quinta-feira, 13 de junho de 2013

DE VOLTA AO PASSADO VII – ANTIGOS BLOCOS CARNAVALESCOS – Parte III


“Hoje eu lembro com saudade
 o tempo que passou...”

Participei nos anos 60 de dois blocos carnavalescos: Penetras e Lord’s. Os Penetras foi fundado no distante ano de 1964, na Rua Princesa Isabel, pela turma que diariamente se reunia em frente à casa do engenheiro Roberto Freire, que empresta seu nome a uma das principais avenidas de nossa cidade. Recordo-me de alguns de seus componentes: Eudes de Freitas Aquino, médico nefrologista que alcançou projeção profissional no sul do país, tendo inclusive em 2009 assumido a presidência nacional da UNIMED; Paulinho Freire, filho de Roberto Freire, Amancinho, filho do conhecido agrimensor Amâncio Leite Cavalcanti da copiadora ALEICA; os irmãos Júlinho e Heráclio, filhos de Wilson Ramalho, renomado médico pediatra que cuidou de crianças de várias gerações em nossa capital nas décadas de 50 e 60; o saudoso Everaldo carinhosamente chamado de Veca; Ferreirinha - o pai dele era proprietário de um antigo posto de gasolina que se situava ao lado do cemitério do Alecrim. Ferreirnha teve morte trágica. Após uma discussão sem maior importância, foi assassinado no interior da antiga Sorveteria Oásis, vizinho ao Cine Nordeste. Marinardo Dantas, José Bezerra Marinho, Newman Figueiredo, médico e filho do conhecido professor de matemática Josino Macedo. Eudes Aquino, em suas constantes brincadeiras com Newman, costumava dizer com voz impostada como quem transmitia uma importante notícia: “A biblioteca do Professor Josino, vale milhões! ...”

A ala feminina era composta por: Vilma, que morava na mesma rua próximo à casa de Paulinho, Ana Lúcia, na época namorada e posteriormente esposa de Veca, as irmães gaúchas Soraia e Nadja namoradas de Ferrerinha e Julinho Vilar, respectivamente, Gracinha, filha do poeta e compositor Oscar Homem de Siqueira Sobrinho, e outras que no momento me fogem à memória, pois lá se vão quase 50 anos de saudosas lembranças e o “Dr. Alzheimer” já começa a se fazer presente.

Os Penetras tinham uma característica bastante inusitada que o deferia dos demais blocos da época. A alegoria era montada e desmontada todos os dias. O motivo é que o bloco saía no caminhão da Cerâmica Potengy, de propriedade do saudoso Roberto Freire. Como o caminhão só poderia ser liberado após as entregas matinais, o “kit alegoria” era então montado entre 12 e 13 horas, e desmontado por volta das 20 horas, após o famoso “corso” da Avenida Deodoro, quando a alegoria era estacionada na Rua Princesa Isabel para executar a operação desmonte.

Imaginem a trabalheira no dia seguinte para localizar e repregar nos locais corretos, as peças retiradas na noite anterior, já que o desmonte era feito por alguns abnegados e embriagados componentes, que heroicamente se voluntariavam para o serviço. Fui algumas vezes um desses voluntários para a penosa operação do desmonte, como também na montagem do quebra-cabeça. No dia seguinte, tudo se repetia. Somente no domingo, como não havia entregas, estávamos livres do sacrifício.  

Tínhamos inclusive, um hino, que fora composto pelo compositor Oscar Siqueira, na época residente em frente à casa de Roberto Freire.
Penetras, no carnaval, vai dar o que fazer,
Essa turma infernal faz a vida acontecer.
Nós penetramos, no mundo da folia, já esquentamos, com tanta alegria.
Agora gritos de alerta: penetras, penetras, penetras.

Após receber a letra do hino e cantarolar com alguns componentes, Paulo Freire modificou o 5° e o 6° versos, que também passou a ser cantado da seguinte forma: “Nos penetramos na casa do amigo, já esquentamos com wiske e abrigo...”

