ORMUZ BARBALHO SIMONETTI (Presidente do Instituto Norte-Riograndense de Genealogia-INRG, membro da UBE-RN e do IHGRN)
www.ormuzsimonetti@yahoo.com.br
PUBLICADA EM “O JORNALDEHOJE” EDIÇÃO DE 30 DE ABRIL DE 2010.
PIPA, personagens inesquecíveis
Alguns nativos se destacaram pelas suas peculiaridades. Um deles foi DEDA. Seu nome de batismo era José de Melo Andrade, mas todos o conheciam pelo apelido. Foi o quarto filho de uma família de cinco irmãos, tendo nascido em 1935. Seus pais, Manoel de Melo Andrade, paraibano de Mataraca e Josefa de Melo Andrade, tiveram desde cedo, uma maior atenção com aquele garoto que tendo nascido perfeito, sofreu em tenra idade, uma violenta queda que o deixou com seqüelas para o resto da vida. Nas condições da Pipa daquela época, já foi um milagre ter conseguido sobreviver. Não havia médicos nem remédios. Foi tratado apenas com, compressas, chás de ervas e raízes da flora local e principalmente com a fé, refletida no trabalho das rezadeiras e benzedeiras, recursos ainda muito utilizados em nossos dias, principalmente pelas populações interioranas.
Como não pode ter um aprendizado, igual ao das outras crianças, em virtude de suas limitações, voltou-se para o lado doméstico. A queda lhe deixou com uma das pernas mais curta que lhe impunha grande sacrifício para andar. Seu crescimento também foi muito prejudicado, pois chegou a idade adulta com menos de um metro de estatura.
Se não tivesse acontecido o incidente, inevitavelmente aprenderia a arte da pesca e da agricultura, o que normalmente acontecia com as crianças do sexo masculino naquela comunidade de pescadores e agricultores. Como tinha dificuldade de locomoção que o obrigava a passava a maior parte de seu tempo em casa com as irmãs e a mãe, voltou-se totalmente as tarefas domésticas, tornando-se um excelente cozinheiro. Foi essa a profissão que exerceu durante toda sua vida tendo, inclusive dirigido a cozinha de algumas famílias na praia da Pipa.
Dentre várias de suas habilidades domésticas, também aprendeu a fazer rendas de bilro. Era a única pessoa do sexo masculino que, naquelas redondezas, sabia manusear com maestria os bilros de sua pequena almofada. Durante o dia, sempre que tinha uma folga das tarefas domésticas, lá estava ele tecendo metros e metros de bicos, belas peças de renda, caminho de mesa etc.
Certa vez, foi convidado por minha prima Veneide Barbalho, ainda muito jovem, para lhe ensinar a arte das rendas de bilros. Chegou ele, bem cedinho, na casa de tio Venício e depois de acomodar sua almofada no alpendre, com voz sibilante, dispara com ares de professor: “Vamos iniciar pelos pontos mais fáceis! Com o tempo, vou lhe ensinando os outros que são mais difíceis”. E, totalmente compenetrado na aula, prosseguia: “Para fazer esse bico usamos apenas quatro pares de bilro e por ter esse formato redondinho, se chama cú de pinto”. Nesse instante fez-se silêncio total... Alguns segundos depois, tio Venício, pai da aluna, que com óculos descansando na ponta do nariz, e junto com alguns espectadores, assistiam atentamente a todas as explicações do mestre, arregala os olhos e exclama:. “Pára!...pára!. . .pára! . . . A aula esta terminada! Minha filha não vai aprender rendas com esses nomes imorais. Se o primeiro já foi esse, imagine o que vem por aí. . .” E assim, a aula foi finalizada antes mesmo de ter começado.
Deda, que sempre atuou como cozinheiro, especializou-se em conservação de peixes usando para isso uma o processo chamado “assar”, uma espécie de defumação rápida. Na Pipa daquela época não existia geladeira. Para conservar os alimentos se utilizava as mais diversas e inventivas técnicas. As raízes e frutas eram colocadas no pé das jarras d’água, que por criar um ambiente úmido em seu redor, conservava os alimentos frescos por mais tempo. Quando os botes retornavam da pesca trazendo em seus porões cavalas, albacoras, garoupas e dourados, os veranistas sabiam que podiam comprar peixes de maior porte, ou em maior quantidade, pois os que não fossem consumidos imediatamente poderiam ser enviados para Dede, que se encarregava de fazer sua conservação. Nesse processo primeiro o peixe era partido em postas, onde em seguida eram atravessadas por palitos de coqueiro para que ao “assar”, não se despedaçassem.
Colocadas em uma urupema para perder o excesso d’água, as postas eram lavados ao fogão de lenha e colocadas em uma grelha em cima das brasas aliadas a um pouco de fumaça. Bastavam alguns minutos naquela temperatura e o peixe estava pronto para ser guardado em jiraus, que ficava nas dispensas. O consumo podia ser feito em até uma semana, sem nenhum risco de estragar.
Deda sempre participava de nossas brincadeiras quando envolvia roubo de galinhas. Era comum a invasão noturna nos galinheiros das casas dos veranistas. Naquela época, em quase todos os quintais dos veranistas, existia uma espécie de quarto, feitos com varas de faxina, denominado “galinheiro”, onde eram mantidas as aves que seriam consumidas durante o período do veraneio. Quando a sorte ajudava e conseguíamos adentrar nesses locais e surrupiar algumas “penosas”, o caminho já estava traçado: direto para a casa do saudoso Deda.
Ele não se importava a que horas fosse acordado, sempre nos recebia de bom humor, pois adorava participar dessas brincadeiras. De lamparina na mão, e usando um chambre branco, lá vinha ele com aquele andar característico. Sempre ensaiava uma bronca por tê-lo acordado àquela hora da noite, mas era tudo encenação. Logo estava ele com a turma, reunida numa palhoça que ficava no fundo do quintal, que chamava de cozinha, já colocando água no fogo pra preparar a galinha. Enquanto esperávamos o que seria o tira gosto, alguns já começavam a aliviar o peso das primeiras garrafas.
Vez por outra, alguém conseguia subtrair da dispensa de casa, um litro de Whisky, bebida pouco comum naquela época, um rum Merino ou mesmo a vodka Príncipe Igor , bebidas guardadas a sete chaves, prevenindo-se quanto à visita de algum visitante ilustre que resolvesse aparecer, de supetão.
Quando a galinha ficava pronta, muitos de nós já estávamos de pernas bambas, pois grande parte da bebida já tinha sido consumida com a ajuda das sempre presentes, sardinha coqueiro, carne de quitute da vaquinha ou ainda um voador seco assado na brasa. A farra tinha seqüência na beira da praia. Logo aparecia um violão e quase sempre terminavam sendo dedilhada ao pé de algumas janelas. Às vezes me recordo como saudade daquelas serenatas que fazíamos nas madrugadas de janeiro de uma Pipa adormecida. Entristece saber que nunca mais teremos oportunidade de repeti-las, pelo menos naqueles moldes de antigamente.
