sexta-feira, 24 de maio de 2013
quinta-feira, 23 de maio de 2013
DE VOLTA AO PASSADO VII – ANTIGOS BLOCOS CARNAVALESCOS – Parte II
Os blocos ditos “de elite” a princípio desfilavam em
caminhões. As carrocerias eram estilizadas com desenhos de motivos
carnavalescos onde pierrôs, colombinas e arlequins, personagens símbolos dos
carnavais, sempre eram retratados. Confetes, serpentinas e lanças perfumes,
davam um tom de alegria, às figuras retratadas por todos os espaços das
alegorias.
Com
maior destaque e em local bem visível vinha o nome da agremiação. Para animar os
foliões, contratavam uma pequena orquestra, ao contrário dos blocos dos anos 50,
onde a maioria dos instrumentos musicais eram tocados pelos próprios
componentes.
Fazia parte desses carnavais os famosos “assaltos”, que se
constituíam em visitas que os blocos faziam nas residências, geralmente de familiares
ou de amigos dos componentes, previamente acertada com os donos das casas
selecionadas. Nos “assaltos” os foliões eram recebidos com muita bebida e
salgadinhos. Lembro-me particularmente de um desses salgadinhos. Composto por
uma azeitona, um rodela de salsicha e um cubo de queijo, tudo enfiado em um
palito, era servido em grandes bandejas ou espetado em uma melancia ou jerimum
envolto em papel alumínio. Era conhecido pelo pitoresco nome de “sacanagem”.
A
orquestra tocava pelo menos duas horas, com intervalo para descanso. Nessas
ocasiões os promotores do “assalto” convidavam amigos e parentes para fazerem
parte da festa. Quando a alegoria parava em frente à residência que ia ser
visitada, logo a frente da casa se enchia de curiosos que acorriam ao local
para também, mesmo que do lado de fora, participarem da festa.
Daquela época recordo ainda do bloco Bacurinhas. Arnoudzinho, amigo e colega de madrugadoras caminhadas na Avenida Rodrigues Alves, que fez parte do bloco por vários anos, me ajudou no garimpo de alguns de seus componentes. Foram fundadores: Dozinho compositor do hino, deputado Márcio Marinho e Décio Holanda, de saudosas memórias, os irmãos Euzébio (galego) e Manoel Maia, Ronaldo e Márcio Brilhante Fernandes, Marconi Lima (filho do deputado estadual João Aureliano de Lima) e Alcindo (dentista). Outros componentes que participaram do bloco no decorrer dos anos: os irmãos Daniel, Gilberto e Antônio Lira, Manoel e Henrique Gaspar, Jussier e Roberto Trindade Santos, João (Galinha) e Manoel (Mano Frango), Dantas, Edmundo e Fred Aires (figurinista de destaque entre as socialites da época, Bentinho (mago Bento) Manoel Otoni (Baba), ex-prefeito de Goianinha e seu irmão Alfredinho Otoni de Lima, Manoel, Clementino (Biliu) e Luiz Martins da Silva, Antônio (Tota), contador conhecido nas décadas de 70/80, Nilton, João, Dantas, Zélio, Peninha, mais dois irmãos cujos nomes não recorda, sendo um deles, oftalmologista com consultório próximo da Maternidade Januario Cicco, João Maria Galiza, Alcindo, Gley Fernandes Gurjão e outros.
Posteriormente, o caminhão foi substituído por carroças
puxadas por trator, mais fácil de se conseguir nas fazendas da região, e com a
vantagem de ser mais baixa que a carroceria do caminhão, facilitando assim o
embarque e desembarque tanto na ocasião dos “assaltos”, como quando desfilavam
no “corso” na Avenida Deodoro. Outra grande vantagem foi que as quedas, embora
raras, quando ocorriam, não resultavam em maiores danos, ao contrário das
ocorridas de cima das altas carrocerias dos caminhões.
A orquestra, considerada o coração do bloco, tinha lugar
reservado na frente da alegoria. Geralmente era composta por seis a oito músicos,
assim distribuídos: Um sax baixo, um sax tenor, dois trombones, um de vara e
outro de pistão, um surdo, um tarol e uma caixa. Lembro-me de um soldado da
polícia militar de cognome Marimbondo, apelido que ganhou por ter a pele do
rosto avermelhada, era disputado pela maioria dos blocos, pois além de ser
responsável pela orquestra que formava com componentes da banda de música da
policia militar, era exímio trompetista. Sempre que o bloco iniciava seu
desfile pelas ruas e avenidas da cidade ou quando à noite entrava no “corso” na
Av. Deodoro, lá estava Marimbondo caminhando na frente do bloco. Com ares de
Pavarotti, andar cadenciado, bochechas vermelhas e inchadas prestes a estourar,
apertava a boquilha do clarim de encontro aos seus lábios, e arrancava do
instrumento as mais belas notas musicais, na introdução da marchinha Zé
Pereira, anunciando a entrada do bloco no “corso”, a chegada ou saída das casas
“assaltadas”.
Esses blocos
se multiplicaram e em cada bairro ou turma de colégio surgia uma dessas
agremiações. Cito alguns que me chegam à lembrança: Escandalli, Penetras,
Lord’s, Deuses, Apache, Plebe, Jardim de Infância, Kings, Lunik, Jardineiros,
Colônia Pinel, Saca-Rolha, Ressaka e outros que me fogem da memória.