Ao que me recordo, o bloco saiu nos anos de 1964 e 1965. Não lembro quem foi ou foram seus presidentes. Entretanto, lembro-me com saudade daquele tempo, quando sem sombra de dúvidas, vivi momentos felizes de minha adolescência. Entristeço-me em saber que nossos filhos e netos não tiveram a sorte de terem nascido numa época tão benfazeja de uma cidade menina que desabrochava de sua inocência quase interiorana, para dias tão difíceis como os que atualmente vivenciamos.


terça-feira, 11 de junho de 2013

MINHA HOMENAGEM A CLAVER FERREIRA GRILLO -

                Ormuz Simonetti e o casal Claver e Ilze na rua residencia em João Pessoa

No último dia 30 de abril de 2013, faleceu em João Pessoa onde residia, com a idade de 99 anos e 313 dias, o meu amigo e primo CLAVER FERREIRA GRILLO. 
Nascido em 21 de junho de 1913, na cidade de Bananeiras-PB, era neto de ESTEVÃO JOSÉ DA ROCHA, natural de Pedra Lavrada-PB e falecido  em Bananeiras-PB em 30.03.1874, casado com Maria Magdalena das Dores Farias da Rocha, o legítimo “BARÃO DE ARARUNA”.
O título nobiliárquico de Barão foi concedido por Decreto de 17 de maio de 1871, pela Princesa Isabel.

Claver Grillo era filho de Lindolfo Américo Ferreira Grilo (17.07.1863/10.07.1955) e Francisca Ramalho Ferreira Grillo (2.03.1871/2.05.1938). Por sua vez, Lindolfo era filho de GUILHERMINA FERREIRA DA ROCHA GRILLO nascida em Bananeiras-PB e FRANCISCO DE PAULA FERREIRA GRILLO, nascido em Goianinha-RN.

GUILHERMINA FERREIRA DA ROCHA GRILLO era a sétima filha do Barão de Araruna, de uma prole de 11 filhos sendo 8 homens e 3 mulheres.

                             Lindolfo Ferreira Grillo

Claver era casado com Maria Ilze Bezerra Grillo e o casal teve 10 filhos.

No próximo dia 20 quinta-feira, a Câmara Municipal de Bananeiras-PB, prestará homenagem-póstuma ao ex-vereador CLAVER FERREIRA GRILLO, onde exerceu cinco legislaturas no período de 1947/l967 portanto, 20 anos dedicados à sua terra e sua gente.


sexta-feira, 24 de maio de 2013

quinta-feira, 23 de maio de 2013

DE VOLTA AO PASSADO VII – ANTIGOS BLOCOS CARNAVALESCOS – Parte II


         Os blocos ditos “de elite” a princípio desfilavam em caminhões. As carrocerias eram estilizadas com desenhos de motivos carnavalescos onde pierrôs, colombinas e arlequins, personagens símbolos dos carnavais, sempre eram retratados. Confetes, serpentinas e lanças perfumes, davam um tom de alegria, às figuras retratadas por todos os espaços das alegorias.   
Com maior destaque e em local bem visível vinha o nome da agremiação. Para animar os foliões, contratavam uma pequena orquestra, ao contrário dos blocos dos anos 50, onde a maioria dos instrumentos musicais eram tocados pelos próprios componentes.
         Fazia parte desses carnavais os famosos “assaltos”, que se constituíam em visitas que os blocos faziam nas residências, geralmente de familiares ou de amigos dos componentes, previamente acertada com os donos das casas selecionadas. Nos “assaltos” os foliões eram recebidos com muita bebida e salgadinhos. Lembro-me particularmente de um desses salgadinhos. Composto por uma azeitona, um rodela de salsicha e um cubo de queijo, tudo enfiado em um palito, era servido em grandes bandejas ou espetado em uma melancia ou jerimum envolto em papel alumínio. Era conhecido pelo pitoresco nome de “sacanagem”. 
A orquestra tocava pelo menos duas horas, com intervalo para descanso. Nessas ocasiões os promotores do “assalto” convidavam amigos e parentes para fazerem parte da festa. Quando a alegoria parava em frente à residência que ia ser visitada, logo a frente da casa se enchia de curiosos que acorriam ao local para também, mesmo que do lado de fora, participarem da festa.
                                        
