quarta-feira, 13 de abril de 2016
CHÁ DAS 5 DO CONCELHO DE CULTURA DO RN - NA ACADEMIA DE LETRAS DO RN
Iaperi Araújo - Presidente (de costas), Isaura Rosado, Eulália Barros, Ormuz Simonetti, Sonia Faustino, Jurandy Navarro e Paulo de Tasso Correia.
quarta-feira, 30 de março de 2016
DISCURSO DE POSSE NO IHGRN – 2016/2019-
“A memória guardará o que vale
a pena. A memória sabe de mim mais do que eu; e ela não perde o que merece ser
salvo (...)”
(Eduardo Galeano, escritor uruguaio, falecido em 14 ABRIL DE 2015)
Na importância deste dia, afloram,
inevitavelmente, emoções represadas em minha vida. Comparo ao dia no qual
assumi, os quadros funcionais do Banco do Brasil, em São Paulo, Capital, no
distante ano de 1972, o meu primeiro emprego.
Naquele inesquecível
instante, tive a exata dimensão das grandes responsabilidades que teria pela
frente. Primeiro, de estar iniciando minha vida profissional, em uma cidade
grande, enfrentando sozinho, todos os problemas que certamente viriam com aquelas
mudanças. E, para minha surpresa, elas chegaram bem mais cedo do que eu
esperava.
Poucos dias
após ter assumido, fui surpreendido com a notícia do repentino falecimento de
meu pai. Naquele momento de incertezas e grande fragilidade, perdia
abruptamente meu referencial de vida, meu esteio, meu chão.
Para meu pai, aquele momento seria a sua grande felicidade, como
anteriormente havia proclamado: “com você não me
preocupo mais. Sua vida está resolvida”.
Pois bem, é com
esse espírito de grandes desafios que assumo hoje, juntamente com uma equipe de
abnegados e valorosos colaboradores, 44 anos após aquele fatídico episódio, a
grande responsabilidade de conduzir, por um período de três anos, o destino da
mais antiga Instituição cultural do nosso Estado, e por que não dizer, uma das
mais antigas e respeitadas do nosso país denominada de CASA DA MEMÓRIA, na feliz inspiração do mestre/confrade Luís da
Câmara Cascudo.
Apesar de ser sócio efetivo
desta Casa há vários anos, passei a frequentá-la com mais assiduidade, após o
falecimento do seu antigo presidente Enéliode Lima Petrovich, que a presidiu
pelo longevo período de 48 anos ininterruptos, e a assunção do vice presidente
Jurandyr Navarro, que chegou à presidência da Instituição por força do
Estatuto, na condição de vice-presidente. Porem deixou bem claro, desde o
início, que iria concluir apenas aquele mandato.
Para isso, teve que renunciar à presidência da Academia de
Letras Jurídicas do Rio Grande do Norte - ALEJURN,
órgão que idealizou e ajudou a fundar com um grupo de colegas, no dia 8 de
dezembro de 2008.
Pela mesma
contingência, o confrade e amigo Odúlio Botelho assumia a presidência da ALEJURN, e passamos a frequentar esta
Casa, quase que diariamente, com o objetivo de, discretamente, ajudar o
presidente Jurandyr, naqueles momentos de importantes dificuldades que passava
a Instituição.
Nesse curto e
profícuo período de gestão, o presidente Jurandyr Navarro, por quem tenho
especial admiração, promoveu importantes reformas, entre elas, a que modificou
o estatuto vigente, que datava de 1927, adaptando-o ao atual Código Civil. Para
isso, nomeou uma comissão compostas de três sócios efetivos, presidida pelo
jurista e confrade Dr. Carlos Roberto de Miranda Gomes, tendo como seus
auxiliares nessa honrosa missão os confrades, Ormuz Barbalho Simonetti e João
Felipe Trindade. Consagrado no dia 2 de maio de 2012, após dois meses de
estudos e discussões, através de uma Assembleia Geral, foi aprovado por unânimidade,
com as alterações propostas e já adaptado ao novo Código Civil. Em 10 de setembro do mesmo ano, recebeu registro no
2º Ofício de Notas desta Capital.
Em uma das
muitas conversas que tivemos com o presidente Jurandyr, ele confidenciou-me suas
preocupações quanto à sucessão. Como não tinha pretensões de concorrer nas
eleições que já se aproximavam, mostrou-se bastante preocupado quanto ao
destino desta Augusta Casa, pois apesar de ter convidado vários confrades para
esse mister, não tivera êxito em convencer nenhum deles na difícil missão de
substituí-lo na condução da CASA DA
MEMÓRIA.
Tal preocupação
nos levou a reunir alguns sócios do Instituto
Norte-rio-grandense de Genealogia, instituição que idealizamos e ajudamos a
sua fundação no ano da graça de 2009 e naquela ocasião era seu presidente, para
discutir esse importante assunto que também nos preocupava enquanto cidadãos e
principalmente sócios efetivos.
Após algumas
reuniões no escritório do Dr. Carlos Gomes, chamamos a responsabilidade para
nós e decidimos que formaríamos uma chapa para concorrer na próxima eleição,
para que aquela respeitada Instituição Cultural não caísse em mãos de quem não
tivesse realmente compromisso de superar a situação difícil em que se
encontrava.
Com a
concordância dos confrades convidados, e a promessa de todos que trabalharíamos
incessantemente para a sua recuperação, definimos os nomes que posteriormente
comporiam a diretoria eleita para o triênio que hoje se encerra, após ter
cumprido com êxito sua missão.
Para compor essa
diretoria, procuramos alguns abnegados dentro da Instituição que presidia, pois
já fazíamos um trabalho voluntário e desafiador. Sabemos das enormes
dificuldades em gerir uma instituição cultural nesse país, imaginem senhores,
criá-la, mantê-la viva e funcionando. Além do mais, poucos são aqueles que se
submetem a doar seu precioso tempo para a realização de algum trabalho, sem que
sejam devidamente remunerados.
Conseguimos
enfim formar o corpo da chapa, porém precisávamos de um presidente que tivesse
bom trânsito nos diversos setores de nossa sociedade. Essas características nos
ajudariam a abrir portas, pois
tínhamos o exato conhecimento dos graves problemas que iríamos enfrentar, caso
fossemos eleitos.
