domingo, 15 de maio de 2011

OS PÁSSAROS VOLTARAM

Caro amigo e confrade Ormuz: nunca na minha vida tinha lido uma cronica como a da "volta dos pássaros"! Concebida e escrita com o espírito e o coração de menino. Meus parabéns estrelado pela bela crônica. Um grande abraço.

Joaquim Medeiros
Natal/RN

OS PÁSSAROS VOLTARAM

Ormuz:
Os pássaros, sempre voltam.
Você, por exemplo, é prova disso.Aí está, me enviando e-mail e me convidando a cantar Geraldo Azevedo e apreciar um pouco de sua infância, em Natal(cidade que adoro).
Estou disposta, a trocar "figurinhas" genealógicas.
Convido-o a visitar me blog de nome "monárquico" rsr: Da Cadeirnha de Arruar, d'onde escrevo memórias, à luz das recordações da família -

Lúcia Bezerra de Paiva
Fortaleza/CE

OS PÁSSAROS VOLTARAM

Parabéns amigo, pude curtir um pouco da natureza e o cantar dos pássaros através da sua crônica, além de ver Deus em tudo isso.

Carlos Cabral
Natal/RN

OS PÁSSAROS VOLTARAM

Amigo Ormuz, li o artigo e tive o prazer de retorna a rua Vigário Bartolomeu 625, onde morei na infância. La ia sempre ao velho mercado compra as rodas dos nossos caminhões e também as belas frutas que ali eram vendidas. É muito bom relembrar o passado, principalmente o nosso que tivemos um grande privilegio de ter uma cidade como Natal dos anos 60 e 70.
um grande abraço e obrigado pelo prazer de retornar a minha infância.

Fernando de Melo
Terezina/PI

OS PÁSSAROS VOLTARAM

Caro Ormuz:

Sou desse tempo. Nasci na Deodoro, numa casa que meu pai alugou ao Palatinik e onde vivi bons momentos. Deixei a Deodoro pela Rua Assu, quando construímos uma casa. Sempre estive ligado à área, aos pés de fíicus que o Agnelo, prefeito, resolveu destruir. Brinquei na Praça pio X e sou testemunha da construção do cinema Rio Grande. Fui assíduo Frequentador dos papos noturnos, na esquina com a Rua João Pessoa, onde, aos domingos a mulherada gostava de fazer footing para nossa admiração. Sou do tempo do bondes que passavam acionando suas campainhas para Petrópolis. Ali também, o médico, já falecido, Costa Neto e eu esperávamos o transporte para nos levar para o americano Batista, no Barro Vermelho, onde conheci Carlos Gomes e Terezinha. Ali também deslumbrei-me com a beleza e o porte helênico de Marilda Freire, filha do médico Antônio Freire. Ali conheci José Evaldo Caldas, meu maior amigo por mais de 60 anos. Os pássaros voltaram e nós não podemos fazer o mesmo. Forte abraço do



Ciro José.
Brasília/DF

sábado, 14 de maio de 2011

OS PÁSSAROS VOLTARAM

Ormuz

A sua crônica sobre os pássaros está linda, muito bem feita, informativa e romântica, sobretudo com um estilo simples. Lembrei de meu tempo de menino, quando pegava canário no quintal de casa, alguns de um amarelo que dava gosto de ver. Hoje em dia, em Aldeia, mais ou menos uns 20km daqui, ainda os vejo, mas são raros. Por lá tenho em quantidade saíras as mais diversas, sabiás e bem-te-vis, mas também guriatãs e tenho um vizinho e amigo, a quem hei de mandar sua crônica, que passa o dia observando os pássaros em sua casa; observando e fotografando. Vou procurar o site dele com fotos lindas e lhe mandar o link.

Interessante a sua observação de que os pássaros estão voltando. Acho que há certas coisas na vida que se sabe, mas não se sabe dizer - meu pai dizia isso - e me parece que essa é uma dessas.

