursos que se multiplicavam e agitavam a vida noturna do bairro, nas décadas passadas. Sua frondosa copa era abrigo para homens e pássaros, durante as horas mais quentes do dia.
Ontem, resolvi fazer algo por aquela árvore. Desloquei-me até o local, e com o veículo ainda em movimento, pois naquele trecho não há espaço para pedestre, fotografei a heróica planta.
Talvez a sábia natureza, prevendo o perecimento da centenária castanholeira, tão maltratada pelo tempo e principalmente pelos homens, fez brotar, não se sabe como, uma de sua espécime, num local mais improvável possível, dando uma oportunidade ao poder público, para colocar, no mesmo local da que pereceu, uma de suas prováveis descendentes, que dessa vez, se bem tratada for, poderá inclusive superar a longevidade da ancestral.
Como a tentativa do transplante de um Pau Brasil para aquele local não teve êxito, faço aqui minha humilde sugestão de salvar aquela bela árvore que fincou suas raízes naquele pedaçinho de chão e desafiando a tudo e a todos, mostra-se exuberante sobrevivendo em meio a carros, concreto e asfalto. Infelizmente, naquele local ela não resistirá por muitos anos, pois seu tronco não poderá se expandir em virtude da proximidade com as muretas de concreto e logo vai aparecer alguém alegando que seus galhos estão atrapalhando o trânsito, e usará contra a indefesa árvore, o seu impiedoso facão.
Grande abraço,
Ormuz Simonetti
sexta-feira, 2 de julho de 2010
ARTIGOS GENEALÓGICOS
Caros amigos e leitores, as 31 crônicas sobre a Praia da Pipa, já se encontram com o editor, e o lançamento do livro está previsto para o mês de outubro próximo. Será lançado pelo selo da UBERN. Entregamos a ilustração do livro ao artista plástico e meu amigo Levi Bulhões. A proposta é fazer uma ilustração, em bico de pena, para cada crônica.
A partir de deste mês, o espaço no periódico O JORNAL DE HOJE, onde eram publicadas as crônicas, estaremos escrevendo artigos genealógicos. Inicio essa nova fase com estórias sobre a vida do Barão de Araruna. Espero contar com o mesmo apreço dos amigos, e estaremos abertos as suas manifestações, críticas e sugestões.
Abraço a todos,
Ormuz Barbalho Simonetti
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SERRA DE ARARUNA-PB
ORMUZ BARBALHO SIMONETTI (Presidente do Instituto Norte-Riograndense de Genealogia-INRG, membro da UBERN e do IHGRN)
www.ormuzsimonetti@yahoo.com.br
O BARÃO DE ARARUNA
Desde o mês de março deste ano, estamos tendo a oportunidade de assistir pela telinha, na série Vale a Pena Ver de Novo, a trama inspirada no romance Sinhá Moça, de Maria Cristina Dezonne Pacheco Fernandes (1904/1998).
A história trata de disputas políticas no período que antecede a abolição da escravatura no Brasil, na segunda metade do Século XlX. Na trama que é ambientada na pequena e fictícia cidade de Araruna, apresenta o Barão como um rico proprietário de terras e escravos, perverso e autoritário, que tratava seus cativos com extrema crueldade.
O que muitos não sabem é que o Barão de Araruna realmente existiu. Nos idos de 1800, no município paraibano de Pedra Lavrada, microrregião do Curimataú, distante 165 kms de João Pessoa, nasceu Estevão José da Rocha, o verdadeiro Barão de Araruna. O título nobiliárquico foi concedido em 17 de maio de 1871 pela princesa regente.
Quarto filho do casal Antônio Ferreira de Macedo e Ana de Arruda Câmara Ferreira de Macedo, teve como irmãos Antônio Ferreira de Macedo, Vicente Ferreira de Macedo e José Ferreira da Rocha Camporra. No livro “O Roteiro dos Azevedos”, do genealogista Sebastião de Azevedo Bastos, o coronel Camporra é descrito como filho do Barão. Porém, prefiro a versão do escritor paraibano Maurílio Augusto de Almeida, que no livro de sua autoria “O Barão de Araruna e sua prole”, apresenta o coronel Camporra como sendo irmão do Barão, o que tive a oportunidade de confirmar em outras pesquisas que realizei.