               Daquela época recordo ainda do bloco Bacurinhas. Arnoudzinho, amigo e colega de madrugadoras caminhadas na Avenida Rodrigues Alves, que fez parte do bloco por vários anos, me ajudou no garimpo de alguns de seus componentes. Foram fundadores: Dozinho compositor do hino, deputado Márcio Marinho e Décio Holanda, de saudosas memórias, os irmãos Euzébio (galego) e Manoel Maia, Ronaldo e Márcio Brilhante Fernandes, Marconi Lima (filho do deputado estadual João Aureliano de Lima) e Alcindo (dentista). Outros componentes que participaram do bloco no decorrer dos anos: os irmãos Daniel, Gilberto e Antônio Lira, Manoel e Henrique Gaspar, Jussier e Roberto Trindade Santos, João (Galinha) e Manoel (Mano Frango), Dantas, Edmundo e Fred Aires (figurinista de destaque entre as socialites da época, Bentinho (mago Bento) Manoel Otoni (Baba), ex-prefeito de Goianinha  e seu irmão Alfredinho Otoni de Lima, Manoel, Clementino (Biliu) e Luiz Martins da Silva, Antônio (Tota), contador conhecido nas décadas de 70/80, Nilton, João, Dantas, Zélio, Peninha, mais dois irmãos cujos nomes não recorda, sendo um deles, oftalmologista com consultório próximo da Maternidade Januario Cicco, João Maria Galiza, Alcindo, Gley Fernandes Gurjão e outros.

         Posteriormente, o caminhão foi substituído por carroças puxadas por trator, mais fácil de se conseguir nas fazendas da região, e com a vantagem de ser mais baixa que a carroceria do caminhão, facilitando assim o embarque e desembarque tanto na ocasião dos “assaltos”, como quando desfilavam no “corso” na Avenida Deodoro. Outra grande vantagem foi que as quedas, embora raras, quando ocorriam, não resultavam em maiores danos, ao contrário das ocorridas de cima das altas carrocerias dos caminhões.   
  
         Nesse período, as cidades de Ceará-Mirim e Goianinha eram as mais visitadas pelos presidentes dos blocos, pois sendo área canavieira, a facilidade para conseguir os tratores e carroças, era bem maior. A antiga Usina São Francisco, atualmente Companhia Açucareira Vale do Ceará-Mirim, na época de propriedade do saudoso Roberto Varela, sempre autorizava o empréstimo desses equipamentos para os blocos. Outros tratores e carroças também se conseguiam em fazendas de familiares dos próprios componentes ou de amigos. 
         A orquestra, considerada o coração do bloco, tinha lugar reservado na frente da alegoria. Geralmente era composta por seis a oito músicos, assim distribuídos: Um sax baixo, um sax tenor, dois trombones, um de vara e outro de pistão, um surdo, um tarol e uma caixa. Lembro-me de um soldado da polícia militar de cognome Marimbondo, apelido que ganhou por ter a pele do rosto avermelhada, era disputado pela maioria dos blocos, pois além de ser responsável pela orquestra que formava com componentes da banda de música da policia militar, era exímio trompetista. Sempre que o bloco iniciava seu desfile pelas ruas e avenidas da cidade ou quando à noite entrava no “corso” na Av. Deodoro, lá estava Marimbondo caminhando na frente do bloco. Com ares de Pavarotti, andar cadenciado, bochechas vermelhas e inchadas prestes a estourar, apertava a boquilha do clarim de encontro aos seus lábios, e arrancava do instrumento as mais belas notas musicais, na introdução da marchinha Zé Pereira, anunciando a entrada do bloco no “corso”, a chegada ou saída das casas “assaltadas”.
                  Esses blocos se multiplicaram e em cada bairro ou turma de colégio surgia uma dessas agremiações. Cito alguns que me chegam à lembrança: Escandalli, Penetras, Lord’s, Deuses, Apache, Plebe, Jardim de Infância, Kings, Lunik, Jardineiros, Colônia Pinel, Saca-Rolha, Ressaka e outros que me fogem da memória.
        










domingo, 21 de abril de 2013

VIDA DE GENEALOGISTA



Sou um genealogista – mas acalmem-se, pois não é contagioso. No fundo, a gente queria que fosse, mas não é. Um genealogista é um sujeito que resolve desenterrar toda a história familiar para descobrir quem eram e o que faziam os seus antepassados mais remotos. Um doido, portanto. Para conseguir isso, ele mexe em todos os papéis velhos da família – aqueles que você acha que não valem nada, mas que ele dará um grito de satisfação quando encontrar. Fará perguntas insistentes a cada membro da família.