Muitas vezes convidávamos o inocente dono da casa onde tinha havido o roubo para participar da brincadeira. Depois do fato consumado, galinha na panela quase pronta, farofa bem acebolada e as primeiras garrafas sendo esvaziadas, era então revelado o delito. Depois da surpresa e por não tendo outra opção, participava da farra. O incauto parente além de perder a penosa, ainda tinha que agüentar a gozação pelo resto da noite. Nunca ninguém se aborreceu com essas brincadeiras, pois eram feitas, exclusivamente com nossos parentes.
Dante Simonetti foi um dos que mais sofreram com os roubos. Como era proprietário de uma granja em Parnamirim-RN, sempre tinha seu galinheiro recheado de frangos branquinhos e apetitosos. Alfredinho, nosso primo e imagine, hóspede de Dante, era que mais dava baixa em suas galinhas. Vez por outra, após o jantar, davam um jeito de sorrateiramente, ir até o quintal e deixar uma das portas que acessavam a casa, somente encostada. As aves à noite, eram transferidas para dentro de casa, para maior segurança. Lá pela madrugada os meliantes, já avisados das condições favoráveis, não tinham a menor dificuldade de chegar ao quarto onde eles dormiam.
Dona Cândida Simonetti, carinhosamente chamada de Candinha, esposa do saudoso Danilo Simonetti, também sofreu com os roubos. Certa vez, esperando a visita do então prefeito de Natal, Tércius Rebelo, para um almoço em sua casa na Pipa, mandou comprar de véspera em Goianinha, uma manta de carne-de-sol. Recomendou ao portador que só comprasse se fosse chã de dentro. Visita ilustre sempre se oferece do bom e do melhor. Boca da noite, a carne foi pendurada em um varal no sereno, para ficar macia pegar mais gosto ao assar, prática muito utilizada na época. Olhos disfarçados rondavam ao redor, observavam aquela tentação.
Entusiasmada com a visita do prefeito, Candinha não recolheu a carne em tempo, e pagou caro pelo esquecimento. A manta de chã de dentro, comprada com muita dificuldade e todas as recomendações, desapareceu misteriosamente. Dizem que foi consumida da mesma forma que as galinhas, na beira da praia, assada na brasa e nesse dia em especial, em baixo de uma lua cheia e inspiradora. Nunca soubemos o que o ilustre visitante almoçou naquele dia.
Ainda na década de 80, Deda vendeu sua casa a Múcio Barbalho e mudou-se para a rua de cima. No dia 19 de março de 1999, faleceu em Natal aos 64 anos de idade no hospital Walfredo Gurgel, depois de ter se submetido a uma cirurgia de cateterismo. Morreu o homem, permaneceu o mito. Este, certamente, será sempre lembrado pelas gerações que viveram e conviveram na praia da Pipa do “tempo da delicadeza”.
Pipa, novembro 2009
sexta-feira, 30 de abril de 2010
quinta-feira, 29 de abril de 2010
PRIMEIRO ENCONTRO DE ESCRITORES DE LINGUA PORTUGUESA
quarta-feira, 28 de abril de 2010
ACTA DIURNA - A RESSUSCITADA DO CUNHAÚ
Caros amigos e leitores.
A partir da próxima semana estaremos enviando por e-mail, mais uma série de Actas Diurnas do mestre Câmara Cascudo. Relatarei em quatro actas, a história da “Ressuscitada do Cunhaú”. Como não fomos autorizados pelos detentores dos direitos atorais da obra para publicação nesse BLOG, estarei enviando aos interessados, através de e-mail.
Para isso basta solicitar através do e-mail: ormzsimonetti@yahoo.com.br
A partir da próxima semana estaremos enviando por e-mail, mais uma série de Actas Diurnas do mestre Câmara Cascudo. Relatarei em quatro actas, a história da “Ressuscitada do Cunhaú”. Como não fomos autorizados pelos detentores dos direitos atorais da obra para publicação nesse BLOG, estarei enviando aos interessados, através de e-mail.
Para isso basta solicitar através do e-mail: ormzsimonetti@yahoo.com.br
sexta-feira, 16 de abril de 2010
OLHANDO ESTRELAS
Caro Ormuz,
"O que seria das noites, se não houvessem as estrelas"
Que belo texto!
Este tipo de meditação faz bem ao nosso espírito!
Lá pelos campos do nosso Rio Grande do Sul, também
gostava de apreciar os vários desenhos que as estrelas formam,
como o Cruzeiro do Sul, a Pandorga, 3 Marias, a letra A, a cara do
Cavalo e outras.
Como existe uma distância de 4.200 km na direção Polo Sul & Polo Norte
entre RS e RN, tive a sensação de estar mais perto do céu, aqui nestas bandas.
Em dias de "lua cheia", as vêzes falo com familiares e amigos do RS e digo:
"Aqui ela está mais linda e mais perto de mim"!
Obrigado pela lembrança de coisas simples, mas que nos emociona!
Um abraço,
Flávio Almeida
Natal/RN
"O que seria das noites, se não houvessem as estrelas"
Que belo texto!
Este tipo de meditação faz bem ao nosso espírito!
Lá pelos campos do nosso Rio Grande do Sul, também
gostava de apreciar os vários desenhos que as estrelas formam,
como o Cruzeiro do Sul, a Pandorga, 3 Marias, a letra A, a cara do
Cavalo e outras.
Como existe uma distância de 4.200 km na direção Polo Sul & Polo Norte
entre RS e RN, tive a sensação de estar mais perto do céu, aqui nestas bandas.
Em dias de "lua cheia", as vêzes falo com familiares e amigos do RS e digo:
"Aqui ela está mais linda e mais perto de mim"!
Obrigado pela lembrança de coisas simples, mas que nos emociona!
Um abraço,
Flávio Almeida
Natal/RN
OLHANDO ESTRELAS
Caro Ormuz :
Li e apreciei sua crônica. Quando eu visitava a fazenda Limoeiro e depois São Francisco, ambos perto do pequeno povoado de Tabúa,
tinha a oportunidade de ver o maravilhoso céu estrelado dos lugares sem luz elétrica. A grande mancha leitosa da nossa galáxia, a Via Láctea, logo deixava óbvio porque os astrônomos colocaram este nome.
Aprendi a gostar de astronomia com minha mãe, que me ensinou a reconhecer muitas estrelas e constelações. Depois estudei mais por conta própria.
Carlos Alberto D. Moura
Rio de Janeiro/RJ
Li e apreciei sua crônica. Quando eu visitava a fazenda Limoeiro e depois São Francisco, ambos perto do pequeno povoado de Tabúa,
tinha a oportunidade de ver o maravilhoso céu estrelado dos lugares sem luz elétrica. A grande mancha leitosa da nossa galáxia, a Via Láctea, logo deixava óbvio porque os astrônomos colocaram este nome.
Aprendi a gostar de astronomia com minha mãe, que me ensinou a reconhecer muitas estrelas e constelações. Depois estudei mais por conta própria.
Carlos Alberto D. Moura
Rio de Janeiro/RJ
OLHANDO ESTRELAS
Caríssimo Ormuz:
Belíssima crônica, digna de ser apresentada em rede nacional a todos os brasileiros. Pena que,como você bem descreve, a insensibilidade de nossas emissoras contribui apenas para a informação da notícia pela notícia, valorizando o caos da sociedade e as formações de mentes insanas á distância. E enquanto por aqui se curte o "rebolation", as estrelas permanecem no céu, esperando momentos de reflexão.
