ORMUZ BARBALHO SIMONETTI (Presidente do Instituto Norte-Riograndense de Genealogia-INRG e membro do IHGRN) www.ormuzsimonetti@yahoo.com.br
PUBLICADA EM “O JORNAL DE HOJE” EDIÇÃO DE 18.12.2009
PIPA – Veraneios inesquecíveis
Foram muitos os veraneios que deixaram saudade. Em minha adolescência lá pelo início dos anos 70, os mais afortunados já possuíam uma radiola portátil Phillips que funcionava a pilha. Aquela, do tipo maleta, que a própria tampa servia como auto-falante. Com esses modernos aparelhos fazíamos freqüentemente e sempre após o jantar, festinhas conhecidas como “assustados”, onde dançávamos ao som de Roberto Carlos, Renato e seus Blue Caps, Elis Regina, Chico Buarque e outros cantores do tempo da Jovem Guardam. Vez por outra, alguém conseguia com os pais, depois de muita recomendação, algum disco em 78 rotações ou os modernos LPs com músicas cantadas pelo velho Nelson Gonçalves, Anísio Silva, Silvinho, Altemar Dutra, Sílvio Caldas, e até de Dick Farney e da divina Elizete Cardoso, os mais difíceis. Estes eram escolhidos pelas músicas mais lentas que dançávamos a luz de velhas lamparinas a querosene.
Os que preferiam dançar samba, traziam discos de Miltinho, Demônios da Garoa, Wilson Simonal, Ataulfo Alves, Noel Rosa e tantos outros. Achavam o bolero mais difícil de dançar, mesmo conhecendo a velha regra: dois prá lá, dois pra cá, posteriormente imortalizada na canção de João Bosco e Aldir Blanc na voz da inesquecível Elis Regina. Esses “assustados” eram raramente feitos nos alpendres das nossas casas. Na maioria das vezes, para fugir das vistas de nossos pais, sempre atentos aos que dançavam com mais ousadia, conseguíamos, com muito jeito, a sala das casas dos nativos que ainda moravam na rua de baixo. O local era bem mais aconchegante, o chão de barro batido, lamparina em cima de tamborete ou pendurada em esteios da parede de taipa.
Ainda lembro-me dessas lamparinas penduradas nos enxaiméis, tisnando a parede e exalando aquele cheirinho característico da queima do querosene. Ali, a presença de curiosos era praticamente nenhuma. Nessas saudosas casas de reboco, além de ficarmos protegidos da vista dos curiosos, sabíamos que nossos pais não se abalariam de suas redes nos alpendres para nos vigiar, afinal de contas, não havia motivos para preocupação, já que éramos todos primos. Além do mais, estavam mais interessados nos carteados, sempre muito disputados ou nas animadas conversas políticas.
Lá pelas 10 horas da noite, depois que nossas parceiras se recolhiam, íamos para a beira da praia jogar conversa fora, tocar violão, ou mesmo programar alguma traquinagem.
Uma das preferidas era o roubo de galinhas, que sempre terminava na casa do saudoso Deda, que sempre nos recebia com aquele sorriso largo onde orgulhoso, exibia um enorme e cintilante dente de ouro.
Esse personagem, que é parte importante da história da Pipa, teve no boca-a-boca um grande aliado na divulgação de sua arte na cozinha e também como senhorio. Alugava, por preços módicos, cômodos de sua modéstia moradia onde hoje funciona a “Pousada da Bárbara”. Costumo dizer que ele foi o primeiro dono de pousada naquela região. Essa condição o tornou muito conhecido, inclusive internacionalmente. Os poucos “gringos” que chegavam à Pipa, logo perguntavam por Deda. Com aquele sotaque esquisito e falando bem enrolado com se a boca estivesse cheia de línguas, logo conseguia pronunciar o som daquelas quatro letras mágicas que tinham o poder de resolver os principais problemas daqueles longínquos visitantes: lugar pra dormir e boa comida a base de peixe e frutos do mar, abundantes naquela época.
As brincadeiras de roubar alimentos dos veranistas sempre estiveram entre as nossas preferidas, pois naquela época, tudo tinha que ser trazido de Natal, ou esperar o domingo pra comprara na feira de Goianinha. As bodegas da Pipa pouco ofereciam. Vendiam exclusivamente os gêneros alimentícios comuns à população local.
Certa vez, numa manhã de véspera de Natal, a turma de “biriteiros” apareceu na residência do casal, Veneide e Elviro. Já vinham naquela peregrinação de casa em casa, tomando todas e conversando miolo–de-quartinha. Lá pras tantas, meu irmão Dante Simonetti, em uma das idas ao banheiro, observou que em cima da geladeira se encontrava, totalmente indefeso, um apetitoso queijo do reino ainda lacrado, naquela conhecida embalagem redonda. Lá estava ele, imponente como se quisesse tomar o lugar cativo do famoso pingüim. Diante daquela visão, Dante não se conteve: quando retornou do banheiro, passou direto para sua casa que ficava praticamente vizinha, e o queijo. . . desapareceu.
Lá para as tantas, quando saímos da casa de Elviro, fomos surpreendidos com o convite de Dante, que já nos esperava no portão, para que fossemos à sua casa, retribuindo assim a visita. Lá, o principal tira gosto era queijo do reino que partido em generosos pedaços, foi avidamente consumido pelos presentes, já que esse tipo de tira-gosto normalmente não fazia parte do nosso cardápio de “paredes”.
À noite, quando preparava a mesa para a ceia de Natal, a ingênua prima Veneide deu pela falta do queijo. Depois de por a casa de cabeça para baixo, e não encontrando o que procurava, repetia sem parar: “Elviro, tenho certeza que o coloquei em cima da geladeira. . . Não é possível que um rato tenha levado o queijo com embalagem e tudo . . .”
No dia seguinte o delito foi revelado numa animada conversa na própria casa do casal, que depois de boas risadas, ainda se sentiu privilegiados por ter, pelo menos, participado da farra onde o “JONG” foi consumido e muito elogiado por todos.
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS
Ormuz Simonetti e a Praia da Pipa.
Quando eu era pequeno e ainda nem estudava no nosso Ginásio 7 de Setembro, costumava ouvir – como toda criança – estórias infantis fantasiosas da minha mãe, todas bem intencionadas visando abrir o horizonte do seu futuro adolescente. Até que numa certa noite de insônia, vi quando papai – e não Papai Noel – colocou o presente de Natal ao lado da minha cama. Percebi, tempos depois, que mesmo quando eu não estudava, o bicho-papão não aparecia de noite para me pegar... A partir de então passei a acreditar menos nos meus pais e mais nos meus amiguinhos da rua.
Hoje, passeando pelas suas crônicas, caro Ormuz, sinto que você me devolveu a confiança nos meus velhos, pois eles também diziam que para se caminhar sozinho era preciso enxergar a essência da vida e saber dividi-la com o mundo. Exatamente como você faz ao relembrar no paraíso da praia da Pipa, os nativos, os coqueiros, os pássaros, as fruteiras nativas, a migração dos pardais, a preocupação com o desequilíbrio ecológico, os saudosos veranistas, o alpendre, a rede... E o mais gratificante, é lembrar que o autor dessas crônicas é aquele menino loiro, magro, discreto e estudioso, que se sentava à minha direita na sala de aula do já distante Ginásio 7 de Setembro. Belo exemplo, amigo. Meus velhos estavam certos.
