Ormuz, como velho saudosista, agradeço o envio desse e-mail.
Agora lamentamos que as autoridades tenham achado mais facil derrubar o ficus Benjamim, que combater os lacerdinhas.
Obrigado,
José Hélio de Mederiros
Natal RN
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
UNIÃO BRASILEIRA DE ESCRITORES - UBE
UNIÃO BRASILEIRA DE ESCRITORES
Senhor Escritor: ORMUZ BARBALHO SIMONETTI
A União Brasileira de Escritores – UEB/RN, fundada no Rio Grande do Norte por Dom Nivaldo Monte, Zila Mamede, entre outros, informa a Vossa Senhoria que seu nome foi aprovado por unanimidade para ingressar na entidade, na qualidade de Sócio Efetivo, na reunião do dia 17.11.2009.
Cordialmente,
Eduardo Gosson
Senhor Escritor: ORMUZ BARBALHO SIMONETTI
A União Brasileira de Escritores – UEB/RN, fundada no Rio Grande do Norte por Dom Nivaldo Monte, Zila Mamede, entre outros, informa a Vossa Senhoria que seu nome foi aprovado por unanimidade para ingressar na entidade, na qualidade de Sócio Efetivo, na reunião do dia 17.11.2009.
Cordialmente,
Eduardo Gosson
A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS
ORMUZ BARBALHO SIMONETTI (Presidente do Instituto Norte-Riograndense de Genealogia-INRG e membro do IHGRN)www.ormuzsimonetti@yahoo.com.br
Publicada em "O JORNAL DE HOJE", edição de 26/11/2009
Pipa, coqueiros e pássaros.
"sinfonia de pardais anunciando o amanhecer... ”
Existe na Pipa uma área com cerca de 1600 m2 onde se localizam quatro casas, remanescentes de uma rua que outrora existia. Dessas quatro casas que restaram, a última da esquerda, de quem olha para o mar, pertenceu ao nativo Celestino Luiz Barbosa. Ao lado dela, existiam mais sete casas assim distribuídas: a de João de Chico, a de Maria Fidelis, a de Maria Segunda Fidelis, a de Conceição de Jovino, posteriormente comprada por Alfredo Clímaco de Carvalho, a de Ana de Joaquina, a de Manoel de Henetério que foi comprada por Cleto Gadelha e seu cunhado Luiz Grilo e por último a casa de José Luiz. Essas casas faziam parte da tal rua que existiu até a década de 60.
Infelizmente os proprietários não as protegeram devidamente e como o avanço do mar, foram totalmente destruídas. Hoje, em seu lugar estão localizadas as “barracas” que atendem com bebidas e pratos típicos, moradores, visitantes e principalmente os turistas.
Para surpresa dos que não conheceram a Pipa naquela época, era exatamente nessa rua onde eram feitas as vaquejadas. Essa tradição nordestina fazia parte das festividades que se realizavam no dia 19 de janeiro, data em que a comunidade comemora o dia dedicado ao santo padroeiro, São Sebastião.
Pois bem, é nesse pedacinho de chão que hoje existe a maior concentração de coqueiros de toda a praia da Pipa. O motivo do aglomerado dessas palmeiras é que como os quintais ficavam voltados para o mar e os antigos proprietários dessas casas plantavam os coqueiros sem nenhuma preocupação quanto à distância entre as plantas, era e ainda é comum se ver coqueiros ligados uns aos outros ou mesmo com espaços muito reduzidos entre eles.
Tivemos a sorte de ser proprietário da segunda dessas quatro casas, que na década de 40/50 pertenceu aos nativos: Pedro Estevão e depois a Manoel de Chico. Posteriormente foi adquirida por José Medeiros, que muito embora, nativo da cidade de Santa Cruz-RN, apaixonou-se pela Pipa na primeira vez que lá esteve a convite de um amigo. No ano seguinte já era proprietário dessa casa e nela veraneou por vários anos até que em 1975 foi comprada por nós.
Na atual casa da esquina existiam cinco coqueiros, inclusive o coqueiro que durante muitos anos foi o cartão postal da praia da Pipa. Sua imagem chegou aos quatro cantos da terra. Ele foi retratado em cartões postais, telas, quadros, camisetas e hoje, com certeza, faz parte de muitos álbuns de retratos, espalhados por esse mundo a fora.
Era um coqueiro de porte imponente, dizem os moradores mais antigos, com mais de 100 anos de idade. Seu tronco antes de tomar o sentido vertical, fazia uma grande curva em direção ao mar como se quisesse se destacar de todos os demais, dando-lhes aquela característica visual de beleza e poesia.
Os visitantes, que obrigatoriamente passavam por ele quando andavam pela beira da praia, não resistiam a uma fotografia de recordação. Muitos subiam em seu tronco, que no início se estendia rente as areias, para registrar aquele momento de beleza singular. Hoje infelizmente esse coqueiro não existe mais, vítima que foi da ganância, ignorância e insensibilidade de algumas pessoas.