Como se tratava
de Instituição CULTURAL, - é público e
notório que cultura em nosso país é uma atividade extremamente mendicante -
pouca valorizada e sempre relegada a segundo plano, principalmente por aqueles
que dela têm o dever de cuidar, assim sendo, precisávamos de alguém com essas
características.
Foi quando o
confrade Carlos Gomes, já definido na chapa como Secretário Geral, lembrou-se
do nome do presidente do Tribunal de Contas do Estado, o conselheiro Valério
Mesquita, que naquela ocasião estava se aposentando compulsoriamente daquela Casa,
seria a pessoa que já comprovara competência em cargos equivalentes,
anteriormente ocupados, bem como partícipe importante do movimento cultural do
Estado.
Não exitei,
pois como já o conhecia de atividades literárias, fui procurá-lo pessoalmente.
Depois de vários convites e igual número de recusas, por fim, rendeu-se aos
apelos daquele grupo de idealistas, que estavam dispostos a abrir mão de várias
obrigações diárias e doar grande parte de seu tempo e até mesmo de seus
recursos financeiros, em favor daquela que orgulhosamente dizemos ser a mais
antiga instituição cultural do Estado do Rio Grande do Norte.
Portanto, meus amigos
e confrades, ao assumir a presidência deste templo, tenho a plena consciência
dos desafios que teremos a enfrentar, principalmente por se tratar de um ano
nebuloso e cheio de incertezas, como este que se inicia.
O Brasil, como
já disse anteriormente, é um país que deixa em segundo plano tudo que se refere
à cultura e não demonstra respeito ao que foi construído no passado, olhando
atravessado para sua própria história.
Um país que não
preza o seu passado, nunca haverá de se orgulhar de seu presente e certamente
não terá um grande futuro. E somente nós, enquanto cidadãos, podemos modificar
esse quadro triste a que está submetido o nosso povo e o nosso país.
No início desta
gestão, pleiteamos, a duras penas, agindo de forma republicana junto aos
senadores potiguares, emendas parlamentares no valor de R$ 500.000,00, (quinhentos mil reais), com nossos deputados R$ 430.000,00 (quatrocentos e trinta
mil reais) e através de emenda da vereadora Júlia Arruda mais R$ 400.000,00 (quatrocentos mil reais),
perfazendo um total de R$ 1.330.000,00.
Com esses recursos pretendíamos realizar a maior e mais ousada reforma que
clamava nossa instituição. Tínhamos pressa, pois uma boa parte do nosso acervo já
mostrava claros sinais de impossibilidade em sua recuperação. Somente com a
aquisição de modernos scaners para realizar a tão sonhada digitalização do
acervo, prevíamos um gasto em torno de R$
350.000,00 (trezentos e cinquenta mil reais).
Do total de R$ 1.330.000,00, R$ 430.000,00 estavam
sob a responsabilidade do governo estadual. Os outros recursos, ou seja, R$ 900.000,00, perderam-se nos
escaninhos da burocracia. Apenas R$ 230.000,00
chegaram efetivamente às nossas contas de convênio e de maneira fatiada, o que
dificultou ainda mais a economia em sua aplicação, na realização dos serviços.
Tanto é que os últimos R$ 30.000,00,
emenda do Deputado Vivaldo Costa, conseguimos seu repasse já no atual governo a
quem muito agradecemos. Como também agradecemos ao secretário de Educação Sr. Francisco das Chagas Fernandes, que
garantiu a manutenção do convênio firmado com a ex-secretária Betânia Ramalho, no valor de R$ 218.000,00 destinados à aquisição de
modernas estantes deslizantes para a guarda e segurança do nosso acervo, e que já
se encontram em nossa Casa, aguardando apenas a recuperação do salão, onde as referidas
estantes deverão ser instaladas.
E foram com
esses parcos recursos, ou seja, R$
230.000,00 que administrados com mão de ferro, conseguimos recuperar
importantes áreas do prédio principal, que vinham se deteriorando há vários
anos, inclusive ameaçando a segurança de sócios, funcionários e usuários.
Iniciamos os
serviços por aquela que seria a obra mais urgente: a substituição do piso do
Salão Nobre que a cada ano afundava mais e mais, sem que providência alguma
fosse adotada.
O piso, que era
composto por ladrilhos hidráulicos, tipo palatnik,
como era conhecido, nome dado em homenagem ao seu fabricante, Bras Palatnik, judeu russo que chegou
a Natal por volta de 1915, e iniciando a fabricação dos tais ladrilhos somente no
ano de 1922, portanto 16 anos após a
construção do prédio do IHGRN que é de 1906. Essas informações foram colhidas
do livro NATAL, UMA COMUNIDADE SINGULAR, no capítulo “A era dos Palatnik”, dos
autores Egon e Frieda Wolf. (a
disposição no acervo do IHGRN)
Por Conseguinte, como sempre defendi,
o piso que foi substituído NÃO ERA ORIGINAL. Quando surgiram as primeiras
publicações na imprensa, proveniente de denúncia anônima, gerou muitos comentários
irresponsáveis e ilações levianas com relação a minha pessoa, tanto na imprensa
escrita como nas redes sociais, por ser eu o administrador da obra. E, como
desdobramento, sofremos a interdição dos serviços pelo IPHAN, por um período
superior a 6 meses o que significou sensível majoração no custo final da referida
obra.
Nos dois últimos serviços realizados
no salão nobre, para esconder seu
precário estado de conservação, os ladrilhos foram cobertos com carpete,
material sintético e impróprio para aquele local.
Impróprio
também o piso que foi colocado na sala da presidência, no hall de entrada e na
ante-sala do lavabo, nessas duas últimas os ladrilhos Palatnik foram cobertos
com paviflex, outro revestimento
sintético e também impróprio para aqueles locais.
Na reforma que
fizemos nos pisos, foram utilizadas madeira de lei, que obedecendo ao desenho
da arquiteta e paisagista Aleniska Lucena, aprovada pelo IPHAN, alternou-se a
cor escuro sóbrio do ipê com o amarelo cetim, numa paginação de excelente bom gosto,
propiciando um novo visual, tanto no salão nobre com no hall de entrada, este
último tendo recebido na composição do desenho e na execução, algumas peças do
ladrilho ali existentes que conseguimos, com muita dificuldade, sua parcial
recuperação, preservando-se, assim, para sempre aqueles ladrilhos. Com a
finalidade de guardar a memória do mesmo piso existente no Salão Nobre, fizemos
no Largo Vicente de Lemos a mesma amostragem com algumas peças também
recuperadas, num painel medindo 2,00m
por 1,5m.