Quer saber os mínimos detalhes de coisas que você com certeza não se lembra. É capaz de passar horas metido em um cartório, casa paroquial ou arquivo histórico remexendo livros velhos, amarelados e cheio de fungos. Isso porque ele PRECISA esclarecer algum mistério na história da sua família e assim descobrir quem foram realmente as pessoas que o antecederam.

Esta é uma imagem digna de nota: o genealogista, em uma sala silenciosa, absolutamente concentrado em sua pesquisa. Eis que de repente ele vislumbra um registro e pensa: “Será possível?”. Excitado, confere de novo. Sim, ele achou exatamente aquilo que procurava. É nesse momento que todos os genealogistas têm vontade de gritar a plenos pulmões “ACHEI, ACHEI! EUREKA!” – muitos se contém, mas é exatamente isso o que ele murmuram para si mesmos. E se alguém estiver perto e quiser saber o que o sujeito descobriu, provavelmente vai se decepcionar ao ver que foi apenas um registro de casamento super antigo que deu a ele o nome de quatro novos octavós ou coisa do tipo.

Aos poucos, o genealogista vai montando a sua árvore genealógica. Descobre antepassados que ninguém da sua família fazia a menor ideia que tivesse. No começo, ele conta as suas descobertas com entusiasmo. Alguns parentes demonstram certo interesse – e em seguida esquecem absolutamente tudo o que o genealogista disse.

Para uma pessoa normal, qualquer coisa acontecida há cem anos foi praticamente na pré-história. E então o genealogista despeja em cima dela informações de 1800, 1700, 1600… É quando vem a famosa frase, que todo genealogista um dia ouve: “Você vai acabar chegando no Adão!”.
Com o tempo, o genealogista percebe que sua paixão é solitária. Não há registro de um casal de genealogistas, por exemplo. E seria até temário pensar em algo assim, pois eles certamente se esqueceriam de viver. Em geral, o genealogista não encontra no dia a dia quem lhe compreenda. Há parentes distantes que acham estranho esse interesse pelo passado da família e insinuam que o genealogista está de olho em alguma herança. Felizmente há a internet, e nela o genealogista encontra outros genealogistas, e eles se juntam em grupos de cooperação mútua, mais ou menos como os alcoólicos. Nessa troca de informações, conseguem verdadeiros prodígios, e se não chegam mesmo até o Adão não é por falta de esforço.

Os nossos Sherlocks ainda precisam lidar com garranchos, registros omissos ou contraditórios entre si, além de dificuldades no acesso a documentos. Parafraseando Einstein: perto do que foi o passado, aquilo que o genealogista consegue descobrir é algo de tosco e primitivo – mas é também aquilo que temos de mais precioso sobre ele.


sexta-feira, 19 de abril de 2013

COMUNICADO AOS POTIGUARES -




Caros confrades e população do meu estado.

No último dia 15 de abril, a Nova Diretoria do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte completou os primeiros 30 dias de administração.
Gostaríamos, nessa ocasião, de fazer uma pequena prestação de contas das nossas ações, na constante busca de melhorias no funcionamento dessa centenária instituição cultural, com vistas a propiciar aos pesquisadores e população em geral, melhores condições na realização das pesquisas, quando da utilização do nosso acervo, composto por mais de 50.000 títulos.    

A Nova Diretoria do IHGRN trabalha em ritmo acerado. Já realizamos visitas em busca de apoio a nossa Instituição aos seguintes órgãos: IPHAN, Sr. Onésimo Santos; o CREA Sr. Modesto Ferreira dos Santos; a FECOMERCIO, Sr. Marcelo Queiroz; UFRN, reitora Ângela Maria Paiva; CAERN, Sr. Yuri Queiroz Pinto;  SEBRAE, Sr. José Ferreira de Melo (Zeca Melo); Gabinete Civil, Sr. Carlos Augusto Rosado; a Prefeitura Municipal, Sr. Carlos Eduardo Alves; a FIERN, Sr. Amaro Sales; o Armazém Pará, empresário Marcantoni Gadelha; e Miranda Computação, empresário Afrânio Miranda.

