ORMUZ BARBALHO SIMONETTI - UM SAUDOSISTA INCURÁVEL - QUE ME FEZ PASSAR ALGUMAS HORAS NO COMPUTADOR, CATANDO O MILHO DE SUAS LEMBRANÇAS DOURADAS, BANHADAS NOS RIOS DA SUA INFÂNCIA BUCÓLICA, DOS VERANEIOS EM TIBAU DO SUL, ONDE UMA PRAIA QUASE ESQUECIDA, NOS IDOS DO PASSADO, TORNOU-SE, NOS TEMPOS ATUAIS, UMA ESPÉCIE DE RIVIERA FRANCESA DO RIO GRANDE DO NORTE. A PRAIA DE PIPA HOJE, CHEIA DE POUSADAS SOFISTICADAS, DE BARES, CAFÉS, RESTAURANTES, DIVERSIDADES DE FRUTOS DO MAR, DE FIGURAS DE FORA QUE SABEM COMO PRODUZIR BOA GRANA, SOBRETUDO OS EUROPEUS QUE LÁ SE INSTALARAM E SOUBERAM FAZER BOM COMÉRCIO! TODAVIA, A PRAIA LINDA, DE PAISAGEM PARADISÍACA, DE ALTAS ONDAS ONDE OS SURFISTAS SE REALIZAM. PRAIA DE PIPA, RECORDAÇÃO PERENE DESSE NOTÁVEL ESCRITOR - ORMUZ SIMONETTI - CUJA FAMÍLIA AINDA ANDA POR LÁ, EM BELAS POUSADAS ERGUIDAS HÁ MAIS DE DUAS DÉCADAS.
TODAVIA, A BELA PRAIA JAMAIS PERDERÁ SUA FEIÇÃO ANTIGA: O AZUL CRISTALINO DO MAR, O POR-DO-SOL ROMÂNTICO, AS LUAS, O CÉU ESTELAR, AS FALÉSIAS MONUMENTAIS - ARQUITETURAS DA NATUREZA - OS SÍTIOS COM SUAS MANGABEIRAS, OS CAJUEIROS FLORIDOS, OS VENDEDORES AMBULANTES...A PAISAGEM, ENFIM,
IMORTALIZADA NA MEMÓRIA DESSE GENEALOGISTA, IMORTAL DA ACLA E CRONISTA LITERÁRIO.
"A VIAGEM PARA O VERANEIO" É O CENÁRIO DA CRÔNICA DE ORMUZ PARA O NOSSO DELEITE E PAISAGISMO SENTIMENTAL.
domingo, 31 de julho de 2011
sexta-feira, 29 de julho de 2011
Do livro “A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS”
A VIAGEM PARA O VERANEIO
GOIANINHA NA ÉPOCA DOS PRIMEIROS VERANEIOS
Era grande a expectativa que causava, nos dias que antecediam a viagem para a Praia da Pipa. Dias antes, o meu avô Odilon Barbalho mandava um portador a Pipa, com recado ao seu compadre Antônio Pequeno (o Velho), que era delegado distrital e exercia grande influência em toda a comunidade. Pedia que iniciasse, com alguns homens, uma “picada” com destino a Piau.
DISTRITO DE PIAU-MUNICÍPIO DE TIBAU DO SUL
Ele, por sua vez, também iniciava, com seus empregados, outra picada partindo de Piau com destino a Pipa. Era um percurso de doze quilômetros que atravessava tabuleiros cobertos de fruteiras silvestres, como mangabeiras, cajueiros e mais perto da praia, multiplicavam-se os pés de camboim, maçaranduba, guabiraba, murta, murici, cajarana, camaci, maria-preta, ubaia doce e azeda etc.
MANGABEIRAS COBRINDO A ESTRADA
Quando os trabalhadores se encontravam, estava concluída a estrada que iria conduzir a caravana de veranistas ávidos em passar todo o mês de janeiro desfrutando das águas mornas do mar da Pipa. Foram os carros de boi do meu avô Odilon Barbalho, os primeiros veículos movidos à tração animal, a chegar a Praia da Pipa, em janeiro de 1926.
HOMENS ABRINDO PICADA NO TABOLEIRO
A viagem era sempre feita à noite para poupar homens e animais do escaldante sol do mês de janeiro. As famílias, com suas tropas de burros de carga, carros de boi, charretes e cabriolés, reuniam-se no oitão da igreja matriz. Por volta das sete horas da noite iniciavam a viagem. As moças e os rapazes montavam cavalos. As moças e senhoras, naquela época, utilizavam uma sela chamada silhão. Era um tipo de sela maior que as normais, com estribo apenas em um dos lados, onde a pessoa ficava com um dos pés no estribo e curvava a outra perna sobre um arção semicircular. Era apropriada para moças e senhoras quando cavalgavam de saias.
A VIAGEM ERA FEITA AO CAIR DA TARDE
Os carros de boi além de carregar pessoas, levavam alguns móveis, como camas e pequenos armários. Levavam, ainda, vários utensílios domésticos e todas as tralhas que compõem uma cozinha.
Rapazes e moças seguiam na frente, com suas velozes montarias. Disputavam corridas e faziam diversas brincadeiras ao longo da viagem. Era comum que algumas pessoas, com habilidade para tocar instrumentos musicais, levassem violões, concertinas, triângulos, pandeiros e zabumbas, para animar a longa viagem.
A primeira parada era no distrito de Piau, que significava a metade do caminho a percorrer. Daí pra frente, a estrada se transformava em picada, e a viagem se tornava mais lenta e penosa, principalmente para os animais de carga e tração. O solo ficava mais arenoso, o que facilitava o atolamento dos carros de boi que tinham rodas de madeira muito finas para aquele tipo de terreno e carregavam a maior parte do peso.
Durante essa parada, por volta da meia noite, as mulheres aproveitavam para cuidar das crianças e comer algum lanche trazido para a ocasião. Aproveitavam, também, para utilizar os sanitários (latrinas) da casa dos compadres. Os homens geralmente iam para as bodegas e vendas para tomar uns tragos de boa cachaça de cabeça produzida nos engenhos da região.
Em seguida, retomavam o caminho seguindo pela picada previamente aberta. Nesse tipo de solo a caravana seguia com mais dificuldade. Depois de três a quatro horas de viagem chegava ao Rio Galhardo, onde era feita a última parada. Lá a demora era pequena, somente o tempo de dar água aos animais enquanto algumas pessoas tomavam banho para desenfadar. Com mais hora e meia de viagem chegavam na Praia da Pipa.
LOCAL ONDE PRIMEIRO SE AVISTA A PRAIA DA PIPA- FOTO DE 1970
A ansiedade era tanta, que os rapazes e moças disparavam nos seus cavalos, e logo chegavam à praia. Horas depois chegavam os pesados e vagarosos carros de boi e os animais de carga. Eram recebidos com festa de boas-vindas pelos compadres e moradores do lugar. Era hora de arrumar tudo e começar o tão esperado veraneio.
Natal, março de 2009.
GOIANINHA NA ÉPOCA DOS PRIMEIROS VERANEIOS
Era grande a expectativa que causava, nos dias que antecediam a viagem para a Praia da Pipa. Dias antes, o meu avô Odilon Barbalho mandava um portador a Pipa, com recado ao seu compadre Antônio Pequeno (o Velho), que era delegado distrital e exercia grande influência em toda a comunidade. Pedia que iniciasse, com alguns homens, uma “picada” com destino a Piau.