Carlos Sizenando Rossiter Pinheiro.
Natal RN
Quando eu era pequeno e ainda nem estudava no nosso Ginásio 7 de Setembro, costumava ouvir – como toda criança – estórias infantis fantasiosas da minha mãe, todas bem intencionadas visando abrir o horizonte do seu futuro adolescente. Até que numa certa noite de insônia, vi quando papai – e não Papai Noel – colocou o presente de Natal ao lado da minha cama. Percebi, tempos depois, que mesmo quando eu não estudava, o bicho-papão não aparecia de noite para me pegar... A partir de então passei a acreditar menos nos meus pais e mais nos meus amiguinhos da rua.
Hoje, passeando pelas suas crônicas, caro Ormuz, sinto que você me devolveu a confiança nos meus velhos, pois eles também diziam que para se caminhar sozinho era preciso enxergar a essência da vida e saber dividi-la com o mundo. Exatamente como você faz ao relembrar no paraíso da praia da Pipa, os nativos, os coqueiros, os pássaros, as fruteiras nativas, a migração dos pardais, a preocupação com o desequilíbrio ecológico, os saudosos veranistas, o alpendre, a rede... E o mais gratificante, é lembrar que o autor dessas crônicas é aquele menino loiro, magro, discreto e estudioso, que se sentava à minha direita na sala de aula do já distante Ginásio 7 de Setembro. Belo exemplo, amigo. Meus velhos estavam certos.
Carlos Sizenando Rossiter Pinheiro.
Natal RN
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS
Parabéns Ormuz, você é um historiador nato.Estou me organizando para lhe receber em grande estilo. Um forte abraço.
Tarcisio Gurgel.
Natal RN
Tarcisio Gurgel.
Natal RN
domingo, 6 de dezembro de 2009
A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS
Ormuz, fico contente em receber as crônicas sobre a praia de Pipa. Trazem muitas recordações, apesar de ser Recifense, tenho laços familiares em Goianinha, tio Alfredo e tia Waldira e meus primos, Amélia Judith, Rosário, Eliane, João Bosco, Clóvis , Alfredinho e Duartinho. Passei algumas férias e tive a oportunidade de veranear com eles em Pipa. Tenho excelentes recordações, da praia, do passeio sobre o morro, da chegada dos barcos com os peixes ainda vivos, do curral, dos bates papos noturnos (já que não existia televisão) na beira da praia, do forrozeiro contratado para tocar algumas horas e podermos nos divertir, etc.
Muito obrigada, um abraço,
Norma Carvalho
Recife - Pe
Muito obrigada, um abraço,
Norma Carvalho
Recife - Pe
A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS
ORMUZ BARBALHO SIMONETTI (Presidente do Instituto Norte-Riograndense de Genealogia-INRG e membro do IHGRN) www.ormuzsimonetti@yahoo.com.br
Publicada em “O JORNAL DE HOJE”, edição do dia 04.12.2009
PIPA, saudosos veranistas – Paulo Barbalho
Outro veranista que deixou muita saudade foi Paulo Barbalho. Seu veraneio começou ainda muito jovem acompanhando seus pais nas difíceis viagens entre Goianinha e a praia da Pipa. Seis anos depois do primeiro veraneio da praia, ocorrido em 1926, no dia 11 de março de 1932, nascia o menino Paulo. Foi o último dos onze filhos de Odilon Ernestino Barbalho e Elvira Macionila Barbalho. Criança irrequieta, sempre estava aprontando alguma traquinagem naquela Pipa dos anos 30 e 40.
A casa de seus pais ficava bem em frente a “Pedra do Santo”. Tinha um quintal muito grande com diversas mangueiras, coqueiros e um enorme pé de fruta pão. Nesse quintal em baixo das árvores, seu pai costumava manter durante o veraneio, uma boa vaca leiteira que trazia de sua fazenda em Goianinha. Pela manhã, lá estavam todos os irmãos em fila indiana, esperando a vez de tomar um caneco de leite quentinho ao pé da vaca, adoçado com açúcar mascavo do engenho Bem Fica. Esse hábito de manter uma vaca no quintal para tomar leite pela manhã, foi religiosamente seguido por tio Paulo, durante todos os anos que veraneou na Pipa.
No fim dos anos 60, por falta de proteção adequada, o mar foi derrubando, aos poucos, aquele casarão que tanta lembrança trazia a toda família, principalmente aos sobrinhos que nos meses de janeiro, lotavam aqueles alpendres. Foi uma morte lenta e sofrida por todos nós que adorávamos aquele casarão. Num ano vimos desmoronar, pela força das ondas, o quebra-mar juntamente com o alpendre. Quando retornamos no ano seguinte, toda a sala da frente e uma parte da lateral da casa estavam no chão. A sua heróica resistência devia-se ao fato de ser uma construção feita em taipa e com madeira de boa qualidade. Os esteios, vigas, travessões e inchamés, enfim todo o madeiramento da casa foi feitos com pau-ferro e outras madeiras de lei, extraídas das matas da Pipa, abundante naquele tempo.
Guardei muitas lembranças desse velho casarão. Quando meus pais ainda não tinham casa na Pipa, veraneamos algumas vezes na casa dos meus avós. Guardo até hoje, algumas lembranças dos meus sete a oito anos de idade. Tinha por costume acordar muito cedo e depois de retirar, com todo o cuidado para não acordar meus pais, a pesada trave de sucupira, abria um pouco da janela e ficava admirando os botes ancorados no porto. Logo começava a procurar ao longo do horizonte aqueles pontinhos branco. Era a vela dos barcos que retornavam das pescarias de “dormida”. No porto, outros permaneciam ancorados naquele indolente balançar. Ficava impressionado com os pescadores, que em suas conversas no porto, diziam a quem pertencia o barco que estava chegando, somente pelo formato da vela. Sempre que me lembro da Pipa é a primeira visão que me vem: o raiar do dia com os botes ancorados no porto.
Pois bem, foi nesse casarão que por volta do ano de 1974, ocorreu um fato que me marcou de maneira jocosa a história dos veraneios na Pipa. A casa estava sendo preparada para o veraneio e “tia” Júlia, sua esposa, havia enviado na frente os empregados juntamente com a bagagem. A recomendação era de fazer uma rigorosa limpeza, já que a casa permanecia o ano inteiro fechada. Depois de deixar tudo bem limpo e devidamente arrumado, os empregados retornaram para Goianinha. A família deveria chegar três dias depois. Aconteceu que minha mãe, e sua irmã, preocupada com a dormida nos alpendres dos filhos e sobrinhos, teve a infeliz idéia de ficar com as chaves da casa, para que lá nós dormíssemos, enquanto a família não chegasse. A turma, que sempre arranjava um motivo pra farrear, já havia acertado para aquela noite, uma movimentada serenata.
