segunda-feira, 3 de agosto de 2009
A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS- Matéria publicada na TRIBUNA DO NORTE em 16.08.2009
Caros leitores, infelizmente houve um problema na Coluna Quadrantes, do Jornal Tribuna do Norte, onde quinzenalmente, publico as crônicas sobre a Praia da Pipa. A publicação se dará ainda esta semana. Más, como ainda não esta definido o dia, estou antecipando sua transcrição para não quebrar a sequência com os leitores do BLOG.
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ORMUZ BARBALHO SIMONETTI (Genealogista e historiador)
www.ormuzsimonetti@yahoo.com.br
PIPA, saudosos veranistas – Cleto Gadelha do Espírito Santo
Como de costume, durante todo o verão, passo a maioria dos meus fins de semana na praia da Pipa. A minha casa fica em uma posição bastante privilegiada, bem de frente para o mar. Acostumei-me a dormir e acordar embalado pelo gostoso e melódico barulho das ondas. Quando a maré esta cheia as vagas rebentam em um quebra-mar que fica na frente da casa, mas não impede as água de projetar-se terraço adentro.
Já me acostumei com a impressionante proximidade de minha casa com o mar. Pois bem, foi numa dessas manhãs que acordei com uma saudade danada daqueles finados veranistas que tivemos a sorte de conviver por tanto tempo. Saudade daquelas brincadeiras que promovíamos, das pescarias, dos passeios a Sibaúma, do banho no Rio do Galhardo, enfim, de tudo que já não fazemos mais.
No dia anterior, tinha assistido a missa de sétimo dia, do meu amigo Evilásio de Souza Lima, que aconteceu na igreja do distrito de Piau. Lá encontrei toda sua família, mas infelizmente quase nenhum amigo. Fiquei analisando com que rapidez nos esquecemos dos nossos amigos e parentes que vão para o andar de cima. Muita gente no enterro, pouca gente na missa de sétimo dia, na missa de trinta dias praticamente só a esposa, os filhos e quando muito os netos. Na missa de um ano, quando a família resolve fazer, imaginem!. . .
E nesse saudoso dia seguinte à missa, comecei a me lembrar dos que já haviam nos deixado. Fiquei surpreso quando comecei a contar e percebi a quantidade de amigos nossos que até “ontem” estavam com agente nos veraneios de janeiro.
Lembrei-me de Cleto Gadelha do Espírito Santo. Meu primo e grande amigo. Freqüentador assíduo da Pipa, principalmente nos veraneios de janeiro, que nunca perdeu nenhum. Gostava de reunir os primos e sobrinhos no alpendre de sua casa, depois de uma pescaria, para tomar uma cachaça de cabeça, com peixe frito.
O seu passa tempo preferido era a pescaria, pois ele amava o mar e tinha nesse esporte, a sua plena realização. Dizia ser uma ótima terapia e que não havia melhor maneira de esquecer uma estafante semana de trabalho na Secretaria de Tributação, onde era funcionário. A pescaria além de terapêutica, também tinha a finalidade, de conseguir o tira-gosto do fim de semana. Saía sempre muito cedo, acompanhado dos filhos e alguns sobrinhos. Lá para o meio dia chegavam orgulhosos com o produto da pescaria. Muitas vezes já traziam os peixes tratados, pra não perder tempo, nem aumentar o serviço de dona Evaneide, sua paciente esposa, que em casa, já preparava outros quitutes para quando a turma chegasse. Sempre podíamos contar com um caldinho de feijão verde, regado com muito coentro e cebola e uma paçoca bem batida no pilão, puxada na cebola roxa e na carne de charque, como só ela ainda sabe fazer.
Quando ele aparecia ao longe, caminhando sem pressa, com o seu inseparável molinete, atrelado a uma enorme vara de bambu, bem apoiada no ombro, era o sinal para os que estavam no banho de mar, que logo mais começaria a “reunião”. Sempre trazia o samburá cheio de barbudos, carapebas, pescadas e mais todos os peixes que, curiosos ou famintos, fisgassem seu anzol.
Era um homem feliz, nunca o vi mal humorado... Gostava da vida ao ar livre. Nasceu em Goianinha no início dos anos trinta, e passou toda a infância e adolescência pelas ruas de barro batido da velha cidade. Gostava de caçar passarinhos, tomar banho de rio, andar à cavalo, enfim, de todas as travessuras próprias dos meninos daquela geração.