Abraços.
Carlos Sizenando R. Pinheiro.
Natal/RN
Belíssima crônica, digna de ser apresentada em rede nacional a todos os brasileiros. Pena que,como você bem descreve, a insensibilidade de nossas emissoras contribui apenas para a informação da notícia pela notícia, valorizando o caos da sociedade e as formações de mentes insanas á distância. E enquanto por aqui se curte o "rebolation", as estrelas permanecem no céu, esperando momentos de reflexão.
Abraços.
Carlos Sizenando R. Pinheiro.
Natal/RN
OLHANDO ESTRELAS
Caro Ormuz,
sua crônica me levou de volta a uma realidade recente e por que não a passadas. Infelizmente cometi um equívoco. Inocentemente, fui a pedido de minhas jovens filhas, passar Semana Santa em uma pousada na querida Pipa, na rua principal, para que usufruissemos das suas belas e puras ofertas daquela praia e da própria pousada. Porém, coadunando com suas palavras, os hóspedes seguiram os exemplos dos inquilinos que você tão bem citou. Foi um terror... Bom seria se tivesse ido a Pau Leite, fazenda amada que tanto me revigora e a minha família, do meu amigão Dr. Genibaldo Barros, entre Serra do Dr. e Currais Novos. Um paraiso. Ali, com certeza, teríamos aproveitado as maravilhas da forma prazerosa como você aproveitou. Fiquei a ver estrelas, só que estrelas sem brilho e consistência. Se tivesse lhe escutado antes, não teria passado por tudo isso. Fiquei com "inveja" da sua Semana Santa, foi realmente uma bênção. Abraços,
Eduardo G R Bezerra
Natal/RN
sua crônica me levou de volta a uma realidade recente e por que não a passadas. Infelizmente cometi um equívoco. Inocentemente, fui a pedido de minhas jovens filhas, passar Semana Santa em uma pousada na querida Pipa, na rua principal, para que usufruissemos das suas belas e puras ofertas daquela praia e da própria pousada. Porém, coadunando com suas palavras, os hóspedes seguiram os exemplos dos inquilinos que você tão bem citou. Foi um terror... Bom seria se tivesse ido a Pau Leite, fazenda amada que tanto me revigora e a minha família, do meu amigão Dr. Genibaldo Barros, entre Serra do Dr. e Currais Novos. Um paraiso. Ali, com certeza, teríamos aproveitado as maravilhas da forma prazerosa como você aproveitou. Fiquei a ver estrelas, só que estrelas sem brilho e consistência. Se tivesse lhe escutado antes, não teria passado por tudo isso. Fiquei com "inveja" da sua Semana Santa, foi realmente uma bênção. Abraços,
Eduardo G R Bezerra
Natal/RN
OLHANDO ESTRELAS
Estou amando suas crônicas. Estou tentando convencer o tio para, quem sabe em julho, darmos um pulinho aí em Natal para conhecermos vocês.
Um abraço
Simaura Simonetti
Vitória-ES
Um abraço
Simaura Simonetti
Vitória-ES
OLHANDO ESTRELAS
PARABENS ORMUZ, ESTA RECICLAGEM DE HÁBITOS É FUNDAMENTAL EM NOSSAS VIDAS. AD0RO VER E REGISTRAR FEIRAS COMO A DE SÃO JOSÉ DE MIPIBU; ESTOU OPERADO DE ANEURISMA DE AORTA E CUTINHO MUITAS BOAS LEITURAS, VIDEOS, DVS, FAMILIARES E AMIGOS, É TB RECICLAGEM DAS RELAÇÕES.
TARCISIO GURGEL
NATAL/RN
TARCISIO GURGEL
NATAL/RN
OLHANDO ESTRELAS
Caro Ormuz,
Somente você para redescobrir nessa pequenas coisas, o que muitos já esqueceram. A beleza da vida.
Tenho um reparo a fazer quanto ao crédito da letra de "Olhando Estrelas" que não é de Roberto Carlos..
Essa letra é uma versão de Paulo Sérgio Valle para a música "Look for a Star" tema do filme "O Circo dos Horrores" (que saudade!).
Que bom tê-lo sempre escrevendo crônicas cheias de sentimento.
Um grande abraço
José Augusto -Zezé
Caruarú/PE
Somente você para redescobrir nessa pequenas coisas, o que muitos já esqueceram. A beleza da vida.
Tenho um reparo a fazer quanto ao crédito da letra de "Olhando Estrelas" que não é de Roberto Carlos..
Essa letra é uma versão de Paulo Sérgio Valle para a música "Look for a Star" tema do filme "O Circo dos Horrores" (que saudade!).
Que bom tê-lo sempre escrevendo crônicas cheias de sentimento.
Um grande abraço
José Augusto -Zezé
Caruarú/PE
PIPA, TIRADORES DE COCO
Saiba como é o trabalho penoso e arriscado dos tiradores de coco na Praia da Pipa - RN (e, por extensão, no Nordeste brasileiro) lendo esta crônica-reportagem de extraordinária sensibilidade, escrita por Ormuz Simonetti e publicada em seu blog História e Genealogia.
Paulo Gurgel
Fortaleza/CE
11 de abril de 2010 17:26
Paulo Gurgel
Fortaleza/CE
11 de abril de 2010 17:26
ORMUZ BARBALHO SIMONETTI (Presidente do Instituto Norte-Riograndense de Genealogia-INRG, membro do IHGRN e da UBE-RN)
www.ormuzsimonetti@yahoo.com.br
PUBLICANA EM “O JORNALDEHOJE” EDIÇÃO DE 16 DE ABRIL DE 2010.
OLHANDO ESTRELAS
“Duas noites são teus lindos olhos, onde estrelas estão a brilhar, olho a noite só vejo estrelas, em seu olhar.
Quero a noite dos teus lindos olhos, onde sempre existe luar, que ternura olhar mil estrelas, em seu olhar. . . ”Roberto Carlos-1969.
Todos os anos, por ocasião do feriado da Semana Santa, faço um pequeno turismo com minha família. Geralmente viagens curtas principalmente para os vizinhos estados da Paraíba, Pernambuco ou mesmo o Ceará. Em João Pessoa sempre me refugio no Hotel Tambaú. Apesar dos seus 39 anos de inauguração, ainda é, em minha avaliação, de longe, o mais aconchegante e bem situado hotel de toda a cidade de João Pessoa. Os estados de Pernambuco e Ceará, também fazem parte do meu pequeno roteiro turístico. Nunca me arrisco a ir muito longe, pois significaria a utilização de outro tipo de transporte mais rápido – no caso, o avião – e minha esposa tem um verdadeiro pavor a esse meio de transporte.
As poucas vezes que cogitei fazer um percurso mais longo, para os estados de São Paulo ou Rio de Janeiro onde morei por alguns anos na década de 70, já foi motivo para que ela passasse noites em claro, o que sempre culminou com minha desistência, para aliviar seu sofrimento. Ainda não me senti encorajado a enfrentar essas estradas por tão longo percurso. Quiçá quando a BR 101 estiver totalmente concluída – aumenta as possibilidades pois estamos em ano de eleições - , eu resolva me aventurar em uma viagem mais longa.