Estevão José da Rocha que também era Coronel da Guarda Nacional, tornou-se um dos maiores e mais ricos proprietários de terras no agreste paraibano, tendo fixado sua principal residência no município de Bananeiras, onde possuía grandes áreas plantadas com café, em virtude do clima serrano, ideal para a exploração da cafeicultura.
No Seridó Potiguar, possuía terras principalmente nos municípios de Currais Novos e Santa Cruz, onde se dedicava a atividades pastoris e ao plantio de cereais. Em nosso Estado, sua principal atividade agrícola era o plantio de algodão arbóreo conhecido popularmente como algodão mocó, caracterizado pela sua fibra longa, bastante valorizado no mercado nacional e principalmente no marcado internacional, devido a sua utilização na confecção de tecidos finos.
O Barão de Araruna gozava de grande prestígio junto à realeza e aos poderosos governadores de províncias do Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco. Esse prestígio foi demonstrado quando por volta do ano de 1870, conseguiu junto às autoridades locais, liberar sob sua custódia, um alemão que se encontrava preso em uma cadeia pública no Recife. O interesse do Barão por esse indivíduo deu-se em função de ter sabido que o mesmo era o chefe de máquinas de um navio mercante alemão, que estava ancorado no porto do Recife. Nessa época, o Barão enfrentava grandes dificuldades em sua indústria de beneficiamento de algodão em virtude de constantes defeitos apresentados no maquinário, e os mecânicos locais não conseguiam consertar.
O tal mecânico chamava-se Éric Robert Wladimir Wildt, que além de realizar os consertos necessários nas maquinas, coincidentemente de fabricação alemã, tornou-se amigo do Barão e permaneceu sob sua custódia, não retornando a Recife. Tempos depois veio a se casar com sua sobrinha-bisneta, Maria Bernardina da Rocha (1898/1931), filha de João Toscano da Rocha, que era filho de José Maria Ferreira da Rocha, que por sua vez era filho do Coronel Camporra, irmão do Barão.
Desse casamento nasceram três filhos, todos em Bananeiras: Wladimir Rocha Wildt, Herta Rocha Wildt e Erna Rocha Wildt. O primogênito nasceu em 1920 e posteriormente mudou-se para São Paulo, onde formou-se em engenharia mecânica. Casou-se com Josefina Murem e tiveram dois filhos: Eric Murem Rocha Wildt, que casou-se e constituiu família na capital paulista e Gerti Murem Rocha Wildt, que não casou e não tem descendentes.
A outra filha de nome Erna, nasceu em 1925. Vive atualmente em João Pessoa e também não se casou nem constituiu família. Tive o prazer de conhecer pessoalmente a senhora Herta, segunda filha do alemão, nascida em 1921, que reside atualmente em Santa Cruz-RN. É viúva de Joaquim Bezerra Cavalcanti com quem teve quatro filhos: Edson Wildt Cavalcanti; Ágnes Rocha Wildt; Hidemburgo Wildt Cavalcanti e Érica Dina Rocha Wildt, todos casados e com descendentes.
No início do ano passado, fui até Santa Cruz e passei uma manhã na residência de dona Herta conversando com ela e alguns familiares. Entre um cafezinho e outro, conversamos longamente sobre sua família e seus antepassados. Dona Herta me contou muitas histórias sobre o Barão de Araruna, que ouviu de seus pais e avós. Em todas elas o Barão é citado como um rico fazendeiro, dono de extensas propriedades, senhor de terras, gado e gente, mas principalmente um homem de bom coração. Não tenho registro em todo o material que pesquisei até essa data, de nenhuma semelhança com o arrogante e cruel Barão de Araruna, mostrado na telinha da Globo.