Como a dormida garantida em local seguro, não haveria preocupação com as brincadeiras de dar nó nos punhos das redes e outras coisas do gênero. Logo cedo, após o jantar, as redes foram devidamente armadas. Quem chegava primeiro, escolhia os melhores cômodos em seguida a casa foi devidamente trancada. Lá pela madrugada, com a serenata terminada e as redes todas ocupadas, o piso dos quartos e salas começam a receber as primeiras reações estomacais dos que beberam além da conta, e principalmente abusaram da sardinha “Coqueiro” e da carne de quitute “Da Vaquinha”, acompanhado de farinha grossa (única disponíveis nas bodegas), tira-gostos preferidos naquelas madrugadas dos anos 70.
O cheiro de azedo já tomava conta do ambiente quando começou a “guerra”. Alguém atirou um pinico (urinol) por cima da meia parede e em seguida, de cada cômodo ocupado partia, via aéreo, tamboretes, cadeiras, bacias de lavar rosto juntamente com o jarro e tripé, outros pinicos da ágata (faziam um barulho enorme quando batiam no chão) panelas, adornos de cima das mesas e tudo que estivesse ao alcance das mãos. A batalha varou a madrugada.
Pela manhã, quando todos nós dormíamos a sono solto, aconteceu o que ninguém esperava. Por volta das 9hrs alguém escutou um barulho no quintal e foi verificar. Era a carro de tio Paulo que chegava com a família, antecipando em dois dias sua chegada. Foi uma correria danado. Janelas e portas se abriram ao tempo que pulava gente pra todo lado menos, naturalmente, para o quintal. Não preciso dizer à surpresa que ele teve quando adentrou a casa. Entre gritos coléricos e alguns palavrões, ordenou que os empregados fossem de quarto em quarto e recolhessem todas as redes. Feito isso, amontoou-as no quintal e mandou comprar, pelo seu compadre e vizinho Zé de Tereza, um litro de querosene, na bodega mais próxima. Depois de alguns apelos de Júlia e a proposital demora na execução de sua ordem na compra do combustível, ele se acalmou e desistiu da fogueira. Mas não deixou por menos, mandou entregar as redes na casa de cada mãe com o relato detalhado do acontecido.
Tenho a impressão que depois de calmo ele deve ter dado boas risadas lembrando-se do seu tempo de estudante na década de 50, quando morava em Maceió. Numa dessas brincadeiras extravagante que ele tanto gostava, atirou do terceiro andar do Hotel Bela Vista, do turco Adib, localizado na Rua do Comércio, um guarda roupas, que se espatifou no meio da avenida. Wodem Madruga conhece bem essa história, pois na época era hóspede desse mesmo hotel.
Tio Paulo era assim, adorava esse tipo de brincadeiras. Muito explosivo, entretanto nunca guardava rancor. Logo, já havia esquecido tudo. Dois dias depois, com os devidos “relas”, todos nós já estávamos perdoados e em seu alpendre desfrutava daquela maravilhosa acolhida, sua marca registrada. Gostava e sabia receber como ninguém. Foi o maior anfitrião que conheci.
Anos depois em 1988, voltou a veranear na Pipa. A nova casa ficava na confluência de duas ruas no Largo de São Sebastião, bem ao lado da igreja. Estrategicamente, não tinha muros na frente da casa. Ali, quem passava era convidado para entrar e bater um papo no alpendre pintado de verde. Era apaixonado pela cor símbolo das campanhas políticas na década de 60 do amigo Aluízio Alves. Em cima de uma mesa, também verde, nunca deixava de ter um bom sarapatel, buchada e carneiro guisado, trazidos de Lagoa Nova, fazenda de sua paixão. Essa mesa também era repleta das mais variadas bebidas e muitas frutas que se destinavam ao tira-gosto de sua bebida preferida: a aguardente, também conhecida como cachaça, pinga, branquinha, birita, malvada, água que passarinho não bebe, esquenta goela etc.
Gostava de beber deitado em sua rede verde, balançando preguiçosamente no alpendre e entre um gole e outro, relatava estórias engraçadas dos nossos antepassados, sempre rodeado de sobrinhos e amigos. Recordo com saudade daquele seu brado característico. Bastava achar que a mesa não estava devidamente repleta dos mais diversos tira-gostos, não tinha dúvidas, gritava com todas as forças: JUUUUUUUUUUUUUUULIAAA!!!
Publicada em “O JORNAL DE HOJE”, edição do dia 04.12.2009
PIPA, saudosos veranistas – Paulo Barbalho
Outro veranista que deixou muita saudade foi Paulo Barbalho. Seu veraneio começou ainda muito jovem acompanhando seus pais nas difíceis viagens entre Goianinha e a praia da Pipa. Seis anos depois do primeiro veraneio da praia, ocorrido em 1926, no dia 11 de março de 1932, nascia o menino Paulo. Foi o último dos onze filhos de Odilon Ernestino Barbalho e Elvira Macionila Barbalho. Criança irrequieta, sempre estava aprontando alguma traquinagem naquela Pipa dos anos 30 e 40.
A casa de seus pais ficava bem em frente a “Pedra do Santo”. Tinha um quintal muito grande com diversas mangueiras, coqueiros e um enorme pé de fruta pão. Nesse quintal em baixo das árvores, seu pai costumava manter durante o veraneio, uma boa vaca leiteira que trazia de sua fazenda em Goianinha. Pela manhã, lá estavam todos os irmãos em fila indiana, esperando a vez de tomar um caneco de leite quentinho ao pé da vaca, adoçado com açúcar mascavo do engenho Bem Fica. Esse hábito de manter uma vaca no quintal para tomar leite pela manhã, foi religiosamente seguido por tio Paulo, durante todos os anos que veraneou na Pipa.
No fim dos anos 60, por falta de proteção adequada, o mar foi derrubando, aos poucos, aquele casarão que tanta lembrança trazia a toda família, principalmente aos sobrinhos que nos meses de janeiro, lotavam aqueles alpendres. Foi uma morte lenta e sofrida por todos nós que adorávamos aquele casarão. Num ano vimos desmoronar, pela força das ondas, o quebra-mar juntamente com o alpendre. Quando retornamos no ano seguinte, toda a sala da frente e uma parte da lateral da casa estavam no chão. A sua heróica resistência devia-se ao fato de ser uma construção feita em taipa e com madeira de boa qualidade. Os esteios, vigas, travessões e inchamés, enfim todo o madeiramento da casa foi feitos com pau-ferro e outras madeiras de lei, extraídas das matas da Pipa, abundante naquele tempo.
Guardei muitas lembranças desse velho casarão. Quando meus pais ainda não tinham casa na Pipa, veraneamos algumas vezes na casa dos meus avós. Guardo até hoje, algumas lembranças dos meus sete a oito anos de idade. Tinha por costume acordar muito cedo e depois de retirar, com todo o cuidado para não acordar meus pais, a pesada trave de sucupira, abria um pouco da janela e ficava admirando os botes ancorados no porto. Logo começava a procurar ao longo do horizonte aqueles pontinhos branco. Era a vela dos barcos que retornavam das pescarias de “dormida”. No porto, outros permaneciam ancorados naquele indolente balançar. Ficava impressionado com os pescadores, que em suas conversas no porto, diziam a quem pertencia o barco que estava chegando, somente pelo formato da vela. Sempre que me lembro da Pipa é a primeira visão que me vem: o raiar do dia com os botes ancorados no porto.
