Caros amigos, familiares, confrades e
convidados. Hoje estamos comemorando os 116 anos de existência, completados no
último dia 29 de março, desta que é a mais antiga e ativa Instituição cultural
do nosso Estado. Em mais um ano de luta
em prol da cultura, todos os nossos esforços foram direcionados à recuperação e
à preservação, tanto do prédio, que por si só, representa a cultura do nosso
Estado, como o seu precioso acervo, razão maior de sua existência.
Não é necessário dizer aos senhores
as dificuldades que passam aqueles que ousam fazer algo pela cultura neste
País. Em nosso Estado, não é diferente. Entretanto, sempre haverão aqueles
abnegados que, enfrentando todo tipo de dificuldades, resolvem, movidos por uma força maior, enfrentar
esses desafios. Podemos chamar essa força simplesmente de amor à cultura, pois sem esse importante ingrediente nada se
consegue.
Muitos ainda pensam que nós,
diretores, somos regiamente remunerados. Ledo engano. Nós somos uma entidade privada,
sem fins lucrativos, e, desde 1909, reconhecida como de utilidade pública
estadual e, posteriormente, municipal e, por extensão, também federal. O
presidente e seus diretores são voluntários. Traduzindo o que acabei de falar,
além de não sermos remunerados, muitas vezes temos que nos cotizar para
realizar alguns pagamentos inadiáveis.
Minhas senhoras e meus senhores.
Custam entender como uma instituição que é responsável pela guarda, segurança e
manutenção do mais importante acervo cultural do Estado, não seja contemplada
por esse mesmo Estado, de forma regular e continuada.
Não seria verba para a remuneração
dos diretores, pois em hipótese alguma nós a aceitaríamos, uma vez que os
Diretores do IHGRN sempre foram e sempre serão voluntários. Mas tais recursos seriam utilizados na manutenção da instituição e
também na aquisição de importantes obras literárias, uma das carências de nossa
Casa, coisa que não é feita por esta Instituição, justamente por falta desses
recursos, que ora reclamamos.
Outros Estados da federação há muito
tempo já o fazem. Em recente reunião no último mês de março, em Recife,
promovida pelo Instituto Arqueológico,
Histórico e Geográfico de Pernambuco, no VI ENCONTRO DE INSTITUTOS HISTÓRICOS DO NORDESTE, tivemos a
oportunidade de verificar que todos os Estados ali representados recebiam ajuda
financeira dos seus governos. Cito por exemplo a Bahia, que destina R$ 700.000,
por semestre, à manutenção da Instituição, assim como Alagoas, Ceará, Piauí,
Maranhão, Sergipe e Espírito Santo e o anfitrião Pernambuco, todos recebem
recursos. O citado encontro teve total patrocínio do Governo do Estado, com o
pagamento de passagens aéreas e hospedagens para todos os representantes dos
Institutos Históricos. Infelizmente, o Rio Grande do Norte não participa dessa
relação.
Faremos, a partir de agora, um breve
relato das nossas realizações durante o ano de 2017, e uma projeção para o ano
de 2018.
Iniciamos o ano de 2017 com o prédio
da “Casa da Memória” ainda embargado. Aliás, esse embargo se deu exatamente na
manhã do dia 30 de março de 2016, menos de 24 horas após minha posse.
Depois de dois longos anos de muita
luta na esfera judicial, conseguimos a suspensão do embargo, após realizar um
acordo na Justiça Federal. Feito o acordo, não perdemos mais tempo e partimos
para a realização dos melhoramentos há muito reclamados para nossos prédios, e,
consequentemente, a melhor acomodação do acervo, razão maior da existência
desta Instituição.
Partimos em busca da liberação de uma
verba no valor de R$ 120.000,00, advinda de uma emenda parlamentar da vereadora
Júlia Arruda Câmara no valor de R$ 60.000,00 e mais igual valor, de uma verba
de Gabinete da Prefeitura Municipal.
Com esses parcos recursos, de apenas R$ 120.000,00, conseguimos
realizar nosso grande sonho que era a construção do piso de concreto armado da
sala do acervo, numa área de 80 metros quadrados, condição “sine qua non” para
a montagem das modernas e funcionais estantes deslizantes, adquiridas ainda no
governo Rosalba Ciarline, quando era
Secretária de Educação a nossa confreira Betania
Ramalho, que, para nosso regozijo, atualmente é a Vice-Presidente desta
Casa.
Realizamos ainda a construção de um
lavabo feminino, requisito exigido pela CLT, mas que até então não tínhamos em
nosso prédio. Revestimos de ipê, com bela paginação da nossa arquiteta e
paisagista Alenuska Lucena, o piso de três salas, onde outrora haviam cerâmica
vitrificada e paviflex, revestimentos totalmente impróprios para um prédio
centenário, o que causava sua descaracterização.
