Em 1968 o Lord’s saiu na avenida com a
alegoria patrocinada pelo Posto da Tamarineira, como podemos ver na foto
conseguida com Baíto, que inclusive participou do bloco naquele ano. Nessa foto
histórica podemos ainda identificar outros componentes: Thales, Bel, Franklin,
Ormuz, Jairo Bode, Alfredo, os irmãos Dido (mascote) e Maninho Cambraia,
Flavio, Nelson Freire, as irmães Eloisa, Rejane e Simone Lordão, Gelza, as
irmães Tereza e Telma Cortez.
Em 1970, já com uma turma mais nova, fui presidente do Lord’s por apenas um carnaval. Que trabalheira! Quando quis me arrepender, já era tarde. Enfrentei o desafio com a ajuda de alguns abnegados que comigo formavam a diretoria. Entre eles estava Leonardo, hoje contador com escritório na Av. Prudente de Morais. Seus pais eram proprietários da SOCIC, loja de eletrodomésticos que ficava na esquina da Rua Princesa Isabel com a Avenida Rio Branco, representante exclusiva das enormes geladeiras Prosdócimo. Como tinha filial em Recife, a propaganda se referia a “SOCIC DE LÁ E A SOCIC DE CÁ”. Nesse ano, por falta de recursos, a alegoria foi feita com madeira compensada que vinha nas embalagens das geladeiras e a pintura, como sempre, pelas habilidosas mãos do artista plástico Levi Bulhões. A Kombi da loja foi de grande valia em nossas viagens pelo interior do Estado, à cata de trator e caçamba para o bloco. Nesse ano conseguimos o equipamento com Chico Seráfico em uma de suas propriedades em São José de Mipibu/RN, ajudado pelo conhecimento pessoal de Leonardo. Seu avô materno, Francisco Targino Pessoa, proprietário rural em São José de Campestre, era fornecedor de algodão para NÓBREGA & DANTAS, usina de beneficiamento que pertencia a Chico Seráfico.
Segunda fase do bloco Lord's - 1971
Apesar de tudo guardo na bruma das
minhas reminiscências boas recordações daqueles tempos idos e vividos. Uma
delas foi reavivada após um telefonema que dei para Lauro Bubú, em busca de
informações daquela época. Lembramos de um fato, que se tivesse acontecido nos
dias de hoje, certamente ficaria conhecido como “a revolta do Dentão”. No
sábado de carnaval, Lauro tomou um porre homérico e no domingo não teve
condições de sair com o bloco. Como a alegoria era guardada em sua casa, na rua
Mipibú nr. 355, logo apareceu a solução para o problema: Luiz Dentão – falecido
prematuramente aos 48 anos de idade - apresentou-se para substituí-lo naquele
dia. Nada mais justo, pois se tratava de seu irmão. Como conhecia a todos, pois
as reuniões aconteciam em sua casa, vestiu a fantasia do dia e rapidamente
integrou-se a turma. Foi o folião de maior destaque. Participou de todos os
“assaltos”, do corso na Av. Deodoro, da matinê na sede social do América
Futebol Clube, localizada na Av. Rodrigues Alves e prosseguiu por toda a
madrugada, entregue de corpo e alma a folia de Momo.
No dia seguinte, com Lauro já totalmente
recuperado do porre, o Lord’s saiu para a avenida com um componente a mais: era
Luiz Dentão que não se conformando em ficar de fora, estava disposto a levar
sua reivindicação às últimas consequências, e para isso contava com o apoio de
todos os componentes, impressionados com sua foliônica atuação. Para acalmar os
ânimos logo foi encontrada uma solução apaziguadora. Ficou acertado que ele
brincaria o resto dos dias utilizando sempre a fantasia do dia anterior.
Alguns componentes identificado: Túlio, Thales, Levi, Ormuz, Beto, China, Naná, Alfredo, Verinha, Fátima.
Nas nossas reuniões na casa de Lauro, as
mais acaloradas era para discutir o preço da “jóia” - valor pago por cada um
dos componentes que se destinava ao custeio da agremiação: confecção da
alegoria, combustível para o trator, pagamento do tratorista, contratação da
orquestra e também o alvará para circular nas ruas e principalmente no “corso”
onde carros e blocos eram fiscalizados. O alvará, colado no parabrisa dos
carros, era obrigatório para participarem do “corso”, sob pena de multa e
apreensão do veículo.
Outra boa discussão era com relação aos
“assaltos”. Uma das respostas que mais me irritava era quando perguntávamos aos
componentes se já haviam conseguido algum “assalto” - obrigação de cada um de
nós, já que precisávamos de pelo menos três por dia, para que o bloco não
ficasse somente passeando pelas ruas - e vinha a resposta que detestava ouvir: tô
batalhando! Esses “batalhadores”
geralmente nunca conseguiam nada. Até que um dia chegamos a cogitar que a turma
dos “batalhadores” deveria se reunir e patrocinar um ou dois assaltos. Foi um
Deus nos acuda!!! Mexemos num vespeiro. E permaneceu tudo do jeito que estava:
os batalhadores continuaram batalhando...