domingo, 6 de julho de 2008

PREÁCIO

É hora de darmos férias à imaginação para abrigarmos a memória. Ter ciência de que o passado sabe esperar até o momento de ser restituído, por sua importância social, por um escritor, pesquisador dos ramos familiares antigos e ilustres.
Ormuz cumpre o destino de ser ilha. Não insulado no estreito marítimo do Irã, nas águas azuis do Golfo Pérsico. Ilha nos estudos da genealogia potiguar, na busca incansada e eficiente da genealogia aristocrática de Goianinha em nosso Rio Grande. O que ele registra é a alma do tempo, a qual está configurada neste livro, que apresenta um levantamento sistemático de árvores das famílias, estudo de parentesco, fornece densos subsídios para a antropologia, sociologia, economia de uma região, para uma história das origens.
O trabalho maior é a reconstrução da memória, livrá-la de hiatos e lacunas, identificar descendentes e ascendentes, riqueza dos velhos troncos, sua evolução e disseminação, com expressivo relacionamento interfamiliar.
Sei que o leitor vai buscar a sua identidade nas fontes e sentir-se recompensado na busca. Tanto quanto eu que encontrei meu neto Lucas, filho de José Augusto Vale, neto de Cleide e Joir Vale dos Santos.
Livros de linhagem também nos conferem o sentimento de que seremos antepassados. Mais que isto: é o entendimento de que o passado continua.
Este é um trabalho que exige paciência, vontade indormida de pesquisar, energia e emoção. Anotar e tornar definitivo, na história, as sombras que tiveram nomes, a exata localização na arquitetura familiar.
O que o leitor consulente vai encontrar é um legado de cultura, nomes e sobrenomes que advêm do Renascimento, das raízes humanas notadamente portuguesas.
O nosso mestre maior, Luís da Câmara Cascudo, com seu olho de cientista social, já notara a importância da cidade de Goianinha, de seus valores aristocráticos e endogâmicos. A sua curiosidade científica estava a indicar nascimento de estudiosos sobre o tema que ora é posto em relevo.
Foi muito trabalho de Ormuz Barbalho Simonetti para registrar a grande genealogia dos seus próximos munícipes. O desejo de fazer foi o seu rei:

Mandas-me, ó Rei, que conte declarando
De minha gente a grão genealogia;
Não me mandas contar estranha história,
Mas mandas-me louvar dos meus a glória.

O que Camões pôs na boca de Vasco da Gama na imortalidade de Os Lusíadas aqui está feito. Para a glória do autor e dos por ele lembrados.
Diógenes da Cunha Lima, Presidente da Academia Norte Riograndense de Letras.

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