DISTRITO DE PIAU-MUNICÍPIO DE TIBAU DO SUL
Ele, por sua vez, também iniciava, com seus empregados, outra picada partindo de Piau com destino a Pipa. Era um percurso de doze quilômetros que atravessava tabuleiros cobertos de fruteiras silvestres, como mangabeiras, cajueiros e mais perto da praia, multiplicavam-se os pés de camboim, maçaranduba, guabiraba, murta, murici, cajarana, camaci, maria-preta, ubaia doce e azeda etc.
MANGABEIRAS COBRINDO A ESTRADA
Quando os trabalhadores se encontravam, estava concluída a estrada que iria conduzir a caravana de veranistas ávidos em passar todo o mês de janeiro desfrutando das águas mornas do mar da Pipa. Foram os carros de boi do meu avô Odilon Barbalho, os primeiros veículos movidos à tração animal, a chegar a Praia da Pipa, em janeiro de 1926.
HOMENS ABRINDO PICADA NO TABOLEIRO
A viagem era sempre feita à noite para poupar homens e animais do escaldante sol do mês de janeiro. As famílias, com suas tropas de burros de carga, carros de boi, charretes e cabriolés, reuniam-se no oitão da igreja matriz. Por volta das sete horas da noite iniciavam a viagem. As moças e os rapazes montavam cavalos. As moças e senhoras, naquela época, utilizavam uma sela chamada silhão. Era um tipo de sela maior que as normais, com estribo apenas em um dos lados, onde a pessoa ficava com um dos pés no estribo e curvava a outra perna sobre um arção semicircular. Era apropriada para moças e senhoras quando cavalgavam de saias.
A VIAGEM ERA FEITA AO CAIR DA TARDE
Os carros de boi além de carregar pessoas, levavam alguns móveis, como camas e pequenos armários. Levavam, ainda, vários utensílios domésticos e todas as tralhas que compõem uma cozinha.
Rapazes e moças seguiam na frente, com suas velozes montarias. Disputavam corridas e faziam diversas brincadeiras ao longo da viagem. Era comum que algumas pessoas, com habilidade para tocar instrumentos musicais, levassem violões, concertinas, triângulos, pandeiros e zabumbas, para animar a longa viagem.
A primeira parada era no distrito de Piau, que significava a metade do caminho a percorrer. Daí pra frente, a estrada se transformava em picada, e a viagem se tornava mais lenta e penosa, principalmente para os animais de carga e tração. O solo ficava mais arenoso, o que facilitava o atolamento dos carros de boi que tinham rodas de madeira muito finas para aquele tipo de terreno e carregavam a maior parte do peso.
Durante essa parada, por volta da meia noite, as mulheres aproveitavam para cuidar das crianças e comer algum lanche trazido para a ocasião. Aproveitavam, também, para utilizar os sanitários (latrinas) da casa dos compadres. Os homens geralmente iam para as bodegas e vendas para tomar uns tragos de boa cachaça de cabeça produzida nos engenhos da região.
Em seguida, retomavam o caminho seguindo pela picada previamente aberta. Nesse tipo de solo a caravana seguia com mais dificuldade. Depois de três a quatro horas de viagem chegava ao Rio Galhardo, onde era feita a última parada. Lá a demora era pequena, somente o tempo de dar água aos animais enquanto algumas pessoas tomavam banho para desenfadar. Com mais hora e meia de viagem chegavam na Praia da Pipa.
LOCAL ONDE PRIMEIRO SE AVISTA A PRAIA DA PIPA- FOTO DE 1970
A ansiedade era tanta, que os rapazes e moças disparavam nos seus cavalos, e logo chegavam à praia. Horas depois chegavam os pesados e vagarosos carros de boi e os animais de carga. Eram recebidos com festa de boas-vindas pelos compadres e moradores do lugar. Era hora de arrumar tudo e começar o tão esperado veraneio.
Natal, março de 2009.
domingo, 24 de julho de 2011
SERÁ QUE ESTAMOS NOS ACOSTUMANDO A SER ENGANADOS?
Eh, ôô, vida de gado,
povo marcado, ê, povo feliz!
Ao que parece sim, vivemos atualmente numa cidade onde as coisas erradas continuam acontecendo sem que a população se mostre pelo menos indignada. A famosa “Lei de Gerson” nunca esteve tão presente em nossos dias. Para citar alguns desses “golpes”, tomemos por base determinados restaurantes, principalmente os que adotam o sistema self service, quando o restaurante oferece, além do serviço a “la carte”, (expressão francesa utilizada quando você fazer o pedido usando o cardápio do restaurante). Na modalidade self service, alguns proprietários desses estabelecimento cobram uma taxa de 10% (dez por cento) sobre a totalidade da conta, como taxa de “serviço”, o que juridicamente é ilegal, pois nessa modalidade nenhum serviço é prestado, já que é o próprio cliente quem se serve.
Vejam o que o diz o Dr. Abdala Abi Farah, Juiz de Direito aposentado.
“Tornou-se prática comum de muitos hotéis, bares e restaurantes cobrarem a famigerada taxa de serviço de 10% sobre o valor da conta.
Todavia, à luz do Código do Consumidor e da Constituição, referida cobrança é abusiva e ilícita. Fere a lógica e o bom senso. Tal fato beira o ilícito penal, ou seja, numa análise rigorosa está se cometendo um crime contra o patrimônio.
Os estabelecimentos referidos jamais poderiam penalizar os seus clientes com uma taxa absurda transferindo a eles uma obrigação – remunerar seus funcionários – que é sua. Menos mal que tal barbaridade não se estendeu a outros setores comerciais, pois ficaria estranho o cidadão pagar essa mesma taxa ao feirante, ao açougueiro, ao farmacêutico, ao mecânico, ao barbeiro, ao alfaiate e ao taxista. Isso só para citar alguns profissionais.
A gorjeta só pode ser dada por liberalidade do consumidor. Jamais a gorjeta poderia ter se transformado em taxa de serviço e muito menos obrigatória. Jamais o estabelecimento comercial poderá exigi-la ou lançá-la na conta a ser apresentada ao cliente, sob o risco de estar submetendo-o a um constrangimento moral.
Muitas vezes, o cidadão para não passar vergonha, na presença de familiares ou convidados e os demais freqüentadores do lugar, acaba pagando, mesmo sabendo que a taxa de serviço é injusta e ilegal. O Código do Consumidor dispõe que o consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à devolução em dobro do que pagou, acrescido de correção monetária e juros legais. Diz ainda que é proibido utilizar, na cobrança de dívidas, de ameaça, coação, constrangimento físico ou moral, afirmações falsas incorretas ou enganosas ou de qualquer outro procedimento que exponha o consumidor, injustificadamente, a ridículo ou interfira com seu trabalho, descanso ou lazer.
A Constituição Federal dispõe em seu artigo 5º, inciso II, que "ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei".
Nenhuma lei autoriza, nem pode, um comerciante a cobrar uma taxa de serviço sobre um serviço por ele prestado, serviço este que tem um preço por ele fixado e onde com certeza estão embutidos todos os seus custos e lucros.