Atualmente apenas nove coqueiros ainda continuam adornando essas casas, dos mais de 20 que existiam. Alguns foram sacrificados para o aumento das moradias e no ano passado mais um pereceu, desta vez pela ação da natureza. Não resistiu a uma forte rajada de ventos e tombou na praia.
O que seriam das nossas praias sem a presença dos coqueiros sua árvore símbolo? Eles estão presentes em praticamente todas as praias. Aqui chegaram bem antes que essas terras fossem descobertas pelos europeus.
É nesse pequeno espaço, que todas as manhãs e principalmente à tardinha, quando o sol vai quebrando lá pra o fim do mundo, que os sanhaços se reúnem para uma apresentação de seu harmônico coral. São dezenas deles que de coqueiro em coqueiro, cantam suas mais belas melodias. Às vezes, emitem também sons sibilantes, quando se entrelaçando em pleno vôo, entre namoros e disputa de companheiras.
É a visão maravilhosa desses pássaros que na amanhecensa e principalmente ao entardecer, nos brinda com esse maravilhoso balet musical. São momentos como esses, quando observamos a exuberante força da natureza exercendo seu poder de criação, em que devemos nos perguntar: o que temos feito para defendê-la e preservá-la?
Em Natal, seus moradores e visitantes, podem também, serem brindados com a sinfonia dos sanhaços. Basta para isso, aguardar as manhãs e tardes, em frente ao Cartório de Armando Fagundes na Rua Junqueira Aires n° 532. Na copa dos centenários fícus Benjamin, árvore responsável pela antiga arborização da cidade de Natal, dezenas de sanhaços brindam os que lá estiverem com seus gorjeios maravilhosos.
Sua cor original é azul celeste. Mas, os que habitam próximo ao mar, a natureza dotou-lhe da possibilidade de escurecer suas penas, tornando-as com a coloração esverdeada, próximo a dos coqueiros, sua árvore preferida. Esse mimetismo facilita a caça de insetos e larvas, que habitam as copas das árvores e constituem a base de sua dieta alimentar.
Outrora, a Pipa era um paraíso ornitológico com diversas espécimes com suas belas plumagens e cantos melodiosos. Eram canários da terra, galos de campina, rouxinóis, bem-te-vis, guriatãs, pássaros pega, o nosso encontro-de-ouro, e até mesmo os raros concris ou currupião, e xexéus, que vez por outra, se aventuravam pelos quintais repletos de mangueiras, cajueiros, jaqueiras e outras fruteiras cheias de frutos maduros e cheirosos.
Foi quando na década de 70, chegam a esse édem, os famigerados pardais. Esse pássaro, que não é silvestre, chegou a nossa região vinda do sudeste, possivelmente do Rio de Janeiro. Acredita-se que tenha chegado ao Brasil, vindos de Portugal, por volta de 1908, por ocasião da febre amarela. Julgava-se que os pássaros comiam os mosquitos transmissores da doença. Pura ignorância.
Foi, e ainda é, um verdadeiro desastre para a nossa fauna. Tornou-se uma praga devastadora de nossas aves silvestres de pequeno porte. Pesquisas com esses pássaros mostraram que são portadores e transmissores de ninfas de barbeiro. Seus ninhos são infectados por percevejos, ácaros, piolhos e podem ser disseminadores do vírus da peste aviária, da doença de Newcastle e outras zoonoses transmitidas pelas suas fezes. Pássaro oportunista, de temperamento agressivo e corajoso, não se intimida com a presença humana, pelo contrário, adapta-se bem a convivência com os humanos, pois garantem farta alimentação, se utilizando do nosso lixo.
Nidificam durante todo o ano e a postura geralmente é feita em um só ninho por diversas fêmeas, o que lhe garante uma excelente proliferação.Bastante territoriais e sempre agindo em bandos, expulsaram com facilidade a grande maioria dos pássaros de pequeno porte. Adota também a técnica de invasão de ninhos, destruindo os ovos dos concorrentes.
Na Pipa, apenas os bem-te-vis, as rolinhas cafofa e os sanhaçus, conseguiram resistir à ação desses predadores.
Somente o poeta, em seu mais sublime momento de criação, poderia chamar de “sinfonia”, aquele som exasperante, transmitidos por essas aves.
Publicada em "O JORNAL DE HOJE", edição de 26/11/2009
Pipa, coqueiros e pássaros.
"sinfonia de pardais anunciando o amanhecer... ”
Existe na Pipa uma área com cerca de 1600 m2 onde se localizam quatro casas, remanescentes de uma rua que outrora existia. Dessas quatro casas que restaram, a última da esquerda, de quem olha para o mar, pertenceu ao nativo Celestino Luiz Barbosa. Ao lado dela, existiam mais sete casas assim distribuídas: a de João de Chico, a de Maria Fidelis, a de Maria Segunda Fidelis, a de Conceição de Jovino, posteriormente comprada por Alfredo Clímaco de Carvalho, a de Ana de Joaquina, a de Manoel de Henetério que foi comprada por Cleto Gadelha e seu cunhado Luiz Grilo e por último a casa de José Luiz. Essas casas faziam parte da tal rua que existiu até a década de 60.