Pois bem, foi nesse casarão que por volta do ano de 1974, ocorreu um fato que me marcou de maneira jocosa a história dos veraneios na Pipa. A casa estava sendo preparada para o veraneio e “tia” Júlia, sua esposa, havia enviado na frente os empregados juntamente com a bagagem. A recomendação era de fazer uma rigorosa limpeza, já que a casa permanecia o ano inteiro fechada. Depois de deixar tudo bem limpo e devidamente arrumado, os empregados retornaram para Goianinha. A família deveria chegar três dias depois. Aconteceu que minha mãe, e sua irmã, preocupada com a dormida nos alpendres dos filhos e sobrinhos, teve a infeliz idéia de ficar com as chaves da casa, para que lá nós dormíssemos, enquanto a família não chegasse. A turma, que sempre arranjava um motivo pra farrear, já havia acertado para aquela noite, uma movimentada serenata.
Como a dormida garantida em local seguro, não haveria preocupação com as brincadeiras de dar nó nos punhos das redes e outras coisas do gênero. Logo cedo, após o jantar, as redes foram devidamente armadas. Quem chegava primeiro, escolhia os melhores cômodos em seguida a casa foi devidamente trancada. Lá pela madrugada, com a serenata terminada e as redes todas ocupadas, o piso dos quartos e salas começam a receber as primeiras reações estomacais dos que beberam além da conta, e principalmente abusaram da sardinha “Coqueiro” e da carne de quitute “Da Vaquinha”, acompanhado de farinha grossa (única disponíveis nas bodegas), tira-gostos preferidos naquelas madrugadas dos anos 70.
O cheiro de azedo já tomava conta do ambiente quando começou a “guerra”. Alguém atirou um pinico (urinol) por cima da meia parede e em seguida, de cada cômodo ocupado partia, via aéreo, tamboretes, cadeiras, bacias de lavar rosto juntamente com o jarro e tripé, outros pinicos da ágata (faziam um barulho enorme quando batiam no chão) panelas, adornos de cima das mesas e tudo que estivesse ao alcance das mãos. A batalha varou a madrugada.
Pela manhã, quando todos nós dormíamos a sono solto, aconteceu o que ninguém esperava. Por volta das 9hrs alguém escutou um barulho no quintal e foi verificar. Era a carro de tio Paulo que chegava com a família, antecipando em dois dias sua chegada. Foi uma correria danado. Janelas e portas se abriram ao tempo que pulava gente pra todo lado menos, naturalmente, para o quintal. Não preciso dizer à surpresa que ele teve quando adentrou a casa. Entre gritos coléricos e alguns palavrões, ordenou que os empregados fossem de quarto em quarto e recolhessem todas as redes. Feito isso, amontoou-as no quintal e mandou comprar, pelo seu compadre e vizinho Zé de Tereza, um litro de querosene, na bodega mais próxima. Depois de alguns apelos de Júlia e a proposital demora na execução de sua ordem na compra do combustível, ele se acalmou e desistiu da fogueira. Mas não deixou por menos, mandou entregar as redes na casa de cada mãe com o relato detalhado do acontecido.
Tenho a impressão que depois de calmo ele deve ter dado boas risadas lembrando-se do seu tempo de estudante na década de 50, quando morava em Maceió. Numa dessas brincadeiras extravagante que ele tanto gostava, atirou do terceiro andar do Hotel Bela Vista, do turco Adib, localizado na Rua do Comércio, um guarda roupas, que se espatifou no meio da avenida. Wodem Madruga conhece bem essa história, pois na época era hóspede desse mesmo hotel.
Tio Paulo era assim, adorava esse tipo de brincadeiras. Muito explosivo, entretanto nunca guardava rancor. Logo, já havia esquecido tudo. Dois dias depois, com os devidos “relas”, todos nós já estávamos perdoados e em seu alpendre desfrutava daquela maravilhosa acolhida, sua marca registrada. Gostava e sabia receber como ninguém. Foi o maior anfitrião que conheci.
Anos depois em 1988, voltou a veranear na Pipa. A nova casa ficava na confluência de duas ruas no Largo de São Sebastião, bem ao lado da igreja. Estrategicamente, não tinha muros na frente da casa. Ali, quem passava era convidado para entrar e bater um papo no alpendre pintado de verde. Era apaixonado pela cor símbolo das campanhas políticas na década de 60 do amigo Aluízio Alves. Em cima de uma mesa, também verde, nunca deixava de ter um bom sarapatel, buchada e carneiro guisado, trazidos de Lagoa Nova, fazenda de sua paixão. Essa mesa também era repleta das mais variadas bebidas e muitas frutas que se destinavam ao tira-gosto de sua bebida preferida: a aguardente, também conhecida como cachaça, pinga, branquinha, birita, malvada, água que passarinho não bebe, esquenta goela etc.
Gostava de beber deitado em sua rede verde, balançando preguiçosamente no alpendre e entre um gole e outro, relatava estórias engraçadas dos nossos antepassados, sempre rodeado de sobrinhos e amigos. Recordo com saudade daquele seu brado característico. Bastava achar que a mesa não estava devidamente repleta dos mais diversos tira-gostos, não tinha dúvidas, gritava com todas as forças: JUUUUUUUUUUUUUUULIAAA!!!
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS- Saudosos veranistas - MAURINIO SENA
Domingo, 06 de fevereiro de 1994,estava voltando de Sagi e resolvi passar por Pipa. Encontrei minha tia na rua de cima e a mesma me disse que estava tendo uma festança na casa dos meus pais, pois painho já estava comemorando o seu aniversário pq seria uma semana de festa.
Estava no carro do IBAMA pq tinha ido atender uma ocorrência de avistagem de Peixe boi e não me sentí a vontade em descer e ir até lá, até pq eu gostava de tomar umas e ir até lá seria bastante perigoso. Resolvi voltar para Natal e avisei a tia Francinete que estaria em Pipa no dia 13, dia do aniversário do meu pai.
Estava no intervalo de almoço e o meu tio Mauricio chegou e me chamou, sentí que o mesmo estava nervoso e já me apavorei com a frase: aconteceu uma tragédia em Pipa...Maurinio morreu...
Entrei em desespero, era a única pessoa que não estava lá com ele, pensei logo na minha mãe e meus irmãos. Pensei que poderia ter bebido com ele, ter ficado com ele, ter agradecido a ele por tudo que fez por mim, por nós. Se eu soubesse que no dia 13 estaria participando da missa de sétimo dia de morte, eu teria descido lá no dia 06 e que se danasse o carro do trabalho, eu teria sido mais filha que profissional.
Até hoje não me recuperei. Até hoje não consigo ficar em nossa casa em paz, não consigo andar para a parte sul da Pipa, que na minha infancia e adolescencia era tão explorada para pescar, fachiar, pegar caju,descer morro com tábua, escalar falesia, ir de cavalo para Sibaúma. Eu nunca quis nem saber onde tinha sido o ocorrido, mas sabia por alto de alguns detalhes que por ventura tive que escutar.