Para piorar, existem bares e restaurantes que além da taxa de serviço de 10% cobram o chamado “couvert artístico”.
É mais um abuso. Reverter essa ilegalidade depende dos consumidores reagirem, negarem o pagamento, acionarem civil e criminalmente os responsáveis por tais ilicitudes.
Pode o Poder Público municipal até cassar os alvarás de funcionamento de estabelecimentos que insistirem em tais práticas, estribado no artigo 50 do Código de Consumidor. O Consumidor que for constrangido na cobrança de referida taxa pode eventualmente mover uma ação de indenização por dano material e moral contra o estabelecimento infrator.”
Pois bem, domingo passado fui almoçar num dos grandes restaurantes no 5° piso do Shoppinh Midway Mall, no sistema self service. Após o pagamento da fatura e recebimento do cupom fiscal, que convenientemente não é apresentada ao cliente antes do pagamento, e sim anunciada verbalmente pelos caixas, verifiquei que estava escrito abaixo da relação dos itens consumidos, a palavra “SERVIÇO”, e logo à frente o valor correspondente a 10% do total do que foi consumido. Como já tinha me ausentado do restaurante, retornei e questionei ao caixa o valor cobrado, já que não houve a participação do garçom quando me servi de alguns itens dispostos em um balcão, daí o nome self service. O funcionário informou que o “sistema” adotado pelo restaurante estava programado para cobrar a tal taxa, independente do tipo de serviço que eu utilizasse.
Porém, certamente orientado pelo patrão, naquela de “se colar colou”, imediatamente apressou-se em devolver o valor cobrado indevidamente. Uma senhora que estava em minha companhia, ciente de minha atitude, dirigiu-se ao caixa e procedendo da mesma maneira teve seu dinheiro, cobrado e pago indevidamente, imediatamente devolvido.
Esse tipo de esperteza deve lesar pelo menos 99% dos incautos freqüentadores desses restaurantes, principalmente pela falta de conhecimento de seus direitos como consumidor, ou ainda pior, por se omitirem a questionar esses direitos.
Entretanto, dentro desse contexto, existem aqueles que optam por “fazer a coisa certa”. Tomemos como exemplo o restaurante “Tabua de Carne”, um dos mais bem freqüentados de nossa cidade. Lá quando o cliente recebe a fatura, o garçom informa que os 10% (dez por cento) não estão inclusos na nota. Fica a critério do cliente o pagamento da gorjeta ou não. Para tanto, o profissional esmera-se em prestar o melhor serviço a seu alcance. Na maioria das vezes, a gorjeta é dada ao profissional, mas sem que o cliente se sinta coagido.
Aí vem a pergunta que não quer calar: onde estão os órgãos de defesa do consumidor? E o Ministério Público? Será que os adeptos e praticantes da “Lei de Gerson” que se multiplica em todos os setores de nossa sociedade, sempre vão sair vitoriosos? Vamos ficar olhando, passivos e apáticos a vitórias dos falazes? Cada vez que eles vencerem ficam mais fortes e mais ousados e a honestidade mais vassala. Esses espertalhões engravatados e bem falantes geralmente são os mesmos que quando estão em rodas de amigos falam dos políticos corruptos, dos golpistas, dos altos impostos cobrados pelos governos etc, etc. E nós, povo marcado, acostumado com toda sorte de exploração, vamos nos acostumando a não reagir, mesmo quando temos nossa inteligência afrontada. É preocupante a apatia que tomou conta da população, frente a todo tipo de explorações que sofremos no nosso dia a dia.
Matéria publicada no "JORNAL DE HOJE", edição de sexta-feira 22.07.2011
povo marcado, ê, povo feliz!
Ao que parece sim, vivemos atualmente numa cidade onde as coisas erradas continuam acontecendo sem que a população se mostre pelo menos indignada. A famosa “Lei de Gerson” nunca esteve tão presente em nossos dias. Para citar alguns desses “golpes”, tomemos por base determinados restaurantes, principalmente os que adotam o sistema self service, quando o restaurante oferece, além do serviço a “la carte”, (expressão francesa utilizada quando você fazer o pedido usando o cardápio do restaurante). Na modalidade self service, alguns proprietários desses estabelecimento cobram uma taxa de 10% (dez por cento) sobre a totalidade da conta, como taxa de “serviço”, o que juridicamente é ilegal, pois nessa modalidade nenhum serviço é prestado, já que é o próprio cliente quem se serve.
Vejam o que o diz o Dr. Abdala Abi Farah, Juiz de Direito aposentado.
“Tornou-se prática comum de muitos hotéis, bares e restaurantes cobrarem a famigerada taxa de serviço de 10% sobre o valor da conta.
Todavia, à luz do Código do Consumidor e da Constituição, referida cobrança é abusiva e ilícita. Fere a lógica e o bom senso. Tal fato beira o ilícito penal, ou seja, numa análise rigorosa está se cometendo um crime contra o patrimônio.
Os estabelecimentos referidos jamais poderiam penalizar os seus clientes com uma taxa absurda transferindo a eles uma obrigação – remunerar seus funcionários – que é sua. Menos mal que tal barbaridade não se estendeu a outros setores comerciais, pois ficaria estranho o cidadão pagar essa mesma taxa ao feirante, ao açougueiro, ao farmacêutico, ao mecânico, ao barbeiro, ao alfaiate e ao taxista. Isso só para citar alguns profissionais.
A gorjeta só pode ser dada por liberalidade do consumidor. Jamais a gorjeta poderia ter se transformado em taxa de serviço e muito menos obrigatória. Jamais o estabelecimento comercial poderá exigi-la ou lançá-la na conta a ser apresentada ao cliente, sob o risco de estar submetendo-o a um constrangimento moral.
Muitas vezes, o cidadão para não passar vergonha, na presença de familiares ou convidados e os demais freqüentadores do lugar, acaba pagando, mesmo sabendo que a taxa de serviço é injusta e ilegal. O Código do Consumidor dispõe que o consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à devolução em dobro do que pagou, acrescido de correção monetária e juros legais. Diz ainda que é proibido utilizar, na cobrança de dívidas, de ameaça, coação, constrangimento físico ou moral, afirmações falsas incorretas ou enganosas ou de qualquer outro procedimento que exponha o consumidor, injustificadamente, a ridículo ou interfira com seu trabalho, descanso ou lazer.
A Constituição Federal dispõe em seu artigo 5º, inciso II, que "ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei".
Nenhuma lei autoriza, nem pode, um comerciante a cobrar uma taxa de serviço sobre um serviço por ele prestado, serviço este que tem um preço por ele fixado e onde com certeza estão embutidos todos os seus custos e lucros.
Para piorar, existem bares e restaurantes que além da taxa de serviço de 10% cobram o chamado “couvert artístico”.
É mais um abuso. Reverter essa ilegalidade depende dos consumidores reagirem, negarem o pagamento, acionarem civil e criminalmente os responsáveis por tais ilicitudes.
Pode o Poder Público municipal até cassar os alvarás de funcionamento de estabelecimentos que insistirem em tais práticas, estribado no artigo 50 do Código de Consumidor. O Consumidor que for constrangido na cobrança de referida taxa pode eventualmente mover uma ação de indenização por dano material e moral contra o estabelecimento infrator.”