Infelizmente os proprietários não as protegeram devidamente e como o avanço do mar, foram totalmente destruídas. Hoje, em seu lugar estão localizadas as “barracas” que atendem com bebidas e pratos típicos, moradores, visitantes e principalmente os turistas.
Para surpresa dos que não conheceram a Pipa naquela época, era exatamente nessa rua onde eram feitas as vaquejadas. Essa tradição nordestina fazia parte das festividades que se realizavam no dia 19 de janeiro, data em que a comunidade comemora o dia dedicado ao santo padroeiro, São Sebastião.
Pois bem, é nesse pedacinho de chão que hoje existe a maior concentração de coqueiros de toda a praia da Pipa. O motivo do aglomerado dessas palmeiras é que como os quintais ficavam voltados para o mar e os antigos proprietários dessas casas plantavam os coqueiros sem nenhuma preocupação quanto à distância entre as plantas, era e ainda é comum se ver coqueiros ligados uns aos outros ou mesmo com espaços muito reduzidos entre eles.
Tivemos a sorte de ser proprietário da segunda dessas quatro casas, que na década de 40/50 pertenceu aos nativos: Pedro Estevão e depois a Manoel de Chico. Posteriormente foi adquirida por José Medeiros, que muito embora, nativo da cidade de Santa Cruz-RN, apaixonou-se pela Pipa na primeira vez que lá esteve a convite de um amigo. No ano seguinte já era proprietário dessa casa e nela veraneou por vários anos até que em 1975 foi comprada por nós.
Na atual casa da esquina existiam cinco coqueiros, inclusive o coqueiro que durante muitos anos foi o cartão postal da praia da Pipa. Sua imagem chegou aos quatro cantos da terra. Ele foi retratado em cartões postais, telas, quadros, camisetas e hoje, com certeza, faz parte de muitos álbuns de retratos, espalhados por esse mundo a fora.
Era um coqueiro de porte imponente, dizem os moradores mais antigos, com mais de 100 anos de idade. Seu tronco antes de tomar o sentido vertical, fazia uma grande curva em direção ao mar como se quisesse se destacar de todos os demais, dando-lhes aquela característica visual de beleza e poesia.
Os visitantes, que obrigatoriamente passavam por ele quando andavam pela beira da praia, não resistiam a uma fotografia de recordação. Muitos subiam em seu tronco, que no início se estendia rente as areias, para registrar aquele momento de beleza singular. Hoje infelizmente esse coqueiro não existe mais, vítima que foi da ganância, ignorância e insensibilidade de algumas pessoas.
Atualmente apenas nove coqueiros ainda continuam adornando essas casas, dos mais de 20 que existiam. Alguns foram sacrificados para o aumento das moradias e no ano passado mais um pereceu, desta vez pela ação da natureza. Não resistiu a uma forte rajada de ventos e tombou na praia.
O que seriam das nossas praias sem a presença dos coqueiros sua árvore símbolo? Eles estão presentes em praticamente todas as praias. Aqui chegaram bem antes que essas terras fossem descobertas pelos europeus.
É nesse pequeno espaço, que todas as manhãs e principalmente à tardinha, quando o sol vai quebrando lá pra o fim do mundo, que os sanhaços se reúnem para uma apresentação de seu harmônico coral. São dezenas deles que de coqueiro em coqueiro, cantam suas mais belas melodias. Às vezes, emitem também sons sibilantes, quando se entrelaçando em pleno vôo, entre namoros e disputa de companheiras.
É a visão maravilhosa desses pássaros que na amanhecensa e principalmente ao entardecer, nos brinda com esse maravilhoso balet musical. São momentos como esses, quando observamos a exuberante força da natureza exercendo seu poder de criação, em que devemos nos perguntar: o que temos feito para defendê-la e preservá-la?
Em Natal, seus moradores e visitantes, podem também, serem brindados com a sinfonia dos sanhaços. Basta para isso, aguardar as manhãs e tardes, em frente ao Cartório de Armando Fagundes na Rua Junqueira Aires n° 532. Na copa dos centenários fícus Benjamin, árvore responsável pela antiga arborização da cidade de Natal, dezenas de sanhaços brindam os que lá estiverem com seus gorjeios maravilhosos.
Sua cor original é azul celeste. Mas, os que habitam próximo ao mar, a natureza dotou-lhe da possibilidade de escurecer suas penas, tornando-as com a coloração esverdeada, próximo a dos coqueiros, sua árvore preferida. Esse mimetismo facilita a caça de insetos e larvas, que habitam as copas das árvores e constituem a base de sua dieta alimentar.