Fomos visitados, a nosso convite, pelo Presidente da Assembleia Legislativa, deputado Ricardo Motta e a Secretária Extraordinária da Cultura, Isaura Amélia Rosado.
Em todas as entidades visitadas fomos recebidos de barcos abertos, e com inegável entusiasmo por parte dos anfitriões. Isso se deve a notória respeitabilidade ao nome do IHGRN, a mais antiga Instituição cultural de nosso Estado e uma das mais antiga do Brasil.

As sementes foram lançadas a terra. A colheita está por vir. Esperamos que seja rápida e profícua, para que possamos dividi-la com todos os que nos procura, através de urgentes e necessárias melhorias na estrutura física e intelectual da Casa da Memória.  
Reativamos nosso blog – WWW.ihgrn.blogspot.com, que esta sendo alimentado com texto, fotos e informações de nossas atividades junto ao IHGRN.
Esperamos continuar contando com a colaboração de todos: governos, empresários, entidades públicas, privadas e população em geral.

O IHGRN é uma entidade privada, pertencente ao povo do Rio Grande do Norte, guardião de um patrimônio de mais de 400 anos, principalmente de nossa história, e que se encontra permanentemente a disposição de todos os que nos procuram.
A recuperação do IHGRN é urgente e de responsabilidade de todos. Este é o pensamento da Nova Diretoria.


segunda-feira, 15 de abril de 2013

VAMOS AJUDAR O INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO                    DO RIO GRANDE DO NORTE-IHGRN.




                      Visite nosso BLOG:  WWW.ihgrn.blogspot.com

sábado, 6 de abril de 2013

COMENTÁRIOS


Blogger Augusto disse...
Incrível a riqueza de fatos e nomes da época de ouro de nosso carnaval aqui enumerados em seu artigo.
Lembro que nosso vizinho Jahyr Navarro (irmão de Jurandyr) saia no Karfajestes e eu tinha a curiosidae de saber a origem do "r" do nome.
6 de abril de 2013 12:30
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sexta-feira, 5 de abril de 2013

DE VOLTA AO PASSADO VII – ANTIGOS BLOCOS CARNAVALESCOS- Parte I



         Por mais de quatro décadas, entre 1945 e o final dos anos 80, desfilaram pelas ruas e avenidas da cidade de Natal, um tipo de bloco carnavalesco que só existia em nossa aldeia. Eram os chamados “blocos de elite”. Essas agremiações geralmente tinham suas origens nas turmas de amigos de bairro ou de colégio. Com um número de componentes bem mais reduzido, em relação aos blocos de hoje, que chegam a contar com mais de 1000 participantes, nos blocos daquela época o número de participantes girava em torno de 30 a 40 componentes.

Uma das condições básicas para participar dessas agremiações era conhecer alguns de seus componentes. Havia também os novatos, aqueles que chegavam de outros estados ou mesmo do nosso interior, para passar o período carnavalesco na casa de parentes ou amigos. Quando acontecia de algum membro dessas famílias participar de algum bloco carnavalesco, fatalmente o visitante era convidado a se integrar a esse bloco. Entretanto, só era possível sua admissão se contasse com a aprovação de todos os componentes. O mesmo não ocorria quando o pretenso participante era do sexo feminino. Nesses casos, sua entrada era aprovada sem maiores delongas. 

A presença feminina nos blocos daquela época ocorreu no início dos anos 60, quando o bloco Milionários do Ritmo, exibiu em sua alegoria componentes dos “Brotinhos Indomáveis”, uma extensão do bloco na versão feminina, composto em sua maioria, pelas namoradas dos participantes. Entre seus componentes destacamos: Sônia Simonetti, Carminha, Eunice, Eloisa, as irmãs Graça e Lúcia Galvão, Noelza Saldanha, Eunice Lyra, Paula, as irmãs Isolda e Idalma, Dilma Ribeiro e outras.
       