Já no Salão Nobre, colocamos cortinas
novas, recuperamos a iluminação e os móveis ali existentes, birô, púlpito e
mais seis cadeiras que compunham o belo e centenário conjunto de móveis e
ganhamos um lustre clássico, por liberalidade do Dr. Paulo Sérgio Luz. As
cadeiras em particular, foram recuperadas por profissional de comprovada
competência que utilizou, por nossa exigência, nesse verdadeiro trabalho de
artesão, o mesmo material que foi utilizado originalmente em sua confecção, ou
seja: o couro de boi. Algumas delas, de tão estragadas, já se encontravam no
prédio anexo, em local destinado ao descarte.
Adquirimos para
o Salão Nobre, 80 poltronas acolchoadas e escamoteadas, que facilitam a escrita
quando necessário. Ao decidirmos pela aquisição dessas poltronas, já prevíamos
que no futuro, seriam utilizadas nesse espaço, para a nobre missão de
alfabetizar jovens e idosos, pois enquanto instituição cultural, não podemos
nem devemos ignorar aqueles infelizes, que por motivos diversos a vida lhe
negar essa oportunidade. Tal pleito levamos ao Secretário Francisco Fernandes que foi simpático a ideia e já
recebemos uma representante da Secretaria de Educação e Cultura para iniciarmos
os primeiros estudos.
Fomos presenteados pelo SEBRAE, através de
seu presidente José Carlos Melo, com dois sistemas de ar condicionado tipo
split, que naquela ocasião estavam sendo substituídos, em virtude de reforma no
prédio. Esses splits, embora usados, estavam em perfeito funcionamento e
chegaram em boa hora, pois o ar condicionado presente no Salão Nobre, há muitos anos não funcionava.
Recuperamos
portas, portais, janelas, paredes internas e externas, grades externas, sistema
elétrico, este de tão danificado ameaçava a qualquer momento um curto circuito
com danos imprevisíveis. Recuperamos o sistema hidráulico, hidro-sanitárioe,
por fim, o telhado que envolveu todo o sistema de calhas e escoamento correto
das águas pluviais. Em dias de chuva muito forte, por várias vezes tivemos que
mudar rapidamente parte do acervo, uma vez que as inúmeras goteiras ameaçavam
estragar, para sempre, peças de valor inestimável.
Adquirimos e
instalamos nos dois prédios moderno sistema de segurança, pois tanto o anexo,
como o prédio principal, vinham sendo sistematicamente alvo dos marginas que
habitam a Praça André de Albuquerque.
Foram
instalados diversos alarmes sensoriais e câmeras para monitoramento, presencial
e a distância, que nos propiciou maior segurança na guarda dos nossos prédios e
consequentemente do acervo.
Realizamos
também pintura geral no prédio principal e pintura externa no anexo, este
também um prédio histórico, que foi gentilmente doado, observe os senhores o que eu acabo de afirmar: prédio doado, pela
nossa sócia benemérita num ato de extremo desprendimento e benevolência, senhora
Angélica Timbó, aqui presente, para quem peço comovido e agradecido, uma salva
de palmas. Quiçá, esse exemplo seja seguido por outras Angélicas!!
O prédio doado,
também tombado pelo patrimônio histórico e cultural a nível federal, outrora
abrigou a família do inesquecível professor Celstino Pimentel, a quem faço uma homenagem nesse instante,
responsável pela formação de várias gerações de homens e mulheres de nossa
sociedade.
Recuperamos os
jardins do Largo Vicente de Lemos, inclusive instalando um sistema automático
de irrigação que tem propiciado aos que por ali trafegam, além de uma agradável
visão do colorido das diversas flores em seu desabrochar diário, o convívio com
as famílias dos beija-flores, bem-te-vis, sanhaços e outros habitantes alados
que ali encontraram um refúgio seguro em meio ao vai e vem de homens e carros
que passam pela desprezada e não conservada Praça André de Albuquerque,
sem se darem conta
da importância daquele logradouro histórico, pois foi nesse local que a 25 de dezembro
de 1599, nascia a nossa querida cidade de Natal.
Conseguimos junto à Secretaria de
Mobilidade Urbana - SEMOV - através da Dra. Elequicina Santos - a demarcação de
espaço em frente ao prédio principal, destinado a embarque e desembarque de
visitantes, principalmente alunos dos diversos colégios que constantemente nos
visitam, evitando, assim, acidentes indesejáveis.
A retenção determinada pelo governo
anterior do restante dos recursos pactuados, ou seja, R$ 230.000,00 (duzentos e trinta mil reais), nos deixou numa
situação aflitiva e impediu da realização de dois importantes projetos: primeiro,
de iniciar a digitalização do nosso acervo, única maneira de preservar para o
futuro o que nós temos de mais precioso e a construção de um lavabo destinado à
pessoas do sexo feminino, em observância à legislação vigente, que determina a dotação
de sanitários para ambos os sexos, em todos os prédios públicos.
O nosso importante acervo, razão maior
da existência dessa centenária Instituição, está com uma parte desse material
irremediavelmente perdido, justamente pela ausência de manutenção de qualquer
natureza e principalmente por anos a fio de acondicionamento inadequados.
Em
matéria que publiquei na imprensa em dezembro de 2014, onde fazia uma prestação
de contas à sociedade da nossa administração, naquela ocasião eu já perguntava:
“até quando os poderes constituídos e
a sociedade em geral vão permitir que a Casa
da Memória continue com seu acervo nessa vergonhosa situação de penúria?”- e nesse momento em que assumimos a
presidência dessa instituição, continuo a perguntar: onde estão os hoje bem
sucedidos profissionais liberais, mestres, doutores, que outrora se valeram do
seu rico acervo, para estudar, quando não tinham como adquirir os livros, que
aqui os encontravam gratuitamente?
Esqueceram de
lembrar desse velho casarão que há anos pede socorro para proteger o mesmo
acervo que um dia manteve seus sonhos e pretende continuar ajudando a manter os
sonhos de tantos outros como vocês?