Outrora, a Pipa era um paraíso ornitológico com diversas espécimes com suas belas plumagens e cantos melodiosos. Eram canários da terra, galos de campina, rouxinóis, bem-te-vis, guriatãs, pássaros pega, o nosso encontro-de-ouro, e até mesmo os raros concris ou currupião, e xexéus, que vez por outra, se aventuravam pelos quintais repletos de mangueiras, cajueiros, jaqueiras e outras fruteiras cheias de frutos maduros e cheirosos.
Foi quando na década de 70, chegam a esse édem, os famigerados pardais. Esse pássaro, que não é silvestre, chegou a nossa região vinda do sudeste, possivelmente do Rio de Janeiro. Acredita-se que tenha chegado ao Brasil, vindos de Portugal, por volta de 1908, por ocasião da febre amarela. Julgava-se que os pássaros comiam os mosquitos transmissores da doença. Pura ignorância.
Foi, e ainda é, um verdadeiro desastre para a nossa fauna. Tornou-se uma praga devastadora de nossas aves silvestres de pequeno porte. Pesquisas com esses pássaros mostraram que são portadores e transmissores de ninfas de barbeiro. Seus ninhos são infectados por percevejos, ácaros, piolhos e podem ser disseminadores do vírus da peste aviária, da doença de Newcastle e outras zoonoses transmitidas pelas suas fezes. Pássaro oportunista, de temperamento agressivo e corajoso, não se intimida com a presença humana, pelo contrário, adapta-se bem a convivência com os humanos, pois garantem farta alimentação, se utilizando do nosso lixo.
Nidificam durante todo o ano e a postura geralmente é feita em um só ninho por diversas fêmeas, o que lhe garante uma excelente proliferação.Bastante territoriais e sempre agindo em bandos, expulsaram com facilidade a grande maioria dos pássaros de pequeno porte. Adota também a técnica de invasão de ninhos, destruindo os ovos dos concorrentes.
Na Pipa, apenas os bem-te-vis, as rolinhas cafofa e os sanhaçus, conseguiram resistir à ação desses predadores.
Somente o poeta, em seu mais sublime momento de criação, poderia chamar de “sinfonia”, aquele som exasperante, transmitidos por essas aves.
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
terça-feira, 24 de novembro de 2009
A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS
Ormuz,
Se tem uma coisa que eu adoro e que me faz viajar no tempo é
acompanhar suas postagens sobre a Pipa em seu blog.
Quem viveu e conviveu com a Pipa dos anos 70/80, certamente tem
muita história para contar. A começar pelas festinhas de radiola ao som de
Roberto Carlos; pelas noites de violão e lua cheia, que sempre terminavam
em "loba", iniciada pela dupla Roberto Luiz e Lola; pela paquera que era
consumada com um pedido de "colo"; pelos banhos de mar no final da tarde,
ou até mesmo pelo puxa-puxa de Candinha, da deliciosa fritada de peixe da
casa de Zelminha, pelo "friviado" vendido pelos nativos, pelos perus
arrematados nas festas de São Sebastião, ou até pelas galinhas roubadas nas
casas de Cirene e de Candinha, sempre com o aval dos netos-cúmplices,
Rogério e Danilo Júnior.
Até o cheiro da Pipa era algo especial. Cheiro do óleo Johnson,
que mamãe passava no meu cabelo, do perfume Contouré, do Peixe a Cavala com
pirão, da manga espada. Ah, esse peixe era uma coisa dos deuses... não tinha
restaurante de lugar nenhum que se igualasse ao seu sabor e ao seu cheiro. A
manga espada, então, nem se fala. Além de ser a manga mais gostosa do mundo,
a da Pipa fazia parte do ritual do banho-de-mar.
Para completar todas essas lembranças, não posso deixar de
lembrar da visitinha ao Morro da Cruz, que garantia a volta no próximo
veraneio. Para nós, então, que morávamos em Recife, essa volta era aguardada
durante o ano todo. E, para mim, que sou aniversariante de janeiro, a Pipa
tinha um sabor ainda mais especial. Acordava no dia 17 de janeiro, olhava
para a Pedra de São Sebastião e ganhava um beijo da minha madrinha tão
querida, Neusa Barbalho. Ela sempre tão doce e carinhosa, parecia que
adivinhava os meus gostos em seus presentes, que sempre vinham acompanhados
com um envelope de dinheiro, escrito com uma letra tão perfeita, de
caligrafia vertical: “ À minha querida Afilhada Ana Cristina”. Hoje, aos
seus bem vividos 98 anos, faço questão de retribuir todos os maravilhosos
aniversários em que recebi a sua abênção. Não deixo de visitá-la no dia 7 de
outubro, seu aniversário.
Enfim, Ormuz, quero lhe parabenizar pelo blog e incentivar a
divulgação do mesmo, para que os nossos colegas veranistas compartilhem
também dessa oportunidade de ler tão lindas palavras.