Eu me afastei de Pipa, me isolei de tudo de bom que já tinha vivido por lá, o meu sofrimento criou uma barreira que aos poucos tento superar.Qdo eu apareço por lá a trabalho o pessoal me diz que sente minha falta, que meu pai morreu no paraiso e que eu devia voltar lá mais vezes e ser feliz como era antes.
Foi por isso que ainda exitei em ler o ser artigo por completo e te escrever, eu não queria me deprimir pq tenho estado forte para seguir em frente durante esses 15 anos de saudades. Só que eu não podia deixar de ler o que escreveu sobre o meu pai, o meu chefe no trabalho, o meu ídolo Maurinio Sena Silva. E foi assim que descobrí todos os detalhes, do lugar aonde aconteceu o fato a amizade fiel do meu povo da praia de Pipa. Aqueles amigos jamais abandonariam a gente, quanto mais o "cumpade" Maurinio que tanto amou e respeitou aquele povo e aquele lugar como se fosse seu. Que pena que ele se foi, que dor não poder ter estado com ele na última festa da sua vida.
Muito obrigada pelo carinho e fica com Deus.
Zélia do Atol
18 de Novembro de 2009 18:43
Estava no carro do IBAMA pq tinha ido atender uma ocorrência de avistagem de Peixe boi e não me sentí a vontade em descer e ir até lá, até pq eu gostava de tomar umas e ir até lá seria bastante perigoso. Resolvi voltar para Natal e avisei a tia Francinete que estaria em Pipa no dia 13, dia do aniversário do meu pai.
Estava no intervalo de almoço e o meu tio Mauricio chegou e me chamou, sentí que o mesmo estava nervoso e já me apavorei com a frase: aconteceu uma tragédia em Pipa...Maurinio morreu...
Entrei em desespero, era a única pessoa que não estava lá com ele, pensei logo na minha mãe e meus irmãos. Pensei que poderia ter bebido com ele, ter ficado com ele, ter agradecido a ele por tudo que fez por mim, por nós. Se eu soubesse que no dia 13 estaria participando da missa de sétimo dia de morte, eu teria descido lá no dia 06 e que se danasse o carro do trabalho, eu teria sido mais filha que profissional.
Até hoje não me recuperei. Até hoje não consigo ficar em nossa casa em paz, não consigo andar para a parte sul da Pipa, que na minha infancia e adolescencia era tão explorada para pescar, fachiar, pegar caju,descer morro com tábua, escalar falesia, ir de cavalo para Sibaúma. Eu nunca quis nem saber onde tinha sido o ocorrido, mas sabia por alto de alguns detalhes que por ventura tive que escutar.
Eu me afastei de Pipa, me isolei de tudo de bom que já tinha vivido por lá, o meu sofrimento criou uma barreira que aos poucos tento superar.Qdo eu apareço por lá a trabalho o pessoal me diz que sente minha falta, que meu pai morreu no paraiso e que eu devia voltar lá mais vezes e ser feliz como era antes.
Foi por isso que ainda exitei em ler o ser artigo por completo e te escrever, eu não queria me deprimir pq tenho estado forte para seguir em frente durante esses 15 anos de saudades. Só que eu não podia deixar de ler o que escreveu sobre o meu pai, o meu chefe no trabalho, o meu ídolo Maurinio Sena Silva. E foi assim que descobrí todos os detalhes, do lugar aonde aconteceu o fato a amizade fiel do meu povo da praia de Pipa. Aqueles amigos jamais abandonariam a gente, quanto mais o "cumpade" Maurinio que tanto amou e respeitou aquele povo e aquele lugar como se fosse seu. Que pena que ele se foi, que dor não poder ter estado com ele na última festa da sua vida.
Muito obrigada pelo carinho e fica com Deus.
Zélia do Atol
18 de Novembro de 2009 18:43
CRIAÇÃO DO INRG - INST. NORTE-RIOGRANDENSE DE GENEALOGIA
Meu Prezado Presidente do Instituto Norte-Riograndense de Genealogia -INRG
Sr. Ormuz Barbalho Simonetti,
Há pouco registrei os meus cumprimentos pela grande iniciativa da criação do Instituto de Genealogia nesse Estado, do qual V. Sª é o primeiro Presidente, conforme texto abaixo, pois só agora tomei conhecimento, pedindo-lhe que me forneça o endereço completo do Instituto para doação do meu livro sobre Genealogia. Um grande abraço. Teotônio Luz
Francisco Teotônio da Luz Neto
Advogado e Economista
SHCGN 714, Bloco I, Casa 21 -
Brasília-DF e CEP: 70760-769
Tel 3340-8386 e Cel 8156-5681
E-mail: teotonioluz@terra.com.br
comentários:
Teotônio Luz disse...
Não poderia haver iniciativa mais grandiosa e histórica para a Genealogia nesse Estado do que criar o próprio Instituto de Genealogia. Minhas sinceras congratulações a todos por tão nobre ato. Gostaria de receber o endereço do INRG para fazer doação do meu livro GENEALOGIA DA FAMÍLIA LUZ, com 948 páginas. Abraços. Teotônio Luz
1 de Dezembro de 2009 20:39
Sr. Ormuz Barbalho Simonetti,
Há pouco registrei os meus cumprimentos pela grande iniciativa da criação do Instituto de Genealogia nesse Estado, do qual V. Sª é o primeiro Presidente, conforme texto abaixo, pois só agora tomei conhecimento, pedindo-lhe que me forneça o endereço completo do Instituto para doação do meu livro sobre Genealogia. Um grande abraço. Teotônio Luz
Francisco Teotônio da Luz Neto
Advogado e Economista
SHCGN 714, Bloco I, Casa 21 -
Brasília-DF e CEP: 70760-769
Tel 3340-8386 e Cel 8156-5681
E-mail: teotonioluz@terra.com.br
comentários:
Teotônio Luz disse...
Não poderia haver iniciativa mais grandiosa e histórica para a Genealogia nesse Estado do que criar o próprio Instituto de Genealogia. Minhas sinceras congratulações a todos por tão nobre ato. Gostaria de receber o endereço do INRG para fazer doação do meu livro GENEALOGIA DA FAMÍLIA LUZ, com 948 páginas. Abraços. Teotônio Luz
1 de Dezembro de 2009 20:39
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS
Ormuz, como velho saudosista, agradeço o envio desse e-mail.
Agora lamentamos que as autoridades tenham achado mais facil derrubar o ficus Benjamim, que combater os lacerdinhas.
Obrigado,
José Hélio de Mederiros
Natal RN
Agora lamentamos que as autoridades tenham achado mais facil derrubar o ficus Benjamim, que combater os lacerdinhas.
Obrigado,
José Hélio de Mederiros
Natal RN
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
UNIÃO BRASILEIRA DE ESCRITORES - UBE
UNIÃO BRASILEIRA DE ESCRITORES
Senhor Escritor: ORMUZ BARBALHO SIMONETTI
A União Brasileira de Escritores – UEB/RN, fundada no Rio Grande do Norte por Dom Nivaldo Monte, Zila Mamede, entre outros, informa a Vossa Senhoria que seu nome foi aprovado por unanimidade para ingressar na entidade, na qualidade de Sócio Efetivo, na reunião do dia 17.11.2009.
