sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

UMA VIAGEM INESQUECÍVEL - QUARTA PARTE



         Retornamos ao Hotel, e lá pelo meio dia, por fim, chega o filho do meu amigo que havia permanecido em São Paulo na tentativa de ajudar seu pai a resolver o imbróglio, resultado do seu impedimento de continuar o vôo para o Chile. Infelizmente as notícias não eram boas. Seu pai ainda permanecia aguardando um posicionamento da TAM, que se recusava a embarcá-lo de volta a Natal, sem que ele adquirisse o equipamento necessário. Soubemos no dia seguinte, três de novembro, portanto, quatro dias após seu desembarque em São Paulo, que retornaria para Natal. Para tanto, a Companhia Aérea - TAM - lhe cobrou R$ 850,00 (oitocentos e cinquenta reais) para instalar em sua poltrona uma garrafa de oxigênio para que lhe fosse útil em caso de desconforto. Por ironia, durante o vôo Guarulhos/Natal, em nenhum momento precisou fazer uso do mesmo.

         Com a chegada do filho desse amigo, fiquei aliviado. Era mais uma pessoa para me auxiliar nas difíceis decisões, daquela interminável sequência de situações inusitadas, que continuávamos passando, desde que resolvemos fazer essa bendita viagem.

                                                       Mercado Central  - Santiago

          Após relatar toda a odisséia vivida nos últimos dias no aeroporto de Osasco-SP voltamos a nos concentrar na viagem. Programamos para a tarde daquele mesmo dia, uma visita ao famoso Mercado Central, uma obra arquitetônica construída em ferro fundido e inaugurada em 1872.
                                         Mercado Central 

         O Mercado Central, famoso pela sua gastronomia requintada, é um dos pontos turísticos mais visitados. Mescla restaurante onde são servidos pratos sofisticados, executados pelos mais famosos chefs da culinária chilena, com simples bancas onde se encontra peixes de vários tipos e os mais estranhos habitantes das profundezas do pacífico.  Os pratos são preparados à base de antigas receitas, só conhecidas pelos chefs locais e guardadas a sete chaves. 
                                               Caranguejo Centolla
        
Nossa intenção era degustar o famoso “centolla”, um caranguejo gigante que é pescado nas águas geladas do Oceano Pacífico, mas que nada tem a ver com o caranguejo do ártico ou caranguejo real, pescados no mar gelado da Noruega.
                                     Mercado Central - Frutos do mar

         Dentro do mercado, os restaurantes sempre muito concorridos, o “centolla” é o prato mais anunciado para os turistas e também o mais caro. Os garçons circulam por entre as mesas exibindo a iguaria e provocando o desejo dos visitantes.

                                Mercado Central - Restaurantes sofisticados

         Depois de muito sacrifício, conseguimos uma mesa a custo de vários safanões do nosso garçom, que nos “pescou” ainda do lado de fora do mercado, e a nossa frente, abria caminho cheio de moral, como se fosse um segurança de candidato, aqui em nossa “Terra Brasílis”.

         Após nos acomodar em uma das mesa, ele nos apresenta o tal caranguejo que, pelo preço cobrado, cerca de R$ 300,00 a unidade, não nos atraiu, principalmente pra quem vive na terra de grandes manguezais, habitat natural dos caranguejos-uçá e o gostoso goiamum, obviamente, bem menores, porém de sabor inigualável. Eu particularmente tenho dúvidas quanto ao sabor de caranguejo que não é cozinhado no leite de coco e com muito coentro e cebola, o que não era o caso. Não me arrependo de não ter provado o “centolla”. Não devia ser lá grande coisa.
                                         Caranguejo-uçá

        Optamos então por degustar outros dois pratos: um à base de carne e o outro de peixe. Foi grande a demora para servir os pratos solicitados, principalmente para nós que havíamos tomado café muito cedo.

         Dentro do marcado o frenesi era intenso. Garçons aos gritos anunciavam os melhores pratos servidos em seus restaurantes, pessoas procurando mesas, o ambiente superlotado com gente falando vários idiomas, tudo isso mais parecia um grande Mercado Persa. Enquanto bebericávamos um chope, eu espichava os olhos para as mesas vizinhas, repletas de comidas de todos os tipos, na procura de algo que me atraísse, eis que surge do nada um “violonista de bar”. Aquele indivíduo que ganha à vida se apresentando nos restaurantes em troca de algum dinheiro. Quando notou que éramos brasileiros, não teve dúvidas: sapecou nos nossos pobres ouvidos, em alto e bom som, um AÍ SE EU TE PEGO, do Miclhel Teló. Depois da surpresa, veio à reação: meu estômago, já maltratado pela mudança para o tempero andino, dava sinais de revolta.  A fome que havia sido aplacada com algumas canecas de bom chope Cristal, voltou feito furacão. O pior é que o menestrel, empolgado pelas palmas e risos de brasileiros que ocupavam as mesas em sua volta, toda vez que gritava o refrão, o fazia ainda mais alto. Só nos deu sossego quando conseguiu nos arrancar alguns pesos. Foi uma verdadeira tortura chinesa. Aquele chileno cantando num portunhol medonho, uma música, mais medonha ainda. Não houve jeito, pagamos pra nos livrar do cantor e, com o devido respeito, também da música.

         Após o “almoço musical”, e com nossas forças já restabelecidas, aproveitamos para conhecer a bela e imponente Catedral Metropolitana, o maior templo da igreja católica no país, localizada em frente a Plaza das Armas, na zona histórica da cidade.  A catedral é dedicada a Assunção da Santíssima Virgem. Sua construção foi iniciada em1748, no governo do espanhol Domingo Ortiz de Rozas. Em estilo neoclássico italiano deixa o visitante deslumbrado, ante de tanta beleza, perfeição e harmonia. Possui três naves. Na direita encontram-se as tumbas de grandes personalidades do Chile. Na esquerda, está o Museu da Catedral, e na nave central fica o altar-mor. Este, construído em Munique, na Alemanha, foi esculpido em mármore branco com aplicações de bronze e lápis-lazúli. Na nave central é exibido um magnífico órgão de tubos, que data do ano de 1756, juntamente com os púlpitos do século XIX.

         Antes dela, já existiram nesse mesmo local, outras quatro igrejas. Duas delas foram derrubadas pelos indígenas e as outras por forças da natureza - terremotos. A construção da última das duas torres, somente foi concluída no ano de 1800.
                                                         Catedral de Santiago

                                                           Catedral de Santiago

                                                           Catedral de Santiago


                                                          Catedral de Santiago


                                           Orgão de Tubos - 1756