Morreu Cleto no dia 17 de janeiro de 1988. Era um domingo e a comunidade fazia os últimos preparativos para a famosa festa de São Sebastião. Estava ele cercado de parentes e amigos sentado no alpendre da casa de seu companheiro de infância, Paulo Barbalho, que ficava bem ao lado da sua. Era uma manhã ensolarada, própria dos meses de janeiro, e a turma já tinha iniciado os “serviços” na casa em frente, que na época pertencia a Evandro Carvalho. Em seguida fomos para a casa de tio Paulo. Era muito comum naquela época, às pessoas começares beber na casa de um parente e quando findava o dia, já tínhamos passado por diversas casas, numa peregrinação que se repetia por todo o fim de semana.
Em dado momento, Cleto encosta a cabeça no ombro de seu compadre e amigo Rubens Lisboa, que estava ao seu lado e adormece para sempre. Morreu sem sofrer, no lugar que mais gostava, vestido da maneira que se sentia bem. Na praia se livrava das roupas de trabalho e ficava a maior parte do tempo de calção, como ele gostava. Acredito que para a sua família deve ter sido, pelo menos confortante, saber que seu ente querido, deu seu último suspiro nos braços acolhedores de seus amigos. Naquele ano, pela primeira vez, no dia 19 de janeiro, não foi realizada a parte profana da festa do padroeiro, houve apenas a missa e a procissão, onde o comparecimento foi grandioso. A comunidade da Pipa juntamente com os veranistas lhe prestou a última homenagem, na igrejinha que tantas vezes compareceu nas festas de São Sebastião. Quanta saudade “camarada”! . . . Que Deus o tenha bem junto d’Ele e com todos aqueles saudosos veranistas que, certamente, estão com você.
domingo, 2 de agosto de 2009
lançamento do livro "OS CAVALEIROS DOS CÉUS"
quarta-feira, 22 de julho de 2009
A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS
Sabe Ormuz, lá em Patú no quintal da casa de minha avó tinha uma cacimba, lembro que a vizinhança próxima pegava água da cacimba para beber, pois o município é localizado em uma area escassa de chuva. Não é que eu lembre muito.....afinal não sou tão velha assim.......rsrsrsrsrsrsrs(brincadeirinha).
Adorei sua crônica me fez lembrar da minha época de infância.
Bjs....
Antuérpia Forte
Natal RN
Adorei sua crônica me fez lembrar da minha época de infância.
Bjs....
Antuérpia Forte
Natal RN
A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS
Trabalho muito bem elaborado! Como sempre, saudosista demais. Maravilhoso! Não há conquistas fáceis. São as estradas sinuosas que levam ao caminho certo. O profissional, em qualquer ofício alcancará o triunfo a partir de um espírito tenaz, forte, obstinado. Como você o possui! Para você só podemos dizer: PARABÉNS - ADMIRAMOS VOCÊ! VOCÊ É UM GRANDE HISTORIADOR!
Um abraço das primas
Diana Fagundes e Inácia Fagundes
Natal RN
Um abraço das primas
Diana Fagundes e Inácia Fagundes
Natal RN
terça-feira, 21 de julho de 2009
A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS
Em primeiro lugar quero te dizer que adorei a tua crônica sobre as cacimbas foi um registro merecido e muito bem registrado. Há poucos dias arrumando algumas gavetas encontrei um caderno , onde eu havia há muitos anos, num dos veraneios na Praia de Pipa, a fim de preencher o tempo nas noites em ficava conversando com João Peixinho anotei alguns apelidos de nativos dali e que achei interessantes: Ei-los:
DEDA - JOÃO PEIXINHO - JOSÉ MÃO GROSSA - DEO - PARU - GENERAL - PERUCA GALILEU - LIQUICA - MANOEL RATO - MANDUCA - NAL - MANELÃO - MADOLA - ALGODÃO – COME FOGO - RONHENTO - TOTINHA - MAMOEIRO - DUCA - PENUGEM - JOÃO DA LEI -JUIZ - MANGUINHO - JOÃO BRILHANTE - GODINHO - ZÉ DE TEREZA - CANGATI - MONJOLINHO - BANDÁ - BEBÉ -CHICO BONECA - MENININHO - RONICO - LERO - BARARAU - MANOEL DO OURO - NENEM = TOBA - VAVÁ - FARMACIA - TRESTONS - BIINO - SEU LICA - SEU BITA - GERALDINHO - TITICA - BAGRE - RAPA QUENGA - DADÁ - NININHO - BINO - ZÉ INQUIM - BALA - JOÃO DAS MINAS - QUINHO - DÔCA - SINHÁ - TIÃO - MELÃO - VECA- COCÔ - jOÃO BUZIGO.