Atencioso abraço

Geraldo Pereira
Recife/PE

sexta-feira, 13 de maio de 2011

OS PÁSSAROS VOLTARAM


OS PÁSSAROS VOLTARAM

“Canta, canta passarinho, canta, canta miudinho,
na palma da minha mão.
Quero ver você voando, quero ouvir você cantando,
quero paz no coração
Quero ver você voando, quero ouvir você cantando,
na palma da minha mão. . . “
Geraldo Azevedo


Na minha infância, na cidade de Natal, recordo que gostava de admirar, nas manhãs ensolaradas, uma grande diversidade de pássaros que cantavam nos pés de ficus benjamim que adornavam e arborizavam a Av. Deodoro da Fonseca, onde residia com minha família na casa de número 622. Cantavam e nidificavam naquelas árvores, entretanto, eram bem mais “ariscos” dos que os de hoje. Naquela época, os garotos se divertiam puxando “carrinhos” feitos com latas de leite vazias que eram cheias com areia, ou com carros feitos de madeira que eram confeccionados por nós mesmos. A madeira era obtida no antigo Armazém Natal que ficava na esquina da Av. Rio Branco com a Rua Ulisses Caldas.

Esse tipo de trabalho de fazer os próprios brinquedos ajudava a desenvolver a criatividade e a habilidade com as primeiras ferramentas, além do apego e amor aquele brinquedo. Os carros ou caminhões mais sofisticados tinham as rodas cobertas com tiras de borracha e os feixes de molas eram feitos com aspas de ferro, muito utilizadas na época, nas embalagens que chegavam ao comércio. Também brincávamos de bolinhas do gude (bolinha à vera!); com rodas de ferro, que eram empurradas e equilibradas com um arame de ponta envergada etc., porém, o brinquedo mais utilizado eram as temidas baladeiras.

Estilingue ou baladeira compunha-se de um gancho de madeira em forma de Y que eram retirados de árvores como o fícus Benjamin e das goiabeiras, considerados os melhores. Nas extremidades superiores amarravam-se duas tiras de borracha com média de 20 cm de comprimento por 1,5 cm de largura, retiradas de velhas câmaras de ar ou compradas no antigo mercado municipal na Av. Rio Branco, onde hoje funciona o Banco do Brasil. Na outra extremidade as tiras eram presas a um pedaço de couro ou sola, que conseguíamos com um antigo sapateiro que tinha sua oficina na Rua Princesa Isabel.

A baladeira era um brinquedo possuído e desejado pela maioria dos garotos daquela época. Tinha lugar de destaque nas perigosas guerras que fazíamos contra meninos de outras ruas. Por exemplo: Av. Deodoro versus Rua Felipe Camarão. Av. Deodoro contra a Travessa Camboim, do temido “Canteiro”, famoso personagem que metia medo nos garotos da época, por ser muito brigão, e diziam que sempre andava armado com um canivete.

Nesses combates utilizávamos seixos (pedra rolada) que considerávamos “munição real”. Quando a disputa era apenas diversão entre meninos da Av. Deodoro, utilizávamos apenas munição de “festim” que era os frutos ainda verdes da mamona – carrapateira -, muito abundantes nos terrenos baldios e que nunca machucavam, pois só podiam ser atiradas a distâncias consideradas seguras. Mas, aqui confesso envergonhado “mea culpa”, pois, também a utilizei em diversas ocasiões, contra as indefesas aves, pois, o único pecado que elas cometiam era cantar. E ao fazê-lo, eram facilmente localizadas entre as folhagens das árvores e abatidas com as certeiras pedras que atirávamos pelo simples fato de testar a pontaria, nas inconseqüentes brincadeiras de criança.

Naquela época as residências costumavam ter em seus quintais, além dos galinheiros onde as “penosas” eram cevadas para os dias de festa ou daquela visita inesperada, muitas árvores frutíferas. Pitombeiras, abacateiros, sapotizeiros, mangueiras, mamoeiros, goiabeiras, só para citar as mais comuns. Devido à grande quantidade dessas árvores, esses quintais eram freqüentados por pássaros que, na amanhecência do dia, nos despertava com seus gorjeios melodiosos.

Na década de 70, por volta dos anos de 1973/74, nossa fauna local sofreria uma grande mudança. Nessas mesmas árvores já podiam ser vistos os famigerados pardais. Inicialmente em casais, e pouco tempo depois em enormes bandos. Fui apresentado a esses pequenos predadores, quando ainda morava no Rio de Janeiro, onde iniciei minha vida profissional, no Banco do Brasil.