Costumava também nessa época, a passar esse feriado com a família na praia da Pipa. De uns tempos para cá, houve um aumento significativo na procura de casas para alugar, nas ditas “casas dos veranistas”. Antigamente essa procura era suprida pelos nativos que moravam na rua de cima. Diante dessa demanda alguns veranistas, enxergando um bom negócio, começaram a alugar suas casas, nos “feriadões”. O período do réveillon é o mais solicitado, depois vem o Carnaval, Semana Santa, Carnatal, e alguns feriados que propiciam o brasileiríssimo “imprensado”.
No início resisti um pouco a essa prática, pois não me sentia confortável a entregar minha casa a um bando de rapazes e moças, que iriam se utilizar aquele pedaço de minha intimidade, mesmo por um curto período, mas que não havia sido projetada para essa finalidade.
Em dado momento, tive que aderir a tal prática do aluguel, pela total impossibilidade de usufruir de minha própria casa. Os vizinhos, ao alugarem as suas, provocavam involuntariamente essa situação. Os inquilinos temporários, geralmente pessoas de outros estados, estavam ali somente para se divertirem o que significava muita bebida, algazarra e o pior, o som de grande potência, ligado dia e noite nas maiores alturas.
Quando aconteciam esses aluguéis, o que primeira chegava a casa era um caminhão trazendo toda uma parafernália de som dos mais modernos aos mais estridentes. Parecia haver entre eles uma verdadeira competição de quem tocaria mais alto. No primeiro dia, todos participavam da farra. Do segundo dia em diante, para desespero da vizinhança, eles democraticamente se dividiam em duas turmas. Enquanto uns dormiam, os outros bebiam e se divertiam sem esquecer de manter o som ligado e em toda altura. Lá para a meia noite quando essa turma ia perdendo força e começavam a se espichar em suas redes e colchonetes, era hora dos que dormiam começarem a acordar. E assim passavam, para nosso desespero, até o último dia do feriado.
Esse ano resolvi inovar. Fui passar o feriado em minha chácara. Juntei todos os meus filhos, genros, neto, cunhados e sobrinhos e fomos para o campo. Foram dias maravilhosos. Longe do agito e das aglomerações, foi o local perfeito para curtir a família e reciclar um pouco nossas vidas como pessoas e como cristãos. Fizemos de tudo um pouco, principalmente conversamos sobre nós e nossa família. Bons momentos de reflexão, pois evitamos ao máximo a famigerada presença da televisão, principalmente os jornais televisivos, com suas costumeiras notícias de tragédias humanas, corrupção dos políticos, crimes de toda espécie, o constante avanço das drogas, a incapacidade do Estado de enfrentar os problemas etc etc etc. Vocês já observaram que esse tipo de noticiário ocupam 95% de todos os jornais televisivos?
A “contribuição desses jornais” é tanta que a cada modalidade de crime que se pratica no sul do país, ou fora dele, no mesmo dia e hora chegam, aos lares de todos os brasileiros, em detalhes e com manual de instrução, para facilitar o aprendizado. A bandidagem interiorana acostumada a pequenos delitos, logo se aproveitam desses verdadeiros cursos à distância. Sem pedir licença, essas “prestações de serviços” entram em nossas casas, desde as maiores metrópoles até os mais longínquos rincões, instruindo e aperfeiçoando as técnicas de nossos bandidos tupiniquins.
Fugindo desse tipo de notícia, na sexta feira à noite, resolvi ir até a beira da lagoa, um pouco distante da casa onde estávamos, completamente ausente de qualquer iluminação. Cheguei andando devagar para que a vista se acostumasse à ausência da luz. Deitei-me no píer e fiquei olhando para a imensidão do firmamento. Comecei a observar as estrelas. De repente lá estavam o Cruzeiro do Sul, as Três Marias, a estrela Dalva – Venus – a Via Láctea etc. Aquela visão me deixou em êxtase. Há quanto tempo não tinha aquele privilégio de olhar o céu apinhado de estrelas.
Somente a escuridão da noite no campo, nos propicia essa visão maravilhosa. Nesse ambiente, o céu não esta ofuscado pelo lume das cidades, o que torna impossível a observação em toda sua plenitude. Não pude evitar que me fossem chegando, devagar, as lembranças de minha infância. Divaguei por alguns instantes e as lembranças me remeteram a um tempo que já vai longe.
Na minha infância e adolescência, costumava passar as férias escolares no mês de julho na fazenda de meu pai que ficava no município de Serrinha. Nessa época a fazenda ainda não tinha energia elétrica. A iluminação era à base de lamparinas, candeeiros e lampiões. Após o jantar costumava ficar no alpendre ou mesmo no pátio em frente à casa grande, conversando com os primos que comigo, partilhavam daquelas férias. As estrelas faziam parte das nossas observações noturnas. Gostávamos de observá-las, principalmente as cadentes, e até contá-las disputando quem as via primeiro e em maior quantidade. Inocentes brincadeiras de criança.
Pois bem, nessa bendita noite de sexta feita santa, redescobri maravilhado, que muitos prazeres da nossa vida podem estar escondidos no simples ato de, por exemplo, olhar estrelas no campo em meio a uma noite escura de verão.
Natal/RN, 7 de abril de 2010.
www.ormuzsimonetti@yahoo.com.br
PUBLICANA EM “O JORNALDEHOJE” EDIÇÃO DE 16 DE ABRIL DE 2010.
OLHANDO ESTRELAS
“Duas noites são teus lindos olhos, onde estrelas estão a brilhar, olho a noite só vejo estrelas, em seu olhar.
Quero a noite dos teus lindos olhos, onde sempre existe luar, que ternura olhar mil estrelas, em seu olhar. . . ”Roberto Carlos-1969.
Todos os anos, por ocasião do feriado da Semana Santa, faço um pequeno turismo com minha família. Geralmente viagens curtas principalmente para os vizinhos estados da Paraíba, Pernambuco ou mesmo o Ceará. Em João Pessoa sempre me refugio no Hotel Tambaú. Apesar dos seus 39 anos de inauguração, ainda é, em minha avaliação, de longe, o mais aconchegante e bem situado hotel de toda a cidade de João Pessoa. Os estados de Pernambuco e Ceará, também fazem parte do meu pequeno roteiro turístico. Nunca me arrisco a ir muito longe, pois significaria a utilização de outro tipo de transporte mais rápido – no caso, o avião – e minha esposa tem um verdadeiro pavor a esse meio de transporte.
As poucas vezes que cogitei fazer um percurso mais longo, para os estados de São Paulo ou Rio de Janeiro onde morei por alguns anos na década de 70, já foi motivo para que ela passasse noites em claro, o que sempre culminou com minha desistência, para aliviar seu sofrimento. Ainda não me senti encorajado a enfrentar essas estradas por tão longo percurso. Quiçá quando a BR 101 estiver totalmente concluída – aumenta as possibilidades pois estamos em ano de eleições - , eu resolva me aventurar em uma viagem mais longa.