Todos nós
continuamos a desfraldar a mesma bandeira erguida pelo Presidente Valério
Mesquita e dispostos a dar continuidade do sonho que sonhamos juntos. O
presidente Valério passa a ser, a partir de hoje, a exemplo do presidente
Jurandyr, presidente honorário vitalício, com plena condição de continuar
ajudando nessa administração que ora se inicia. Esse certamente é um
acontecimento inusitado, pois nunca antes na história dessa instituição,
tivemos ex-presidentes vivos. Espero sinceramente que eu também um dia possa
fazer parte desse honroso quadro, de ex-presidentes vivos.
O principal
legado que deixa esta administração, sob o comando do Presidente Valério,
nesses últimos três anos, é a estrada bem pavimentada que construiu para nós outros,
ora diretores eleitos, pudéssemos trilhar um caminho em busca de melhores dias
para essa Instituição.
Temos recursos
assegurados pela Assembleia Legislativa do Estado, por iniciativa do Secretário-Geral
Dr. Carlos Augusto Garcia de Viveiros,
para iniciarmos a tão sonhada digitalização do nosso acervo. E ainda a
possibilidade de aprovação de verba anual para ajudar na manutenção e
conservação dos prédios do IHGRN.
Todas essas medidas sob a
recomendação e a aprovação do seu presidente Deputado Ezequiel Ferreira de Souza, também um grande parceiro
nessa luta pela recuperação da Casa da Memória, como já o fizera o Deputado Ricardo Motta, presidente
anterior. Nessa legislatura, foram destinados recursos no valor de R$
200.000,00 através de emenda coletiva dos deputados Ricardo Mota, José Dias, Tomba Farias, George Soares e Dison Lisboa e
mais R$ 40.000,00 (quarenta mil reais) de emenda individual do deputado Hermano Morais a quem agradecemos a
todos os gesto de apreço com a cultura em nosso estado.
O sucesso da administração que hoje
se encerra, e que tenho orgulho de ter participado como seu vice presidente,
foi a divisão das responsabilidades administrativas por cada diretor. No meu
caso, fiquei responsável pelo planejamento, execução e administração das obras
realizadas.
Porém o que
realmente fez a diferença foi a assiduidade da equipe nas reuniões diárias.
Isso nos permitiu a proatividade na identificação dos problemas e,
consequentemente a busca imediata por soluções.
Termino minha
fala com uma importante citação do consagrado Cervantes e renovada pelo saudoso Dom Helder Câmara “sonho
que se sonha só é só um sonho. Mas sonho que se sonha junto, torna-se
realidade.”
Portanto
senhoras e senhores, nosso sonho que é compartilhado por toda esta diretoria e
por aqueles que acreditam em nossa administração: transformar o IHGRN num dos
mais modernos e bem equipados Institutos Históricos do Brasil.
Muito Obrigado/
CONCLUIDO
O MEU DISCURSO DE POSSE, CONVIDO A DIRETORIA ELEITA PARA APRESENTAR O
COMPROMISSO LEGAR.
quinta-feira, 24 de março de 2016
domingo, 6 de março de 2016
CRIADA PÁGINA DO IHGRN -
A página tem por finalidade divulgar ações ao IHGRN e receber sugestões da população para a melhoria da instituição. Sejam todos bem-vindos.
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016
terça-feira, 23 de fevereiro de 2016
HISTORICO DA LINHA:
Capitado do BLOG DA ACLA
A
linha da E. F. Sampaio Correia foi aberta em 1906 até a estação de
Itapassaroca. Posteriormente foi estendida até Taipu (1907), Baixa Verde
(1910), Pedra Preta (1913), Itaretama (1918) e finalmente Oscar Nelson e São
Rafael (1949). 43 anos para se construir uma linha de apenas 235 km que não
ligava a nada. Nos anos 1980, os trens acabaram e nos 1990, os cargueiros.
Ficaram somente os trens de subúrbio operados primeiro pela RFFSA e depois pela
CBTU e que chegam somente a Ceará-Mirim, a 39 km de Natal. O resto da linha
está abandonada A ESTAÇÃO:
A estação de Ceará-Mirim foi inaugurada em 1906. Hoje é a estação terminal da linha Norte dos trens metropolitanos da CBTU em Natal
A estação de Ceará-Mirim foi inaugurada em 1906. Hoje é a estação terminal da linha Norte dos trens metropolitanos da CBTU em Natal
O
TREM DE CEARÁ-MIRIM
Nilo Pereira
Nilo Pereira
Matéria
publicada no “Jornal de Domingo”, edição de 18 de novembro de 1984
O
trem e o automóvel são duas fixações de infância. Ambos representam duas etapas
do progresso que chegava. Menino de engenho, vi o carro-de-boi aposentar-se, ou
arrastar-se, langoroso, por velhas estradas. Nada mais triste do que aqueles
bois imponentes, murchos, cabisbaixos, que só servem para puxar o carro. Lá vão
eles, solitários, como quem perdeu tudo.
A precedência histórica do trem sobre o automóvel é apenas um fato consumado; não altera no sentimento de menino a constância lírica com que os novos tempos chegam e passam ao coração humano como páginas de um romance proustiano.
A precedência histórica do trem sobre o automóvel é apenas um fato consumado; não altera no sentimento de menino a constância lírica com que os novos tempos chegam e passam ao coração humano como páginas de um romance proustiano.
O cavalo de sela nunca foi para mim uma atração. Sei bem que fazia parte da
paisagem dos engenhos. O senhor-de-engenho, diz Gilberto Freyre em NORDESTE, é
um centauro: metade homem, metade cavalo. Uma outra vez fui com meu pai da
“rua” (a cidade) para o Guaporé. O que verdadeiramente me encantava era a
viagem de trem e, depois, a de automóvel.
Quando ouço em velhos filmes o apito de uma locomotiva, sinto que desperta o menino que anda comigo. Que nunca me deixou. Bastava ouvir o silvo para correr à janela e esperar a máquina que resfolegava e lentamente se aproximava da estação.
O aspecto é de uma baronesa. Entra imperialmente na cidade. Ou vem dos lados dos tabuleiros como uma serpente em fogo, ou dos lados da casa do general João Varella. De qualquer maneira, uma soberana. Uma salamandra que não de queima nas casas.
A noite o seu farol dá a cidade adormecida fulgurações estranhas. Há figuras espectrais que se movem como que tangidas pela feeria daquele olho luminoso.