Alguns desses já morreram, mas com esses nomes ilustraram a comunidade em quem viviam e davam motivo até para as nossas conversas nas noites de veraneio, pois muitos deles tinham estórias engraçadas. Aqui fico aguardando a tua próxima crônica. Interessante que quando eu liguei para Ana Helena, em Brasília para falar da tua crônica sobre as Cacimbas , ela me "xingô" que já tinha visto não só essa ,mas as outras através de seu blog. Achei ótimo, obrigada. Com um abraço, principalmente neste Dia do Amigo!
Dina Fagundes
Goianinha-RN
DEDA - JOÃO PEIXINHO - JOSÉ MÃO GROSSA - DEO - PARU - GENERAL - PERUCA GALILEU - LIQUICA - MANOEL RATO - MANDUCA - NAL - MANELÃO - MADOLA - ALGODÃO – COME FOGO - RONHENTO - TOTINHA - MAMOEIRO - DUCA - PENUGEM - JOÃO DA LEI -JUIZ - MANGUINHO - JOÃO BRILHANTE - GODINHO - ZÉ DE TEREZA - CANGATI - MONJOLINHO - BANDÁ - BEBÉ -CHICO BONECA - MENININHO - RONICO - LERO - BARARAU - MANOEL DO OURO - NENEM = TOBA - VAVÁ - FARMACIA - TRESTONS - BIINO - SEU LICA - SEU BITA - GERALDINHO - TITICA - BAGRE - RAPA QUENGA - DADÁ - NININHO - BINO - ZÉ INQUIM - BALA - JOÃO DAS MINAS - QUINHO - DÔCA - SINHÁ - TIÃO - MELÃO - VECA- COCÔ - jOÃO BUZIGO.
Alguns desses já morreram, mas com esses nomes ilustraram a comunidade em quem viviam e davam motivo até para as nossas conversas nas noites de veraneio, pois muitos deles tinham estórias engraçadas. Aqui fico aguardando a tua próxima crônica. Interessante que quando eu liguei para Ana Helena, em Brasília para falar da tua crônica sobre as Cacimbas , ela me "xingô" que já tinha visto não só essa ,mas as outras através de seu blog. Achei ótimo, obrigada. Com um abraço, principalmente neste Dia do Amigo!
Dina Fagundes
Goianinha-RN
segunda-feira, 20 de julho de 2009
A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS
Caro Ormuz. Li e gostei muito do seu texto. É um apanhado histórico que documenta muito bem o cotidiano de quem viveu no interior do RN, e também PB, como eu. As "jarras" ou "fôrmas" com um murim na boca para coar, verduras no pé e também os cururus fazem parte da minha infância em Araruna.
Abraços,
Gelza Rocha Carvalho
João Pessoa PB
Abraços,
Gelza Rocha Carvalho
João Pessoa PB
domingo, 19 de julho de 2009
A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS
Muito grato pelo envio de mais uma crônica e o endereço do blog.
Albertina ficou emocionada ao relembrar os detalhes da praia da Pipa, e enviamos cópia para nosso filho mais velho nascido no Rio Grande do Norte (embora emigrado logo após para outras paragens, mantém ainda o espírito fiel às raizes).
Ela menciona que ainda não viu a referência a japecanga que usava para açoitar o cavalo quando da ida apressada para o espetáculo da passagem do "trem do Recife".
O querosene Jacaré nos foi muito familiar dado que de 1943 a 1987 trabalhei na Standard Oil, depois Esso Brasileira de Petróleo S.A. Em Natal estive de 1947 a 1949 para cumprir a predestinação de casar com Albertina.
À época as geladeiras utilizavam o querosene para seu funcionamento e a marca Jacaré era tão forte que mesmo levando oficiais da FAB - amigos meus à época em que fui Superintendente em Natal - e mostrando no enchimento de latas que com a simples troca das tampinhas a serem usadas fazíamos também o enchimento para a concorrente Atlantic, que tinha a marca Sol, nunca consegui convencê-los de que o querosene Jacaré fumaçava menos que o concorrente (e fumaça era um dos parâmetros significativos para o bom funcionamento de uma geladeira naqueles anos).