A chegada desses pássaros em nossa cidade, a exemplo do que aconteceu em outras cidades do nosso país, constituiu-se num verdadeiro desastre para nossa fauna alada de pequeno porte. Infelizmente, na época, ainda não havia esse apelo ecológico em defesa da natureza, sua fauna e flora. Porém, tenho minhas dúvidas que se o fato tivesse ocorrido em nossos dias, algo fosse feito para evitar o desastre diante de todas as agressões sofridas pela natureza, que diariamente presenciamos por esse Brasil a fora.

Predadores destemidos, obstinados, oportunista e territorialistas, os pardais não demoraram a expulsar de nossas árvores, a grande maioria dos pássaros de seu porte, e até mesmo os de porte mais avantajado, como os anuns.
Esse predador da espécime (Passer domesticus) que tem origem européia foi trazido para o Brasil no início do século XX, e teve como porta de entrada a cidade do Rio de Janeiro. A sua introdução tinha como objetivo de reduzir a proliferação de moscas e mosquitos que infestavam a cidade. Apesar de também serem predadores de insetos, a base de sua alimentação se constitui de grãos, o que resultou na pouca eficiência no controle da população desses invertebrados. Essa decisão precipitada e irresponsável que introduziu em nosso território, uma espécie endêmica do continente europeu, sem as devidas avaliações do impacto que causaria, constituiu-se num verdadeiro desastre para nossa fauna.

Na luta por territórios, os pardais utilizam várias técnicas para expulsar seus concorrentes. Uma delas se constitui no ataque em bandos, deixando suas vítimas em desvantagem numérica e obrigando-os, conseqüentemente, a fuga. Praticam, também, a invasão de ninhos e destruição dos ovos não eclodidos ou simplesmente a matança dos filhotes recém-nascidos. Como os pardais são aves com hábitos urbanos, e convive bem com a presença do homem, é bem possível que nossos pássaros, que não pereceram diante dos invasores, tenham encontrado refúgio seguro nas matas que cobrem as dunas que circundam parte de nossa cidade.

Entretanto, como a natureza é sábia e quase sempre resolve os problemas causados pela bestialidade dos homens, ao longo dos anos nossos pássaros foram se adaptando a presença do invasor e aprendendo a se defender com maior eficiência, e assim conseguiram conviver com os invasores.

Há algum tempo, todas as manhãs, caminho com um grupo de amigos pela Av. Rodrigues Alves. Sinto-me feliz em observar que há alguns anos os pássaros estão voltando para nossas árvores. Ao contrário da década de 70, é bem inferior o número de pardais encontrados. Durante as caminhadas vemos muitas rolinhas andarem em nossa frente à cata de pedrinhas e migalhas, sem temer os transeuntes. Ficaram tão mansinhas que às vezes precisamos desviar o caminho para não pisá-las. Em frente à capela de São Judas Tadeu, no final da Av. Rodrigues Alves, as inúmeras rolinhas empoleiradas nos fios da rede elétrica, lembram as linhas de uma partitura musical com todas as notas de um brasileiríssimo chorinho, quem sabe, o Tico-Tico no Fubá.

Os Bem-ti-vis, sanhaços, anuns, sibites, rouxinóis, colibris e até os bico-de-lacre, que são pássaro endêmico do continente africano, mas que não tem causado nenhum dano a nossa delicada fauna alada, desfilam por entre as árvores de nossa cidade cantando animadamente, para o deleite dos que cedo madrugam.
A mansidão e a excelente proliferação dessas aves devem-se, principalmente, a consciência ecológica despertada “ainda que tardia”, e atualmente muito valorizada. Infelizmente em nome dessa bandeira, alguns fanáticos têm cometidos excessos o que terminam por prejudicar toda a comunidade. Mas essa mesma tranqüilidade, também se deve ao desaparecimento dos tais meninos munidos com suas terríveis baladeiras.

Um dia resolvi trazer um pedacinho dessa natureza livre, pra dentro da minha morada. Comprei um alimentador de beija-flor, enchi-o com uma mistura de água com açúcar, coloquei na sacada do meu apartamento, e pacientemente esperei. Ao fim do quinto dia tive a alegria de receber o primeiro visitante. Era um beija-flor de cor negra, chamado popularmente de tesourão, pois, tem suas penas da calda em forma de tesoura. A partir desse dia, a todo instante, recebo a visita de várias espécimes, de tamanho e plumagens variadas. É uma delícia para os olhos e a mente. Depois de algum tempo de observação, já posso identificar cada um dos visitantes e até mesmo nominá-los.