Cordialmente,
Eduardo Gosson
Senhor Escritor: ORMUZ BARBALHO SIMONETTI
A União Brasileira de Escritores – UEB/RN, fundada no Rio Grande do Norte por Dom Nivaldo Monte, Zila Mamede, entre outros, informa a Vossa Senhoria que seu nome foi aprovado por unanimidade para ingressar na entidade, na qualidade de Sócio Efetivo, na reunião do dia 17.11.2009.
Cordialmente,
Eduardo Gosson
A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS
ORMUZ BARBALHO SIMONETTI (Presidente do Instituto Norte-Riograndense de Genealogia-INRG e membro do IHGRN)www.ormuzsimonetti@yahoo.com.br
Publicada em "O JORNAL DE HOJE", edição de 26/11/2009
Pipa, coqueiros e pássaros.
"sinfonia de pardais anunciando o amanhecer... ”
Existe na Pipa uma área com cerca de 1600 m2 onde se localizam quatro casas, remanescentes de uma rua que outrora existia. Dessas quatro casas que restaram, a última da esquerda, de quem olha para o mar, pertenceu ao nativo Celestino Luiz Barbosa. Ao lado dela, existiam mais sete casas assim distribuídas: a de João de Chico, a de Maria Fidelis, a de Maria Segunda Fidelis, a de Conceição de Jovino, posteriormente comprada por Alfredo Clímaco de Carvalho, a de Ana de Joaquina, a de Manoel de Henetério que foi comprada por Cleto Gadelha e seu cunhado Luiz Grilo e por último a casa de José Luiz. Essas casas faziam parte da tal rua que existiu até a década de 60.
Infelizmente os proprietários não as protegeram devidamente e como o avanço do mar, foram totalmente destruídas. Hoje, em seu lugar estão localizadas as “barracas” que atendem com bebidas e pratos típicos, moradores, visitantes e principalmente os turistas.
Para surpresa dos que não conheceram a Pipa naquela época, era exatamente nessa rua onde eram feitas as vaquejadas. Essa tradição nordestina fazia parte das festividades que se realizavam no dia 19 de janeiro, data em que a comunidade comemora o dia dedicado ao santo padroeiro, São Sebastião.
Pois bem, é nesse pedacinho de chão que hoje existe a maior concentração de coqueiros de toda a praia da Pipa. O motivo do aglomerado dessas palmeiras é que como os quintais ficavam voltados para o mar e os antigos proprietários dessas casas plantavam os coqueiros sem nenhuma preocupação quanto à distância entre as plantas, era e ainda é comum se ver coqueiros ligados uns aos outros ou mesmo com espaços muito reduzidos entre eles.
Tivemos a sorte de ser proprietário da segunda dessas quatro casas, que na década de 40/50 pertenceu aos nativos: Pedro Estevão e depois a Manoel de Chico. Posteriormente foi adquirida por José Medeiros, que muito embora, nativo da cidade de Santa Cruz-RN, apaixonou-se pela Pipa na primeira vez que lá esteve a convite de um amigo. No ano seguinte já era proprietário dessa casa e nela veraneou por vários anos até que em 1975 foi comprada por nós.
Na atual casa da esquina existiam cinco coqueiros, inclusive o coqueiro que durante muitos anos foi o cartão postal da praia da Pipa. Sua imagem chegou aos quatro cantos da terra. Ele foi retratado em cartões postais, telas, quadros, camisetas e hoje, com certeza, faz parte de muitos álbuns de retratos, espalhados por esse mundo a fora.
Era um coqueiro de porte imponente, dizem os moradores mais antigos, com mais de 100 anos de idade. Seu tronco antes de tomar o sentido vertical, fazia uma grande curva em direção ao mar como se quisesse se destacar de todos os demais, dando-lhes aquela característica visual de beleza e poesia.
Os visitantes, que obrigatoriamente passavam por ele quando andavam pela beira da praia, não resistiam a uma fotografia de recordação. Muitos subiam em seu tronco, que no início se estendia rente as areias, para registrar aquele momento de beleza singular. Hoje infelizmente esse coqueiro não existe mais, vítima que foi da ganância, ignorância e insensibilidade de algumas pessoas.
Atualmente apenas nove coqueiros ainda continuam adornando essas casas, dos mais de 20 que existiam. Alguns foram sacrificados para o aumento das moradias e no ano passado mais um pereceu, desta vez pela ação da natureza. Não resistiu a uma forte rajada de ventos e tombou na praia.
O que seriam das nossas praias sem a presença dos coqueiros sua árvore símbolo? Eles estão presentes em praticamente todas as praias. Aqui chegaram bem antes que essas terras fossem descobertas pelos europeus.
É nesse pequeno espaço, que todas as manhãs e principalmente à tardinha, quando o sol vai quebrando lá pra o fim do mundo, que os sanhaços se reúnem para uma apresentação de seu harmônico coral. São dezenas deles que de coqueiro em coqueiro, cantam suas mais belas melodias. Às vezes, emitem também sons sibilantes, quando se entrelaçando em pleno vôo, entre namoros e disputa de companheiras.
É a visão maravilhosa desses pássaros que na amanhecensa e principalmente ao entardecer, nos brinda com esse maravilhoso balet musical. São momentos como esses, quando observamos a exuberante força da natureza exercendo seu poder de criação, em que devemos nos perguntar: o que temos feito para defendê-la e preservá-la?
Em Natal, seus moradores e visitantes, podem também, serem brindados com a sinfonia dos sanhaços. Basta para isso, aguardar as manhãs e tardes, em frente ao Cartório de Armando Fagundes na Rua Junqueira Aires n° 532. Na copa dos centenários fícus Benjamin, árvore responsável pela antiga arborização da cidade de Natal, dezenas de sanhaços brindam os que lá estiverem com seus gorjeios maravilhosos.
Sua cor original é azul celeste. Mas, os que habitam próximo ao mar, a natureza dotou-lhe da possibilidade de escurecer suas penas, tornando-as com a coloração esverdeada, próximo a dos coqueiros, sua árvore preferida. Esse mimetismo facilita a caça de insetos e larvas, que habitam as copas das árvores e constituem a base de sua dieta alimentar.
Outrora, a Pipa era um paraíso ornitológico com diversas espécimes com suas belas plumagens e cantos melodiosos. Eram canários da terra, galos de campina, rouxinóis, bem-te-vis, guriatãs, pássaros pega, o nosso encontro-de-ouro, e até mesmo os raros concris ou currupião, e xexéus, que vez por outra, se aventuravam pelos quintais repletos de mangueiras, cajueiros, jaqueiras e outras fruteiras cheias de frutos maduros e cheirosos.
Foi quando na década de 70, chegam a esse édem, os famigerados pardais. Esse pássaro, que não é silvestre, chegou a nossa região vinda do sudeste, possivelmente do Rio de Janeiro. Acredita-se que tenha chegado ao Brasil, vindos de Portugal, por volta de 1908, por ocasião da febre amarela. Julgava-se que os pássaros comiam os mosquitos transmissores da doença. Pura ignorância.