Abraço,
Clarindo Gueiros
Rio de Janeiro -RJ
Muito grato pelo envio de mais uma crônica e o endereço do blog.
Albertina ficou emocionada ao relembrar os detalhes da praia da Pipa, e enviamos cópia para nosso filho mais velho nascido no Rio Grande do Norte (embora emigrado logo após para outras paragens, mantém ainda o espírito fiel às raizes).
Ela menciona que ainda não viu a referência a japecanga que usava para açoitar o cavalo quando da ida apressada para o espetáculo da passagem do "trem do Recife".
O querosene Jacaré nos foi muito familiar dado que de 1943 a 1987 trabalhei na Standard Oil, depois Esso Brasileira de Petróleo S.A. Em Natal estive de 1947 a 1949 para cumprir a predestinação de casar com Albertina.
À época as geladeiras utilizavam o querosene para seu funcionamento e a marca Jacaré era tão forte que mesmo levando oficiais da FAB - amigos meus à época em que fui Superintendente em Natal - e mostrando no enchimento de latas que com a simples troca das tampinhas a serem usadas fazíamos também o enchimento para a concorrente Atlantic, que tinha a marca Sol, nunca consegui convencê-los de que o querosene Jacaré fumaçava menos que o concorrente (e fumaça era um dos parâmetros significativos para o bom funcionamento de uma geladeira naqueles anos).
Abraço,
Clarindo Gueiros
Rio de Janeiro -RJ
A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS
Ormuz,
você jamais poderá mensurar o bem que me faz essas suas crônicas sobre a Pipa.
Obrigada
Com o carinho da
Ana Helena Fagundes
Brasília - DR
você jamais poderá mensurar o bem que me faz essas suas crônicas sobre a Pipa.
Obrigada
Com o carinho da
Ana Helena Fagundes
Brasília - DR
sábado, 18 de julho de 2009
A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS- MATÉRIA PUBLICADA NA TRIBUNA DO NORTE em 19.07.2009
ORMUZ BARBALHO SIMONETTI (Genealogista e historiador)
www.ormuzsimonetti@yahoo.com.br
PIPA, primeiras fontes d’água: cacimbas.
Na Pipa daquela época, tanto a água para beber quanto para os gastos domésticos, era retirada das chamadas “cacimbas”. Essas fontes nada mais eram que olhos d’água, localizados próximos ao mar, que afloravam da terra. As pessoas cavavam em círculos e ampliavam a área de captação da água. Como ficava exposta, e era comum ser utilizada por animais, a água destinada para beber, tinha que ser retirada com cuidados especiais.
www.ormuzsimonetti@yahoo.com.br
PIPA, primeiras fontes d’água: cacimbas.
Na Pipa daquela época, tanto a água para beber quanto para os gastos domésticos, era retirada das chamadas “cacimbas”. Essas fontes nada mais eram que olhos d’água, localizados próximos ao mar, que afloravam da terra. As pessoas cavavam em círculos e ampliavam a área de captação da água. Como ficava exposta, e era comum ser utilizada por animais, a água destinada para beber, tinha que ser retirada com cuidados especiais.
Posteriormente, as cacimbas foram cavadas em locais previamente determinados, geralmente nos quintais das casas. Esse outro tipo de cacimba, mais moderna, constituía-se de um buraco escavado no chão, com largura variando entre 70 cm e 1 metro. Era então revestida com tijolos até a boca, que geralmente ficava acima do solo, e era coberta com uma tampa de madeira. Como o lençol freático naquela área era muito superficial, como ainda hoje é, ao perfurar de dois a três metros o solo, já podia-se encontrar água abundante e de boa qualidade.
A água retirada das cacimbas era transportada para as casas em cabaças, potes ou galões. A primeira, lagenaria siceraria, tinha diversas utilidades ligadas ao uso da água. As cabaças tinham tamanhos e formas diversificadas, dependendo da variedade e do momento da colheita. Servia para transportar água, roupas após a lavagem, como vasilha nas refeições, pratos, copos e cuias para retirar alimentos. Como moringa, acondicionando água para os trabalhadores que iam para os roçados, pescadores quando se aventuravam no mar a fora, e principalmente por viajantes, nos seus deslocamentos geralmente feitos a pé para Vila Flor, Goianinha, Ares, Barra de Cunhaú etc. Além disso, como instrumentos musicais também.