Adquirimos e instalamos 3 portas de
vidro para dar segurança e melhor visibilidade das dependências, principalmente
na Sala de Exposições Dorian Gray Caldas,
antiga sala da presidência do IHGRN, que a batizamos, em justa homenagem, com o
nome desse grande, artista, poeta, tapeceiro e intelectual norte-rio-grandense,
sócio efetivo desta Instituição.
Fizemos a pintura do prédio principal
e do prédio anexo, este recebido por doação em 25 de janeiro de 2001, da nossa
sócia benemérita senhora Angélica Timbó,
num gesto de extrema benevolência e desprendimento, que por nossa iniciativa,
desde 2013, funciona a administração da Casa da Memória. (solicitar a
apresentação de Angélica)
Após a realização desses serviços,
transferimos o acervo de volta ao prédio principal. Esse acervo se encontrava
no prédio anexo, e por falta de espaços em precárias condições de
armazenamento.
Quando do início da reforma, apesar
das solicitações a diversos órgãos públicos, não conseguimos nenhum local que
se dispusesse a recebê-lo, enquanto realizávamos os serviços. Não nos restou
outra alternativa a não ser de acomodá-lo, como foi possível, no prédio
anexo.
Iniciamos uma grande operação de
retorno do acervo para o seu local definitivo. Nesse retorno, promovemos em
parte a limpeza e catalogação das obras. Novamente nos deparamos com a velha e
conhecida dificuldade financeira.
Para quem não sabe, os recursos de
emendas parlamentares são recursos “carimbados”, isto é, só podem ser
utilizados para a finalidade descrita no “plano de trabalho” que é feito antes
da formalização do processo. Isso nos impede, mesmo havendo necessidades
prementes, às vezes surgidas naquela ocasião, da utilização dos recursos para
acudir outras dificuldades.
Não dispúnhamos de recursos para
contratar pessoal especializado para o trabalho de bibliotecário que, em virtude da transferência, era preciso
começar tudo do zero. Solicitamos e
conseguimos na UFRN apenas um bibliotecário, no sistema de bolsa de estudo.
Mas, para a grandiosidade do trabalho a ser realizado, era muito pouco.
Resolvemos apelar para o
voluntariado.
Por intermédio de uma mídia
desenvolvida gratuitamente pela Agencia de Publicidade ARTe C, exibida na
INTERTV, durante 3 meses, em horário nobre, e totalmente gratuita, apelamos á população para que socorresse a
Instituição.
Poucas foram às pessoas que atenderam a esse apelo. No campo da biblioteca e
arquivo surgiram alguns voluntários, mas na grande maioria, não estavam
habilitados para as atividades que iriam desenvolver. Nesse tempo conseguimos
apenas duas voluntárias, bibliotecárias, que passaram a colaborar no período de
meio expediente, duas vezes por semana, juntamente com o bolsista que
trabalhava em apenas meio expediente. E, ainda, com a ajuda sempre presente de
diretores, já conseguimos organizar cerca de 20% do nosso acervo.
Infelizmente acabamos de perder o
nosso bolsista, que partiu para o vizinho Estado da Paraíba, em busca de
melhores oportunidades em sua profissão.
Somos depositários dos primeiros
documentos jurídicos do nosso Estado, as Sesmarias.
A mais antiga, data de 1640, infelizmente, as primeiras em precário estado de
conservação, precisando urgentemente de recuperação
em laboratório especializado, sob o risco de perdê-las para sempre.
E fica aqui a pergunta: onde estavam os magistrados, médicos,
doutores, profissionais de diversas áreas de nossa sociedade que no início de
suas vidas, quando os recursos eram
escassos para a compra de livros, se valeram desse importante acervo para
prosseguirem com seus estudos? Será
que não chegou a hora de devolverem
para esta Casa um pouco do muito que
ela outrora lhes deu?
Com a recente alteração do nosso
Estatuto, criamos uma categoria de Sócio MANTENEDOR,
para aqueles que desejarem ajudar na sobrevivência desta centenária Instituição.
Esse contato pode ser feito diretamente em nossa sede ou pelo telefone, caso
não se tenha tempo de vir até nos. Vamos olhar com um pouco mais de atenção e
carinho para esta Instituição que será eternizada na guarda e conservação da
nossa história para as futuras gerações.
Hoje entregaremos o primeiro Diploma de Sócio Mantenedor ao Dr.
Einar Cavalcanti de Souza, o primeiro a nos procurar para essa nobre missão.
Por isso receberá o título de sócio número 01. Esperamos que outros sigam esse
belo exemplo de cidadania e amor à cultura.