Pois bem, domingo passado fui almoçar num dos grandes restaurantes no 5° piso do Shoppinh Midway Mall, no sistema self service. Após o pagamento da fatura e recebimento do cupom fiscal, que convenientemente não é apresentada ao cliente antes do pagamento, e sim anunciada verbalmente pelos caixas, verifiquei que estava escrito abaixo da relação dos itens consumidos, a palavra “SERVIÇO”, e logo à frente o valor correspondente a 10% do total do que foi consumido. Como já tinha me ausentado do restaurante, retornei e questionei ao caixa o valor cobrado, já que não houve a participação do garçom quando me servi de alguns itens dispostos em um balcão, daí o nome self service. O funcionário informou que o “sistema” adotado pelo restaurante estava programado para cobrar a tal taxa, independente do tipo de serviço que eu utilizasse.
Porém, certamente orientado pelo patrão, naquela de “se colar colou”, imediatamente apressou-se em devolver o valor cobrado indevidamente. Uma senhora que estava em minha companhia, ciente de minha atitude, dirigiu-se ao caixa e procedendo da mesma maneira teve seu dinheiro, cobrado e pago indevidamente, imediatamente devolvido.
Esse tipo de esperteza deve lesar pelo menos 99% dos incautos freqüentadores desses restaurantes, principalmente pela falta de conhecimento de seus direitos como consumidor, ou ainda pior, por se omitirem a questionar esses direitos.
Entretanto, dentro desse contexto, existem aqueles que optam por “fazer a coisa certa”. Tomemos como exemplo o restaurante “Tabua de Carne”, um dos mais bem freqüentados de nossa cidade. Lá quando o cliente recebe a fatura, o garçom informa que os 10% (dez por cento) não estão inclusos na nota. Fica a critério do cliente o pagamento da gorjeta ou não. Para tanto, o profissional esmera-se em prestar o melhor serviço a seu alcance. Na maioria das vezes, a gorjeta é dada ao profissional, mas sem que o cliente se sinta coagido.
Aí vem a pergunta que não quer calar: onde estão os órgãos de defesa do consumidor? E o Ministério Público? Será que os adeptos e praticantes da “Lei de Gerson” que se multiplica em todos os setores de nossa sociedade, sempre vão sair vitoriosos? Vamos ficar olhando, passivos e apáticos a vitórias dos falazes? Cada vez que eles vencerem ficam mais fortes e mais ousados e a honestidade mais vassala. Esses espertalhões engravatados e bem falantes geralmente são os mesmos que quando estão em rodas de amigos falam dos políticos corruptos, dos golpistas, dos altos impostos cobrados pelos governos etc, etc. E nós, povo marcado, acostumado com toda sorte de exploração, vamos nos acostumando a não reagir, mesmo quando temos nossa inteligência afrontada. É preocupante a apatia que tomou conta da população, frente a todo tipo de explorações que sofremos no nosso dia a dia.
Matéria publicada no "JORNAL DE HOJE", edição de sexta-feira 22.07.2011
domingo, 17 de julho de 2011
DO LIVRO "A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS"
OS PRIMEIROS VERANISTAS
PRAIA DE TIBAU DO SUL - RN
A aristocracia canavieira de Goianinha escolhia todos os anos, o mês de janeiro, para veranear na praia de Tibáu do Sul. Lá veraneavam os proprietários dos Engenhos: Bem Fica, Odilon Barbalho; do engenho Sumaré, Ezaúl Marinho; do engenho Bom Jardim Antônio Bento de Araújo Lima; o do engenho Ilha Grande Manoel Duarte da Silva; de engenho Cametá, Felipe Ferreira da Silva; do engenho Bosque Basílio Basiliano Barbalho; do engenho São Miguel, Benjamin Constant Simonetti e outros.
LAGOA DE GUARAÍRAS LIGADA AO OCEANO
Durante o inverno de 1924, ocorreu o rompimento da barra que separava a lagoa de Guaraíras das águas do oceano. Como a cidade se desenvolvera próxima ao mar, foi praticamente toda destruída, juntamente com as casas dos veranistas. A partir dessa data, as águas da lagoa de Guaraíras ficaram definitivamente emendadas com o mar.
PRAIA DA PIPA DE ANTIGAMENTE
Impossibilitados de continuarem a veranear em Tibáu, em virtude do acontecido, escolheram então a praia da Pipa que ficava no mesmo município e a poucos quilômetros em direção ao sul.
O primeiro veraneio ocorreu em 1926. As casas a serem ocupadas eram conseguidas com os pescadores que, na maioria das vezes, saíam de suas moradas para alugar ou mesmo emprestar aos que chegavam. Iam morar temporariamente com os parentes. Eram casas muito pobres, construídas com madeira conseguida na região e cobertas com palhas de coqueiros.
As paredes eram revestidas de taipa e, em alguns pontos, havia somente palhas de coqueiro. O banheiro junto com a latrina ficava separado da casa, lá no fundo do quintal. Escolhia-se uma área com cerca de dois metros quadrados onde se fincava quatro barrotes no chão e as paredes era feitas com palhas de coqueiro. A latrina, como eram chamados os sanitários de antigamente, nada mais era que um buraco escavado no chão onde se atravessava uma tábua para facilitar o uso. Conforme a utilização e à medida do necessário iam sendo aterradas, com a própria areia retirada inicialmente.
A viajem de Goianinha até a praia da Pipa era muito penosa e demorada. As pessoas viajavam em carros puxados por juntas de bois, em lombos de animais ou mesmo acomodados dentro de caçuás que eram transportados por burros. O caçuá é um cesto grande e comprido, feito de cipó, sem tampa e com alças para prender às cangalhas dos animais de carga. Neles eram transportados, além de gêneros alimentícios, roupas e utensílios domésticos que seriam utilizados durante o período do veraneio.
Minha mãe conta que, quando pequena, fez diversas viagens para a Pipa, dentro desses cestos. Ela era acomodada de um lado e, do outro, ia meu tio Antônio Barbalho, tio Tonho, que era mais ou menos de sua idade, havendo assim uma melhor distribuição de peso. Quando a finalidade era o transporte de pessoas, estes cestos eram forrados com roupas, lençóis e toalhas para melhor conforto dos ocupantes. Com a continuidade dos veraneios as picadas se transformaram em estradas rudimentares, mas que permitiam que os senhores de engenho, viajassem em seus “cabriolés”. Esse tipo de transporte era uma espécie de carruagem coberta, com quatro rodas de madeira, parecida com as diligências do velho oeste americano.
Havia espaço para quatro pessoas na parte coberta e na parte externa, onde viajava o cocheiro, cabia mais uma pessoa. Eram puxadas por dois cavalos. Nos cabriolés, viajavam geralmente o senhor de engenho com sua esposa e, às vezes, alguma criança de colo.
Em Goianinha os engenhos Bem Fica, Ilha Grande, Cametá, Bom Jardim e Mourisco, possuíam esse tipo de transporte. Outros tinham charretes, que eram veículos menores e mais leves, também de tração animal. Não tinham cobertura e o assento comportava no máximo três pessoas, incluindo aí o condutor.
Quando era criança, tive oportunidade de viajar no cabriolé do engenho Bem Fica. Foi uma viagem curta, mas inesquecível. Viajei do engenho até Goianinha. Ainda hoje posso sentir a emoção dessa viagem. O cabriolé puxado pela parelha de cavalos russos Mele e Medalha, seguia estrada afora, estimulados pelos gritos e estalidos de chicote do cocheiro João de Gerson. Quanta saudade!