Comprometi-me com dona Herta que retornaria para visitá-la, por ocasião da inauguração da estátua de Santa Rita de Cássia, que aconteceu no último dia 26. Infelizmente, outros compromissos, entretanto me impediram de cumprir o prometido.
Natal, junho/2010.
A partir de deste mês, o espaço no periódico O JORNAL DE HOJE, onde eram publicadas as crônicas, estaremos escrevendo artigos genealógicos. Inicio essa nova fase com estórias sobre a vida do Barão de Araruna. Espero contar com o mesmo apreço dos amigos, e estaremos abertos as suas manifestações, críticas e sugestões.
Abraço a todos,
Ormuz Barbalho Simonetti
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SERRA DE ARARUNA-PB
ORMUZ BARBALHO SIMONETTI (Presidente do Instituto Norte-Riograndense de Genealogia-INRG, membro da UBERN e do IHGRN)
www.ormuzsimonetti@yahoo.com.br
O BARÃO DE ARARUNA
Desde o mês de março deste ano, estamos tendo a oportunidade de assistir pela telinha, na série Vale a Pena Ver de Novo, a trama inspirada no romance Sinhá Moça, de Maria Cristina Dezonne Pacheco Fernandes (1904/1998).
A história trata de disputas políticas no período que antecede a abolição da escravatura no Brasil, na segunda metade do Século XlX. Na trama que é ambientada na pequena e fictícia cidade de Araruna, apresenta o Barão como um rico proprietário de terras e escravos, perverso e autoritário, que tratava seus cativos com extrema crueldade.
O que muitos não sabem é que o Barão de Araruna realmente existiu. Nos idos de 1800, no município paraibano de Pedra Lavrada, microrregião do Curimataú, distante 165 kms de João Pessoa, nasceu Estevão José da Rocha, o verdadeiro Barão de Araruna. O título nobiliárquico foi concedido em 17 de maio de 1871 pela princesa regente.
Quarto filho do casal Antônio Ferreira de Macedo e Ana de Arruda Câmara Ferreira de Macedo, teve como irmãos Antônio Ferreira de Macedo, Vicente Ferreira de Macedo e José Ferreira da Rocha Camporra. No livro “O Roteiro dos Azevedos”, do genealogista Sebastião de Azevedo Bastos, o coronel Camporra é descrito como filho do Barão. Porém, prefiro a versão do escritor paraibano Maurílio Augusto de Almeida, que no livro de sua autoria “O Barão de Araruna e sua prole”, apresenta o coronel Camporra como sendo irmão do Barão, o que tive a oportunidade de confirmar em outras pesquisas que realizei.
Estevão José da Rocha que também era Coronel da Guarda Nacional, tornou-se um dos maiores e mais ricos proprietários de terras no agreste paraibano, tendo fixado sua principal residência no município de Bananeiras, onde possuía grandes áreas plantadas com café, em virtude do clima serrano, ideal para a exploração da cafeicultura.
No Seridó Potiguar, possuía terras principalmente nos municípios de Currais Novos e Santa Cruz, onde se dedicava a atividades pastoris e ao plantio de cereais. Em nosso Estado, sua principal atividade agrícola era o plantio de algodão arbóreo conhecido popularmente como algodão mocó, caracterizado pela sua fibra longa, bastante valorizado no mercado nacional e principalmente no marcado internacional, devido a sua utilização na confecção de tecidos finos.
O Barão de Araruna gozava de grande prestígio junto à realeza e aos poderosos governadores de províncias do Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco. Esse prestígio foi demonstrado quando por volta do ano de 1870, conseguiu junto às autoridades locais, liberar sob sua custódia, um alemão que se encontrava preso em uma cadeia pública no Recife. O interesse do Barão por esse indivíduo deu-se em função de ter sabido que o mesmo era o chefe de máquinas de um navio mercante alemão, que estava ancorado no porto do Recife. Nessa época, o Barão enfrentava grandes dificuldades em sua indústria de beneficiamento de algodão em virtude de constantes defeitos apresentados no maquinário, e os mecânicos locais não conseguiam consertar.
