LAÉCIO FERNANDES MORAIS in
Ceará-Mirim, Tradição, Engenho e Arte – 2005/SEBRAE, UFRN e Prefeitura
Municipal de Ceará-Mirim.
A ocupação das terras brasileiras se
deu com a implantação simultânea da cultura canavieira. A organização da
atividade açucareira, em seus traços gerais, tinha como elemento central o
engenho, composto pela fábrica, com maquinário para retirar o caldo da cana e
utensílios para produzir o açúcar, e pela grande propriedade para composição
dos canaviais. Tal empreendimento foi estruturado com base no trabalho escravo,
sob comando do senhor de engenho.
No Rio Grande do Norte, o cultivo da cana de açúcar teve início no século XVII. Em Ceará-Mirim, a indústria açucareira foi organizada em meados do século XIX, quando, em 1843, Antonio Bento Viana instalou o Engenho Carnaubal, que funcionou com a primeira moenda horizontal ao longo do vale.
No Rio Grande do Norte, o cultivo da cana de açúcar teve início no século XVII. Em Ceará-Mirim, a indústria açucareira foi organizada em meados do século XIX, quando, em 1843, Antonio Bento Viana instalou o Engenho Carnaubal, que funcionou com a primeira moenda horizontal ao longo do vale.
A produção açucareira no município
tomou impulso a partir de 1894 e manteve-se próspera até 1920, período em que
ali foram instalados mais de cinquenta engenhos. Na época Ceará-Mirim se
destacava como principal produtor de açúcar no Rio Grande do Norte, sendo
responsável por 60% da produção. Nessa fase, houve a iniciativa de se
aperfeiçoar o processo produtivo no município, quando, em 22 de agosto de 1912,
o então governador Alberto Maranhão assinou um contrato com Julius Von Sohsten,
negociante estabelecido em Pernambuco, para instalação da primeira Usina
Central.
Seu objetivo era centralizar e
modernizar a produção açucareira, adequando-a às novas exigências do mercado
internacional, incentivando uma mentalidade de caráter empresarial. O projeto
“Usina Central” não foi realizado. No vale do Ceará-Mirim, a partir da década
de 1920, foram implantadas três usinas de pequeno porte: a Guanabara, de
propriedade de Antonio Basílio Dantas Ribeiro, a São Francisco, organizada no
antigo engenho que pertenceu a Manuel Varela do Nascimento – Barão de
Ceará-Mirim – e Ilha Bela, dos herdeiros de José Felix Varela.
Como consequência desse processo, a
imagem político-social do senhor de engenho foi ofuscada pela figura do
usineiro dinâmico, político e catalisador de influências. Diante da nova estrutura
produtiva, muitos senhores, que não dispunham de recursos suficientes para
modernizar suas unidades de produção, passaram à simples condição de
fornecedores de cana-de-açúcar. A agroindústria se consolidava, alterando o
cenário local. Muitos engenhos do município ficaram de “fogo morto”, pois
muitos descendentes das tradicionais famílias ceará-mirinenses passaram a
seguir carreira nos quadros do funcionalismo público.
A industrialização da atividade
açucareira configurou uma nova realidade na produção, que atualmente é
realizada pela Companhia Açucareira Vale do Ceará-Mirim, novo nome da antiga
Usina São Francisco, dirigida por Geraldo José da Câmara Ferreira de Melo. Dos
vários engenhos existentes no vale, apenas o Mucuripe, de propriedade de Ruy Pereira
Júnior, continua em funcionamento. Sua estrutura, que era organizada para
produzir o açúcar mascavo, tem hoje seu maquinário adaptado para a fabricação
apenas de mel e rapadura.*