Beijo,
Ana Cristina Felinto de Carvalho
Fone: +55(84)8866.5476
E-mail: ana.cristina@natal.rn.gov.br
Se tem uma coisa que eu adoro e que me faz viajar no tempo é
acompanhar suas postagens sobre a Pipa em seu blog.
Quem viveu e conviveu com a Pipa dos anos 70/80, certamente tem
muita história para contar. A começar pelas festinhas de radiola ao som de
Roberto Carlos; pelas noites de violão e lua cheia, que sempre terminavam
em "loba", iniciada pela dupla Roberto Luiz e Lola; pela paquera que era
consumada com um pedido de "colo"; pelos banhos de mar no final da tarde,
ou até mesmo pelo puxa-puxa de Candinha, da deliciosa fritada de peixe da
casa de Zelminha, pelo "friviado" vendido pelos nativos, pelos perus
arrematados nas festas de São Sebastião, ou até pelas galinhas roubadas nas
casas de Cirene e de Candinha, sempre com o aval dos netos-cúmplices,
Rogério e Danilo Júnior.
Até o cheiro da Pipa era algo especial. Cheiro do óleo Johnson,
que mamãe passava no meu cabelo, do perfume Contouré, do Peixe a Cavala com
pirão, da manga espada. Ah, esse peixe era uma coisa dos deuses... não tinha
restaurante de lugar nenhum que se igualasse ao seu sabor e ao seu cheiro. A
manga espada, então, nem se fala. Além de ser a manga mais gostosa do mundo,
a da Pipa fazia parte do ritual do banho-de-mar.
Para completar todas essas lembranças, não posso deixar de
lembrar da visitinha ao Morro da Cruz, que garantia a volta no próximo
veraneio. Para nós, então, que morávamos em Recife, essa volta era aguardada
durante o ano todo. E, para mim, que sou aniversariante de janeiro, a Pipa
tinha um sabor ainda mais especial. Acordava no dia 17 de janeiro, olhava
para a Pedra de São Sebastião e ganhava um beijo da minha madrinha tão
querida, Neusa Barbalho. Ela sempre tão doce e carinhosa, parecia que
adivinhava os meus gostos em seus presentes, que sempre vinham acompanhados
com um envelope de dinheiro, escrito com uma letra tão perfeita, de
caligrafia vertical: “ À minha querida Afilhada Ana Cristina”. Hoje, aos
seus bem vividos 98 anos, faço questão de retribuir todos os maravilhosos
aniversários em que recebi a sua abênção. Não deixo de visitá-la no dia 7 de
outubro, seu aniversário.
Enfim, Ormuz, quero lhe parabenizar pelo blog e incentivar a
divulgação do mesmo, para que os nossos colegas veranistas compartilhem
também dessa oportunidade de ler tão lindas palavras.
Beijo,
Ana Cristina Felinto de Carvalho
Fone: +55(84)8866.5476
E-mail: ana.cristina@natal.rn.gov.br
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
SÃO SEBASTIÃO - O PADROEIRO DA PRAIA DA PIPA
Mais uma vez a imagem do Padroeiro da Praia da Pipa SÃO SEBASTIÃO, recebeu nova pintura e esta pronto para as festividades de dia 19 de janeiro de 2010, quando se comemora o seu dia. Nessa ocasião, sairá de seu pedestal localizado em uma pedra dentro do mar, e será conduzida nos ombros dos fiéis, prática antiga utilizada nos anos 50, e que retornará a partir desse ano. Após as festividades, retornará para seu pedestal e só será retirado novamente por ocasião das festividades do próximo ano..
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
GENEALOGIA DOS TRONCOS FAMILIARES DE GOIANINHA
Em 2008, o norte-riograndense Ormuz Barbalho Simonetti publicou o seu "GENEALOGIA dos Troncos Familiares de Goianinha - RN". Um portentoso livro que resultou dos estudos que o genealogista realizou, inicialmente em seu próprio núcleo familiar, e que foram a seguir ampliados por suas exaustivas pesquisas em bibliotecas, igrejas, cemitérios, Instituto Histórico e Geográfico (IHGRN) e Cúria Metropolitana de Natal.
Reunindo e organizando esses dados obtidos com paciência beneditina, Ormuz logrou construir as árvores genealógicas dos dez principais troncos familiares de Goianinha: Revoredo, Grillo, Barbalho, Barbalho de Jacumirim - Serrinha, Barbalho de Afonso Bezerra, Simonetti, Villa, Lisboa, Fagundes e Marinho. De modo a mapear cerca de doze mil almas dessas famílias potiguares, em suas intrincadas e complexas relações parentais através dos tempos, e o que certamente faz da obra "GENEALOGIA" uma das maiores do gênero no Brasil.
E se é fato que Rio Grande do Norte muito deve à Goianinha, este município também muito passa a dever a Ormuz por seu importante trabalho.