O tal mecânico chamava-se Éric Robert Wladimir Wildt, que além de realizar os consertos necessários nas maquinas, coincidentemente de fabricação alemã, tornou-se amigo do Barão e permaneceu sob sua custódia, não retornando a Recife. Tempos depois veio a se casar com sua sobrinha-bisneta, Maria Bernardina da Rocha (1898/1931), filha de João Toscano da Rocha, que era filho de José Maria Ferreira da Rocha, que por sua vez era filho do Coronel Camporra, irmão do Barão.
Desse casamento nasceram três filhos, todos em Bananeiras: Wladimir Rocha Wildt, Herta Rocha Wildt e Erna Rocha Wildt. O primogênito nasceu em 1920 e posteriormente mudou-se para São Paulo, onde formou-se em engenharia mecânica. Casou-se com Josefina Murem e tiveram dois filhos: Eric Murem Rocha Wildt, que casou-se e constituiu família na capital paulista e Gerti Murem Rocha Wildt, que não casou e não tem descendentes.
A outra filha de nome Erna, nasceu em 1925. Vive atualmente em João Pessoa e também não se casou nem constituiu família. Tive o prazer de conhecer pessoalmente a senhora Herta, segunda filha do alemão, nascida em 1921, que reside atualmente em Santa Cruz-RN. É viúva de Joaquim Bezerra Cavalcanti com quem teve quatro filhos: Edson Wildt Cavalcanti; Ágnes Rocha Wildt; Hidemburgo Wildt Cavalcanti e Érica Dina Rocha Wildt, todos casados e com descendentes.
No início do ano passado, fui até Santa Cruz e passei uma manhã na residência de dona Herta conversando com ela e alguns familiares. Entre um cafezinho e outro, conversamos longamente sobre sua família e seus antepassados. Dona Herta me contou muitas histórias sobre o Barão de Araruna, que ouviu de seus pais e avós. Em todas elas o Barão é citado como um rico fazendeiro, dono de extensas propriedades, senhor de terras, gado e gente, mas principalmente um homem de bom coração. Não tenho registro em todo o material que pesquisei até essa data, de nenhuma semelhança com o arrogante e cruel Barão de Araruna, mostrado na telinha da Globo.
Comprometi-me com dona Herta que retornaria para visitá-la, por ocasião da inauguração da estátua de Santa Rita de Cássia, que aconteceu no último dia 26. Infelizmente, outros compromissos, entretanto me impediram de cumprir o prometido.
Natal, junho/2010.
quinta-feira, 17 de junho de 2010
A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS
Ormuz:
Muito bom o texto.
Melhor ainda o ser humano.
Que é humano sendo um peixinho.
Edgard
Natal/RN
Muito bom o texto.
Melhor ainda o ser humano.
Que é humano sendo um peixinho.
Edgard
Natal/RN
A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS
Caro Ormuz, mais uma bela cronica sua. Aos poucos, você vem resgatando para a memoria dos antigos veranistas e residentes na Praia da Pipa, algo muito importante,ou seja, quem foram e o que fizeram antigas figuras como a do João Peixinho, que hoje lamentavelmente, devido ao modernismo não existem mais. Tanto a pesca como as embarcações mudaram.
Os peixes praticamente sumiram...e os barcos, hoje mais modernos, são maiores e funcionam na sua grande maioria, movidos a motor. Gostei da sua cronica...não fui veranista na Pipa, mas senti prazer em ler os seus relatos.
abraços
Felipe
Natal/RN
Os peixes praticamente sumiram...e os barcos, hoje mais modernos, são maiores e funcionam na sua grande maioria, movidos a motor. Gostei da sua cronica...não fui veranista na Pipa, mas senti prazer em ler os seus relatos.
abraços
Felipe
Natal/RN
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