Os potes e galões, por serem menores e bem mais maneiros, eram conduzidos na cabeça das mulheres apoiados em uma rudilha, nome dado a um pano que depois de bem torcido era enrolado em círculo. A rudilha tinha a função de evitar o incômodo contato direto do fundo do pote com a cabeça de quem a transportava, além de melhorar o equilíbrio da mesma. Tornou-se comum em nossa região o ditado: “Quem não pode com o pote, não pega na rudilha”. Isso significa dizer que o indivíduo que não pudesse assumir determinado compromisso, ou realizar alguma tarefa, não se compromete com os mesmos.
O galão, ainda hoje muito utilizado no transporte de água nas cidades do interior do nordeste, era feito com duas latas de 20L cada. Essas latas chegavam à praia trazidas pelos comerciantes que vendiam o querosene. Ainda hoje, lembro-me da única marca, “Esso Jacaré”. Este produto era utilizado na iluminação das casas, abastecendo lamparinas, candeeiros e lampiões. Tempos depois, utilizou-se o óleo diesel popularmente chamado de “gás óleo”. As latas eram presas por cordas de agave (sisal) a um barrote de madeira.
O transportador o carregava depois de bem dividir em seu ombro, os quarenta litros de água que comportava o galão. Essa água era colocada em jarras de barro que ficavam localizadas nas cozinhas, no preparo dos alimentos, lavagem de pratos, etc. A água destinada ao consumo dos moradores era colocada em potes e quartinhas, estas por serem menores eram geralmente colocadas nas janelas para que, em contato com o vento, a água ficasse mais fria.
Os utensílios de barro como jarras, potes, quartinhas, pratos e panelas eram todos adquiridos nas feiras de Vila Flor, Canguaretama e Goianinha. Essas peças eram feitas de um tipo de barro especial, denominado barro de louça, que não existia nas regiões próximas ao mar.
Antes da água ser colocada nas jarras, amarrava-se na parte superior da mesma, chamada “boca”, um pano muito fino, geralmente feito de murim. Esse pano ou coador, como também era conhecido, servia para evitar a entrada de pequenas raízes de árvores próximas das cacimbas, assim como também algumas impurezas que o tal pano conseguia reter. Colocavam-se, dentro delas, algumas pedras de enxofre que evitava o aparecimento de “martelos”, como regionalmente conhecemos as larvas de mosquitos.
Foram as jarras nossas primeiras geladeiras. Na parte inferior, denominada pé da jarra, eram depositadas: frutas, verduras e raízes que eram consumidas durante a semana. Devido à umidade existente nesses locais, os alimentos se conservavam saudáveis por mais tempo, não obstante à companhia de algum teimoso sapo cururu.
Esses indesejáveis inquilinos, sem nenhuma cerimônia, se instalavam próximo ao pé da jarra, junto aos alimentos, para aproveitar aquele friozinho durante o dia. À noite, se aventuravam em volta de lampiões, candeeiros e lamparinas, a cata de algumas desprevenidas mariposas.
As mais famosas cacimbas da praia da Pipa eram: a cacimba do Comum, localizada ao lado da atual igreja onde hoje é a casa que pertenceu a Maria Gadelha, e a cacimba de Zé de Tereza, onde hoje é o restaurante Peixada da Pipa e a de Vicência Torres, onde fica a casa de Honório.
As mais famosas cacimbas da praia da Pipa eram: a cacimba do Comum, localizada ao lado da atual igreja onde hoje é a casa que pertenceu a Maria Gadelha, e a cacimba de Zé de Tereza, onde hoje é o restaurante Peixada da Pipa e a de Vicência Torres, onde fica a casa de Honório.
Outra cacimba famosa era a cacimba do Beco da Facada, considerada “assombrada”. Esse beco era uma passagem que existia próximo à casa que hoje pertence a Luiz Carvalho. Estórias passadas de pai para filho, dizia que as pessoas evitavam passar à noite nesse beco, pois ouviam saindo da tal cacimba, o som de músicas ou pessoas cantando.