Hoje, sempre que entro em casa logo me sento na varanda para observa esses pequenos seres alados que, além de desempenhar importante papel na polinização das plantas, se constitui numa das mais belas criação da natureza.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

DO BLOG DE LUCIA HELENA PEREIRA



ROBERTO PEREIRA, FILHO DE NILO PEREIRA, JÁ SE ENCONTRA EM NATAL PARA A 20ª BNTM. APROVEITO PARA POSTAR SUA CARTA A ORMUZ SIMONETTI, POSTADO EM 05-05.

"Meu caro Ormuz:

Emocionado, apesar da tardança do horário e, à Drummond, cansado das canseiras desta vida, em plena madrugada, acessando o seu site, eis a surpresa do Guaporé, onde se situa, teimosa e resistentemente, o Museu Nilo Pereira, ocorreram-me somente palavras de agradecimento à sua sensibilidade e a sua “eterna vigilância” em clamar/preservar o patrimônio material e imaterial do Ceará Mirim de saudosas lembranças para a família Pereira, porque, cidade mágica e por ser a Pátria espiritual do meu saudoso pai, como assim se referiu o escritor Edgar Barbosa, passou a ser também pátria de todo o seu rebento, “filhos do sol, netos da lua”.

O poema do escritor Diógenes da Cunha Lima, deveria ser editado em poster e distribuído nas escolas, ofertado, também, aos visitantes do nosso Ceará - Mirim. Conversando com a prima e escritora Lúcia Helena - arte e talento na preservação da memória de Nilo Pereira - é o que costumo ouvir da lavra intelectual dela, que, nilopereirianamente, tem sido uma intérprete da obra de papai, da identidade deste com a cidade, onde “verde nasceu no engenho Verde Nasce”.

...muito, muitíssimo grato a esse espaço que você disponibiliza ao RN, à região Nordeste, ao Brasil e ao mundo, enfocando Nilo Pereira, o Guaporé, o Ceará Mirim.
Nesta semana, de 11 a 15 de maio, estarei em Natal, assoberbado por um evento internacional, a 20ª BNTM - Brazil National Tourism Mart -promovido pela Fundação CTI Nordeste que, há 12 anos, me tem como secretário executivo. Vou adequar a minha agenda para andar os bons caminhos do Ceará Mirim, como a refazer as inúmeras visitas feitas ao lado de Nilo, que, ao adentrar a cidade, exclamava/declamava: “esta é a ditosa pátria minha amada”, do poeta maior, Camões, no seu poema épico Os Lusíadas. Para, em seguida, ele puxar Os engenhos de minha terra, que, na primeira estrofe, dizia: “Dos engenhos de minha terra, só os nomes fazem sonhar: Esperança! Estrela d'Alva! Flôr do Bosque! Bom-Mirar!”

"...irei com a minha mulher, Elaine, que vai levando o meu/nosso netário, Mariana, Marcela e Rafaela, que, na parte do lazer, já me entregaram uma programação que contempla as dunas, as falésias, passeios de bugre etc, mas ainda não se reportaram à terra do bisavô, tampouco - são crianças - à civilização do açúcar, tão inerente ao Ceará - Mirim..." etc, Roberto.
O Filme que todos temos que assistir !!!
VAMOS MELHORAR 2011!

Uma das maiores empresas de marketing do mundo, resolveu passar uma mensagem para todos, através de um vídeo criado pela TAC (Transport Accident Commission) e que teve um efeito drastico na inglaterra. Depois desta mensagem, 40% da população da inglaterra, deixaram de usar drogas e se alcoolizar, pelo menos nas datas comemorativas. Não temos este tipo de iniciativa aqui no Brasil. Espero que todos assistam, mesmo que não se alcoolizem ou usem algum tipo de drogas, e que reflitam e passem para os seus contatos.

Link do video:

http://www.youtube.com/watch?v=Z2mf8DtWWd8

domingo, 8 de maio de 2011

MÃE, A MAIS BELA DAS PALAVRAS

Perguntaram a uma mãe qual dos filhos que mais amava e ela respondeu:

o pequenino até que cresça;
o enfermo até que cure;
o ausente até que volte

(Al-Asfahani)



Quanta saudade!!