Costumava também nessa época, a passar esse feriado com a família na praia da Pipa. De uns tempos para cá, houve um aumento significativo na procura de casas para alugar, nas ditas “casas dos veranistas”. Antigamente essa procura era suprida pelos nativos que moravam na rua de cima. Diante dessa demanda alguns veranistas, enxergando um bom negócio, começaram a alugar suas casas, nos “feriadões”. O período do réveillon é o mais solicitado, depois vem o Carnaval, Semana Santa, Carnatal, e alguns feriados que propiciam o brasileiríssimo “imprensado”.
No início resisti um pouco a essa prática, pois não me sentia confortável a entregar minha casa a um bando de rapazes e moças, que iriam se utilizar aquele pedaço de minha intimidade, mesmo por um curto período, mas que não havia sido projetada para essa finalidade.
Em dado momento, tive que aderir a tal prática do aluguel, pela total impossibilidade de usufruir de minha própria casa. Os vizinhos, ao alugarem as suas, provocavam involuntariamente essa situação. Os inquilinos temporários, geralmente pessoas de outros estados, estavam ali somente para se divertirem o que significava muita bebida, algazarra e o pior, o som de grande potência, ligado dia e noite nas maiores alturas.
Quando aconteciam esses aluguéis, o que primeira chegava a casa era um caminhão trazendo toda uma parafernália de som dos mais modernos aos mais estridentes. Parecia haver entre eles uma verdadeira competição de quem tocaria mais alto. No primeiro dia, todos participavam da farra. Do segundo dia em diante, para desespero da vizinhança, eles democraticamente se dividiam em duas turmas. Enquanto uns dormiam, os outros bebiam e se divertiam sem esquecer de manter o som ligado e em toda altura. Lá para a meia noite quando essa turma ia perdendo força e começavam a se espichar em suas redes e colchonetes, era hora dos que dormiam começarem a acordar. E assim passavam, para nosso desespero, até o último dia do feriado.
Esse ano resolvi inovar. Fui passar o feriado em minha chácara. Juntei todos os meus filhos, genros, neto, cunhados e sobrinhos e fomos para o campo. Foram dias maravilhosos. Longe do agito e das aglomerações, foi o local perfeito para curtir a família e reciclar um pouco nossas vidas como pessoas e como cristãos. Fizemos de tudo um pouco, principalmente conversamos sobre nós e nossa família. Bons momentos de reflexão, pois evitamos ao máximo a famigerada presença da televisão, principalmente os jornais televisivos, com suas costumeiras notícias de tragédias humanas, corrupção dos políticos, crimes de toda espécie, o constante avanço das drogas, a incapacidade do Estado de enfrentar os problemas etc etc etc. Vocês já observaram que esse tipo de noticiário ocupam 95% de todos os jornais televisivos?
A “contribuição desses jornais” é tanta que a cada modalidade de crime que se pratica no sul do país, ou fora dele, no mesmo dia e hora chegam, aos lares de todos os brasileiros, em detalhes e com manual de instrução, para facilitar o aprendizado. A bandidagem interiorana acostumada a pequenos delitos, logo se aproveitam desses verdadeiros cursos à distância. Sem pedir licença, essas “prestações de serviços” entram em nossas casas, desde as maiores metrópoles até os mais longínquos rincões, instruindo e aperfeiçoando as técnicas de nossos bandidos tupiniquins.
Fugindo desse tipo de notícia, na sexta feira à noite, resolvi ir até a beira da lagoa, um pouco distante da casa onde estávamos, completamente ausente de qualquer iluminação. Cheguei andando devagar para que a vista se acostumasse à ausência da luz. Deitei-me no píer e fiquei olhando para a imensidão do firmamento. Comecei a observar as estrelas. De repente lá estavam o Cruzeiro do Sul, as Três Marias, a estrela Dalva – Venus – a Via Láctea etc. Aquela visão me deixou em êxtase. Há quanto tempo não tinha aquele privilégio de olhar o céu apinhado de estrelas.
Somente a escuridão da noite no campo, nos propicia essa visão maravilhosa. Nesse ambiente, o céu não esta ofuscado pelo lume das cidades, o que torna impossível a observação em toda sua plenitude. Não pude evitar que me fossem chegando, devagar, as lembranças de minha infância. Divaguei por alguns instantes e as lembranças me remeteram a um tempo que já vai longe.
Na minha infância e adolescência, costumava passar as férias escolares no mês de julho na fazenda de meu pai que ficava no município de Serrinha. Nessa época a fazenda ainda não tinha energia elétrica. A iluminação era à base de lamparinas, candeeiros e lampiões. Após o jantar costumava ficar no alpendre ou mesmo no pátio em frente à casa grande, conversando com os primos que comigo, partilhavam daquelas férias. As estrelas faziam parte das nossas observações noturnas. Gostávamos de observá-las, principalmente as cadentes, e até contá-las disputando quem as via primeiro e em maior quantidade. Inocentes brincadeiras de criança.
Pois bem, nessa bendita noite de sexta feita santa, redescobri maravilhado, que muitos prazeres da nossa vida podem estar escondidos no simples ato de, por exemplo, olhar estrelas no campo em meio a uma noite escura de verão.
Natal/RN, 7 de abril de 2010.
quarta-feira, 14 de abril de 2010
COMEMORANDO 20.000 ACESSOS AO BLOG
Caros amigos e leitores: Esta semana fiquei imensamente feliz ao localizar no Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, um peça importante de nossa história. Encontrei acorrentada a outras peças de inestimável valor histórico, a arma usada pelo negro Simplício, “o Cobra Verde”, citado na série de actas diurnas que enviei, através do e-mail, ormuzsimonetti@yahoo.com.br, para nossos leitores. A carabina da marca Minié, foi presenteada ao coronel Felipe Ferreira, por um dos descendentes bastardo do Brigadeiro André (Dendé) Arcoverde, Afonso Arcoverde. O coronel Felipe presenteou-a ao mestre Câmara Cascudo que por sua vez a doou ao IHGRN. Os leitores que estiverem interessados em conhecer a história do brigadeiro Dendé Arcoverde, retratada em três actas diurnas, poderei enviá-las através do e-mail, pois não fui autorizado pelos detentores dos direitos autorais da obra de Cascudo, a divulgá-las nesse blog.
A arma consegui localizar, falta apenas as moedas de ouro enterradas por José Inácio, irmão do Brigadeiro, antes de ter sido assassinado, dizem que a mando do Brigadeiro, na fazenda Bosque em Goianinha-RN. Será que existem mesmo essa botija ?????
A arma consegui localizar, falta apenas as moedas de ouro enterradas por José Inácio, irmão do Brigadeiro, antes de ter sido assassinado, dizem que a mando do Brigadeiro, na fazenda Bosque em Goianinha-RN. Será que existem mesmo essa botija ?????
segunda-feira, 12 de abril de 2010
LANÇAMENTO DE LIVRO
As Edições Bagaço e a União Brasileira de Escritores/RN
convidam V.Sa. e Família para o lançamento dos livros
"Tempo de Estórias" e "A Roupa da Carimbamba"
do escritor BARTOLOMEU CORREIA DE MELO,
no dia 14 de abril de 2010, as 19:00 horas,
Na Livraria Siciliano do Shopping Center
Midway Mall - Av. Bernardo Vieira, 3775,
Piso L3 - Natal/RN - Tel.; (84) 3222-4722.
convidam V.Sa. e Família para o lançamento dos livros
"Tempo de Estórias" e "A Roupa da Carimbamba"
do escritor BARTOLOMEU CORREIA DE MELO,
no dia 14 de abril de 2010, as 19:00 horas,
Na Livraria Siciliano do Shopping Center
Midway Mall - Av. Bernardo Vieira, 3775,
Piso L3 - Natal/RN - Tel.; (84) 3222-4722.
domingo, 11 de abril de 2010
A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS
Ormuz -
Esta é A CRÔNICA.