Quando ouço em velhos filmes o apito de uma locomotiva, sinto que desperta o menino que anda comigo. Que nunca me deixou. Bastava ouvir o silvo para correr à janela e esperar a máquina que resfolegava e lentamente se aproximava da estação.
O aspecto é de uma baronesa. Entra imperialmente na cidade. Ou vem dos lados dos tabuleiros como uma serpente em fogo, ou dos lados da casa do general João Varella. De qualquer maneira, uma soberana. Uma salamandra que não de queima nas casas.
A noite o seu farol dá a cidade adormecida fulgurações estranhas. Há figuras espectrais que se movem como que tangidas pela feeria daquele olho luminoso.
O trem chegava de Lages, ponto terminal. Tinha razão de vir cansado, exaurido.
Um jogo de lanternas dizia se ele podia aproximar-se ou não. Um outro sinal
mostrava que devia entrar num desvio. Tudo isso o menino da janela ia
percebendo. Mas não sabia que estava incorporando a cena à sua futura
lembrança. À curtição dos tempos.
O Ceará-Mirim é uma cidade urbana. Urbana e rural. Participa de duas naturezas. Do vale recebe a inspiração poética, a luz intermitente dos seus pirilampos, uma brisa suave, intemporal, que refresca as almas. A cidade basta-se a si mesma. Mas, sendo menos viçosa do que o vale dá a impressão de ser cidade morta. Pelo menos era assim na infância. Tal como a recordou Edgar Barbosa em páginas de Antologia, como se falasse de uma Itaoca ou de Oblívion, lembrando Monteiro Lobato.
Essa cidade morta de repente criou vida. Mas, permanece intocável na saudade dos verdes anos.
O Ceará-Mirim é uma cidade urbana. Urbana e rural. Participa de duas naturezas. Do vale recebe a inspiração poética, a luz intermitente dos seus pirilampos, uma brisa suave, intemporal, que refresca as almas. A cidade basta-se a si mesma. Mas, sendo menos viçosa do que o vale dá a impressão de ser cidade morta. Pelo menos era assim na infância. Tal como a recordou Edgar Barbosa em páginas de Antologia, como se falasse de uma Itaoca ou de Oblívion, lembrando Monteiro Lobato.
Essa cidade morta de repente criou vida. Mas, permanece intocável na saudade dos verdes anos.
Sua vida começa a agitar-se com a chegada dos primeiros automóveis, tinha de
ser fatalmente um Ford de bigodes, com faróis de acetileno. Pertencente a Pedro
Fernandes, comerciante.
O Ford obrigou o preto Antônio Rufino a parar a sua carroça, transportadora de açúcar. Lembro-me perfeitamente desse bom homem. Era simples e obediente como um animal doméstico. Cuido ouvi-lo tangendo os seus bois, que acudiam, solícitos, pelos nomes: Maravilha, Generoso, Boi de Cambão, Espeto.
Era o caminhão de Julio e Severino Ramalho que dava entrava triunfal, inaugurando a civilização industrial, a tecnologia, que ainda não tinha esse nome. Quando se escrever a história do Ceará-Mirim, esses dois irmãos serão lembrados pelo sei pioneirismo. Foram eles que inauguraram a luz elétrica, no Ceará-Mirim. O motor ficava à rua da Aurora. Era barulhento. Lá em baixo na rua Grande, não se podia dormir com o ronco sincopado da nova maravilha. A máquina vencia a tranquilidade, o imobilismo da cidade antiga.
Depois, veio o caminhão “Saurer”, alemão, de Joel Villar, para quem olhávamos com um grande respeito: tinha um braço cortado, que perdeu em Canudos. Era nosso herói. O nosso Bayard, sem medo e sem mácula. Quando, mais tarde, li OS SERTÕES de Euclydes da Cunha, em vão procurei o nome de Joel. Era um soldado como outro qualquer, mas a quem não faltou, decerto, o heroísmo de tantos outros. Faltava-lhe a legenda.
O Ford obrigou o preto Antônio Rufino a parar a sua carroça, transportadora de açúcar. Lembro-me perfeitamente desse bom homem. Era simples e obediente como um animal doméstico. Cuido ouvi-lo tangendo os seus bois, que acudiam, solícitos, pelos nomes: Maravilha, Generoso, Boi de Cambão, Espeto.
Era o caminhão de Julio e Severino Ramalho que dava entrava triunfal, inaugurando a civilização industrial, a tecnologia, que ainda não tinha esse nome. Quando se escrever a história do Ceará-Mirim, esses dois irmãos serão lembrados pelo sei pioneirismo. Foram eles que inauguraram a luz elétrica, no Ceará-Mirim. O motor ficava à rua da Aurora. Era barulhento. Lá em baixo na rua Grande, não se podia dormir com o ronco sincopado da nova maravilha. A máquina vencia a tranquilidade, o imobilismo da cidade antiga.
Depois, veio o caminhão “Saurer”, alemão, de Joel Villar, para quem olhávamos com um grande respeito: tinha um braço cortado, que perdeu em Canudos. Era nosso herói. O nosso Bayard, sem medo e sem mácula. Quando, mais tarde, li OS SERTÕES de Euclydes da Cunha, em vão procurei o nome de Joel. Era um soldado como outro qualquer, mas a quem não faltou, decerto, o heroísmo de tantos outros. Faltava-lhe a legenda.
Mas eu falava do trem do Ceará-Mirim. As locomotivas eram alemãs ou
norte-americanas. As primeiras tinham mais majestade. Eu as associaria, mais
tarde, ao poderio pan-germânico. Ao Kaiser, ao Kromprinz e mesmo Nietsche. (E o
grande mal do homem, a imaginação. Só não somos felizes porque somos dotados de
imaginação e com ela botamos tudo a perder).
Minha primeira viagem de trem foi com o meu cunhado Francisco Fernandes Sobral, promotor público do Ceará-Mirim. Ele, todo entregue a leitura do romance de Dannuzzio – IL FUOCO – uma coqueluche das épocas. Eu, embevecido pela paisagem. O verde do vale era uma fantasia para os olhos virgens de um adolescente. As árvores correndo, desabuladas. A parada de Extremoz. A lagoa. Um mundo que nascia. E o menino crescendo com essa visão mágica.