Natal, março de 2009
PRAIA DE TIBAU DO SUL - RN
A aristocracia canavieira de Goianinha escolhia todos os anos, o mês de janeiro, para veranear na praia de Tibáu do Sul. Lá veraneavam os proprietários dos Engenhos: Bem Fica, Odilon Barbalho; do engenho Sumaré, Ezaúl Marinho; do engenho Bom Jardim Antônio Bento de Araújo Lima; o do engenho Ilha Grande Manoel Duarte da Silva; de engenho Cametá, Felipe Ferreira da Silva; do engenho Bosque Basílio Basiliano Barbalho; do engenho São Miguel, Benjamin Constant Simonetti e outros.
LAGOA DE GUARAÍRAS LIGADA AO OCEANO
Durante o inverno de 1924, ocorreu o rompimento da barra que separava a lagoa de Guaraíras das águas do oceano. Como a cidade se desenvolvera próxima ao mar, foi praticamente toda destruída, juntamente com as casas dos veranistas. A partir dessa data, as águas da lagoa de Guaraíras ficaram definitivamente emendadas com o mar.
PRAIA DA PIPA DE ANTIGAMENTE
Impossibilitados de continuarem a veranear em Tibáu, em virtude do acontecido, escolheram então a praia da Pipa que ficava no mesmo município e a poucos quilômetros em direção ao sul.
O primeiro veraneio ocorreu em 1926. As casas a serem ocupadas eram conseguidas com os pescadores que, na maioria das vezes, saíam de suas moradas para alugar ou mesmo emprestar aos que chegavam. Iam morar temporariamente com os parentes. Eram casas muito pobres, construídas com madeira conseguida na região e cobertas com palhas de coqueiros.
As paredes eram revestidas de taipa e, em alguns pontos, havia somente palhas de coqueiro. O banheiro junto com a latrina ficava separado da casa, lá no fundo do quintal. Escolhia-se uma área com cerca de dois metros quadrados onde se fincava quatro barrotes no chão e as paredes era feitas com palhas de coqueiro. A latrina, como eram chamados os sanitários de antigamente, nada mais era que um buraco escavado no chão onde se atravessava uma tábua para facilitar o uso. Conforme a utilização e à medida do necessário iam sendo aterradas, com a própria areia retirada inicialmente.
A viajem de Goianinha até a praia da Pipa era muito penosa e demorada. As pessoas viajavam em carros puxados por juntas de bois, em lombos de animais ou mesmo acomodados dentro de caçuás que eram transportados por burros. O caçuá é um cesto grande e comprido, feito de cipó, sem tampa e com alças para prender às cangalhas dos animais de carga. Neles eram transportados, além de gêneros alimentícios, roupas e utensílios domésticos que seriam utilizados durante o período do veraneio.
Minha mãe conta que, quando pequena, fez diversas viagens para a Pipa, dentro desses cestos. Ela era acomodada de um lado e, do outro, ia meu tio Antônio Barbalho, tio Tonho, que era mais ou menos de sua idade, havendo assim uma melhor distribuição de peso. Quando a finalidade era o transporte de pessoas, estes cestos eram forrados com roupas, lençóis e toalhas para melhor conforto dos ocupantes. Com a continuidade dos veraneios as picadas se transformaram em estradas rudimentares, mas que permitiam que os senhores de engenho, viajassem em seus “cabriolés”. Esse tipo de transporte era uma espécie de carruagem coberta, com quatro rodas de madeira, parecida com as diligências do velho oeste americano.
Havia espaço para quatro pessoas na parte coberta e na parte externa, onde viajava o cocheiro, cabia mais uma pessoa. Eram puxadas por dois cavalos. Nos cabriolés, viajavam geralmente o senhor de engenho com sua esposa e, às vezes, alguma criança de colo.
Em Goianinha os engenhos Bem Fica, Ilha Grande, Cametá, Bom Jardim e Mourisco, possuíam esse tipo de transporte. Outros tinham charretes, que eram veículos menores e mais leves, também de tração animal. Não tinham cobertura e o assento comportava no máximo três pessoas, incluindo aí o condutor.
Quando era criança, tive oportunidade de viajar no cabriolé do engenho Bem Fica. Foi uma viagem curta, mas inesquecível. Viajei do engenho até Goianinha. Ainda hoje posso sentir a emoção dessa viagem. O cabriolé puxado pela parelha de cavalos russos Mele e Medalha, seguia estrada afora, estimulados pelos gritos e estalidos de chicote do cocheiro João de Gerson. Quanta saudade!
Natal, março de 2009
quinta-feira, 14 de julho de 2011
ACLA - ACADEMIA CEARAMIRIENSE DE LETRAS E ARTES
CONVITE PARA A SOLENIDADE DE POSSE DOS SÓCIOS FUNDADORES DA ACADEMIA CEARAMIRINENSE DE LETRAS E ARTES - ACLA. - EM 10-08-2011.
PATRONOS/ACADÊMICOS
Cadeira n.1 – Nilo Pereira;
Cadeira n.2 – Edgar Barbosa; Cléa Bezerra
Cadeira n. 3 – Juvenal Antunes; Paulo de Tarso
Cadeira n. 4 – Maria Madalena Antunes Pereira; Lúcia Helena
Cadeira n. 5 – Adelle de Oliveira; Ciro Tavares
Cadeira n. 6 – Augusto Meira; Emmanuel Cavalcanti
Cadeira n. 7 – Rodolfo Garcia; VAGO
Cadeira n. 8 – Júlio Magalhães de Sena; Gibson Machado
Cadeira n. 9 – Inácio Meira Pires; Anchieta Cavalcanti
Cadeira n. 10 –Jayme Adour da Câmara; VAGO
Cadeira n. 11 – Padre Jorge O´Grady de Paiva; VAGO
Cadeira n. 12 – Elviro Carrilho da Fonseca; VAGO
Cadeira n. 13 – Herculano Bandeira de Melo; VAGO
Cadeira n. 14 – José Emidio Rodrigues Galhardo; Janilson Dias de Oliveira
Cadeira n. 15 – José Alcino Carneiro dos Anjos; VAGO
Cadeira n. 16 – Francisco Pereira Sobral; VAGO
Cadeira n. 17 – Etelvina Antunes Lemos; VAGO
Cadeira n. 18 – Antonio Glicério; VAGO
Cadeira n. 19 – Dolores Cavalcanti; VAGO
Cadeira n. 20 – Francisco de Salles Meira e Sá; Pedro Simões
Cadeira n. 21 – Anete Varela; VAGO
Cadeira n. 22 – Rafael Fernandes Sobral; Franklin Marinho de Queiroz
Cadeira n. 23 – José Pacheco Dantas; Leonor Soares
Cadeira n. 24 – Manuel Fabrício de Souza (Amarildo). VAGO
Cadeira n. 25 – Bartolomeu Correia de Melo; Ormuz Barbalho Simonetti
PATRONOS/ACADÊMICOS
Cadeira n.1 – Nilo Pereira;
Cadeira n.2 – Edgar Barbosa; Cléa Bezerra
Cadeira n. 3 – Juvenal Antunes; Paulo de Tarso
Cadeira n. 4 – Maria Madalena Antunes Pereira; Lúcia Helena
Cadeira n. 5 – Adelle de Oliveira; Ciro Tavares
Cadeira n. 6 – Augusto Meira; Emmanuel Cavalcanti
Cadeira n. 7 – Rodolfo Garcia; VAGO
Cadeira n. 8 – Júlio Magalhães de Sena; Gibson Machado
Cadeira n. 9 – Inácio Meira Pires; Anchieta Cavalcanti
Cadeira n. 10 –Jayme Adour da Câmara; VAGO
Cadeira n. 11 – Padre Jorge O´Grady de Paiva; VAGO
Cadeira n. 12 – Elviro Carrilho da Fonseca; VAGO
Cadeira n. 13 – Herculano Bandeira de Melo; VAGO
Cadeira n. 14 – José Emidio Rodrigues Galhardo; Janilson Dias de Oliveira
Cadeira n. 15 – José Alcino Carneiro dos Anjos; VAGO
Cadeira n. 16 – Francisco Pereira Sobral; VAGO
Cadeira n. 17 – Etelvina Antunes Lemos; VAGO
Cadeira n. 18 – Antonio Glicério; VAGO
Cadeira n. 19 – Dolores Cavalcanti; VAGO
Cadeira n. 20 – Francisco de Salles Meira e Sá; Pedro Simões
Cadeira n. 21 – Anete Varela; VAGO
Cadeira n. 22 – Rafael Fernandes Sobral; Franklin Marinho de Queiroz
Cadeira n. 23 – José Pacheco Dantas; Leonor Soares
Cadeira n. 24 – Manuel Fabrício de Souza (Amarildo). VAGO
Cadeira n. 25 – Bartolomeu Correia de Melo; Ormuz Barbalho Simonetti
segunda-feira, 11 de julho de 2011
INSTITUTO NORTE-RIOGRANDENSE DE GENEALOGIA
VISITE O BLOG DO I.N.R.G.