        Na década de 50, os blocos bem mais elaborados e estilizados, desfilavam em local pré-determinado pela Prefeitura e concorriam a prêmios, oferecidos pelo Poder Municipal, nos quesitos fantasia, samba-enredo e bateria.

Nessa época era comum ver pelas ruas “troças” e “bagunças” que se formavam nos bairros e saíam pelas ruas animando as manhãs de carnaval, com destaque para os papangus – denominação para as pessoas que se disfarçam vestindo trapos, usando máscaras e adereços e saem às ruas sozinhas ou em grupos, durante os dias de carnaval.  
                                    Deliciosos na folia

De 1956, a 1966, Os Deliciosos na Folia, um dos blocos mais antigos de Natal desfilava e concorria a prêmios no período carnavalesco. Entre seus componentes estavam: Carlos Gomes, Múcio Nobre (magro), Airton Ramalho (compositor) Oldeman da Confeitaria Atheneu, Airton Lepolodo, Daniel (baixinho) Zilson Eduardo Freire, pai do atual presidente da OAB, Francisco Eider Lopes, filho do famoso saxofonista Mainha, Betinho, o rei do passo, Lelé do Trombone, irmão do saudoso violonista Efrain, Picado do Trio Goiamum, e outros. Tinha como principal rival a agremiação Ases do Ritmo, formada justamente por alguns dissidentes. Dentre seus componentes podemos citar: Arnaldo França, Evaniel Máximo de Souza, os irmãos Wallace, grande jogador de futebol, e Wilton Gomes da Costa, Odúlio Botelho, Severino Manoel dos Santos, Luiz MeirelLes e Jader Correia da Costa, juízes de futebol, Badeco, funcionário dos Correios, Vavá do Surdo, Canelinha, sobrinho do humorista do mesmo nome, José Botelho também conhecido como Cabo Zé, que era o mascote.
                                  Deliciosos na folia

Também se constituíam em grandes adversários na disputa das premiações os blocos Imperadores do Samba e o famoso Aí vem a Marinha, formado por fuzileiros navais, marinheiros e até mesmo oficiais, geralmente procedentes do eixo Rio/São Paulo, que aqui chegavam para servir, por determinado período, na Base Naval de Natal e no CIAT- Centro de Instrução Almirante Tamandaré. Com muito samba no pé e exibindo belas alegorias, atraíam a atenção, principalmente das moçoilas casadoiras.
                                         Clube Albatroz
Temos conhecimento, também, que os sargentos da Aeronáutica, criaram um animado bloco carnavalesco, se não me falha a memória de nome Albatroz, deixando como legado o clube do mesmo nome, defronte a eterna “Praça Pedro Velho”. 
                                      Praça Pedro Velho
Na década de 60, recordo apenas de sete blocos. Bacurinhas, Plebe, Jardim de Infância, Karfajestes, Cacarecos, Xamego, e Milionários do Ritmo, conhecido somente como Milionário. 

Mesmo com pouca idade, tinha muita aproximação com a turma dos Milionários, pois se reunia na esquina do Cinema Rio Grande, na confluência da Rua Assu com a Avenida Deodoro da Fonseca, bem próximo de minha casa. Além do mais, o presidente do bloco era Valério Marinho, na época namorado minha irmã, que posteriormente seu marido.

Do bloco Milionários cito alguns de seus componentes que ora me recordo: Cláudio Procópio, Marconi Furtado, Hamilton Dantas, Sinval, Decio Teixeira de Carvalho, Franklin, Ronaldo Rocha, Eduardo Maia (mamão), Nelson Cocada, Marcos Formiga, Orson, Galego Franklin, Manoel Maia entre outros, além de Fernando Bezerra que depois passou a integrar o bloco Plebe.
      