Minha primeira viagem de trem foi com o meu cunhado Francisco Fernandes Sobral, promotor público do Ceará-Mirim. Ele, todo entregue a leitura do romance de Dannuzzio – IL FUOCO – uma coqueluche das épocas. Eu, embevecido pela paisagem. O verde do vale era uma fantasia para os olhos virgens de um adolescente. As árvores correndo, desabuladas. A parada de Extremoz. A lagoa. Um mundo que nascia. E o menino crescendo com essa visão mágica.
O momento supremo era a passagem pela ponte de Igapó. Sem nenhum anúncio a
locomotiva entrava, airosa, destemida, naquele corredor metálico sobre o
Potengy. Os vagões se agitavam como impulsionados por um movimento Infreme. O
trem mostrava sua força, o seu vigor dominando aquele desafio.
Hoje, quando vejo a velha ponte partida ao meio, abandonada, simples ferro velho, curtindo o seu ostracismo, a sensação que tenho é que mutilaram a minha infância.
Se ela ficou imprestável, merecia outro tratamento. Morreu devagar, ela se dava pressa aos trens. Que sustentava os pesos daquelas composições fantásticas capazes de varar mundos. Na ponte, desarvorada, ficou o apito nostálgico da locomotiva como uma dobre de finados.
Não posso ser indiferente a esse espetáculo. Tudo se restaura, hoje em dia. Mas a ponte de Igapó definha. O tempo se encarrega de fazer dela um repasto de ingratidão.
Hoje, quando vejo a velha ponte partida ao meio, abandonada, simples ferro velho, curtindo o seu ostracismo, a sensação que tenho é que mutilaram a minha infância.
Se ela ficou imprestável, merecia outro tratamento. Morreu devagar, ela se dava pressa aos trens. Que sustentava os pesos daquelas composições fantásticas capazes de varar mundos. Na ponte, desarvorada, ficou o apito nostálgico da locomotiva como uma dobre de finados.
Não posso ser indiferente a esse espetáculo. Tudo se restaura, hoje em dia. Mas a ponte de Igapó definha. O tempo se encarrega de fazer dela um repasto de ingratidão.
Por solicitação de Edgar Barbosa (quantas vezes passamos pela mesma ponte e
tivemos os mesmos sustos!) escrevi uma pequena nota sobre a nossa Ponte S.
Luiz. Já não sei por onde anda essa antiga página. Sei que ela conserva uma
nostalgia incurável. Gerações e mais gerações passaram por ela. Duvido que ela,
já velhinha, tenha perdido a memória. Não, ela se lembra de tudo, a ponte da
infância, que ainda me liga à utopia, a nossa maior realidade.
Matéria
citada no sítio citado abaixo, de onde se copiou a ilustração de uma foto de
Júlio Sena.
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016
PATRONOS DA ACLA CADEIRA No 10 - JAYME ADOUR DA CÂMARA.
Jayme Adour da Câmara, que
era filho de Teófilo Leopoldo Raposo da Câmara e de Alice Adour, nasceu em
Ceará-Mirim, no engenho São Leopoldo, em 1898 e morreu no Rio de Janeiro, em
1964.
Formou-se
em Jornalismo e criou no Brasil, em 1924, a ABN Agência Brasileira de Notícias,
juntamente com os colegas Américo Facó e Raul Bopp.
Foi uma figura marcante do movimento modernista brasileiro, tendo inclusive dirigido a Revista da Antropofagia, que era o mais importante veículo de divulgação das ideias modernistas da época.
Foi uma figura marcante do movimento modernista brasileiro, tendo inclusive dirigido a Revista da Antropofagia, que era o mais importante veículo de divulgação das ideias modernistas da época.
No
seu tempo, Jayme Adour era um viajante compulsivo, por este motivo, ele
costumava dizer que viajara mais do que os irmãos Polo, porque havia percorrido
lugares nunca visitados por eles.
É o
autor do livro denominado OROPA, FRANÇA E BAHIA (onde narra suas inúmeras
viagens) e de SALVADOR PIZAO HOMEM E O LAVRADOR.
Há
registros que indicam ter sido Jayme Adour o primeiro brasileiro a ler "Em
Busca do Tempo Perdido", a obra prima de Marcel Proust e, pela sua
admiração ao famoso escritor francês, foi ele o fundador do Proust Clube do
Brasil.
Ele é nome de rua em São Paulo: “Rua Jaime Adour da Câmara, Parque Mandaqui, São Paulo”
Ele é nome de rua em São Paulo: “Rua Jaime Adour da Câmara, Parque Mandaqui, São Paulo”
sábado, 26 de dezembro de 2015
SOBRE O PRÉ LANÇAMENTO DO LIVRO "A PRAIA DA PIPA DO TEMPO DOS MEUS AVÓS", SEGUNDA EDIÇÃO ATUALIZADA COM 472 PÁGINAS E 763 IMAGENS.
PARA VER A MATÉRIA ACESSE O LINK:
http://g1.globo.com/rn/rio-grande-do-norte/bom-dia-rn/videos/t/edicoes/v/ormuz-simonetti-lanca-livro-no-rn-a-praia-da-pipa-do-tempo-dos-meus-avos/4689810/
NESTE MOMENTO EM QUE VIVEMOS O RENASCIMENTO DO CRISTO REDENTOR DO MUNDO, A DIRETORIA DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO NORTE, LIDERADA PELO PRESIDENTE VALÉRIO MESQUITA
VEM APRESENTAR A SUA MENSAGEM DE FELIZ NATAL, PAZ E UM ANO
NOVO PROMISSOR, NA CERTEZA DE CONTINUAÇÃO DA LUTA EM FAVOR DA CULTURA DO ESTADO
E DO BRASIL.
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sexta-feira, 4 de dezembro de 2015
O GENERAL JOÃO VARELA
Postagem feita em 01/06/2011, no Blog “CEARÁ-MIRIM CULTURA E ARTE”, mantido pelo Acadêmico Gibson Machado.
O General de Brigada João da Fonseca Varela, nasceu em Ceará-Mirim, em 2 de dezembro de 1850 e morreu em Natal, aos 81 anos completos, no mesmo mês do nascimento, dia 12, em 1931.
Herói da Guerra do Paraguai, último comandante da Fortaleza dos Reis Magos, Chefe de Polícia (equivalente a Secretário de Segurança) e abolicionista, foi promovido a general por ato do Presidente Epitácio Pessoa. Recebeu inúmeras distinções, entre elas a Medalha de Bravura Militar, as Medalhas das Imperiais Ordens de Cristo e da Rosa e a da Campanha do Paraguai.