Com a chegada da água encanada, em abril de 1983, as cacimbas foram aos pouco sendo desativadas. Algumas, depois de anos e anos fornecendo de suas entranhas, água doce e saudável, tiveram destino menos nobre, mas de extrema importância. Transformadas em fossas sépticas, continuaram servindo a saúde da comunidade.
terça-feira, 14 de julho de 2009
A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS
Que coisa bonita! Lembrou-me Salinas das décadas de 60 e 70, quando estive lá. Que saudades daquela época. As brincadeiras da rede também fazíamos e estas ficavam atadas até a hora de voltarmos do Maçarico sem nenhum problema de roubo. As areias da praia do Maçarico também faziam aquele barulho, conforme descrito pelo Ormuz. Levávamos os guarda-sóis e as cadeiras, pois não havia barracas. A praia era limpa e bela. Hoje as praias já não tem a mesma beleza de antigamente. E, como diz o Ormuz - e tudo às vistas do poder público.
Carlos Augusto de Campos Machado
Belem-PA
Carlos Augusto de Campos Machado
Belem-PA
terça-feira, 7 de julho de 2009
A PRAIA DA PIPA DOS MEU AVÓS- Depoimentos
Ormuz, parabéns por mais uma edição de suas tão belas crônicas sobre a nossa “Praia da Pipa!”. Tão bem descrita no contexto do que foi e representou a Pipa nos anos dourados para nós que fizemos parte dessa história nos anos 70.
Nossa turma ficou registrada para sempre na história da Pipa, antes tão esquecida e somente agora revivida por você, através destas crônicas maravilhosas que farão parte de seu próximo livro, onde ressurgirão doces lembranças de um tempo longínquo e jamais esquecido por nós.
Fizemos parte desta história, onde vivemos uma época linda, sem maldades ou a hipocrisia dos tempos atuais. Tivemos também o privilégio de formar uma turma de primos amigos e irmãos, tornando assim até os dias atuais uma amizade eterna e inesquecível.
Fizemos parte desta história, onde vivemos uma época linda, sem maldades ou a hipocrisia dos tempos atuais. Tivemos também o privilégio de formar uma turma de primos amigos e irmãos, tornando assim até os dias atuais uma amizade eterna e inesquecível.
As novas gerações jamais entenderão a nossa “Pipa dos anos dourados”, onde hoje se vive o contraste de outros tempos com as grandes transformações na época atual.
A Pipa da década de 70 era a “nossa Pipa”, primitiva, selvagem e linda sem nada que mesclasse a sua beleza com a degradação ambiental. Hoje já não podemos caminha de pés descalços, nem encontrar aquela areia fofa, limpa que gritava com o atrito de nossos pés!
A Pipa da década de 70 era a “nossa Pipa”, primitiva, selvagem e linda sem nada que mesclasse a sua beleza com a degradação ambiental. Hoje já não podemos caminha de pés descalços, nem encontrar aquela areia fofa, limpa que gritava com o atrito de nossos pés!
Tenho também saudades de acordar no meio da noite ao som de serenatas maravilhosas cantadas e tocadas pelos grandes seresteiros Ormuz, Regis, Marcos e Carlos Alberto com seus violões e Alfredinho (Baceu) o maior animador das serenatas. Tocavam os maiores sucessos de Roberto Carlos e Renato e Seus Blue Caps.
Por todas essas maravilhas que vivemos, somos pessoas privilegiadas em ter vivido a época da infância e juventude na Praia da Pipa.
Lembro agora de uma estrofe da música de “Ataulfo Alves”
“. . . Eu igual a toda meninada
Quantas travessuras eu fazia
Jogos de botão sobe a calçada
Eu era feliz e não sabia!”
Lembro agora de uma estrofe da música de “Ataulfo Alves”
“. . . Eu igual a toda meninada
Quantas travessuras eu fazia
Jogos de botão sobe a calçada
Eu era feliz e não sabia!”
Maria Adelaide Gadelha Grilo de Medeiros
Natal-RN
segunda-feira, 6 de julho de 2009
A PRAIA DA PIPA DOS MEU AVÓS - Depoimentos
Obrigado pela maravilha de Crônica. Um grande abraço,
Jaime Paiva
Natal-RN
Jaime Paiva
Natal-RN
domingo, 5 de julho de 2009
A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS - Depoimentos
Ormuz: Parabéns por tão bem retratar JOÃO, tal qual a grandeza do seu espírito,do seu coração e dos seus gestos. Reacendeu as lembranças e saudades... Estamos orgulhosos e gratos. Mais uma vez agradeço sua atensão e presteza, grande abraço.
Irma e família
NAtal-RN
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