Abraço.
Paulo Gurgel Carlos da Silva
Frtaleza - CE
Reunindo e organizando esses dados obtidos com paciência beneditina, Ormuz logrou construir as árvores genealógicas dos dez principais troncos familiares de Goianinha: Revoredo, Grillo, Barbalho, Barbalho de Jacumirim - Serrinha, Barbalho de Afonso Bezerra, Simonetti, Villa, Lisboa, Fagundes e Marinho. De modo a mapear cerca de doze mil almas dessas famílias potiguares, em suas intrincadas e complexas relações parentais através dos tempos, e o que certamente faz da obra "GENEALOGIA" uma das maiores do gênero no Brasil.
E se é fato que Rio Grande do Norte muito deve à Goianinha, este município também muito passa a dever a Ormuz por seu importante trabalho.
Abraço.
Paulo Gurgel Carlos da Silva
Frtaleza - CE
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS
Ormuz,emocionante a crônica sobre nosso inesquecivel Maurino. Quinco ficou bastante emocionado com suas palavras,parabens por mais uma bela cronica!
Adelaide e Quinco
Natal-RN
Adelaide e Quinco
Natal-RN
A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS
Olá amigo, estou acompanhado todas as crônicas que você escreve, parabéns pelo trabalho brilhante que vem realizando.
Abraços,
Jorge Magno
Natal-RN
Abraços,
Jorge Magno
Natal-RN
terça-feira, 3 de novembro de 2009
A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS
Valeu Ormuz.
Ao meu ver, um dos melhores textos seus.
Cada vez mais aprimorados.
Bartomeu Correia de Melo(Bartola)
Natal-RN
Ao meu ver, um dos melhores textos seus.
Cada vez mais aprimorados.
Bartomeu Correia de Melo(Bartola)
Natal-RN
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
A PRAIA DA PIPA DOS MEUS AVÓS
ORMUZ BARBALHO SIMONETTI (Presidente do Instituto Norte-Riograndense de Genealogia-INRG e membro do IHGRN)
www.ormuzsimonetti@yahoo.com.br
Publicada no "O JORNAL DE HOJE" dia 30 de outubro de 2009
PIPA, SAUDOSOS VERANISTAS – Maurinio Sena
No dia 07 de fevereiro de 1981 foi feito o primeiro teste da energia elétrica na Pipa. Logo em seguida, todos os veranistas se apressaram para instalar em cacimbas já existentes, ou em poços artesianos previamente cavados, bombas elétricas para abastecer as caixas d’água. Esse abastecimento até então feito com muito sacrifício à custa de horas a fio, “se exercitando” nas antigas e pesadas bombas manuais “Morumbi”, que na época era o que de melhor existia no mercado.
Para se conseguir pouco mais de 1.000 litros d’água, era preciso muito suor e alguns calos nas mãos. Essa tarefa era delegada aos homens da casa já que as mulheres se encarregavam apenas de gastar o precioso líquido em suas atividades domésticas. E como quem recebe “de graça” não se preocupa em gastar, nossas mãos viviam cheias de calos.
Foi nessa época que eu, juntamente com os saudosos Múcio Barbalho e Evilásio de Souza Lima, nos especializamos na instalação desses equipamentos. Esse serviço, embora gratuito, era executado com todo profissionalismo da equipe, que sempre dava um jeito de receber pelo “serviço prestado” de uma forma, digamos, mais sutil. Os serviços eram agendados sempre para os fins-de-semana. Começávamos lá pelas 10 horas da manhã, para que, calculadamente, pudéssemos chegar e atravessar com folga a hora do almoço. A única responsabilidade do dono da casa era de nos abastecer, durante a realização do serviço, com cerveja gelada, cachaça e tira-gostos, também chamados na época de parede, à vontade.
Numa dessas ocasiões, a instalação da bomba foi na casa de Maurinio Sena. Como ele ainda não havia feito o poço, que na praia era conhecido como “poço tubular”, por ser feito com tubos de PVC, o equipamento seria instalado numa cacimba. Começamos o serviço na hora marcada e com pouco mais de uma hora e meia de trabalho o equipamento já estava pronto para o funcionamento. Era nesse instante que começava toda a malandragem. Alguém dava um jeito de afrouxar uma das conexões que ficavam longe das vistas dos curiosos e isso provocava a entrada de ar no sistema, impedindo seu funcionamento. Era então feito uma pausa para o descanso que sempre vinha acompanhada das bebidas e dos petiscos.