Homem de muita bravura, civismo (alistou-se para a campanha do Paraguai quando tinha apenas 16 anos) e integridade moral, é motivo de orgulho para a sua cidade de nascimento e para o próprio Rio Grande do Norte e um estímulo para os seus descendentes e conterrâneos.
Nenhuma voz é mais credenciada do que a de Câmara Cascudo que a ele
dedicou uma de suas Acta Diurna, publicada em 2 de julho de 1943(*):
“O Presidente Epitácio Pessoa pelo Decreto 3.958, de 24 de dezembro de 1919, conferiu aos oficiais veteranos da Campanha do Paraguai as honras de General de Brigada.
Por isso João da Fonseca Varela era o General Varela.
Recordo-o com saudade. Ato, forte, claro, a longa barba branca descendo para um busto de atleta, parecia um daqueles boers do Transval, soldados natos e comandantes desde o batizado.
Cercava-o um halo de veneração irresistível. A onda nacionalista, deflagrada por Olavo Bilac, encontrava no velho Varela um centro de atração para o nosso entusiasmo.
“O Presidente Epitácio Pessoa pelo Decreto 3.958, de 24 de dezembro de 1919, conferiu aos oficiais veteranos da Campanha do Paraguai as honras de General de Brigada.
Por isso João da Fonseca Varela era o General Varela.
Recordo-o com saudade. Ato, forte, claro, a longa barba branca descendo para um busto de atleta, parecia um daqueles boers do Transval, soldados natos e comandantes desde o batizado.
Cercava-o um halo de veneração irresistível. A onda nacionalista, deflagrada por Olavo Bilac, encontrava no velho Varela um centro de atração para o nosso entusiasmo.
Em todas as festas militares ou civis onde houvesse multidão, estava
presente o veterano do Paraguai, possante, sereno, fardado, o peito coberto de
condecorações.
Quando as bandas executavam o hino nacional em continência à bandeira ele tirava o boné da cabeça e ficava hirto. Não fazia continência à bandeira da República porque não era a sua, a de Caxias, Osório, Porto Alegre e Pelotas, seus ídolos.
Disciplinado, saudava apenas a bandeira de sua Pátria.
Republicano na Monarquia, era monarquista na república. Monarquista platônico, respeitador das leis, lembrando sempre o imperador.
Quando as bandas executavam o hino nacional em continência à bandeira ele tirava o boné da cabeça e ficava hirto. Não fazia continência à bandeira da República porque não era a sua, a de Caxias, Osório, Porto Alegre e Pelotas, seus ídolos.
Disciplinado, saudava apenas a bandeira de sua Pátria.
Republicano na Monarquia, era monarquista na república. Monarquista platônico, respeitador das leis, lembrando sempre o imperador.
Nascera num aniversário de D. Pedro II, 2 de dezembro de 1850. Com
dezesseis anos, fugindo de casa, alistou-se voluntário para a guerra contra o
ditador Francisco Solano Lopez, o tiranillo do Paraguai, a 9 de março de 1865.
Seguiu no 28º Batalhão até S. Borja, onde este se dissolveu, comandado pelo norte-rio-grandense José da Costa Vilar. Incorporou-se ao 36º de Voluntários da Pátria. Alferes, passou para o 36º e depois para o 48º Batalhão e foi extinto depois de Avaí.
Varela ficou adido ao 2º batalhão de Infantaria e posteriormente ao 18º.
Bateu-se em Avaí, em Curuzu, em Curupaiti, na ponte de Itororó, em Humaitá, na batalha-modelo de Lomas Valentinas.
(...)
Feita a paz voltou a Natal e regressou ao Exército, sendo alferes efetivo.
(...)
Seguiu no 28º Batalhão até S. Borja, onde este se dissolveu, comandado pelo norte-rio-grandense José da Costa Vilar. Incorporou-se ao 36º de Voluntários da Pátria. Alferes, passou para o 36º e depois para o 48º Batalhão e foi extinto depois de Avaí.
Varela ficou adido ao 2º batalhão de Infantaria e posteriormente ao 18º.
Bateu-se em Avaí, em Curuzu, em Curupaiti, na ponte de Itororó, em Humaitá, na batalha-modelo de Lomas Valentinas.
(...)
Feita a paz voltou a Natal e regressou ao Exército, sendo alferes efetivo.
(...)
No Rio Grande do Norte teve várias comissões, todas militares. Comandou
a Fortaleza dos Reis Magos, em 1888. Ingressou no Corpo Policial da Província,
sendo capitão e o seu comandante. Enfrentou, em diligências ásperas, os cangaceiros
no interior norte-rio-grandense e paraibano.”
O notável Mestre de todos os norte-rio-grandenses ainda relata que o general vira Caxias, Osório, Porto Alegre, Pelotas e Fernando Machado, seus heróis, nos acampamentos e nos campos de batalha, cada qual com a sua característica, todos, entretanto, bravos guerreiros.
O notável Mestre de todos os norte-rio-grandenses ainda relata que o general vira Caxias, Osório, Porto Alegre, Pelotas e Fernando Machado, seus heróis, nos acampamentos e nos campos de batalha, cada qual com a sua característica, todos, entretanto, bravos guerreiros.
Diz ainda o grande historiador potiguar que, dias antes de morrer,
erguendo-se com muita dificuldade, o velho general fardou-se e foi à Praça
Pedro II (hoje João Tibúrcio), onde erguia-se o busto do imperador e, diante do
busto, perfilou-se, bateu uma continência e voltou para casa, para morrer.
(*) – Cascudo, Luís da Câmara – “O livro das velhas figuras” – IHGRGN. 1976 (págs. 84/86)
(*) – Cascudo, Luís da Câmara – “O livro das velhas figuras” – IHGRGN. 1976 (págs. 84/86)
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domingo, 29 de novembro de 2015
ESTÓRIAS, LENDAS E TRADIÇÕES DE CEARÁ-MIRIM
Antônio Sérgio Medeiros da Silveira.
Entre
todos os povos, as lendas formam a tradição viva do pensamento primitivo.
Constituem a base dos contos populares, são transmitidas oralmente e
conservadas pelo costume. Elas crescem com os conhecimentos diários e se
incorporam à vida cotidiana.