POEMA DAS MÃES (Giuseppe Ghiaroni)

Mãe! hoje eu volto a te ver na antiga sala
onde uma noite te deixei sem fala
dizendo adeus como quem vai morrer.
E me viste sumir pela neblina,
porque a sina das mães é esta sina:
amar, cuidar, criar e depois perder.
Perder o filho é como achar a morte.
Perder o filho quando, grande e forte,
já podia ampará-la e compensá-la.

Mas nesse instante uma mulher bonita,
sorrindo, o rouba, e a velha mãe aflita
ainda se volta para abençoá-la.
Assim parti, e nos abençoaste.
Fui esquecer o bem que me ensinaste,
fui para o mundo me deseducar.
E tu ficaste num silêncio frio,
olhando o leito que eu deixei vazio,
cantando uma cantiga de ninar.

Hoje volto coberto de poeira
e te encontro quietinha na cadeira,
a cabeça pendida sobre o peito.
Quero beijar-te a fronte, e não me atrevo.
Quero acordar-te, mas não sei se devo,
não sinto que me caiba este direito.
O direito de dar-te este desgosto,
de te mostrar nas rugas do meu rosto
toda a miséria que me aconteceu.

E quando vires e expressão horrível
da minha máscara irreconhecível,
minha voz rouca murmurar:”Sou eu!”
Eu bebi na taberna dos cretinos,
eu brandi o punhal dos assassinos,
eu andei pelo braço dos canalhas.
Eu fui jogral em todas as comédias,
eu fui vilão em todas as tragédias,
eu fui covarde em todas as batalhas.
Eu te esqueci: as mães são esquecidas.

Vivi a vida, vivi muitas vidas,
e só agora, quando chego ao fim,
traído pela última esperança,
e só agora quando a dor me alcança
lembro quem nunca se esqueceu de mim.
Não! Eu devo voltar, ser esquecido.
Mas que foi? De repente ouço um ruído;
a cadeira rangeu; é tarde agora!

Minha mãe se levanta abrindo os braços
e, me envolvendo num milhão de abraços,
rendendo graças, diz:
“Meu filho!”, e chora.
E chora e treme como fala e ri,
e parece que Deus entrou aqui,
em vez de o último dos condenados.
E o seu pranto rolando em minha face
quase é como se o Céu me perdoasse,
me limpasse de todos os pecados.
Mãe! Nos teus braços eu me transfiguro.

Lembro que fui criança, que fui puro.
Sim, tenho mãe! E esta ventura é tanta
que eu compreendo o que significa:
o filho é pobre, mas a mãe é rica!
O filho é homem, mas a mãe é santa!
Santa que eu fiz envelhecer sofrendo,
mas que me beija como agradecendo

toda a dor que por mim lhe foi causada.
Dos mundos onde andei nada te trouxe,
mas tu me olhas num olhar tão doce
que , nada tendo, não te falta nada.
Dia das Mães! É o dia da bondade
maior que todo o mal da humanidade
purificada num amor fecundo.
Por mais que o homem seja um mesquinho,
enquanto a Mãe cantar junto a um bercinho
cantará a esperança para o mundo!

terça-feira, 3 de maio de 2011

AINDA SOBRE O MUSEU NILO PEREIRA 2
















NILO PEREIRA E O BARÃO DO GUAPORÉ




POEMA DO PRESIDENTE DA ACADEMIA NORTE-RIOGRANDENSE DE LETRAS, PROF. DIÓGENES DA CUNHA LIMA SOBRE O CASARÃO DO GUAPORÉ (MUSEU NILO PEREIRA) - CEARÁ-MIRIM RN.


O VELHO SOLAR

Diógenes da Cunha Lima



Guaporé, velho solar
Abandonado nas sombras,
Afrancesado, ruínas,
Visíveis galgos de louça
Vigiam homens de outrora.
Um repuxo d'água canta
Sua cantiga molhada,
As estátuas lá em cima
Simbolizando o Trabalho,
Agricultura e Comércio,
Lampiões de cada lado.
Da porta quase desfeita
Um jardim, verde sem fim,
Ladeia a sóbria mansão.