         A história da fundação do bloco “Os Karfajestes” podemos dizer que foi um tanto inusitada. Começou quando um dos integrantes do bloco Bacurinhas namorava uma moça e sua futura sogra não o suportava, nutrindo pelo pobre rapaz uma gratuita antipatia, e a explicitava sempre que era possível. Protegia a donzela como um cão de guarda protege seu dono. A mãe zelosa, por não aprovar o namoro, sempre procurava um jeito de menosprezá-lo. Certo dia, ao chegar à casa da “sogra” cumprindo o ritual do namoro, esta o recebeu como de costume, com extremo desdém. Enquanto a moça não aparecia, começou a analisá-lo e com visível desprezo apontava nele, o que enxergava como desleixo: “O senhor está com a roupa toda amarrotada!... e os sapatos... todos sujos, mais parece um cafajeste!...” Com toda certeza, a “sogra” não sabia o significado da palavra cafajeste, pois, se soubesse, certamente não a teria usado, pelo menos naquela ocasião e com a intenção desejada. Na mesma noite o nosso personagem ressentido com o tratamento da sogra, acabou o namoro. No caminho de volta para casa teve a ideia de fundar um bloco carnavalesco, batizando-o com o adjetivo pelo qual foi injustamente classificado.

Convidou alguns amigos e no ano seguinte desfilava pelas ruas de Natal um dos mais conhecidos e animados blocos carnavalescos daquela época: OS KARFAJESTES.
                                    Ibrahim Sued
A denominação “KAR” foi uma gíria criada por Ibrahim Sued (1924/1995), considerado o pai do colunismo social no Brasil, para denominar pessoa elegante, chique. O oposto de "Shangay", usada para qualificar algo cafona, de mau gosto.
                                                     
Talvez, em virtude do “trauma” sofrido com esse namoro, nosso personagem tenha se desvencilhado tantas vezes do laço “matrimonial”, prometendo que só se casaria quando a nova Catedral estivesse totalmente concluída. Promessa feita e cumprida. Apenas, com um pequeno detalhe: o casamento demorou um pouco mais do inicialmente previsto, só acontecendo após a segunda reforma da referida Catedral.




sábado, 23 de março de 2013

INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO R.N.


Na missão que assumi com o Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, com outros abnegados pela cultura do Estado e à vista das extremas carências daquela Instituição secular, agora sob a lideranpça de VALÉRIO MESQUITA, estive a meditar sobre as dificuldades de recuperar a Casa da Memória, sem recursos sufientes para tal mister. 

Um tanto desolado, agarrei-me à lembrança das difivuldades de outras pessoas e o resultado no final obtido e fui ao exemplo de  Angelo Roncalli, o Papa João XXIII - "O Papa Bom", que ao chegar à Bulgaria, logo na entrada da casa paroquial, foi recebido por um padre que disse do estado precário daquele imóvel e da falta total de recursos para recuperá-lo.

Angelo, contando apenas com a proteção de Deus não se deixou abalar e, logo nos seus primeiros dias naquele País, teve a notícia de um terremoto que destruíra a casa dos moradores e igrejas da  Religião Ortodoxa. Usando o seu crédito pessoal e tirando dos próprios ganhos, disponibilizou recursos para ajudar o povo e as igrejas não Católicas Romanas, o que motivou a admiração do povo e o retorno fraterno do entendimento entre as igrejas.

A paz era algo sagrado e a paciência o grande segredo do sucesso.
Desculpe o aparente absurdo da comparação, pois não temos o merecimento daquela Papa inesquecível, mas na alegoria queremos que eventuais feridas estejam cicatrizadas e os nossos sócios retornem ao seu ninho antigo, o que já estamos sentindo com visitas ilustres esta semana, Manoel Onofre Júnior, Lenilson Carvalho e Vicente Serejo. 

Nunca esqueço uma frase sua: 
"O sorriso que brota das nossas lágrimas faz o céu se abrir".