http://www.genealogiadorn.blogspot.com/
O INSTITUTO NORTE-RIOGRANDENSE DE GENEALOGIA-INRG, fundado na Assembléia Geral do dia 17 de setembro de 2009 tem registro no Segundo Ofício de Notas da Comarca de Natal sob o n° de ordem 7515, Livro A-n° 106, fls. 06/19, em data de 08 de julho de 2010. CNPJ n° 12.382.295/0001-97, é reconhecido como de utilidade pública pelo Estado do Rio Grande do Norte (LEI NR. 9.411 DE 25 DE NOVEMBRO de 2010) e Município de Natal. DIRETORIA ATUAL Presidente: ORMUZ BARBALHO SIMONETTI; Vice-Presidente: JOÃO FELIPE DA TRINDADE; Secretário: ARYSSON SOARES DA SILVA; Tesoureiro: ANTONIO LUÍS DE MEDEIROS. CONSELHO FISCAL Titulares: JOSÉ HÉLIO DE MEDEIROS; CLOTILDE SANTA CRUZ TAVARES; e JOAQUIM JOSÉ DE MEDEIROS NETO; Suplente: ÁLVARO ANÍDIO BATISTA. A sua sede provisória é na Academia Norte-Rio-Grandense de Letras-ANRL, rua Mipibú, 443 - Petrópolis, nesta Capital.
sexta-feira, 8 de julho de 2011
DE VOLTA AO PASSADO VI –
O CAJUEIRO DE PIRANGI
Folheando uns exemplares da revista O CRUZEIRO, versão ‘on-line’ encontrei uma relíquia, traduzida em reportagem, que tratava justamente de um dos nossos mais belo monumentos naturais. Refiro-me ao cajueiro de Pirangi. Este símbolo de rara beleza cênica de interesse científico, paisagístico e cultural, é sem dúvidas, um dos mais bem preservados e visitados monumentos de nosso Estado.
FOTO DA ÉPOCA
Informações dão conta que nosso cajueiro foi plantado em 1888, por um pescador de nome Luiz Inácio de Oliveira, morador da região, que segundo a literatura oral morreu numa manhã ensolarada, aos 94 anos de idade, à sombra de sua frondosa e acolhedora copa.
Transcrevo abaixo, ipsis litteris, a matéria publicada na revista O CRUZEIRO com o título “Um cajueiro criou uma floresta”
O texto é de ÍTALO VIOLA e as fotos são de RUBENS AMÉRICO
FOTO DA ÉPOCA
Como a história da vassoura no aprendiz de feiticeiro, um cajueiro desdobra-se formando uma verdadeira floresta - Dois mil metros quadrados de área, quarenta e cinco mil frutos em cada safra - Uma grande atração turística para o Nordeste...
O Cajueiro de Pirangi já se consagrou como ponto obrigatório de visita dos que chegam à cidade de Natal. Pirangi é o nome de uma praia, na divisa dos municípios de Natal e Nísia Floresta, na qual o cidadão Sylvio Pedrosa possui um sítio, onde se encontra o cajueiro a que nos referimos e que os moradores do local denominam de “O Polvo”.
Êste cajueiro, segundo os mais velhos habitantes da região, tem aproximadamente uns quarenta anos de existência. Do seu tronco original (um tanto difícil de distinguir para quem o vê pela primeira vez) saíram dezenas de galhos que, por sua vez, transformaram-se em outros verdadeiros troncos, lançando centenas de galhos em tôdas as direções, numa progressão geométrica, numa sinfonia inacabada. Se emendássemos todos êstes galhos e troncos, cobriríamos, com a maior facilidade, a distância de um quilômetro. A área dêste cajueiro, verificada pelo seu proprietário, é de 2.000 m2. Quando chega a época de cajus, “O Polvo” mostra a sua pujança e prodigalidade, oferecendo uma média de 500 cajus diários em uma safra de três meses, portanto 45.000frutos.
Assis Chateaubriand, os Governadores Lucas Garcez, Juscelino Kubitschek, Amaral Peixoto, o escritor e sociólogo Gilberto Freyre, o ex-Embaixador da Espanha e inúmeras outras personalidades celebrizaram o cajueiro de Pirangi com suas visitas.
Num país que soubesse aproveitar as suas atrações naturais para fins turísticos, êste cajueiro estaria mundialmente conhecido, convergindo para êle uma legião de curiosos, tal a sua excentricidade, tal a sua beleza, tal o seu caráter de exemplar único em todo o mundo.”
Essa matéria foi publicada no dia 8 de janeiro de 1955, desde então, o cajueiro continua seu crescimento desordenado.
Sua copa hoje ocupa uma área de aproximadamente 8.500 m2, com um perímetro com cerca de 500 metros e produz em torno de 80.000 frutos/ano. Há alguns anos seu crescimento precisou ser controlado com podas sistemáticas, pois sua copa não pode mais se expandir devido ao fato de estar cercada por ruas, pistas de rolamento e residências particulares.
O tronco principal divide-se em cinco galhos. Quatro desses galhos sofreram anomalias e são responsáveis pelo crescimento desenfreado da árvore. O quinto galho teve seu crescimento normal e ao tocar o solo, parou de crescer. Como nosso povo não perde oportunidade de gozar com a própria desgraça, foi apelidado de “salário mínimo”, em alusão a condição de penúria salarial que sempre viveu o trabalhador brasileiro.