Em frente, a casa de banhos
Semelha simples igreja
Paredes encobrem a nudez
Banhista d'água corrente.
A brisa toma a manhã
E cobre o canavial,
Cambiteiro descoberto
Cantando, vem bem-ti-vi.
E o neto da casa, sábio,
Os olhos vazando o tempo
Vê coisas, paisagens, gente,
Presenças de antigas eras.
Na solidão animada,
Nos verdes do vale sonho,
Vicente Ignácio Pereira,
Barba à Pedro II,
Reconstrói sua morada.
Suas botas de Senhor
(Desenhos no couro cru)


Pisam o chão encharcado.
Às suas ordens tijolos
E argamassa se casam,
Enquanto a cana açucara
No parol, a almanjarra,
Garapa, mel, rapadura,
Rolete, canavial,
Cachaça de bagaceira.
Vicente Ignácio Pereira
Cuida de muitos doentes,
Escreve de experiência
Sobre a cólera mortal,
Lê contos, faz jornalismo,
E assegura a vitória
Do Partido Liberal.

Lembra que foi presidente
Da Província Rio Grande
Na seca mor dos Dois Sete,
Victor de Castro Barroca
Vai por seu mando ajudar
Aos retirantes, no vale.
Vicente Ignácio Pereira
Dá ordens para o passado
E o Guaporé logo expulsa
Seu silêncio espectral.
O salão nobre se enche
Da melhor gente da terra
Em faustos, recepções.
Augusto Meira recita
Seu romantismo, amores,
Juvenal louva com graça


As virtudes da preguiça.
No salão nobre os Barões
Do Ceará-Mirim assistem
A toda festa, ar sisudo,
Nos retratos da parede
Iluminada do espanto
Das arandelas azuis.
Dobé, Izabel Augusta,
Tão caridosa, tão santa,
Interroga: onde é que está
Meu neto Nilo? O engenho
Desmorona com a vida?
Vou morar na Rua Grande?
Na sala azul e conversa
São as cenas da moagem.
História do "São Francisco"
Repetida a toda gente:


No ano sessenta e oito
Insistiram com o Barão
Toda a vantagem haveria
De assumir a presidência
Da Província potiguar.
Demais, estando em Natal
Evitaria a doença
Um surto de catapora
Que assolava no vale.
O Barão pouco pensou
Pra responder, afirmando:
Eu prefiro as cataporas.
E ficou na Casa Grande.


Anoitecendo no vale
Os sinos de uma capela
Tocam chamando o silêncio.
Tia Augusta vai cantar
Para o menino dormir
Cantigas de antigamente.
A vida, a sorte, a madrasta
Carinho de mãe não tem:
"Carpinteiro de meu pai
Não me cortes os cabelos
Que minha mãe penteou,
Minha madrasta cortou
Pelo figo da figueira
Que o passarim beliscou".


Na sala de rosa cor
Explode o riso das moças
Tia Augusta Vaz Pereira
Toca valsas no piano
De cauda, sons multicores.
Retrato de sinhá-moça
Belinha, Pacheco Dantas,
Encantada mas risonha,
Ama os saraus da família.

Tio Riquete Pereira
Levemente aborrecido
Com leitura interrompida
Fecha o volume de Eça
No sofá, frisos dourados,
De repente, tudo volta:
Pára a moenda, alambiques,
Uma procissão de sombras
Se mistura a todos nós
No mistério da ausência,
Os pirilampos do vale
São círios da noite escura,
O Guaporé remergulha
Na quietude da morte.
O tempo, velho alquimista,
Joga o verde em nossos olhos,
Dá outra vida ao-que-foi
Na beleza restaurada:
Deus caprichou neste vale
Na manhã da criação
Em verde, luz, soledade.

sábado, 30 de abril de 2011

GARRAFINHAS DE AREIA COLORIDA

ORMUZ BARBALHO SIMONETTI (Presidente do Instituto Norte-Riograndense de Genealogia-INRG, membro do IHGRN ) www.ormuzsimonetti@yahoo.com.br

AINDA SOBRE AS GARRAFINHAS DE AREIA COLORIDA

Da última vez que estive na residência do poeta Deífilo Gurgel, entre uma conversa e outra, disse-lhe que estava fazendo uma pesquisa, para escrever um artigo sobre a origem das garrafinhas de areia colorida. Na ocasião ele lembrou-se haver lido uma plaqueta feita por Veríssimo de Melo, que tratava do assunto e fazia referência à praia de Tibau do Norte.