Depois de várias horas de descanso, sempre alguém se oferecia para resolver o “problema”, mas nunca encontrava o tal defeito. Nesse dia especificamente, o problema só teve solução quando já escurecia e os técnicos, juntamente com outros participantes da farra, já bem “melados”, tinham devorado todo o tira gosto disponível e já estavam tomando, como caldo, até mesmo a sopa que dona Lindalva, esposa de Maurinio, havia preparado para o jantar. E tudo isso com a devida cumplicidade do esposo, que era quem mais gostava dessas brincadeiras. Essa intimidade era comum entre nós. Numa dessas farras na minha casa, Maurinio passava pela cozinha, retornando do banheiro, quando viu a mamadeira de leite que minha esposa tinha preparado para nossa primeira filha, hoje com 30 anos de idade. Não teve dúvidas, atacou a mamadeira e sem mesmo tirar o bico, tomou o mingau até o último gole, depois de mandar para dentro uma boa lapada de cana.
Começou a freqüentar a Pipa nos anos cinqüenta e se hospedava na casa de Arthur de Flora. Os veraneios começaram em 1978 logo após ter comprado a casa que pertencia a Francisquinho. A partir desse ano, sempre passava os meses de janeiro e fevereiro veraneando com a família e só retornava à Natal, como a maioria dos veranistas, após o carnaval. Com o seu jeito simples e amigável, conquistou logo a comunidade e também os veranistas. Como sua casa ficava em frente ao porto dos barcos, sempre aos finais de tarde lá estava ele em seu alpendre, rodeado de pescadores, que iam trocar dois dedos de prosa, enquanto aguardava os botes que regressavam da pesca. Foi esse relacionamento fraterno que mantinha com a comunidade, que no fatídico dia 7 de fevereiro de 1994, dia de sua morte, presenciamos, emocionados, a maior prova de amizade e gratidão dos nativos para com aquele que esteve sempre à disposição daquela comunidade.
Inexplicavelmente, resolveu comemorar seu aniversário uma semana antes. Fez uma grande festa em sua casa e foi muito prestigiado com a presença de parentes e amigos. No outro dia, acordou mais cede que de costume e não esperou pelo seu amigo e companheiro de caminhada, Edison Costa de Mello. Naquela manhã, resolveu caminhar sozinho. Seguiu no sentido da Pedra do Moleque e chegou até a praia das Minas, onde seu corpo foi encontrado por um grupo de turistas, que também faziam caminhadas naquelas praias desertas, já próximo a praia de Sibaúma.
Logo chegou a notícia na Pipa e muitas pessoas da comunidade correram para o local. Eram homens, mulheres e até crianças que seguiam os pais, todos fizeram questão de ir ao local onde o corpo ainda se encontrava.
Depois que uma das filhas autorizou a remoção, os homens o puseram em uma rede e o conduziu, barreira acima, em terreno íngreme e de difícil caminhada, até a Pipa. O cortejo seguiu no mais completo silêncio, em respeito à dor dos familiares e amigos daquele que por tantos anos conviveu naquela comunidade como se lá tivesse nascido. Tinha tantas mãos e ombros querendo ajudar naquela caminhada de volta pra casa, que muitas vezes, o pau da vela de um barco, que utilizaram para armar a rede onde conduziram o corpo, era a toda hora disputado por aqueles que seguiam o triste cortejo. Foi deveras emocionante essa demonstração de respeito e amizade.
Várias pessoas na Pipa se ofereceram para trazê-lo, de onde ele foi encontrado, em seu carro, percorrendo uma precária estrada que chegava próxima a praia das Minas, o que foi prontamente recusado. Os amigos fizeram questão que o seu último retorno para casa, fosse feito em seus ombros e braços. Queriam com essa atitude prestar a última homenagear ao amigo e companheiro que muito embora nascido em terras Pernambucana, adotou aquele pedaço de chão como sendo a sua terra natal.
www.ormuzsimonetti@yahoo.com.br
Publicada no "O JORNAL DE HOJE" dia 30 de outubro de 2009
PIPA, SAUDOSOS VERANISTAS – Maurinio Sena
No dia 07 de fevereiro de 1981 foi feito o primeiro teste da energia elétrica na Pipa. Logo em seguida, todos os veranistas se apressaram para instalar em cacimbas já existentes, ou em poços artesianos previamente cavados, bombas elétricas para abastecer as caixas d’água. Esse abastecimento até então feito com muito sacrifício à custa de horas a fio, “se exercitando” nas antigas e pesadas bombas manuais “Morumbi”, que na época era o que de melhor existia no mercado.
Para se conseguir pouco mais de 1.000 litros d’água, era preciso muito suor e alguns calos nas mãos. Essa tarefa era delegada aos homens da casa já que as mulheres se encarregavam apenas de gastar o precioso líquido em suas atividades domésticas. E como quem recebe “de graça” não se preocupa em gastar, nossas mãos viviam cheias de calos.
Foi nessa época que eu, juntamente com os saudosos Múcio Barbalho e Evilásio de Souza Lima, nos especializamos na instalação desses equipamentos. Esse serviço, embora gratuito, era executado com todo profissionalismo da equipe, que sempre dava um jeito de receber pelo “serviço prestado” de uma forma, digamos, mais sutil. Os serviços eram agendados sempre para os fins-de-semana. Começávamos lá pelas 10 horas da manhã, para que, calculadamente, pudéssemos chegar e atravessar com folga a hora do almoço. A única responsabilidade do dono da casa era de nos abastecer, durante a realização do serviço, com cerveja gelada, cachaça e tira-gostos, também chamados na época de parede, à vontade.