Em 1994, entrou para o Guiness Book, o livro dos recordes, como o maior cajueiro do mundo. É visitado durante todo o ano, por milhares de pessoas, principalmente nos meses de outubro a março.
Para melhor apreciar sua copa, foi construído no local um mirante com 10 metros de altura, de onde principalmente na época da florada, se tem uma visão arrebatadora de toda aquela área, inclusive ao fundo compondo o cenário paradisíaco, o mar azul turquesa da praia de Pirangi.
segunda-feira, 4 de julho de 2011
A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS - ILUSTRAÇÃO
Mais uma tela do artista plástico Levi Bulhões, que faz parte da ilustração do livro "A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS", que será lançado em outubro/2011. O artista utiliza a técnica mista da pintura acrílica com o bico de pena. A ilustração refere-se à crônica "OS CURRAIS DE PEIXE", que dentre outras coisas relata a vida dos pescadores, os primeiros currais de peixe e seus proprietários.
sexta-feira, 1 de julho de 2011
DE VOLTA AO PASSADO V
– “OS RAPAZES ALEGRES”
Além dos desprotegidos, desamparados, e vendedores ambulantes, também fazem parte das minhas reminiscências os conhecidos “rapazes alegres” daquele tempo. Eram figuras diferentes que habitavam e conviviam em nossa aldeia, como qualquer outro cidadão, pois eram respeitados como tal. Identificados apenas por seus apelidos extravagantes, pois seus nomes verdadeiros permaneceram, no anonimato. Ainda me lembro de alguns: Rosa Negra, secretário doméstico, passava religiosamente todas as manhãs pela Avenida Deodoro, próximo à hora do almoço, e caminhava em direção a Rua Apodi, lá pros lados do Colégio Marista, para apanhar marmita dos patrões, na casa de uma senhora que residia na descida do Baldo.
Havia, também, um austero professor de piano e profundo conhecedor de música. Esse tinha um apelido pra lá de excêntrico. Tudo nele reluzia como ouro, dizia. Chamava a atenção quando passava, em razão dos modos fidalgos: era alto, longilíneo, um tanto calvo e óculos de grau que descansava na ponta do nariz. Andava com elegância e passos cadenciados. Cumprimentava as pessoas educadamente com um gesto de cabeça. Tinha como hábito sempre carregar consigo um guarda-chuva. No outro braço, um maço de surradas partituras musicais. Excelente profissional. Chamava a atenção sua habilidade no manuseio das teclas do instrumento. Era um espetáculo à parte quando tocava o famoso choro de Zequinha de Abreu, “Tico Tico no Fubá”. Seu remexido no banquinho do piano arrancava risos dos que o assistiam. A sua performance era algo de espetacular.
Também fazia parte desse grupo, um servidor da Base Aérea, que era conhecido por “Ai da Base!”, termo também foi usado em Fortaleza-CE nos anos 60, em virtude de um relacionamento homossexual entre dois militares. Depois disso, bastava alguém desconfiar dos trejeitos de outro para disparar: Ai da Base! ... Outro personagem também famoso era um taifeiro da aeronáutica, que ao contrário do esperado, tinha na vaquejada, o mais viril e vibrante esporte do homem do campo, seu divertimento preferido. Habilidoso na derrubada do boi arrancava aplausos quando de suas participações nas vaquejadas no interior do nosso Estado. Também era um jogador de futebol vibrante, proporcionando aos apostadores o jogo sobre com quanto tempo seria expulso, por violência em campo. Se houvesse confusão, também era destemido no uso da força física.
Porém, ninguém fazia tanto sucesso como nosso velho e conhecido “Velocidade”. Era sem dúvidas o mais antológico e engraçado de todos. Ainda hoje é lembrado como uma das figuras mais emblemáticas e alegres que circulavam nas ruas de nossa cidade, nos anos 60. Quando cruzávamos com esses personagens nas ruas de antigamente, era motivo de diversão, pois eles faziam questão de participar das brincadeiras. Não havia a famigerada homofobia e essas pessoas conviviam socialmente sem sofrer nenhuma agressão moral ou física.
Nunca soube seu verdadeiro nome. Baixinho, cabelos curtos e grisalhos, só andava numa desabalada carreira que a todos impressionava, daí seu apelido. Quando era chamado, “dava um freio de cantar pneus”, virava-se para o interlocutor e depois de um sorriso maroto seguido de uma insinuante rabissaca, prosseguia seu caminho na mesma rapidez e felicidade, pois fazia questão em ser notado.
ANTIGO BAIRRO DA LAPA - RIO DE JANEIRO
Narro esses fatos para registrar que pessoas “diferentes” não passaram apenas pela vida, mas ficaram na história, alguns com um destaque desmedido a nível nacional, como o do pernambucano João Francisco dos Santos, nascido em Glória do Goitá em 25 de fevereiro de 1900, que ficou conhecido pela alcunha de “Madame Satã”. Viveu e criou fama no bairro da Lapa no Rio de Janeiro, na primeira metade do século XX. Seu apelido teve origem numa fantasia de Madame Satã, que desfilou no bloco de rua “Caçadores de Veados”, no carnaval de 1942. A fantasia foi inspirada no filme do mesmo nome do famoso cineasta americano Cecil B. DeMille.
MADAME SATÃ NAS RUAS DA LAPA
Foi criado em uma família extremamente pobre e bastante numerosa. Na infância chegou
a ser trocado por uma égua. Ainda jovem mudou-se para Recife e depois para o Rio onde trabalhou como carregador de marmitas. Mulato de porte atlético e muito corajoso era destemido lutador além de exímio mestre de capoeira, arte que aprendeu com os malandros do bairro, após sua chegada ao Rio de Janeiro. Acostumou-se a conviver com a escória que freqüentava a Lapa boêmia dos anos 30 , logo conseguiu trabalho fazendo segurança de casas noturnas onde protegia as prostitutas contra estupros e agressões. Eram comuns seus embates com a polícia, onde geralmente terminava preso, porém sem antes tirar de combate, alguns de seus adversários. Muitos desses arranca-rabos eram motivados principalmente quando se dispunha a defender os desvalidos: negros, mendigos, prostitutas e homossexuais, alvo constante de agressões de embarcadiços, estivadores, malandros e cafetões, que freqüentavam as ruas e cabarés da valha Lapa.
GRUPO DE CAPOEIRA NO SÉCULO PASSADO
Por conta de suas constantes brigas passou vários anos de sua vida, encarcerado. Faleceu em abril de 1976 após sua última estadia no presídio. Tinha 76 anos de idade e viveu muitas histórias do submundo da Lapa, considerado referência na cultura marginal urbana do século XX.
Em 2002, o ator Lázaro Ramos o interpretou no filme “Madame Satã”, que contava a história de sua vida. O filme obteve grande sucesso tendo ganho vários prêmios nacionais e internacionais.
PONTE DUARTE COELHO - RECIFE
Outro pernambucano que fez história foi “Lolita”, freqüentador das rodas de estudantes defronte ao cinema São Luiz e na Ponte Duarte Coelho, no Recife.
Hoje, a grande maioria dessas pessoas, vive com medo, pois a todo instante são vítimas de atitudes homofóbicas de alguns indivíduos, que não conseguem conviver com as diferenças. O ódio, explícito e às vezes velado a alguns denominados homossexuais, chega a atitudes extremas, não obstante serem esses agressores, pessoas instruídas e de elevada classe social.