Foi, e ainda é, um verdadeiro desastre para a nossa fauna. Tornou-se uma praga devastadora de nossas aves silvestres de pequeno porte. Pesquisas com esses pássaros mostraram que são portadores e transmissores de ninfas de barbeiro. Seus ninhos são infectados por percevejos, ácaros, piolhos e podem ser disseminadores do vírus da peste aviária, da doença de Newcastle e outras zoonoses transmitidas pelas suas fezes. Pássaro oportunista, de temperamento agressivo e corajoso, não se intimida com a presença humana, pelo contrário, adapta-se bem a convivência com os humanos, pois garantem farta alimentação, se utilizando do nosso lixo.
Nidificam durante todo o ano e a postura geralmente é feita em um só ninho por diversas fêmeas, o que lhe garante uma excelente proliferação.Bastante territoriais e sempre agindo em bandos, expulsaram com facilidade a grande maioria dos pássaros de pequeno porte. Adota também a técnica de invasão de ninhos, destruindo os ovos dos concorrentes.
Na Pipa, apenas os bem-te-vis, as rolinhas cafofa e os sanhaçus, conseguiram resistir à ação desses predadores.
Somente o poeta, em seu mais sublime momento de criação, poderia chamar de “sinfonia”, aquele som exasperante, transmitidos por essas aves.
Publicada em "O JORNAL DE HOJE", edição de 26/11/2009
Pipa, coqueiros e pássaros.
"sinfonia de pardais anunciando o amanhecer... ”
Existe na Pipa uma área com cerca de 1600 m2 onde se localizam quatro casas, remanescentes de uma rua que outrora existia. Dessas quatro casas que restaram, a última da esquerda, de quem olha para o mar, pertenceu ao nativo Celestino Luiz Barbosa. Ao lado dela, existiam mais sete casas assim distribuídas: a de João de Chico, a de Maria Fidelis, a de Maria Segunda Fidelis, a de Conceição de Jovino, posteriormente comprada por Alfredo Clímaco de Carvalho, a de Ana de Joaquina, a de Manoel de Henetério que foi comprada por Cleto Gadelha e seu cunhado Luiz Grilo e por último a casa de José Luiz. Essas casas faziam parte da tal rua que existiu até a década de 60.
Infelizmente os proprietários não as protegeram devidamente e como o avanço do mar, foram totalmente destruídas. Hoje, em seu lugar estão localizadas as “barracas” que atendem com bebidas e pratos típicos, moradores, visitantes e principalmente os turistas.
Para surpresa dos que não conheceram a Pipa naquela época, era exatamente nessa rua onde eram feitas as vaquejadas. Essa tradição nordestina fazia parte das festividades que se realizavam no dia 19 de janeiro, data em que a comunidade comemora o dia dedicado ao santo padroeiro, São Sebastião.
Pois bem, é nesse pedacinho de chão que hoje existe a maior concentração de coqueiros de toda a praia da Pipa. O motivo do aglomerado dessas palmeiras é que como os quintais ficavam voltados para o mar e os antigos proprietários dessas casas plantavam os coqueiros sem nenhuma preocupação quanto à distância entre as plantas, era e ainda é comum se ver coqueiros ligados uns aos outros ou mesmo com espaços muito reduzidos entre eles.
Tivemos a sorte de ser proprietário da segunda dessas quatro casas, que na década de 40/50 pertenceu aos nativos: Pedro Estevão e depois a Manoel de Chico. Posteriormente foi adquirida por José Medeiros, que muito embora, nativo da cidade de Santa Cruz-RN, apaixonou-se pela Pipa na primeira vez que lá esteve a convite de um amigo. No ano seguinte já era proprietário dessa casa e nela veraneou por vários anos até que em 1975 foi comprada por nós.
Na atual casa da esquina existiam cinco coqueiros, inclusive o coqueiro que durante muitos anos foi o cartão postal da praia da Pipa. Sua imagem chegou aos quatro cantos da terra. Ele foi retratado em cartões postais, telas, quadros, camisetas e hoje, com certeza, faz parte de muitos álbuns de retratos, espalhados por esse mundo a fora.
Era um coqueiro de porte imponente, dizem os moradores mais antigos, com mais de 100 anos de idade. Seu tronco antes de tomar o sentido vertical, fazia uma grande curva em direção ao mar como se quisesse se destacar de todos os demais, dando-lhes aquela característica visual de beleza e poesia.
Os visitantes, que obrigatoriamente passavam por ele quando andavam pela beira da praia, não resistiam a uma fotografia de recordação. Muitos subiam em seu tronco, que no início se estendia rente as areias, para registrar aquele momento de beleza singular. Hoje infelizmente esse coqueiro não existe mais, vítima que foi da ganância, ignorância e insensibilidade de algumas pessoas.
Atualmente apenas nove coqueiros ainda continuam adornando essas casas, dos mais de 20 que existiam. Alguns foram sacrificados para o aumento das moradias e no ano passado mais um pereceu, desta vez pela ação da natureza. Não resistiu a uma forte rajada de ventos e tombou na praia.
O que seriam das nossas praias sem a presença dos coqueiros sua árvore símbolo? Eles estão presentes em praticamente todas as praias. Aqui chegaram bem antes que essas terras fossem descobertas pelos europeus.
É nesse pequeno espaço, que todas as manhãs e principalmente à tardinha, quando o sol vai quebrando lá pra o fim do mundo, que os sanhaços se reúnem para uma apresentação de seu harmônico coral. São dezenas deles que de coqueiro em coqueiro, cantam suas mais belas melodias. Às vezes, emitem também sons sibilantes, quando se entrelaçando em pleno vôo, entre namoros e disputa de companheiras.
É a visão maravilhosa desses pássaros que na amanhecensa e principalmente ao entardecer, nos brinda com esse maravilhoso balet musical. São momentos como esses, quando observamos a exuberante força da natureza exercendo seu poder de criação, em que devemos nos perguntar: o que temos feito para defendê-la e preservá-la?
Em Natal, seus moradores e visitantes, podem também, serem brindados com a sinfonia dos sanhaços. Basta para isso, aguardar as manhãs e tardes, em frente ao Cartório de Armando Fagundes na Rua Junqueira Aires n° 532. Na copa dos centenários fícus Benjamin, árvore responsável pela antiga arborização da cidade de Natal, dezenas de sanhaços brindam os que lá estiverem com seus gorjeios maravilhosos.
Sua cor original é azul celeste. Mas, os que habitam próximo ao mar, a natureza dotou-lhe da possibilidade de escurecer suas penas, tornando-as com a coloração esverdeada, próximo a dos coqueiros, sua árvore preferida. Esse mimetismo facilita a caça de insetos e larvas, que habitam as copas das árvores e constituem a base de sua dieta alimentar.
Outrora, a Pipa era um paraíso ornitológico com diversas espécimes com suas belas plumagens e cantos melodiosos. Eram canários da terra, galos de campina, rouxinóis, bem-te-vis, guriatãs, pássaros pega, o nosso encontro-de-ouro, e até mesmo os raros concris ou currupião, e xexéus, que vez por outra, se aventuravam pelos quintais repletos de mangueiras, cajueiros, jaqueiras e outras fruteiras cheias de frutos maduros e cheirosos.