No ano de 2017 lançamos o programa “Ocupação Municipal”. Esse programa visa
aproximar os municípios do nosso Estado, da Casa da Memória, já que nossa
Instituição é do Estado do RN. Outrora
os sócios de outros municípios eram tidos como “Sócios Correspondentes” o que
não se justificava já que a Instituição não é somente de Natal e sim o Estado.
Nessa ocupação, que é penas por um
dia, o município exibe em nosso prédio o melhor de sua cultura. Danças,
artesanato, comidas típicas, artistas diversos, banda de música tocando
retretas e dobrados, coisas esquecidas em nossos tempos, afinal somos a Casa da
Memória. Tudo isso é feito nos jardins do Largo Vicente de Lemos, ao lado do
nosso prédio, preparado e cuidado com toda dedicação para importantes eventos,
como lançamento de livros, recitais, saraus etc. Brevemente instalaremos ali um CAFÉ, que terá a mesma função do
saudoso e famoso Café São Luiz que
foi um importante marco na história da nossa cidade.
No prédio principal, a Sala de Exposição Dorian Gray fica à
disposição do município, por um período de até 30 dias, para exposição visual a
ser escolhida pelo município: quadros, fotos, peças artesanais, etc.
O município de Ceará-Mirim foi o
primeiro a fazer essa ocupação com muito sucesso. Na sala Dorian Gray foram
expostas 22 telas, assinadas por artistas da terra, confeccionadas
especialmente para esse evento, que contava a história do município por
intermédio de seus antigos engenhos. Outros municípios já mantiveram tratativas
com vistas a futuras ocupações.
Tivemos ainda exposições com igual
sucesso de visitação: Telas do artista plástico Newton Navarro cedidas pelo escritório Holanda Advogados, Nossas Velhas Figuras com acervo
próprio do IHGRN, telas de São Sebastião do acervo particular do artista
plástico Iaperi Araújo e, atualmente, em exposição UM GABINETE DE CURIOSIDADES, pela primeira vez expondo pedras
preciosas e semipreciosas do nosso solo e de Estados vizinhos. A curadoria é do
técnico em geologia Pedro Simões Neto Segundo, que, num gesto de benevolência,
doou todo o acervo ao IHGRN.
Outro programa que lançamos nesse
mesmo ano, também com grande sucesso, foi a Quinta Cultural. Iniciamos como primeiro palestrante o engenheiro
Manoel Negreiros, que fez uma importante palestra áudio/visual sobre a Ponte de Igapó, e que certamente será
reprisada em momento oportuno, dada a sua importância histórica e cultural.
Promovemos, ainda, o lançamento
fac-similar da revista publicada em 1917, sobre a Revolução Pernambucana ou
Revolução dos Padres, como ficou conhecida a Revolução de 1817, que teve como principal herói o potiguar Padre Miguelinho. O
lançamento da revista foi uma grande ousadia desta administração. Como não
tínhamos recursos para o pagamento, solicitamos e conseguimos da gráfica, um
prazo para realizar o pagamento, que o fizemos com a venda dos exemplares.
Para realizar o lançamento da revista
seguinte, mais uma vez tivemos que nos reinventar. Fizemos um apelo aos sócios
e conseguimos entre eles, 34 colaboradores que espontaneamente garantiram a
publicação. A tiragem foi apenas de 400 exemplares. Além do mais, essa publicação fazia parte do
pactuado com o IPHAN para manter nosso compromisso de atender acordo judicial
que fizemos com a Justiça Federal para que na próxima publicação constasse uma
matéria sobre os 80 anos do IPHAN. Nessa publicação teríamos o compromisso de
doar 100 exemplares para a Instituição federal. Essa nova edição foi lançada em
comemoração aos 150 anos do grande historiador e mecenas, sócio efetivo do IHGRN,
Dr. Manoel Dantas.
Com relação às emendas Parlamentares
cito em primeiro lugar os parlamentares que, com boa vontade e respeito à
cultura, destinaram emendas para o IHGRN no ano de 2017. São eles: Deputados Hermano Morais, Dison Lisboa,
George Soares, José Dias, Tomba Farias, Álvaro Dias, Ricardo Motta e Marcia
Maia. E as vereadoras, Eleika
Bezerra e Júlia Arruda. Aqui ficam nossos agradecimentos a esses
parlamentares.
Infelizmente poucas emendas se
transformam efetivamente em recursos. Seguem as emendas que conseguimos
transformá-las em recursos: a do deputado Hermano Morais R$ 40.000,00, a do
deputado Ricardo Mota que ainda estamos para receber, e a emenda conjunta dos
deputados: Dison Lisboa, George Soares,
José Dias, Ricardo Motta e Tomba Farias, no valor de R$ 300.000,00, emenda do ano passado, que ainda aguardamos a
liberação da primeira parcela no valor de R$ 100.000,00. Esses recursos serão
destinados exclusivamente na digitalização e recuperação de obras raras e
contratação de profissionais capacitados para essa finalidade.