O povo alemão carregará para sempre a vergonha pela intolerância introduzida na sua sociedade, no início do século XX, que resultou no extermínio de milhões dos chamados “diferentes”: judeus, homossexuais, negros, deficientes físicos e mentais, enfim, todos que não compusessem o padrão da raça ariana, idealização de um louco, fase em que a tirania se somou ao mau uso da ciência e o sadismo humano em busca de uma sociedade, que imaginara ser perfeita.
Além dos desprotegidos, desamparados, e vendedores ambulantes, também fazem parte das minhas reminiscências os conhecidos “rapazes alegres” daquele tempo. Eram figuras diferentes que habitavam e conviviam em nossa aldeia, como qualquer outro cidadão, pois eram respeitados como tal. Identificados apenas por seus apelidos extravagantes, pois seus nomes verdadeiros permaneceram, no anonimato. Ainda me lembro de alguns: Rosa Negra, secretário doméstico, passava religiosamente todas as manhãs pela Avenida Deodoro, próximo à hora do almoço, e caminhava em direção a Rua Apodi, lá pros lados do Colégio Marista, para apanhar marmita dos patrões, na casa de uma senhora que residia na descida do Baldo.
Havia, também, um austero professor de piano e profundo conhecedor de música. Esse tinha um apelido pra lá de excêntrico. Tudo nele reluzia como ouro, dizia. Chamava a atenção quando passava, em razão dos modos fidalgos: era alto, longilíneo, um tanto calvo e óculos de grau que descansava na ponta do nariz. Andava com elegância e passos cadenciados. Cumprimentava as pessoas educadamente com um gesto de cabeça. Tinha como hábito sempre carregar consigo um guarda-chuva. No outro braço, um maço de surradas partituras musicais. Excelente profissional. Chamava a atenção sua habilidade no manuseio das teclas do instrumento. Era um espetáculo à parte quando tocava o famoso choro de Zequinha de Abreu, “Tico Tico no Fubá”. Seu remexido no banquinho do piano arrancava risos dos que o assistiam. A sua performance era algo de espetacular.
Também fazia parte desse grupo, um servidor da Base Aérea, que era conhecido por “Ai da Base!”, termo também foi usado em Fortaleza-CE nos anos 60, em virtude de um relacionamento homossexual entre dois militares. Depois disso, bastava alguém desconfiar dos trejeitos de outro para disparar: Ai da Base! ... Outro personagem também famoso era um taifeiro da aeronáutica, que ao contrário do esperado, tinha na vaquejada, o mais viril e vibrante esporte do homem do campo, seu divertimento preferido. Habilidoso na derrubada do boi arrancava aplausos quando de suas participações nas vaquejadas no interior do nosso Estado. Também era um jogador de futebol vibrante, proporcionando aos apostadores o jogo sobre com quanto tempo seria expulso, por violência em campo. Se houvesse confusão, também era destemido no uso da força física.
Porém, ninguém fazia tanto sucesso como nosso velho e conhecido “Velocidade”. Era sem dúvidas o mais antológico e engraçado de todos. Ainda hoje é lembrado como uma das figuras mais emblemáticas e alegres que circulavam nas ruas de nossa cidade, nos anos 60. Quando cruzávamos com esses personagens nas ruas de antigamente, era motivo de diversão, pois eles faziam questão de participar das brincadeiras. Não havia a famigerada homofobia e essas pessoas conviviam socialmente sem sofrer nenhuma agressão moral ou física.
Nunca soube seu verdadeiro nome. Baixinho, cabelos curtos e grisalhos, só andava numa desabalada carreira que a todos impressionava, daí seu apelido. Quando era chamado, “dava um freio de cantar pneus”, virava-se para o interlocutor e depois de um sorriso maroto seguido de uma insinuante rabissaca, prosseguia seu caminho na mesma rapidez e felicidade, pois fazia questão em ser notado.
ANTIGO BAIRRO DA LAPA - RIO DE JANEIRO
Narro esses fatos para registrar que pessoas “diferentes” não passaram apenas pela vida, mas ficaram na história, alguns com um destaque desmedido a nível nacional, como o do pernambucano João Francisco dos Santos, nascido em Glória do Goitá em 25 de fevereiro de 1900, que ficou conhecido pela alcunha de “Madame Satã”. Viveu e criou fama no bairro da Lapa no Rio de Janeiro, na primeira metade do século XX. Seu apelido teve origem numa fantasia de Madame Satã, que desfilou no bloco de rua “Caçadores de Veados”, no carnaval de 1942. A fantasia foi inspirada no filme do mesmo nome do famoso cineasta americano Cecil B. DeMille.
MADAME SATÃ NAS RUAS DA LAPA
Foi criado em uma família extremamente pobre e bastante numerosa. Na infância chegou
a ser trocado por uma égua. Ainda jovem mudou-se para Recife e depois para o Rio onde trabalhou como carregador de marmitas. Mulato de porte atlético e muito corajoso era destemido lutador além de exímio mestre de capoeira, arte que aprendeu com os malandros do bairro, após sua chegada ao Rio de Janeiro. Acostumou-se a conviver com a escória que freqüentava a Lapa boêmia dos anos 30 , logo conseguiu trabalho fazendo segurança de casas noturnas onde protegia as prostitutas contra estupros e agressões. Eram comuns seus embates com a polícia, onde geralmente terminava preso, porém sem antes tirar de combate, alguns de seus adversários. Muitos desses arranca-rabos eram motivados principalmente quando se dispunha a defender os desvalidos: negros, mendigos, prostitutas e homossexuais, alvo constante de agressões de embarcadiços, estivadores, malandros e cafetões, que freqüentavam as ruas e cabarés da valha Lapa.
GRUPO DE CAPOEIRA NO SÉCULO PASSADO
Por conta de suas constantes brigas passou vários anos de sua vida, encarcerado. Faleceu em abril de 1976 após sua última estadia no presídio. Tinha 76 anos de idade e viveu muitas histórias do submundo da Lapa, considerado referência na cultura marginal urbana do século XX.
Em 2002, o ator Lázaro Ramos o interpretou no filme “Madame Satã”, que contava a história de sua vida. O filme obteve grande sucesso tendo ganho vários prêmios nacionais e internacionais.
PONTE DUARTE COELHO - RECIFE
Outro pernambucano que fez história foi “Lolita”, freqüentador das rodas de estudantes defronte ao cinema São Luiz e na Ponte Duarte Coelho, no Recife.
Hoje, a grande maioria dessas pessoas, vive com medo, pois a todo instante são vítimas de atitudes homofóbicas de alguns indivíduos, que não conseguem conviver com as diferenças. O ódio, explícito e às vezes velado a alguns denominados homossexuais, chega a atitudes extremas, não obstante serem esses agressores, pessoas instruídas e de elevada classe social.
O povo alemão carregará para sempre a vergonha pela intolerância introduzida na sua sociedade, no início do século XX, que resultou no extermínio de milhões dos chamados “diferentes”: judeus, homossexuais, negros, deficientes físicos e mentais, enfim, todos que não compusessem o padrão da raça ariana, idealização de um louco, fase em que a tirania se somou ao mau uso da ciência e o sadismo humano em busca de uma sociedade, que imaginara ser perfeita.