Carlos Roberto de Miranda Gomes
– Primeiro Secretário



terça-feira, 19 de março de 2013

DISCURSO DE POSSE NO I.H.G/RN


        

         Ilustríssimo escritor Jurandyr Navarro da Costa, muito digno Presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, em nome de quem saúdo as autoridades componentes da mesa. Amigos, confrades, familiares e convidados, minhas senhoras, meus senhores:

         Permitam-me tomar alguns minutos dos seus preciosos tempos para contar um pouco da história desta NOVA DIRETORIA que hora assume o comando da instituição mais antiga de nosso Estado, que um dia foi intitulada por Luiz da Câmara Cascudo como “A Casa da Memória”.
         Não poderia haver ocasião mais significativa para a assunção da novel Diretoria, uma vez que o IHGRN, no próximo dia 29, completará 111 anos de uma profícua existência, em prol da cultura do nosso Estado.
         Com o passamento do Dr. Enélio de Lima Petrovich, no dia 6 de janeiro de 2011, que presidiu a instituição por exatos 48 anos, 4 meses e 12 dias, assumiu o encargo, o então vice-presidente, escritor e memorialista - acadêmico  Jurandyr Navarro da Costa - adiantando que cumpriria o seu mandato até o último dia, mas, em hipótese nenhuma, aceitaria ser candidato a reeleição.
         Durante o curto período de sua gestão, deu posse a 48 novos sócios, sendo um deles, pós-morte e pugnou pela urgente reforma do Estatuto que datava de 1927.
Após os trabalhos de uma comissão por ele designada, composta dos sócios Carlos Roberto de Miranda Gomes, João Felipe da Trindade e Ormuz Barbalho Simonetti e de discussões preliminares levadas a efeito com membros da Diretoria, convocou uma Assembleia Geral Extraordinária, que no dia 02 de maio de 2012, aprovou o novo estatuto, por unanimidade, e em seguida promoveu o respectivo registro no cartório competente.   
                          Diretoria e Conselho Fiscal
Aproximando-se o término do ano e, por via de consequencia, o limite para a eleição dos membros da nova diretoria para o triênio 2013/2015, tomamos a iniciativa de compor uma chapa para concorrer com outras já anunciadas, as quais posteriormente desistiram.
Peregrinamos para encontrar um nome de consenso, o que só foi possível quando surgiu a lembrança da pessoa do escritor VALÉRIO MESQUITA, possuidor de todas as condições para uma gestão eficiente e progressista que, embora resistente ao encargo, fez prevalecer mais alto o seu espírito público, de cidadão preocupado com o destino desta importante instituição cultural de nosso Estado.
         Assim, foi composta a chapa que se tornou única, e que foi eleita por aclamação no dia 06 de novembro de 2012, com registro efetivado em cartório para os fins e efeitos legais.
         Como bem disse o presidente Valério Mesquita na primeira reunião logo após a eleição: “os cargos nessa diretoria são pura formalidade estatutária. os compromissos e responsabilidades são iguais para todos e tudo será decidido por colegiado”.   
                          Ormuz - Discurso de posse e juramento
E hoje estamos aqui assumindo mais essa honrosa missão, não como um sacrifício, mas com orgulho e vontade férrea de transformar o Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, em um dos mais bem aparelhados e organizados Institutos Históricos de todo o Brasil. E que Deus nos de força suficiente para cumprir com denodo essa responsabilidade. Que venham os desafios. Quem viver verá!

JURAMENTO:

 “prometo exercer COM DESVELO E DIGNIDADE as funções do cargo para o qual fui eleito, cumprindo todas as determinações estatutárias e legais e pugnando pela preservação da grandeza histórica da Casa da Memória”.

Obrigado a todos.


DIRETORIA

1.     Presidente: VALÉRIO ALFREDO MESQUITA
2.     Vice-Presidente: ORMUZ BARBALHO SIMONETTI
3.     Secretário-Geral: CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES
4.     Secretário-Adjunto: ODÚLIO BOTELHO MEDEIROS
5.     Diretor Financeiro: GEORGE ANTÔNIO DE OLIVEIRA VERAS
6.     Diretor Financeiro Adjunto: ANTÔNIO EDUARDO GOSSON
7.     Orador: JOSÉ ADALBERTO TARGINO ARAÚJO
8.     Diretor da Biblioteca, Arquivo e Museu: EDGAR RAMALHO DANTAS.

CONSELHO FISCAL


1.     EIDER FURTADO DE MENDONÇA E MENEZES, Membro titular
2.     PAULO PEREIRA DOS SANTOS, Membro titular
3.     TOMISLAV RODRIGUES FEMENICK, Membro titular
4.     LÚCIA HELENA PEREIRA, Membro suplente.