Nela você se ombreia a Hélio Galvão e a Oswaldo Lamartine.
Nem tudo está perdido nessa Potiguarania.
Edgard Ramalho Dantas
Natal/RN
Esta é A CRÔNICA.
Nela você se ombreia a Hélio Galvão e a Oswaldo Lamartine.
Nem tudo está perdido nessa Potiguarania.
Edgard Ramalho Dantas
Natal/RN
sábado, 10 de abril de 2010
A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS
Caro Ormuz,
quanta sensibilidade no seu artigo. Li e reli, degustando cada palavra, cada fato..., a nossa história. Parabéns amigo! Sou seu leitor e agora, frequentador do blog.
Abraços,
Eduardo G. R. Bezerra
Natal/RN
quanta sensibilidade no seu artigo. Li e reli, degustando cada palavra, cada fato..., a nossa história. Parabéns amigo! Sou seu leitor e agora, frequentador do blog.
Abraços,
Eduardo G. R. Bezerra
Natal/RN
sexta-feira, 9 de abril de 2010
A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS
VELHO ORMUZ, LI SEU BELO ARTIGO SOBRE TIRADORES DE COCO LA PELA PIPA. GOSTEI MUITO.APRENDI O QUE DE FATO NÃO SABIA. VOCE TEM REALMENTE O DOM DA ESCRITA. PARABÉNS. HA TEMPOS QUE ERA PARA LHE PARABENIZAR POR SEU LIVRO, MAS UMA COISA E OUTRA FOI ME LEVANDO A POSTERGAR MEU CONTATO.
CONTINUI ASSIM! VC REALMENTE TEM TALENTO E SABE ESCREVER.
ABRAÇOS
FELIPE GUERRA ( APOSENTADO DO BB ).
CONTINUI ASSIM! VC REALMENTE TEM TALENTO E SABE ESCREVER.
ABRAÇOS
FELIPE GUERRA ( APOSENTADO DO BB ).
A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS
Amigo Ormuz:
Seus textos estão cada vez melhores!
Este agora extrapolou. Está leve e fuido,escorrendo direto das vistas até o coração.
E note-se, minhas saudades não moram na Pipa,mas subi nos coqueiros, pela sua descrição.
Bartoomeu Correia de Melo
Natal/RN
Seus textos estão cada vez melhores!
Este agora extrapolou. Está leve e fuido,escorrendo direto das vistas até o coração.
E note-se, minhas saudades não moram na Pipa,mas subi nos coqueiros, pela sua descrição.
Bartoomeu Correia de Melo
Natal/RN
A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS
Caro Ormuz. Sua crônica é uma justa homenagem a estes sofridos e esquecidos trabalhadores das praias nordestinas; os tiradores de côco. Parabéns!
Abraços,
Gelza Rocha
João Pessoa PB
Abraços,
Gelza Rocha
João Pessoa PB
A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS
ORMUZ BARBALHO SIMONETTI (Presidente do Instituto Norte-Riograndense de Genealogia-INRG, membro do IHGRN e da UBE-RN)
www.ormuzsimonetti@yahoo.com.br
PUBLICADA EM “O JORNALDEHOJE” EDIÇÃO DE 09 DE ABRIL DE 2010.
Pipa, os tiradores de coco.
É comum no litoral do nordeste, o profissional que ganha a vida subindo em coqueiros para colher seus frutos. São eles os tiradores de coco. Embora não pareça, é uma atividade de extremo risco, pois sem nenhum equipamento de segurança, esses homens arriscam suas vidas subindo em coqueiros com até 30 metros de altura. Nessa arriscada atividade eles portam apenas um facão “rabo de galo”, muito utilizado no corte de cana-de-açúcar e um recipiente plástico tipo “sprei” geralmente embalagem vazia que reaproveitam, colocando óleo diesel, principal arma contra os marimbondos caboclos e outros animais peçonhentos que habitam as copas dessas palmeiras.
Sofrem também com o ataque das formigas preta, que ao ferroar o indivíduo provocam dores intensas, com as serpentes, que chegam até esses locais em busca de ninhos de pássaros e alguns roedores, que habitam nesses locais.
Vestindo apenas um calção, para melhor mobilidade, esses profissionais ganham a vida subindo e descendo dos coqueiros numa exaustiva jornada de até 10 horas por dia.
As “peias”, principal ferramenta que lhes permite subir nessas palmeiras com menor esforço, antigamente eram feitas com cipó que por sua vez eram revestidos com relho - tiras de couro cru - para lhe dar maior consistência e segurança. Há algum tempo o cipó foi substituído pelo cabo de aço, bem mais seguro e duradouro, porém o revestimento com relho cru, continua até os dias de hoje.
Geralmente esse aprendizado é passado de pai pra filho por gerações. Na Pipa, porém, isso não aconteceu. Nenhum dos tiradores de coco tem descendência direta dos pais ou deixou descendentes na família. A título de informação, podemos afirmar que é uma atividade exclusivamente masculina, pois até hoje, não temos notícias de que nenhuma pessoa do sexo feminino tenha abraçado essa profissão.
Na Indonésia os aldeões costumam treinar um tipo de macaco na colheita de coco. Os símios, são amarrados pela cintura a uma corda e ao comando do seu adestrador, sobem nos coqueiros e arrancam, um a um, os frutos que lá estiverem. Para isso utilizam apenas suas pequenas mãos. Torcem o fruto numa mesma direção, até se desprender do cacho e caia. Porém, o que um homem produz em apenas 1 h de trabalho, esses macacos levam dias para colher a mesma quantidade. Diante disso, podemos avaliar que a colheita com esses animais é apenas mera exibição para turistas, pois comercialmente, se mostraria totalmente inviável.
Os coqueiros se dividem em duas espécies: o gigante e o coqueiro-anão. O primeiro foi introduzido no Brasil a partir do ano de 1553, pelos colonizadores portugueses. As primeiras mudas trazidas da Ilha de Cabo Verde foram inicialmente plantadas no litoral baiano, daí a denominação coco-da-bahia. O coqueiro-anão tem sua origem na Indonésia. A principal diferença entre essas variedades é que no coco-da-bahia – que geralmente é destinado à indústria - os frutos são colhidos trimestralmente, sempre maduros ou totalmente secos. Ao contrario, os coqueiros anões, destinados a produção de água, têm suas colheitas realizadas a cada 25 dias, obedecendo a sua inflorescência. As colheitas realizadas em desobediência a esses critérios prejudicam, sobremaneira, a produção nas duas espécies.