Numa dessas ocasiões, a instalação da bomba foi na casa de Maurinio Sena. Como ele ainda não havia feito o poço, que na praia era conhecido como “poço tubular”, por ser feito com tubos de PVC, o equipamento seria instalado numa cacimba. Começamos o serviço na hora marcada e com pouco mais de uma hora e meia de trabalho o equipamento já estava pronto para o funcionamento. Era nesse instante que começava toda a malandragem. Alguém dava um jeito de afrouxar uma das conexões que ficavam longe das vistas dos curiosos e isso provocava a entrada de ar no sistema, impedindo seu funcionamento. Era então feito uma pausa para o descanso que sempre vinha acompanhada das bebidas e dos petiscos.
Depois de várias horas de descanso, sempre alguém se oferecia para resolver o “problema”, mas nunca encontrava o tal defeito. Nesse dia especificamente, o problema só teve solução quando já escurecia e os técnicos, juntamente com outros participantes da farra, já bem “melados”, tinham devorado todo o tira gosto disponível e já estavam tomando, como caldo, até mesmo a sopa que dona Lindalva, esposa de Maurinio, havia preparado para o jantar. E tudo isso com a devida cumplicidade do esposo, que era quem mais gostava dessas brincadeiras. Essa intimidade era comum entre nós. Numa dessas farras na minha casa, Maurinio passava pela cozinha, retornando do banheiro, quando viu a mamadeira de leite que minha esposa tinha preparado para nossa primeira filha, hoje com 30 anos de idade. Não teve dúvidas, atacou a mamadeira e sem mesmo tirar o bico, tomou o mingau até o último gole, depois de mandar para dentro uma boa lapada de cana.
Começou a freqüentar a Pipa nos anos cinqüenta e se hospedava na casa de Arthur de Flora. Os veraneios começaram em 1978 logo após ter comprado a casa que pertencia a Francisquinho. A partir desse ano, sempre passava os meses de janeiro e fevereiro veraneando com a família e só retornava à Natal, como a maioria dos veranistas, após o carnaval. Com o seu jeito simples e amigável, conquistou logo a comunidade e também os veranistas. Como sua casa ficava em frente ao porto dos barcos, sempre aos finais de tarde lá estava ele em seu alpendre, rodeado de pescadores, que iam trocar dois dedos de prosa, enquanto aguardava os botes que regressavam da pesca. Foi esse relacionamento fraterno que mantinha com a comunidade, que no fatídico dia 7 de fevereiro de 1994, dia de sua morte, presenciamos, emocionados, a maior prova de amizade e gratidão dos nativos para com aquele que esteve sempre à disposição daquela comunidade.
Inexplicavelmente, resolveu comemorar seu aniversário uma semana antes. Fez uma grande festa em sua casa e foi muito prestigiado com a presença de parentes e amigos. No outro dia, acordou mais cede que de costume e não esperou pelo seu amigo e companheiro de caminhada, Edison Costa de Mello. Naquela manhã, resolveu caminhar sozinho. Seguiu no sentido da Pedra do Moleque e chegou até a praia das Minas, onde seu corpo foi encontrado por um grupo de turistas, que também faziam caminhadas naquelas praias desertas, já próximo a praia de Sibaúma.
Logo chegou a notícia na Pipa e muitas pessoas da comunidade correram para o local. Eram homens, mulheres e até crianças que seguiam os pais, todos fizeram questão de ir ao local onde o corpo ainda se encontrava.
Depois que uma das filhas autorizou a remoção, os homens o puseram em uma rede e o conduziu, barreira acima, em terreno íngreme e de difícil caminhada, até a Pipa. O cortejo seguiu no mais completo silêncio, em respeito à dor dos familiares e amigos daquele que por tantos anos conviveu naquela comunidade como se lá tivesse nascido. Tinha tantas mãos e ombros querendo ajudar naquela caminhada de volta pra casa, que muitas vezes, o pau da vela de um barco, que utilizaram para armar a rede onde conduziram o corpo, era a toda hora disputado por aqueles que seguiam o triste cortejo. Foi deveras emocionante essa demonstração de respeito e amizade.
Várias pessoas na Pipa se ofereceram para trazê-lo, de onde ele foi encontrado, em seu carro, percorrendo uma precária estrada que chegava próxima a praia das Minas, o que foi prontamente recusado. Os amigos fizeram questão que o seu último retorno para casa, fosse feito em seus ombros e braços. Queriam com essa atitude prestar a última homenagear ao amigo e companheiro que muito embora nascido em terras Pernambucana, adotou aquele pedaço de chão como sendo a sua terra natal.