Sabemos que esses recursos são
insuficientes para todo o processo. Mas é o primeiro passo de uma longa
caminhada rumo à total digitalização do nosso acervo que será, à medida que o
trabalho for sendo realizado, posto à disposição da população por intermédio do
nosso site.
Tal situação vai propiciar aos
pesquisadores e estudiosos de nossa história o acesso ao nosso acervo de suas próprias residências, pela via
de um simples computador.
Concluímos a atualização do nosso
Estatuto com algumas modificações que ajudarão no melhoramento administrativo
da Casa. Foi criado, a exemplo das Academias, o sistema de Cadeiras e cada
sócio terá seu patrono. Definimos o número de sócios em no máximo de 200.
Atualmente contamos com 150 sócios.
Neste ano de
2018 retornamos com a nossa programação das QUINTAS CULTURAIS, que são realizadas no nosso Salão Nobre a partir
das 18 horas. Em março, tivemos Coronelismo
e Cangaço no Rio Grande do Norte
com o confrade Honório Medeiros e As
mulheres intelectuais do Rio Grande do Norte, com a professora Diva Cunha,
que hoje toma posse como Sócia Efetiva da Casa da Memória e na última quinta
feira, Augusto Tavares de Lyra com o
professor Joaquim Arrais.
Para as próximas quintas culturais
teremos: A História do Violão com o
professor Claudio Galvão e o músico Eugênio Souza; Os Rochedos de São Pedro e São Paulo com o professor Jorge Lins; O Atol das Rocas com a bióloga Zélia
Sena, Cascudo e o Símbolo Jurídico do
Pelourinho com o jornalista e confrade Vicente Serejo; História das Constituições do Rio Grande do Norte com o professor
Paulo Marques Souto; A Historia do Rio
Grande do Norte com o conhecido professor Coquinho e outras que, oportunamente serão agendadas.
Sentimos a grande necessidade de
levar o nome e as ações do IHGRN a todos os municípios do nosso Estado, afinal,
como já frisei, a nossa Instituição é do Rio Grande do Norte. Para isso criamos
o programa de Interiorização e o
dividimos em duas etapas. A primeira constou na divisão do Estado em 6 regiões:
Agreste Litoral Sul, Potengi, Trairi,
Seridó, Alto Oeste e Sertão do Apodi.
Para cada região foi nomeado um Assessor
Gerencial, que se reportará diretamente à Presidência. Esse assessor tem a
função de divulgar nossas ações e publicação junto às Secretarias de Educação
dos municípios por ele jurisdicionados. A segunda etapa será A CARAVANA
do IHGRN VISITA SEU MUNICÍPIO.
Essa caravana se deslocará até o
município, que for solicitado pelo gestor, ocasião em que “ocuparemos”
culturalmente aquele município, com programação previamente acertada. O
primeiro município a ser visitado com a CARAVANA,
é o município de São Miguel, distante 480 quilômetros de nossa cidade. O
prefeito Gaudêncio Torquato, que também toma posse hoje como Sócio Efetivo da nossa Instituição, foi
o primeiro a nos procurar com essa finalidade. Portanto, mesmo com a distância
que separa nossos municípios, não tenham dúvidas que estaremos presentes em
todos eles, em que a CARAVANA seja
solicitada.
Dentro do espírito de interiorização,
estamos até o mês de julho próximo, lançando a revista número 97 que dissertará
sobre os municípios do RN - Esse numero contemplará
os primeiros 50 municípios. Foram escolhidas pessoas habilitadas para
escreverem um pequeno texto de 3 laudas sobre esses município. Posteriormente lançaremos o segundo
número, com mais cinquenta unidades municipais e a terceira com os outros 67
restantes, completando assim todos os municípios do nosso Estado. Após o lançamento da última revista,
reuniremos todos os textos em um livro que será publicado e distribuído em
todas as Secretarias Municipais de Educação.
Para encerrar gostaria de parabenizar
a fantástica equipe de diretores, assessores e funcionários que a cada dia se
esmeram para fazer desta
Instituição, uma das mais importantes e profícuas do nosso país. E não se
enganem, vamos conseguir antes mesmo
do que esperávamos. No meu discurso de posse, em março de 2016, já prometia
essa cruzada em favor do IHGRN.
Se estamos conseguindo modificar e
melhorar a Casa da Memória, é porque contamos com a forte amizade, compreensão
e respeito, que sempre uniu os membros desta
diretoria.
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