Na praia da Pipa de antigamente, o coqueiro era tão valorizado, que se constituía em um bem transmissível. Era comum um indivíduo ter um ou mais coqueiros na terra de outrem. A essas plantas eram dados todos os direito ao seu proprietário. Podia ter acesso, sem prévia comunicação ao dono da terra onde estavam plantados, inclusive negociá-los com outras pessoas, se assim o desejasse.
No passado, havia na Pipa vastos coqueirais do tipo coco-da-bahia, também conhecidos como coco-praia, e poucos tiradores de coco. Apenas três profissionais faziam esse trabalho, como diziam, “no braço”, pois até então, não conheciam as “peias”. Era um trabalho penoso e estafante. Agarrados aos troncos e impulsionados pelos pés, chegavam ao alto dos coqueiros e com certeiros golpes de facão, cortavam os cachos secos ou maduros. Foram eles: Zé Luiz, Francisco Lourenço e por último, Irineu.
Quando este último ficou sem condições de trabalhar, principalmente por causa da idade, foi substituído por seu discípulo Cícero Lourenço dos Santos, mais conhecido por Madola. Iniciou-se nessa atividade subindo em coqueiro também “no braço”, mas logo foi apresentado as “peias”, novidade trazidas para a Pipa, por tiradores de coco vindos da Barra do Cunhaú, no município de Canguaretama-RN.
Lá em cima, enfrenta vários perigos escondidos na copa dessas plantas. Além de trabalhar pendurado a vários metros do chão, a uma ferramenta rudimentar e sem utilizar nenhum equipamento de segurança, constantemente são surpreendidos por insetos raivosos, lagartas de fogo, cobras, ratos e o que mais os aterroriza: o enxama de abelhas africanizadas que não se detêm diante do óleo diesel, que utilizam com sucesso nos demais insetos.
O pagamento a esses profissionais ainda é feito com base no preço do coco. Para cada planta que subir para a colheita ou simplesmente realizar uma limpeza, recebe o referente ao preço de uma unidade. Durante um dia de trabalho, dependendo da altura das plantas, os que tinham mais prática, chegava a súber em até 100 coqueiros.
Madola começou nessa atividade aos 20 anos de idade e trabalhou durante 35 anos, quando percebeu que os nervos já não lhe favorecia ao subir no alto das palmeiras, e as pernas, cansadas, lhe impunham grande sofrimento para chegar até aquelas alturas. Deixou a profissão aos 55 anos de idade e orgulha-se em dizer que com seu trabalho criou toda a família.
Durante esse tempo trabalhou em vários locais. Na Pipa, somente ele e Geraldo da Costa, o General, discípulo que conseguiu formar quando ainda estava na atividade, eram responsáveis pela colheita de toda a região.
Em Tibau do Sul, conta que tiraram coco por muitos anos, nas propriedades de Hélio Galvão. Em Cabeceiras, grande produtora de cocos, ensinou aos colegas de profissão, o uso e a confecção das “peias”. Em Canguaretama, onde existiam vários sítios, passava semanas trabalhando sem retornar pra casa. Onde houvesse um sítio para ser colhido lá estavam os amigos, Madola e General.
Hoje, aposentado, Madola ainda mora na Pipa com muitos filhos e netos, mas nenhum deles quis seguir sua profissão. Procuraram outras atividades mais rendosas e menos arriscadas.
General, último desses profissionais, teve seu destino traçado desde criança. Quando menino e adolescente, muito levado, em brincadeira de subir em árvores com outras crianças, sofreu várias quedas, inclusive duas grandes quedas de uma mangueira que lhe deixou por vários dias acamado. Quando adulto, no desempenho de sua profissão, também sofreu outro dois acidentes dessa natureza. A primeira quebrou uma perna e ficou por mais de um ano sem trabalhar. O médico que o atendeu, sentenciou: nunca mais você vai poder subir em coqueiro. Ledo engano. Com menos de dois anos, lá estava ele pendurado no alto das palmeiras como se nada tivesse acontecido. É como ele sempre dizia quando questionado: “Preciso ganhar a vida e essa é a minha profissão. Como não sei fazer outra coisa . . .”
No fatídico dia 28 de setembro de 2005, sofreu sua última queda. Estava no alto de um coqueiro quando uma das “peias”, já bem usada se partiu e ele caiu de uma altura de mais de 20 metros. Dias antes havia me pedido que comprasse em Natal, cinco metros de cabo de aço, pois precisava fazer “peias” novas. Quando retornei na semana seguinte, lhe presenteei com o cabo de aço que infelizmente não houve tempo de utilizá-lo.
Lutou pela vida durante 20 dias. No dia 18 de outubro, morria num leito do Hospital Walfredo Gurgel, em Natal. Se tivesse sobrevivido, estaria preso para o resto da vida a uma cama ou, na melhor das hipóteses a uma cadeira de rodas, o que lhe imporia grande sofrimento.
Coincidentemente, o coqueiro do qual ele acidentou-se, quatro meses depois, estava morto. Sua frondosa copa foi secando até tombar e cair. Ainda podemos vê-lo, sem copa, apontando para o céu, bem ao lado de cemitério onde “General” esta sepultado, como se o destino de alguma maneira, tivesse se encarregado de juntá-los novamente.
Com sua morte, morreu também uma tradição. Fiel discípulo de Madola, com quem aprendeu tudo sobre essa arte, não conseguiu deixar seguidores. Infelizmente, acabava naquele instante, o legado dos tiradores de coco da praia da Pipa.
Pipa, janeiro de 2010.
www.ormuzsimonetti@yahoo.com.br
PUBLICADA EM “O JORNALDEHOJE” EDIÇÃO DE 09 DE ABRIL DE 2010.
Pipa, os tiradores de coco.
É comum no litoral do nordeste, o profissional que ganha a vida subindo em coqueiros para colher seus frutos. São eles os tiradores de coco. Embora não pareça, é uma atividade de extremo risco, pois sem nenhum equipamento de segurança, esses homens arriscam suas vidas subindo em coqueiros com até 30 metros de altura. Nessa arriscada atividade eles portam apenas um facão “rabo de galo”, muito utilizado no corte de cana-de-açúcar e um recipiente plástico tipo “sprei” geralmente embalagem vazia que reaproveitam, colocando óleo diesel, principal arma contra os marimbondos caboclos e outros animais peçonhentos que habitam as copas dessas palmeiras.
Sofrem também com o ataque das formigas preta, que ao ferroar o indivíduo provocam dores intensas, com as serpentes, que chegam até esses locais em busca de ninhos de pássaros e alguns roedores, que habitam nesses locais.
Vestindo apenas um calção, para melhor mobilidade, esses profissionais ganham a vida subindo e descendo dos coqueiros numa exaustiva jornada de até 10 horas por dia.
As “peias”, principal ferramenta que lhes permite subir nessas palmeiras com menor esforço, antigamente eram feitas com cipó que por sua vez eram revestidos com relho - tiras de couro cru - para lhe dar maior consistência e segurança. Há algum tempo o cipó foi substituído pelo cabo de aço, bem mais seguro e duradouro, porém o revestimento com relho cru, continua até os dias de hoje.