Procurei então o meu amigo e contemporâneo do velho Atheneu Norte-Riograndense, Fernando de Melo, filho de Veríssimo. Por sorte depois de algumas buscas ele encontrou e me enviou a tal plaqueta, intitulada GARRAFINHAS DE AREIA DE TIBAU. Essa pesquisa foi feito em 1962 e publicado pela Coleção Mossoroense em 1983, com desenhos e capa de Newton Navarro. Transcrevo na íntegra as anotações, para conhecimento dos leitores,.

“O presente trabalho sobre as areias de Tibau foi feito pelo Diretor do Departamento de Cultura Popular do Instituto de Antropologia da Universidade do Rio Grande do Norte, Prof. VERÍSSIMO DE MELO. Atendendo solicitação do Sr. LUIZ G.M. Bezerra, presidente da Federação Norte-Riograndense de Pesca Amadora, vai agora publicar especialmente para acompanhar as amostras das garrafas de areia que foram enviadas, como lembrança de nossa terra, ao IV Congresso Sul-Americano de Pesca, em Asunción, Paraguái.”

Relata o professor Veríssimo: “O aproveitamento de vasilhame com enchimento de objetos ou cobertura externa com palha ou fibra, com finalidade de ornamentação doméstica, é processo conhecido entre as manifestações da Arte Popular brasileira.

Da Bahia, conhecemos as garrafas com pequenos veleiros metidos lá dentro. Da Paraíba, vidros com santos. Do Pará, lindas garrafas cobertas com fibras de várias cores. Do Rio Grande do Norte, talvez a mais original de todas as nossas atividades artísticas populares seja o enchimento de garrafinhas com areias coloridas de Tibau.
Verdadeiras obras de arte, pelos seus desenhos, distribuição e variedades de cores, essas garrafinhas de areia são muito estimadas como elementos decorativos. Vendidas nos mercados e feiras do Estado, representam curiosidade sui-generis para visitantes ou turistas, que nunca as dispensam como lembrança de nossa terra.

Praia de pesca e veraneio, pertencente hoje ao município de Grossos, extremo-norte do nosso Estado, vizinha do Ceará, Tibau é também recanto pitoresco preferido pelos veranistas do próspero município de Mossoró.
Lá estivemos em julho de 1962, a serviço do Instituto de Antropologia da Universidade do Rio Grande do Norte, tendo oportunidade de observar e conversar com exímia fabricante dessas garrafinhas. Colaborou conosco o Dr. Tércio Miranda Rosado, nosso cicerone e que nos forneceu dados mais amplos sobre o assunto, através de questionário e contacto direto com moradores daquela praia.

AS AREIAS

As areias são retiradas das dunas, que estão bem à vista, diante da praia. Algumas tonalidades são retiradas das camadas superpostas, no subsolo. Sua variedade de cores é impressionante: vinte e cinco tonalidades podem ser colhidas facilmente. Segundo nos informou Josefina Fonseca, são as seguintes as cores de areia de Tibau. Amarelo, Marrom, Preto, Prateado, Cinza, Cinza-Claro, Cinza-Escuro, Encarnado, Encarnado-Escuro, Encarnadão, Areia, Róseo, Verde-Claro, Verde-Escuro, Laranja, Roxo, Roxo-Clara, Roxo-Escuro, Amarelo-Claro, Amarelo-Queimado, Creme, Grená, Branco, Branco-Goma e Cáqui.

Não conhecemos outras aplicações da natureza artística ou industrial das areias de Tibau, a não ser o que nos informou o Dr. Tércio Miranda Rosado: Seu tio Dr. Vingt-Um Rosado usou duas variedades de cores dessas areias na construção de um cinema, em Mossoró. Por outro lado, soubemos que norte-americanos teriam declarado, a respeito das areias de Tibau, que uma das variedades seria semelhante às que foram encontradas na Barra do Ceará (Fortaleza) e Aracati, inflamáveis ao contato de um cigarro aceso.

UMA ARTESÃ

Josefina Fonseca, com quem conversamos, fabricante de garrafinhas de areia, é senhora de quarenta e poucos anos de idade. Aprendeu a técnica do enchimento, há trinta anos, com sua tia Belisa, e logo se aperfeiçoou. Informou-nos que outras pessoas de sua família e moradores da praia também se dedicam a mesma atividade, mas unicamente mulheres.
Mulata escura, Josefina é pessoa bastante cordial, tendo prontamente nos atendido, quando lhe pedimos para encher uma garrafinha em nossa presença.