Foi quando na década de 70, chegam a esse édem, os famigerados pardais. Esse pássaro, que não é silvestre, chegou a nossa região vinda do sudeste, possivelmente do Rio de Janeiro. Acredita-se que tenha chegado ao Brasil, vindos de Portugal, por volta de 1908, por ocasião da febre amarela. Julgava-se que os pássaros comiam os mosquitos transmissores da doença. Pura ignorância.
Foi, e ainda é, um verdadeiro desastre para a nossa fauna. Tornou-se uma praga devastadora de nossas aves silvestres de pequeno porte. Pesquisas com esses pássaros mostraram que são portadores e transmissores de ninfas de barbeiro. Seus ninhos são infectados por percevejos, ácaros, piolhos e podem ser disseminadores do vírus da peste aviária, da doença de Newcastle e outras zoonoses transmitidas pelas suas fezes. Pássaro oportunista, de temperamento agressivo e corajoso, não se intimida com a presença humana, pelo contrário, adapta-se bem a convivência com os humanos, pois garantem farta alimentação, se utilizando do nosso lixo.
Nidificam durante todo o ano e a postura geralmente é feita em um só ninho por diversas fêmeas, o que lhe garante uma excelente proliferação.Bastante territoriais e sempre agindo em bandos, expulsaram com facilidade a grande maioria dos pássaros de pequeno porte. Adota também a técnica de invasão de ninhos, destruindo os ovos dos concorrentes.
Na Pipa, apenas os bem-te-vis, as rolinhas cafofa e os sanhaçus, conseguiram resistir à ação desses predadores.
Somente o poeta, em seu mais sublime momento de criação, poderia chamar de “sinfonia”, aquele som exasperante, transmitidos por essas aves.
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
terça-feira, 24 de novembro de 2009
A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS
Ormuz,
Se tem uma coisa que eu adoro e que me faz viajar no tempo é
acompanhar suas postagens sobre a Pipa em seu blog.
Quem viveu e conviveu com a Pipa dos anos 70/80, certamente tem
muita história para contar. A começar pelas festinhas de radiola ao som de
Roberto Carlos; pelas noites de violão e lua cheia, que sempre terminavam
em "loba", iniciada pela dupla Roberto Luiz e Lola; pela paquera que era
consumada com um pedido de "colo"; pelos banhos de mar no final da tarde,
ou até mesmo pelo puxa-puxa de Candinha, da deliciosa fritada de peixe da
casa de Zelminha, pelo "friviado" vendido pelos nativos, pelos perus
arrematados nas festas de São Sebastião, ou até pelas galinhas roubadas nas
casas de Cirene e de Candinha, sempre com o aval dos netos-cúmplices,
Rogério e Danilo Júnior.
Até o cheiro da Pipa era algo especial. Cheiro do óleo Johnson,
que mamãe passava no meu cabelo, do perfume Contouré, do Peixe a Cavala com
pirão, da manga espada. Ah, esse peixe era uma coisa dos deuses... não tinha
restaurante de lugar nenhum que se igualasse ao seu sabor e ao seu cheiro. A
manga espada, então, nem se fala. Além de ser a manga mais gostosa do mundo,
a da Pipa fazia parte do ritual do banho-de-mar.
Para completar todas essas lembranças, não posso deixar de
lembrar da visitinha ao Morro da Cruz, que garantia a volta no próximo
veraneio. Para nós, então, que morávamos em Recife, essa volta era aguardada
durante o ano todo. E, para mim, que sou aniversariante de janeiro, a Pipa
tinha um sabor ainda mais especial. Acordava no dia 17 de janeiro, olhava
para a Pedra de São Sebastião e ganhava um beijo da minha madrinha tão
querida, Neusa Barbalho. Ela sempre tão doce e carinhosa, parecia que
adivinhava os meus gostos em seus presentes, que sempre vinham acompanhados
com um envelope de dinheiro, escrito com uma letra tão perfeita, de
caligrafia vertical: “ À minha querida Afilhada Ana Cristina”. Hoje, aos
seus bem vividos 98 anos, faço questão de retribuir todos os maravilhosos
aniversários em que recebi a sua abênção. Não deixo de visitá-la no dia 7 de
outubro, seu aniversário.
Enfim, Ormuz, quero lhe parabenizar pelo blog e incentivar a
divulgação do mesmo, para que os nossos colegas veranistas compartilhem
também dessa oportunidade de ler tão lindas palavras.
Beijo,
Ana Cristina Felinto de Carvalho
Fone: +55(84)8866.5476
E-mail: ana.cristina@natal.rn.gov.br
Se tem uma coisa que eu adoro e que me faz viajar no tempo é
acompanhar suas postagens sobre a Pipa em seu blog.
Quem viveu e conviveu com a Pipa dos anos 70/80, certamente tem
muita história para contar. A começar pelas festinhas de radiola ao som de
Roberto Carlos; pelas noites de violão e lua cheia, que sempre terminavam
em "loba", iniciada pela dupla Roberto Luiz e Lola; pela paquera que era
consumada com um pedido de "colo"; pelos banhos de mar no final da tarde,
ou até mesmo pelo puxa-puxa de Candinha, da deliciosa fritada de peixe da
casa de Zelminha, pelo "friviado" vendido pelos nativos, pelos perus
arrematados nas festas de São Sebastião, ou até pelas galinhas roubadas nas
casas de Cirene e de Candinha, sempre com o aval dos netos-cúmplices,
Rogério e Danilo Júnior.
Até o cheiro da Pipa era algo especial. Cheiro do óleo Johnson,
que mamãe passava no meu cabelo, do perfume Contouré, do Peixe a Cavala com
pirão, da manga espada. Ah, esse peixe era uma coisa dos deuses... não tinha
restaurante de lugar nenhum que se igualasse ao seu sabor e ao seu cheiro. A
manga espada, então, nem se fala. Além de ser a manga mais gostosa do mundo,
a da Pipa fazia parte do ritual do banho-de-mar.
Para completar todas essas lembranças, não posso deixar de
lembrar da visitinha ao Morro da Cruz, que garantia a volta no próximo
veraneio. Para nós, então, que morávamos em Recife, essa volta era aguardada
durante o ano todo. E, para mim, que sou aniversariante de janeiro, a Pipa
tinha um sabor ainda mais especial. Acordava no dia 17 de janeiro, olhava
para a Pedra de São Sebastião e ganhava um beijo da minha madrinha tão
querida, Neusa Barbalho. Ela sempre tão doce e carinhosa, parecia que
adivinhava os meus gostos em seus presentes, que sempre vinham acompanhados
com um envelope de dinheiro, escrito com uma letra tão perfeita, de
caligrafia vertical: “ À minha querida Afilhada Ana Cristina”. Hoje, aos
seus bem vividos 98 anos, faço questão de retribuir todos os maravilhosos
aniversários em que recebi a sua abênção. Não deixo de visitá-la no dia 7 de
outubro, seu aniversário.
Enfim, Ormuz, quero lhe parabenizar pelo blog e incentivar a
divulgação do mesmo, para que os nossos colegas veranistas compartilhem
também dessa oportunidade de ler tão lindas palavras.
Beijo,
Ana Cristina Felinto de Carvalho
Fone: +55(84)8866.5476
E-mail: ana.cristina@natal.rn.gov.br
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
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