Geralmente esse aprendizado é passado de pai pra filho por gerações. Na Pipa, porém, isso não aconteceu. Nenhum dos tiradores de coco tem descendência direta dos pais ou deixou descendentes na família. A título de informação, podemos afirmar que é uma atividade exclusivamente masculina, pois até hoje, não temos notícias de que nenhuma pessoa do sexo feminino tenha abraçado essa profissão.
Na Indonésia os aldeões costumam treinar um tipo de macaco na colheita de coco. Os símios, são amarrados pela cintura a uma corda e ao comando do seu adestrador, sobem nos coqueiros e arrancam, um a um, os frutos que lá estiverem. Para isso utilizam apenas suas pequenas mãos. Torcem o fruto numa mesma direção, até se desprender do cacho e caia. Porém, o que um homem produz em apenas 1 h de trabalho, esses macacos levam dias para colher a mesma quantidade. Diante disso, podemos avaliar que a colheita com esses animais é apenas mera exibição para turistas, pois comercialmente, se mostraria totalmente inviável.
Os coqueiros se dividem em duas espécies: o gigante e o coqueiro-anão. O primeiro foi introduzido no Brasil a partir do ano de 1553, pelos colonizadores portugueses. As primeiras mudas trazidas da Ilha de Cabo Verde foram inicialmente plantadas no litoral baiano, daí a denominação coco-da-bahia. O coqueiro-anão tem sua origem na Indonésia. A principal diferença entre essas variedades é que no coco-da-bahia – que geralmente é destinado à indústria - os frutos são colhidos trimestralmente, sempre maduros ou totalmente secos. Ao contrario, os coqueiros anões, destinados a produção de água, têm suas colheitas realizadas a cada 25 dias, obedecendo a sua inflorescência. As colheitas realizadas em desobediência a esses critérios prejudicam, sobremaneira, a produção nas duas espécies.
Na praia da Pipa de antigamente, o coqueiro era tão valorizado, que se constituía em um bem transmissível. Era comum um indivíduo ter um ou mais coqueiros na terra de outrem. A essas plantas eram dados todos os direito ao seu proprietário. Podia ter acesso, sem prévia comunicação ao dono da terra onde estavam plantados, inclusive negociá-los com outras pessoas, se assim o desejasse.
No passado, havia na Pipa vastos coqueirais do tipo coco-da-bahia, também conhecidos como coco-praia, e poucos tiradores de coco. Apenas três profissionais faziam esse trabalho, como diziam, “no braço”, pois até então, não conheciam as “peias”. Era um trabalho penoso e estafante. Agarrados aos troncos e impulsionados pelos pés, chegavam ao alto dos coqueiros e com certeiros golpes de facão, cortavam os cachos secos ou maduros. Foram eles: Zé Luiz, Francisco Lourenço e por último, Irineu.
Quando este último ficou sem condições de trabalhar, principalmente por causa da idade, foi substituído por seu discípulo Cícero Lourenço dos Santos, mais conhecido por Madola. Iniciou-se nessa atividade subindo em coqueiro também “no braço”, mas logo foi apresentado as “peias”, novidade trazidas para a Pipa, por tiradores de coco vindos da Barra do Cunhaú, no município de Canguaretama-RN.
Lá em cima, enfrenta vários perigos escondidos na copa dessas plantas. Além de trabalhar pendurado a vários metros do chão, a uma ferramenta rudimentar e sem utilizar nenhum equipamento de segurança, constantemente são surpreendidos por insetos raivosos, lagartas de fogo, cobras, ratos e o que mais os aterroriza: o enxama de abelhas africanizadas que não se detêm diante do óleo diesel, que utilizam com sucesso nos demais insetos.
O pagamento a esses profissionais ainda é feito com base no preço do coco. Para cada planta que subir para a colheita ou simplesmente realizar uma limpeza, recebe o referente ao preço de uma unidade. Durante um dia de trabalho, dependendo da altura das plantas, os que tinham mais prática, chegava a súber em até 100 coqueiros.
Madola começou nessa atividade aos 20 anos de idade e trabalhou durante 35 anos, quando percebeu que os nervos já não lhe favorecia ao subir no alto das palmeiras, e as pernas, cansadas, lhe impunham grande sofrimento para chegar até aquelas alturas. Deixou a profissão aos 55 anos de idade e orgulha-se em dizer que com seu trabalho criou toda a família.
Durante esse tempo trabalhou em vários locais. Na Pipa, somente ele e Geraldo da Costa, o General, discípulo que conseguiu formar quando ainda estava na atividade, eram responsáveis pela colheita de toda a região.
Em Tibau do Sul, conta que tiraram coco por muitos anos, nas propriedades de Hélio Galvão. Em Cabeceiras, grande produtora de cocos, ensinou aos colegas de profissão, o uso e a confecção das “peias”. Em Canguaretama, onde existiam vários sítios, passava semanas trabalhando sem retornar pra casa. Onde houvesse um sítio para ser colhido lá estavam os amigos, Madola e General.
Hoje, aposentado, Madola ainda mora na Pipa com muitos filhos e netos, mas nenhum deles quis seguir sua profissão. Procuraram outras atividades mais rendosas e menos arriscadas.
General, último desses profissionais, teve seu destino traçado desde criança. Quando menino e adolescente, muito levado, em brincadeira de subir em árvores com outras crianças, sofreu várias quedas, inclusive duas grandes quedas de uma mangueira que lhe deixou por vários dias acamado. Quando adulto, no desempenho de sua profissão, também sofreu outro dois acidentes dessa natureza. A primeira quebrou uma perna e ficou por mais de um ano sem trabalhar. O médico que o atendeu, sentenciou: nunca mais você vai poder subir em coqueiro. Ledo engano. Com menos de dois anos, lá estava ele pendurado no alto das palmeiras como se nada tivesse acontecido. É como ele sempre dizia quando questionado: “Preciso ganhar a vida e essa é a minha profissão. Como não sei fazer outra coisa . . .”
No fatídico dia 28 de setembro de 2005, sofreu sua última queda. Estava no alto de um coqueiro quando uma das “peias”, já bem usada se partiu e ele caiu de uma altura de mais de 20 metros. Dias antes havia me pedido que comprasse em Natal, cinco metros de cabo de aço, pois precisava fazer “peias” novas. Quando retornei na semana seguinte, lhe presenteei com o cabo de aço que infelizmente não houve tempo de utilizá-lo.
Lutou pela vida durante 20 dias. No dia 18 de outubro, morria num leito do Hospital Walfredo Gurgel, em Natal. Se tivesse sobrevivido, estaria preso para o resto da vida a uma cama ou, na melhor das hipóteses a uma cadeira de rodas, o que lhe imporia grande sofrimento.
Coincidentemente, o coqueiro do qual ele acidentou-se, quatro meses depois, estava morto. Sua frondosa copa foi secando até tombar e cair. Ainda podemos vê-lo, sem copa, apontando para o céu, bem ao lado de cemitério onde “General” esta sepultado, como se o destino de alguma maneira, tivesse se encarregado de juntá-los novamente.
Com sua morte, morreu também uma tradição. Fiel discípulo de Madola, com quem aprendeu tudo sobre essa arte, não conseguiu deixar seguidores. Infelizmente, acabava naquele instante, o legado dos tiradores de coco da praia da Pipa.
Pipa, janeiro de 2010.