A TÉCNICA

Josefina foi lá dentro de casa e trouxe vários pacotes de papel, contendo areia de várias cores. Sentou-se no chão, no terraço, pondo de lado uma garrafa vazia (tipo vinho branco), e um arame um pouco maior, talvez de uns quarenta centímetros de ponta a curva.

Inicialmente, apanhou um punhado de areia alaranjada, com a mão direita, despejou-o, lentamente, pelo gargalo da garrafa. Munida do arame, começou a fazer uma série de movimentos por dentro do vasilhame, em sentido circular. Após delinear o primeiro desenho, - um animal – colocou novo punhado de areia e repetiu o mesmo desenho, agora já noutra cor. Seguiram-se, então, nove cores ao todo, nesta ordem: Alaranjada, branca, preta, marrom, grená, cinzenta, roxo e róseo. Em menos de meia hora concluiu o seu trabalho, enchendo uma garrafa de litro, dividida em doze camadas de areia, com o mesmo desenho.

Os motivos artísticos que escolhe não são feitos arbitrariamente. São desenhos tradicionais, que aprendeu de Belisa. Por sua vez, esta já aprendeu de outras pessoas. Uns são mais fáceis de executar, outros mais difíceis. Os motivos que considera mais complicados são os que aparecem “peixinhos” ou “Passarinhos”.
Outro detalhe de técnica interessante é a distribuição das cores nas garrafas. Também não é feita à vontade. Obedece a um padrão tradicional: Cor clara, de início, e cor mais escura em seguida.

A propósito, o escritor cabo-verdeano Luiz Romano, que viveu mais de treze anos no Marrocos francês, tem apontado semelhanças dos desenhos e distribuições de cores entre as garrafinhas de Tibau e trabalho árabes, principalmente tecidos, colchas de lã, como teve ocasião de nos mostrar. Aliás, não só nessa atividade artística Luiz Romano tem encontrado paralelismo com traços culturais muçulmanos. Em muito outros aspectos da vida nordestina. Influência que teria sido trazida pelos portugueses, na colonização.

MULHER DE AREIA

Em meia hora, como vimos, Josefina enche uma garrafinha com areia de Tibau, artisticamente. Em média, confessou-nos que poderá preparar vinte garrafas por dia.
Em 1932, quando iniciou o aprendizado, cobrava por uma garrafa de areia cinco mil réis. Hoje, o preço normal é de cem cruzeiros por cada unidade. Entretanto, cobra cento e cinqüenta cruzeiros para encher certo tipo de garrafa de licor estrangeiro, em forma de mulher. É dos trabalhos mais interessantes de Josefina, pois a mulher de areia aparece com saia bordada, casaco de outra cor, rosto, olhos, cabelos, tudo colorido. É obra de arte e de paciência.

Também muito procuradas são as garrafas contendo nome de mulher ou expressões significativas, como “Lembrança de Tibau”, “Saudade”, etc.

UMA SUPERTIÇÃO

A perfeição do enchimento de garrafas em Tibau é de tal ordem que provocou, certa vez, atitude estranha de um cidadão: Para certificar-se de que era mesmo areia e não tinta comprou uma garrafa e espatifou-a no chão. Convenceu-se, então. Todavia, - informou-nos Josefina – alguns fabricantes, ultimamente, tem tinturado duas tonalidades de areia, para obter uma terceira. A prática tem provocado protesto de admiradores da manifestação artística. Consideram estas falsificadas.
Curioso! Se toda atividade profissional tem suas superstições, é natural também que o fabrico das garrafinhas tenha a sua: E dizem, então, que a areia de Tibau, engarrafada, da azar! Mas, isso é folclore”.

Diante desse documento do Professor Veríssimo, podemos concluir que as “Garrafinhas de Areia Colorida” surgiram em locais e épocas diferentes, nos vizinhos e irmãos estados do Rio Grande do Norte e Ceará. Porém, temos em comum a existência dessas areias coloridas tanto na praia de Majorlância-CE como na Praia de Tibau do Norte-RN, o que foi determinante para a iniciação dessa arte.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

FRAUDE - A INDIFERENÇA DOS BANCOS

Bom dia!
Muito boa sua iniciativa em alertar os usuarios, ou seja todos nos. Deveriamos nos unir e exigir das instituições financeiras melhores serviços e menos taxas.

Um forte abraço!

Isac Galvão
Natal/RN