Ormuz
Barbalho Simonetti
Presidente
do IHGRN
“Aos
meus pais e irmãos, esposa e filhinhos, atenciosamente”. Com esse carinhoso
oferecimento, Hélio Galvão dedicou o seu primeiro livro que, infelizmente, até
os dias de hoje, nunca foi publicado.
Por
volta do ano de 1931 o então estudante de Direito Hélio Mamede de Freitas
Galvão começou a escrever seu primeiro livro, que intitulou de “Goianinha”.
Em
uma velha máquina de datilografia teclou suas primeiras frases para contar a
história da cidade - na época jurisdicionava o distrito de Tibau do Sul, sua
terra-mãe, que tão bem retratou ao escrever a trilogia “Cartas da Praia, Novas
Cartas da Praia e Derradeiras Cartas da Praia”.
Em
2008, quando eu estava fazendo pesquisa para o livro “Genealogia dos Troncos
Familiares de Goianinha”, trabalho que me consumiu uns bons 5 anos de intensa
pesquisa, em que chegava a trabalhar até 16 horas por dia, ao final fui
recompensado por ter reunido e entrelaçado mais de 12.000 almas dos 8 troncos
familiares pesquisados: Revoredo, Grilo, Barbalho, Simonetti, Villa, Fagundes,
Marinho e Lisboa, que se constituíram na base das famílias daquele
município.
Certo
dia, recebo no nosso local de trabalho, a Assessoria de Comunicação Social do
Governo do Estado do RN, com a visita do artista plástico Diniz Grilo que
sabendo da minha pesquisa, principalmente por sua família fazer parte dela, me
presenteou com uma cópia xerografada dos originais do livro GOIANINHA. Essa
cópia, muito me ajudou na pesquisa genealógica, mais precisamente dos
ancestrais das famílias Barbalho, Simonetti e Villa, pois nesse laborioso
trabalho, estavam registrados os seus primeiros representantes e um pouco de
suas histórias. Diniz ainda me fez um pedido, oferecendo-se para ser o capista
do nosso livro, o que aceitei imediatamente.
Algumas
reproduções apresentavam baixíssima qualidade. Mesmo assim, o capítulo a que se
referia a genealogia no qual estavam as famílias Barbalho, Simonetti e Villa,
com algum sacrifício, permitiu “decifrar” o que ele havia escrito. Infelizmente
a família Galvão, contemplada naquele trabalho, estavam com as cópias
reprográficas muito escuras e nada foi possível fazer para melhorá-las, o que
impediu fosse acrescida ao nosso trabalho genealógico.
A
família Galvão, da qual Hélio faz parte, pelo pouco que consegui ler nas
páginas escurecidas do capítulo que dedicou a genealogia, também teve seu
início, pelo menos aqui no nordeste, na cidade de Goianinha.
Desde
essa época, venho perseguindo os originais com a intensão de publicar o livro,
que reputo ser de grande importância para o conjunto de sua obra, pela vasta
abrangência dos assuntos ali abordados: descreve minuciosamente a história do
município em diversos temas, dedica um robusto capítulo à genealogia das suas
principais famílias, tratando, ainda, da religiosidade de seus habitantes, dos
topônimos, das lendas, da geografia, das escolas, dos administradores
municipais, dos bacharéis, dos professores no ano de 1934, entre eles
Bartolomeu Fagundes, Joaquim Manoel de Meiroz Grillo, José Mamede Galvão de
Freitas, João Baptista Simonetti Filho, as irmãs Maria Leopoldina de Britto
Guerra e Anna Philomena de Brito Guerra, Bevenuto Augusto Barbalho, Jeronimo
Cabral Pereira Fagundes Filho etc. Esse importante livro deu início a carreira
do grande escritor que viria a se tornar.
A
primeira pessoa que fiz contato em busca dos originais foi com seu filho José
Arno, que na época era detentor da biblioteca de Hélio. Tempos depois em um
encontro casual, tratei do assunto com seu sobrinho Jorge Galvão, que embora
tenha achado importante minha proposta, também não tinha conhecimento do destino
dos originais. Fiz contato, ainda, com seus filhos Sérgio e por fim com Dácio
Galvão. Os mesmos me passavam a mesma informação de que não sabiam do paradeiro
dos originais.
Clamava
pela publicação desse livro que apesar de incompleto, entendia ser de grande
importância para se juntar à sua obra, uma das mais valorosas já publicadas em
nosso Estado, além de tratar da cidade berço de minha família.
Tentei
transcrevê-lo, porém, como já disse, havia diversas páginas sem a mínima
condição de visualização, dada a condição das cópias.
No
prefácio, que é de Luiz da Câmara Cascudo, datado de abril de 1941, em dado
momento o mestre escreveu: “Goianinha possue o primeiro cronista integro.
Aprisionou aqui todos os assuntos. Depois desse livro, é relativamente fácil a
tarefa para completá-lo. O que não é possível é diminuir-lhe o valor...”
Quando
assumi a presidência do Instituto Histórico e Geográfico do RN, após conseguir
autorização de Dácio Galvão, solicitei ao Diretor de Biblioteca, Arquivo e
Museu, Gustavo Sobral, que fizesse uma busca minuciosa na biblioteca de Hélio
que se encontra na Fundação Hélio Galvão. Infelizmente, após dois dias de
intensa procura, foi localizada apenas uma pasta com o nome GOIANINHA, porém
para nosso desespero, encontrava-se vazia. Continuei apelando para Dácio todas
as vezes que nos encontrávamos, assim como em um mantra, pedia para não
desistir da procura.
No
último dia 10 de junho, na Academia de Letras Jurídicas do RN, por ocasião da
solenidade homenagem ao patrono feita pelo acadêmico Marcelo Alves Dias, cuja
cadeira tem Hélio como seu patrono, a plateia foi presenteada com uma bela e
descontraída palestra em que tivemos o prazer de conhecer um pouco mais da vida
daquele renomado causídico. Ao final, Dácio Galvão ao agradecer ao palestrante,
dirigiu-se a mim e deu-me a grande noticia que há muitos anos esperava: “a
filha de José Arno havia localizado os originais desaparecidos do livro
Goianinha.”
Foi
um momento de grande alegria, só comparado aos achados genealógicos que eu
fazia nas madrugadas silenciosas quando pesquisava diversas famílias para
compor o livro Genealogia dos Troncos Familiares de Goianinha.
Agora,
nessa nova fase, aguardo ansioso os originais desse importante trabalho para
realizar a tão sonhada publicação.
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