Em Ceará-Mirim, esse patrimônio de tradições é fruto de inúmeras estórias
cultuadas por gerações e gerações. Refletem o desenvolvimento sócio-econômico e
cultural de seu povo e se vinculam ao florescer da atividade agro açucareira no
vale. São relatos contados nas dependências dos velhos engenhos. Com o passar
do tempo, foram sendo adoçados e se transformando noutros, misturando-se a
elementos que expressam a formação étnica de seu povo.
Narram os antigos que em um dos engenhos se cometiam perversidades tais que
causavam repulsa até mesmo aos outros proprietários do vale. Eram episódios que
manchavam de vergonha, tamanha a sua crueldade, mesmo numa época em que era
comum a aplicação de castigos físicos aos escravos. Tais castigos, para alguns,
se assemelhavam ao próprio inferno vivenciado na terra.
Dizem que num túmulo do cemitério velho de Ceará-Mirim vive uma gigantesca
serpente, que seria a personificação da antiga senhora desse engenho. Trata-se
da lenda da mulher que virou serpente. Falecida repentinamente, como forma de
tocar o coração do seu esposo e a pedido dos deuses, seu corpo teria se
transformado numa grande serpente que devia ser contida. Seu túmulo foi
concretado e acorrentado devido às grandes rachaduras ali surgidas.
Para os dogmas cristãos, essa transformação traduz a incessante luta entre o
Bem e o Mal. Nos livros do Gênesis e de Isaías o Mal é textualmente chamado de
Serpentem Tortuosum. Ele age em forma de serpente, representando as forças
subterrâneas, misteriosas e identificadas como sendo o espírito das trevas. Por
outro lado, essa manifestação reproduz o pecado original com todas as suas
desastrosas conseqüências: o Tentador, a Tentação, a Queda e o Castigo, como se
refere a Bíblia: Callidis Simum Omnium Animatium.
O senhor desse engenho exigia de seus escravos cega obediência e eles faziam de
tudo para servi-lo. Segundo Madalena Antunes, no seu livro de memórias,
Oiteiro, “quem tinha negro ruim, vendia ao dono daquele engenho ou, quando
muito, uma simples ameaça era o suficiente para o infeliz, amedrontado, logo
melhorar a conduta”.
Conta-se, ainda, que até os animais reclamavam dos abusos ali praticados. Das estórias narradas, uma se faz presente no cotidiano popular: “o boi que teria falado”. Num certo dia, como noutro qualquer naquele engenho, cansado da lida, um boi teria exclamado: “Não é possível que nem na sexta-feira santa se descanse nessa propriedade”.
Conta-se, ainda, que até os animais reclamavam dos abusos ali praticados. Das estórias narradas, uma se faz presente no cotidiano popular: “o boi que teria falado”. Num certo dia, como noutro qualquer naquele engenho, cansado da lida, um boi teria exclamado: “Não é possível que nem na sexta-feira santa se descanse nessa propriedade”.
Também faz parte do imaginário popular de Ceará-Mirim a estória da baleia que
estaria dormindo num gigantesco berço posto em baixo do altar-mor da matriz.
Conta-se que, após uma salutar disputa entre Santa Águeda e Nossa Senhora da
Conceição, pela escolha da Padroeira da Cidade, Santa Águeda, derrotada, teria
invocado a Deus que aprisionasse aquele animal, libertando-o somente quando as águas
do Rio Ceará-Mirim banhassem a calçada da Matriz.
A lenda da Cabaça é outra narração que faz parte da imaginação popular, sendo
alimentada pela existência de um grande rio subterrâneo que corta a cidade de
ponta a ponta. Segundo os moradores do município, ao se mergulhar um porongo no
Rio do Mudo, na Jacoca, ele é levado pelas águas, surgindo no Olheiro Pedro II,
próximo à estação ferroviária da cidade. Conta-se que esse rio é a fonte
principal a alimentar os olhos d’água do município.
- Fonte: Ceará-Mirim Tradição, Engenho e Arte - UFRN/SEBRAE/Prefeitura de Ceará-Mirim - 2005.
quarta-feira, 11 de novembro de 2015
NSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO TEM NOVOS DIRIGENTES
Durante o período das 9h às 16h de ontem,
ininterruptamente, o INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO NORTE,
em sua velha sede da Rua da Conceição, 622, Cidade Alta recebeu
os seus associados para a escolha dos novos dirigentes para o triênio 2016-2019
em eleição direta e secreta, em mais um momento histórico para a Casa da
Memória, em ambiente de total cordialidade.
Com resultado da vitória da "Chapa
Consolidação" liderada pelo sócio ORMUZ BARBALHO SIMONETTI, que se
comprometeu a dar continuidade à excelente gestão do escritor VALÉRIO ALFREDO
MESQUITA, que declinou em se candidatar à reeleição, temos a certeza de que os
objetivos do atual Presidente serão alcançados.
O Presidente VALÉRIO depositando o seu voto
Flagrante da votação
Presença do Presidente Vitalício Jurandyr Navarro,
Presidente
da Comissão Eleitoral juntamente com Carlos Gomes e Jansen Leiros
O novo Presidente Ormuz, no momento da votação
DIRETORIA
1.Presidente: ORMUZ BARBALHO SIMONETTI
2.Vice-Presidente: ROBERTO LIMA DE SOUZA
3.Secretário-Geral: ODÚLIO BOTELHO MEDEIROS
4.Secretário-Adjunto: FRANCISCO JADIR FARIAS PEREIRA
5.Diretor Financeiro: AUGUSTO COÊLHO LEAL
6.Diretor Financeiro Adjunto: JOSÉ EDUARDO
VILAR CUNHA
7.Orador: ARMANDO ROBERTO
HOLANDA LEITE
8.Diretor da Biblioteca, Arquivo e Museu: CLAUDIONOR BARROSO
BARBALHO
CONSELHO FISCAL
1.EIDER FURTADO DE MENDONÇA E MENEZES, Membro
titular
2.TOMISLAV RODRIGUES FEMENICK, Membro titular
3.EDGAR RAMALHO DANTAS, Membro titular
4.EDUARDO ANTÔNIO GOSSON, Membro suplente.
Venha votar presencialmente ou envie
a sua manifestação por
correspondência em envelope lacrado para o endereço acima descrito e
valorize o seu Instituto.
A posse só ocorrerá no dia 29 de março de 2016, por
ocasião das comemorações dos 114 anos de fundação da CASA DA MEMÓRIA.
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